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Segunda-feira, 28/1/2013
A Farsa de 2012
Gian Danton
+ de 4900 Acessos

2012 foi um ano sui generis. Foi o ano em que a população brasileira deixou de acreditar na mídia, por conta das relações entre a revista Veja e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Foi também o ano em que uma restauração desastrosa se transformou em uma obra de arte. Foi o ano de ótimos filmes pipoca e humorísticos que fogem do convencional.

Um dos escândalos que dominaram 2012 foi a investigação sobre o contraventor Carlinhos Cachoeira. Conforme evoluíam as investigações da CPI, mais e mais pessoas iam sendo implicadas, tanto do PT quanto do PSDB. E não demorou para que se descobrissem as estranhas relações entre o editor da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e o contraventor.

Para coroar o caso, a mulher de Cachoeira foi presa ao tentar chantagear o juiz responsável pelo caso com a possibilidade de publicação de um dossiê contra ele na revista Veja.

Como era de se esperar, a CPI do Cachoeira se afogou e acabou não dando em nada. O casamento do contraventor, amplamente divulgado pela mídia, coroou a festa.

Outro fato relevante de 2012 foi a entrevista da ex-primeira-dama Rosane Collor, que marcou exatamente por sua irrelevância.

Aparentemente, sua única motivação era pressionar o marido para aumentar-lhe a pensão. Recém-convertida ao protestantismo, ela soltou pérolas, como "jesuiscidência", e denunciou os rituais de macumba feitos pelo marido. Pode não ter conseguido aumentar a pensão, mas conseguiu seu minuto de fama no Twitter. Alguns dos posts mais interessantes: "Malandra é a Roseane Collor, que ganha 18 mil por mês para falar mal do Collor enquanto o pessoal faz isso de graça", "Aceitou Jesus, mas não aceitou a pensão", "Coitada da Roseane Collor que ganha apenas 18 mil de pensão. Vai ter que vender os produtos da Jequiti pra por um prato de comida na mesa".

Se no cenário nacional, políticos, ex-mulheres, jornalistas e contraventores se uniram para encenar uma farsa, no cenário internacional, uma das notícias que mais repercutiram foi a restauração de uma pintura do século XIX, Ecce Homo, na Igreja de Borja, na Espanha. A restauração, realizada por uma senhora de 80 anos, desfigurou de tal forma a obra original que virou notícia no mundo todo e fez sucesso entre os internautas, que imaginaram como ficariam outras obras de arte após serem reformadas pela idosa.

Curiosamente, a pintura, até então pouco conhecida, tornou-se famosa e turistas passaram a visitar a cidade apenas para ver a obra. Tanto que a igreja passou a cobrar pelas visitas. A idosa chegou a cogitar entrar na justiça, pedindo direitos autorais.

Digno de um ano como esse, o filme O Ditador, estrelado por Sacha Baron Cohen, pode não ter sido tão anárquico quanto Borat, mas mesmo assim trouxe um tipo de humor que foge do lugar comum. As piadas já começam nos nomes: Alladim é o ditador de Wadyia, um país rico em petróleo que está criando sua própria bomba atômica (todos os meus amigos ditadores têm armas atômicas, reclama o protagonista, como uma criança birrada, à certa altura). Para evitar um ataque da ONU, ele precisa ir a Nova York fazer uma declaração. É quando sofre um atentado e é substituído por um sósia. O filme desconstrói as expectativas, fazendo o expectador torcer por um odioso ditador.

Difícil destacar qual a melhor cena. Talvez aquela em que o ditador muda o dicionário, trocando várias palavras pelo seu nome, inclusive positivo e negativo (o médico, com o resultado de um exame na mão pergunta ao paciente se ele quer a informação Aladim ou Aladim) ou aquela em que o ditador precisa aliviar os bolsos de peso e se descobre que ele levou uma garrafa de água de coco, três bananas e dois tijolos, ou a cena em que ele defende os benefícios da ditadura, mas parece estar falando da democracia americana.

Outra comédia politicamente incorreta que vale o registro é Ted, dirigido por Seth MacFarlane (do desenho Uma Família da Pesada), que se tornou famoso depois de o deputado Protógenes Queiroz o assistir com seu filho de 12 anos e pedir a proibição do mesmo.

O filme conta a história de um garotinho solitário que, na noite de Natal, pede ao Papai Noel que seu ursinho de pelúcia ganhe vida. Já adulto, John (Mark Wahlberg) precisa decidir entre manter a amizade de infância com um Ted que usa maconha, bebe e vive com prostitutas, ou o namoro com Lori Collins (Mila Kunis).

É um filme sobre amizade, responsabilidade e desejos. Na analogia com a teoria freudiana, Ted é o ID, o instinto, a realização dos desejos do protagonista. Quando seu dono é criança isso se revela, por exemplo, em passar o tempo jogando videogame ou assistindo Flash Gordon. Quando este se torna um adulto, a realização passa a ser curtir a vida em baladas, com mulheres, bebidas, etc. Se Ted é o ID, a namorada Lori é o Superego. É ela que chama John às responsabilidades da vida, à preocupação com a carreira e com os deveres sociais. John deverá aprender a equilibar-se entre o ID e o Superego, e é sobre essa premissa que o filme se sustenta.

A força de Ted está toda no roteiro, que consegue arrancar gargalhadas, especialmente dos expectadores mais antenados às referências à cultura pop, como a aparição de Flash Gordon no filme.

Na televisão, finalmente tivemos uma novela que balançou os cânones do gênero. Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, quebrou com o estereótipo da heroína ingênua boazinha. As ótimas interpretações de Débora Falabela, como uma mocinha disposta a qualquer coisa para conseguir sua vingança, e de Adriana Esteves, no papel de uma vilã carismática, deram tridimensionalidade às personagens e cativaram a audiência, num verdadeiro fenômeno que deve mudar para sempre a cara da teledramaturgia brasileira.

Nessa retrospectiva não poderia faltar um filme pipoca e nessa categoria nenhum outro conseguiu ser tão bom quanto Os Vingadores, de Joss Whedon. O diretor mostrou que é fã de quadrinhos e entende como ninguém a sintaxe das histórias Marvel. Ele explora isso com maestria no filme, desde a inevitável briga entre os heróis ao ardiloso vilão, que, no entanto, se revela tridimensional, ou a Viúva Negra, que se mostra de fato uma espiã de talento. Coroando tudo, a melhor cena pós-créditos de filmes Marvel, dando pistas do vilão da sequência.


Gian Danton
Macapá, 28/1/2013

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