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Sexta-feira, 18/10/2002
O filósofo da contracultura
Gian Danton
+ de 38500 Acessos
+ 7 Comentário(s)

Hebert Marcuse é um dos mais importantes filósofos da chamada Escola de Frankfurt. E também um dos que mais se distanciaram do pensamento apocalíptico que caracterizou essa escola. Enquanto Adorno chamava a polícia para reprimir os jovens revoltosos de 1968, na Alemanha, Marcuse era o líder intelectual da garotada que pretendia fazer uma revolução baseada em princípios de liberdade e beleza. A influência de Marcuse na década de 60 era tão grande que se dizia que a juventude seguia três Ms: Marx, Mao, Marcuse.

A crítica à racionalidade técnica irá direcionar toda a sua obra. Para ele, a instrumentalidade das coisas tornava-se a instrumentalidade dos indivíduos. Em outras palavras, o ser humano era visto como uma coisa, como um instrumento, e não como um indivíduo. Ao invés do homem dominar a máquina e tecnologia, como previa a utopia iluminista, era o homem que estava sendo dominado pela máquina e pela tecnologia. As pessoas são transformadas em coisas, reproduzidas em seqüência, massificadas, como produtos saindo de uma linha de montagem.

Marcuse denunciou a criação do chamado homem unidimensional: um indivíduo que consegue ver apenas a aparência das coisas, nunca indo até a sua essência. O homem unidimensional é conformista, consumista e acrítico. Ele se acha feliz porque a mídia lhe diz que ele é feliz e, quando se sente triste, vai ao shopping, fazer compras.

Para Marcuse, as mudanças só ocorreriam se houvesse a liberação de uma nova dimensão humana. Um princípio básico deveria permear essa nova revolução: a liberdade.

A nova sociedade, que surgiria das ruínas da sociedade consumista, deveria ter uma dimensão estético-erótica e, no lugar do consumismo, do conformismo, da competição, surgiriam os valores da felicidade, da paz e da beleza.

À pergunta de Adorno "É possível fazer poesia depois de Auschwitz?", Marcuse vai responder positivamente. A arte ainda é possível, desde que seja uma arte revolucionária, que denuncie a sociedade unidimensional e leve aos receptores os novos valores. Curiosamente, Marcuse vai encontrar justamente em um produto da Indústria Cultural, tanto criticada pela Escola de Frankfurt, um exemplo dessa arte revolucionária: as músicas de Bob Dylan.

Segundo o filósofo, "A arte só pode cumprir sua função revolucionária se ela não fizer parte de nenhum sistema, inclusive o sistema revolucionário". O artista deve não consolar, mas instigar o seu público e fazê-lo rever seus valores. A trajetória de Bob Dylan demonstra bem isso. Quando achou que seu público estava acostumado com suas músicas políticas, ele lançou um disco não político.

No campo dos quadrinhos, o melhor exemplo talvez seja o roteirista britânico Alan Moore. Suas histórias sempre apresentaram uma dimensão crítica, seja do sistema (em V de Vingança), seja da potencialidade destrutiva da ciência, representada pela bomba atômica (em Watchmen e Miracleman). Quando seus fãs se acostumaram com seu trabalho mais intelectualizado, ele passou a fazer histórias de super-heróis para a editora Image.

Assim, para Marcuse, a nova arte não seria uma peça de museu, mas algo vivo, a expressão de um novo tipo de homem. Em alguns momentos, a recusa da obra de arte poderia ser uma forma de fazer arte.

Esse pensamento influenciou o movimento da contracultura, com seus fanzines, revistas alternativas e rádios livres. Outra conseqüência foi a anti-arte, um movimento que, em sua versão mais branda, procura demonstrar o equívoco da arte como ornamento, como peça de museu. Um exemplo disso foi o barquinho pirata colocado pelo estudante de jornalismo Cleiton Campos no meio de obras famosas durante a última Bienal. O quadro de Cleiton não tinha qualquer valor artístico, mas valor de atitude. Colocar em dúvida o aspecto sacramental da arte pode, também, ser um tipo de arte.


Gian Danton
Macapá, 18/10/2002

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
21/10/2002
10h51min
Brilhante artigo sobre uma das figuras mais fantásticas e estimulantes da história. Referências super pertinentes e um apanhado geral preciso e instigante como a obra de Marcuse. Bravo !
[Leia outros Comentários de André Pires]
21/10/2002
22h10min
A obra de Marcuse comprova que, de fato, a Escola de Frankfurt não deveria ter esse nome que supõe um pensamento homogeinizado e sim, o Círculo de Frankfurt, num livre pensar para várias direções. As referêmcias são muito boas,o artigo está excelente. Parabéns!
[Leia outros Comentários de Dacianni]
22/10/2002
12h16min
Agradeço os elogios. Concordo com o Dacianni quando diz que a Escola de Frankfurt não apresenta um pensamento homogeinizado. Há uma diferença muito grande, por exemplo,entre o pensamento de Adorno, essencialmente neofóbico com relação aos meios de comunicação de massa, e o de Walter Benjamim e de Marcuse. Sem dúvida a Escola de Frankfurt foi tão importante justamente por esse pensamento heterogêneo.
[Leia outros Comentários de Gian Danton]
22/10/2002
19h13min
Há pouco a acrescentar sobre o assunto, após o seu artigo. Muito bem escrito, Parabéns! Resta um último questionamento: "O barquinho do Cleiton não tinha valor artístico"... Bom, até concordo com você no nível mais básico da afirmativa, mas a frase me levou a um questionamento um pouco mais profundo: O que é "valor artístico"? É mensurável por que parâmetros? E, chegando a uma abordagem até talvez comportamental: O valor artístico é intrínsico à obra de arte ou depende em que grau do contexto sócio-cultural de quem a vê? Me parece assunto para um novo artigo! ;)
[Leia outros Comentários de Alexandre Lobão]
14/11/2002
11h08min
Rádios alternativas, quadrinhos de Alan Moore e Bob Dylan? Pra crer que isto é sabedoria só acreditando que o pai dos maconheiros da década de 60 era realmente um cara inteligente. "A nova sociedade, que surgiria das ruínas da sociedade consumista, deveria ter uma dimensão estético-erótica e, no lugar do consumismo, do conformismo, da competição, surgiriam os valores da felicidade, da paz e da beleza." Só falta embrulhar e vender por R$ 1,99 numa banquinha hippie junto com uma camiseta do Raul Seixas e com um fitinha escrita: "Solução pro mundo".
[Leia outros Comentários de Pablo Cabistani]
7/11/2011
12h05min
Atualmente, temos o sociólogo Dominique Wolton, na França, desenvolvendo um importante trabalho crítico sobre a inversão do posicionamento das tecnlogias, o que ele chama de 'ideologia técnica' ou 'ideologia da técnica' (trad. UNB). Para ele, o positivismo está vivo e ativo em nosso tempo, manifestado em um neo-tecnicismo, em que a informação, outrora instrumento de lutas pela liberdade e autonomia, passou a ser tirana e a produzir incomunicação. Bom de Wolton é que ele não tem compromisso ideológico, como Marcuse.
[Leia outros Comentários de Elke Streit]
10/3/2012
22h53min
dizer que alguém não tem compromisso ideológico me parece um soluço para não dizer pum. compromisso partidário ainda vai. mas do compromisso ideológico ninguém escapa. nem mesmo quando diz não o ter, mesmo que assim seja na sua voluntariedade. estou me referindo ao comentário do elke streit.
[Leia outros Comentários de celso muniz]
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