Gal Costa (1945-2022) | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
56774 visitas/dia
2,1 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Simões de Assis | Individual de Carlos Cruz-Diez
>>> Jazz Festival: Primeira edição de evento da Bourbon Hospitalidade promete encantar com grandes nomes
>>> Coletivo Mani Carimbó é convidado do projeto Terreiros Nômades em escola da zona sul
>>> CCSP recebe Filó Machado e o concerto de pré-lançamento do álbum A Música Negra
>>> Premiado espetáculo ‘Flores Astrais’ pela primeira vez em Petrópolis no Teatro Imperial para homenag
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
Colunistas
Últimos Posts
>>> A melhor análise da Nucoin (2024)
>>> Dario Amodei da Anthropic no In Good Company
>>> A história do PyTorch
>>> Leif Ove Andsnes na casa de Mozart em Viena
>>> O passado e o futuro da inteligência artificial
>>> Marcio Appel no Stock Pickers (2024)
>>> Jensen Huang aos formandos do Caltech
>>> Jensen Huang, da Nvidia, na Computex
>>> André Barcinski no YouTube
>>> Inteligência Artificial Física
Últimos Posts
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Mais que cego em tiroteio
>>> Nosso Lar
>>> Bárbara Heliodora
>>> Uma leitura jornalística
>>> Prática de atelier: cores personalizadas *VÍDEO*
>>> Cheiro de papel podre
>>> O Nome Dele
>>> Um Leitor sobre Daniel Piza
>>> Um Furto
>>> Homenagem a Pilar del Río
Mais Recentes
>>> Dicionario Houaiss Da Lingua Portuguesa Com CD de Antonio Houaiss pela Objetiva (2024)
>>> Mulher Enjaulada de Jussi Adler-olsen pela Record2 (2014)
>>> As Melhores Receitas da Cozinha Portuguesa - Os segredos da cozinha das nossas avós de Vários Autores pela Globo
>>> As Melhores Receitas da Cozinha do Nordeste - Os segredos da cozinha das nossas avós de Vários Autores pela Globo
>>> As Melhores Receitas da Cozinha Baiana - Os segredos da cozinha das nossas avós de Vários Autores pela Globo
>>> Quem vai Salvar a Vida? de Ruth Rocha pela Salamandra (2015)
>>> Livro Cáuculo - volume 2 de Maurice D. Weir pela Pearson (2024)
>>> O Código da Vinci - Roteiro Ilustrado de Akiva Goldsman pela Sextante (2006)
>>> Delícias da Kashi - Gastronomia Vegana Gourmet de Kashi Dhyani pela Mauad X (2016)
>>> Livro Microbiologia Para As Ciências Da Saúde de Paul G. Engelkirk pela Guanabara Koogan (2005)
>>> Livro Comunicação E Comportamento Organizacional PLT 111 de Geraldo R. Caravantes pela Fisicalbook (2014)
>>> Livro Finanças Corporativas: Conceitos E Aplicações de Jose Antonio Stark Ferreira pela Pearson (2005)
>>> Livro Introdução a Genética PLT 248 de Anthony J F Griffiths ; RiCHARD C. Lewontin pela Guanabara (2008)
>>> Teoria Geral Da Administração. Da Revolução Urbana À Revolução Digital de Antonio Cesar Amaru Maximiano pela Atlas Br (2011)
>>> LivroTeoria Geral Da Administração: Da Revolução Urbana À Revolução Digital de Antonio Cesar Amaru Maximiano pela Atlas (2008)
>>> O Porco de William Hope Hodgson pela Diário Macabro (2024)
>>> Arvore Do Beto de Ruth Rocha pela Salamandra (2010)
>>> A Casa No Limiar e Outras Histórias Macabras de William Hope Hodgson pela Diário Macabro (2024)
>>> Ponto De Vista de Sonia Bergams Salerno Forjaz pela Moderna (2014)
>>> A Grande Campea de Maria Cristina Furtado pela Do Brasil (2015)
>>> Amigos De Verdade de Telma Guimarães Castro Andrade pela Brasil Literatura (2010)
>>> Bleach 57 - Out of Bloom de Tite Kubo pela Panini Comics (2014)
>>> O Fantástico Mistério De Feiurinha de Pedro Bandeira pela Moderna (2009)
>>> Cantigas Por Um Passarinho A Toa de Manoel de Barros pela Companhia Das Letrinhas (2018)
>>> Bleach 56 - March of the Stacross de Tite Kubo pela Panini Comics (2013)
COLUNAS

Sexta-feira, 11/11/2022
Gal Costa (1945-2022)
Julio Daio Borges
+ de 3700 Acessos

“Gal”, a palavra, para quem não sabe, é um equivalente sonoro de “girl”, em inglês. “Gal” Costa, a garota Costa - ainda que seu nome fosse Maria das Graças e o “Gal”, como apelido, viesse a calhar.

Mesmo associada ao Tropicalismo, Gal Costa, quando apareceu, era chamada de “João Gilberto de Saias” - pelo modo de cantar, “para dentro”, supostamente inventado pelo pai da bossa-nova.

Reza a lenda que, quando a conheceu, João Gilberto pediu que Gal o acompanhasse em um série de canções, que entoava com seu violão. Sem falar nada, emendava uma canção na outra, e apenas observava a novata. Depois de um tempo, deu o veredito: “Você é a maior cantora do Brasil”.

A maior cantora brasileira de todos tempos? Teríamos de passar por cima, no mínimo, de Carmen Miranda, que Caetano Veloso considerava tão famosa quanto... Mickey Mouse (sim, numa de suas comparações esdrúxulas).

A maior cantora brasileira de seu tempo? Nesse caso, teríamos de passar por cima de Elis Regina, que, com certeza, disputava o trono - e, antes de morrer, assumira uma espécie de “inveja branca” por Gal ter gravado “Meu bem, meu mal”, do mesmo Caetano, antes dela (Elis).

E Maria Bethânia? Eram duas grandes cantoras baianas praticamente na mesma turma - é difícil escolher uma. Mais engajada, digamos assim, Bethânia resolveu se lançar substituindo Nara Leão no histórico show “Opinião” (1965). Gal era menos politizada, desde o princípio.

Mas não ficou atrás. Sua estreia - com o onipresente irmão de Bethânia - no álbum “Domingo” (1967) é um dos grandes momentos dos dois. Quando Caetano, pré-tropicalista, soava bossa-novista - e Gal, portanto, estava em seu elemento.

“Coração vagabundo”, inclusive, foi gravada pelo próprio João Gilberto, nos anos 90. “Avarandado”, também. “Candeias” é um dos grandes momentos do compositor Edu Lobo, na voz de Gal. Para meu gosto, “Domingo” disputa, cabeça a cabeça, com o “Caetano Veloso” (1967), a estreia solo do baiano.

Assim como Milton Nascimento, Maria Bethânia é acusada de fazer só o que quer - e tem de ser do seu jeito. Quem acusa não sou eu - é o irmã dela... Logo, Gal Costa, apesar da forte personalidade, deve ter parecido menos indócil e mais receptiva a seus apelos do que a própria irmã.

Este texto é mais uma prova de que é muito difícil separar Gal Costa de Caetano Veloso. Praticamente impossível. Talvez ela seja a maior intérprete dele - e “Minha d’água do meu canto” (1995), virtualmente um songbook de Caetano, quase trinta anos depois, é mais uma constatação.

É verdade que o disco alterna canções de Chico Buarque, o grande rival de Caetano, em matéria de composição. De quem, aliás, Bethânia acabou se aproximando - mais notoriamente em álbuns como o “Chico & Bethânia” (1975).

Em meio a tudo isso, a meu ver, os “Doces Bárbaros” (1976). Incluindo uma peça que faltava nesse quebra-cabeça: Gilberto Gil. Como disse Jorge Drexler, um uruguaio falando com propriedade, eram muitos talentos, ao mesmo tempo - e no mesmo país.

Para quem duvida, basta ler “A era dos festivais” (2003), de Zuza Homem de Mello - e constatar que os compositores e intérpretes surgidos nos festivais da canção dos anos 60 e 70 eram páreo para a época de ouro do samba, os anos 30 e 40, para a própria bossa-nova e o samba-canção, nos anos 40 e 50, respectivamente.

Em meados dos anos 80, Gal Costa foi acusada de soar excessivamente pop, como quando, por exemplo, gravou “Um dia de Domingo”, com Tim Maia, sucesso de Sullivan & Massadas. Considero, porém, que voltou à boa forma, nos anos 90 - apesar de ter se perdido ao flertar com a música eletrônica, nos últimos anos.

O grande desafio, para cantoras depois dela, foi, além do desafio vocal, conseguir soar tão pertinentes quanto Gal Costa, que nasceu filha dileta da bossa-nova, e de João Gilberto, participou do Tropicalismo, ainda que fosse uma diluição de Oswald de Andrade, se associando com um dos maiores compositores de sua geração, o inescapável Caetano, conquistando igualmente o respeito de mestres como Tom Jobim e Dorival Caymmi, sem ficar atrás de grandes intérpretes como as mencionadas Bethânia e Elis.

Marisa Monte, para ficar no maior exemplo da geração seguinte, não teve a mesma sorte. Ainda que premiada com a voz, não estava entre movimentos com o Tropicalismo e a bossa-nova (os Tribalistas não são um movimento, são?). E, sem contar com um Caetano para chamar de seu, nem com um Chico para flertar de vez em quando (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown nem se comparam), Marisa Monte já estava muito distante, cronologicamente, para conquistar o respeito de Caymmi e Jobim (no máximo, de um Nelson Motta e/ou de um Paulinho da Portela).

Enfim, tive a sorte de viver no tempo de Gal Costa e tive o privilégio de assiti-la, no auge, na turnê de “O sorriso do Gato de Alice” (1994). No palco, ainda com afinação perfeita, ela se revelou graciosa e, ao mesmo tempo, deslumbrante. “Brazilian flower from Bahia”, na definição de Tom Jobim.

Dez anos mais tarde, pude assistir ao filme dos “Doces Bárbaros”, um registro imperdível de 1976 - e Gal estava lá, conosco, ao final da projeção, para nos saudar.

Para completar, estive na pousada que foi sua casa, na Bahia, e comprovei seu bom gosto - para além das canções...

Até vi Bethânia, que merece todo o nosso respeito e toda a nossa consideração, mas ouvi muito mais Gal Costa, que me cansava menos, porque fazia menor uso da dramaticidade (o que não deve ser tomado como um juízo estético - apenas pessoal mesmo...).

Infelizmente, não vi Elis Regina ao vivo, que, em disco, considero a maior de todas.

Sendo assim - pelo que vi e ouvi -, João tinha razão: pelo conjunto da obra, Gal Costa foi a nossa maior cantora.

Para ir além
Eclipse oculto e Alto astral, altas transas, lindas canções


Julio Daio Borges
São Paulo, 11/11/2022

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Paisagens Originais & Detalhes De Um Pôr do Sol de Ricardo de Mattos


Mais Julio Daio Borges
Mais Acessadas de Julio Daio Borges em 2022
01. Jô Soares (1938-2022) - 12/8/2022
02. 80 anos do Paul McCartney - 18/6/2022
03. As maravilhas do modo avião - 27/5/2022
04. Maradona, a série - 1/1/2022
05. A compra do Twitter por Elon Musk - 26/4/2022


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




A rainha dos reis
Maria Dahvana Headley
Record
(2013)



Padrões de Projeto Ejb
Floyd Marinescu
Bookman
(2003)



Profissionais Da Educação Infantil
Isabel De Oliveira E Silva
Cortez
(2001)



O Livro de Ouro da Mitologia
Thomas Bulfinch
Harper Collins Br
(2017)



O mito cristão no cinema: "O verbo se fez luz e se projetou entre nós"
Laércio Torres de Góes
Universidade do Sagrado Coração
(2003)



A Águia de Sharpe - Vol 8 (lacrado)
Bernard Cornwell
Record
(2009)



Cities of Peasants - Explorations in Urban Analysis
Bryan Roberts
Edward Arnold
(1981)



Livro Literatura Estrangeira O Gamo-Rei As Brumas de Avalon Livro 3
Marion Zimmer Bradley
Circulo do Livro
(1982)



Livro Ensino de Idiomas The Pearl
John Steinbeck
Heinemann
(1992)



Conceitos da Terapia do Bem - Cristais Radiônicos
Raul Breves
Holista
(2012)





busca | avançada
56774 visitas/dia
2,1 milhões/mês