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COLUNAS
Segunda-feira,
9/9/2013
Palavra de Honra
Daniel Bushatsky
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A expressão "dou minha palavra" está em extinção. As pessoas não honram mais o que prometem e, portanto, ela perdeu o sentido. Vou contar duas situações do último mês que comprovam minha triste observação.
Um amigo meu fechou a compra de um apartamento. A documentação já tinha sido analisada e o valor estava certo. Faltava para concretizar aquele negócio apenas a escritura. Após inúmeros e-mails (frise-se, inúmeros e-mails) ficou marcada para o dia seguinte. Meu amigo correu, baixou investimentos financeiros, solicitou um cheque administrativo para o banco e foi, no dia seguinte, no horário combinado, para o local combinado, o cartório.
O vendedor não apareceu. O corretor ligou e disse que o negócio estava desfeito se o comparador não pagasse mais 10% do valor do imóvel. Onde está a ética desta pessoa? Onde está a palavra deste vendedor?
O segundo caso foi com um amigo advogado. Ele negociou extrajudicialmente um acordo em um caso de erro médico. Acordado os termos do instrumento e, lógico, o valor da indenização, marcaram a assinatura do documento. Mais uma vez, no dia da assinatura, médico e advogado não compareceram!
Nos dois casos, todo o trabalho foi para o ralo. E o esforço emocional, nem se fale!
As duas situações narradas acima se complementam aos inúmeros canos que tomamos no nosso dia a dia, quando marcamos jantares e bares com nossos amigos ou reuniões desmarcadas de última hora ou mesmo combinados que não são cumpridos.
A desconfiança começa a ficar generalizada... não se pode mais acreditar em nada. Um amigo meu, cansado de tantos canos começou achar que o motivo era ele. Será que sou muito chato? Na dúvida, somente saia de casa quando a outra parte ligava avisando que já chegou no programa combinado.
No mundo jurídico, por exemplo, o reflexo disso é o crescente aumento do número de paginas de contrato e de ações de indenização. Quanto menos confiança, mais páginas o contrato ganha. E quanto mais desrespeito mais ações são ajuizadas.
Começo a achar que o problema da falta de palavra é a falta de sinceridade ou a ganância.
A primeira acontece quando mesmo não querendo ir ao bar ou vender o imóvel não sou sincero com meu amigo ou com o comprador. Às vezes posso precisar até da ajuda de um psicólogo para entender a minha indecisão. Não há maldade, somente dificuldade de me conhecer melhor.
No segundo caso já é mais grave. Quero fazer tudo: ir a vários bares ou vender imóvel com o melhor preço possível, mesmo que isto signifique 1 (um) real a mais. Assim, negocio com várias pessoas ao mesmo tempo "programas" e "negócios", faço um leilão, que eles nem sabem que estão participando, e desprezo o perdedor como um lixo.
Como resolver isto?
Na igreja Kelly Temple Church of God in Christ, de soul music, no Harlem, em Nova Iorque, o programa distribuído a todos os participantes é claro em dizer logo na capa o seguinte pedido a Deus: "Crie em mim um coração limpo".
Talvez seja isto que estejamos precisando: um novo coração limpo, acompanhado por uma alma honesta.
Uma coisa é certa: um mundo mais confiante será mais agradável e feliz!
Palavra de Honra!
Daniel Bushatsky
São Paulo,
9/9/2013
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