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Quarta-feira, 28/9/2022
Rodolfo Felipe Neder (1935-2022)
Julio Daio Borges
+ de 4400 Acessos

Conheci o Rodolfo através do Millôr. E conheci o Millôr através do Rodolfo. Explico.

Foi no início dos anos 2000. O colunista Fabio Danesi Rossi, que, se não me engano, colaborara com a Folha, um dia apareceu com o e-mail do Millôr, no grupo do Digestivo.

Não tive dúvida(s) e comecei a mandar os meus “Digestivos” pra ele. Para quem não conheceu o “Digestivo Cultural” nos primórdios: um conjunto de notas culturais que eu, semanalmente, escrevia (e distribuía por e-mail).

Um belo dia, o Millôr respondeu, elogiando, naquele seu estilo característico: econômico, direto, coloquial e - como diria Paulo Francis - “sem conectivos”. Millôr, como todo mundo sabe, ou deveria saber, era frasista.

O fato é que começamos a pensar em algum tipo de parceria (uma palavra usada e abusada, mas aqui em seu melhor sentido) entre o site do mestre, o “Millôr Online”, e o Digestivo.

Isso foi em 2001, pois eu ainda estava no banco. O “Millôr Online” era um dos “saites” - como escrevia o Millôr - mais premiados da internet. Vencia, todo ano, o iBest, que era “o oscar da internet”. Fazer uma parceria, qualquer que fosse, era o sonho de todo portal de conteúdo. E o Digestivo havia conseguido. (E eu estava no banco.)

E, assim, fui encontrar o Rodolfo, que produzia o “Millôr Online”, junto com a agência Casulo. Lembro da minha preocupação em ganhar dinheiro com o Digestivo - e lembro de, percebendo que o Rodolfo era muito mais velho do que eu, pensar: “Isso não vai dar certo...”

E não deu mesmo (rs). Porque o máximo que a gente fez - em termos de parceria - foi “misturar as bases”, como dizia o Rodolfo: compartilhamos os nossos mailings, um com o outro - e os assinantes do Digestivo passaram a receber conteúdo do Millôr; e os assinantes do “Millôr Online” passaram a receber os textos meus e dos colunistas do Digestivo.

Eu falei que não deu certo porque não ganhamos nenhum dinheiro com isso. Mas eu ganhei um amigo, o Rodolfo. E eu conheci o Millôr, que eu também considero um amigo, sobretudo um amigo do Digestivo, embora a gente se falasse mais por e-mail e eu tenha visitado seu famoso estúdio, no Rio, um única vez na vida.

Ainda em termos de negócios, o Rodolfo não acreditava que eu distribuía a newsletter do Digestivo, porque ele pagava, caro, para uma empresa distribuir a do Millôr - mas nunca consegui que ele me passasse a newsletter do Millôr para distribuir.

Os negócios que o Rodolfo conseguia, para o “saite” do Millôr, eram muito mais porque o Millôr era uma celebridade do que pelo fato de ele estar na internet. Tanto fazia qual era o tipo de mídia: era *o Millôr* que as marcas queriam. (Enquanto que o Digestivo vinha na direção contrária: era uma marca sendo construída...)

O Rodolfo ainda tentou levar o Digestivo para o UOL, que hospedava o “Millôr Online”, mas a reunião foi pouco produtiva. O UOL queria que o Digestivo “gerasse” conteúdo, de graça, para a “homepage” do UOL - mas sem garantia de que iria haver qualquer tipo de chamada para o Digestivo.

Também não havia nenhuma garantia de que o UOL fosse trazer publicidade para o Digestivo. Mas se o Digestivo conseguisse alguma publicidade para si - e estivesse hospedado no UOL - teria de pagar 30% para o UOL.

Em defesa do UOL, devo dizer que as reuniões que eu tive com o iG (com o Leão Serva, através do Matinas Suzuki Jr.) e com o “Cidade Internet” (alguém se lembra desse?) não foram muito melhores que isso...

Olhando em retrospecto, não me espanta que eu tenha me bandeado para o lado do e-commerce. Tirando o Google e o Facebook, ninguém conseguiu ganhar dinheiro, de verdade, com publicidade na internet. Haja vista os grandes portais brasileiros, que originalmente eram de grandes jornais - os mesmos que seguem definhando...

O Rodolfo tinha formação de advogado, mas gostava mais de ter sido cineasta e ganhou dinheiro mesmo com publicidade (como, aliás, muitos cineastas). Era amigo do Glauber - “um descuidado”, me contava - e realizou um curta importante, sobre um mural do Ziraldo, que era padrinho de sua filha (que, por sua vez, também mexia com cinema).

Mas Rodolfo tinha um pé no jornalismo e foi isso que nos aproximou. A mãe de sua filha, de quem havia se separado, a executiva Marcia Neder, trabalhou por mais de trinta anos na editora Abril e foi diretora de redação da revista “Cláudia”, uma das joias da coroa dos Civita.

Rodolfo conheceu o Millôr na época do “Pasquim” - e, através dele, conheci, por exemplo, o Sérgio Cabral (pai), um dos fundadores do jornal. Por ele, também, soube da briga com Chico Buarque - que parece que chegou às vias de fato - e para quem Millôr cunhou a máxima: “Desconfio de todo idealista que lucra com seu ideal”.

Rodolfo me contava, ainda, que Millôr jamais acreditou que Paulo Francis fosse para a Globo. Esquerdista, preso pela ditadura, praticamente autoexilado, não havia ninguém mais anti-establishment, até pelo próprio temperamento... Mas Francis não só foi para a televisão como mudou de lado, no espectro ideológico (para horror de antigos colegas, que não o perdoavam).

A amizade entre Francis e Millôr, contudo, jamais foi abalada. Convesando comigo, Millôr chamava o Daniel Piza, por exemplo, de “aquele rapaz amigo do Paulo Francis”. Algo de que o Daniel não gostaria, se ficasse sabendo - diria que o Millôr estava “velhinho”, como me disse do Wilson Martins, quando este criticou sua biografia do Machado de Assis.

Lembro muito das “cabines” a que assisti com o Rodolfo. As cabines, para quem não sabe, são sessões prévias, dos filmes que serão lançados, para a imprensa. A desculpa era que ele ia escrever um texto para o Digestivo, mas acabou escrevendo um único, sobre o filme “O Pianista” (2003).

Também escreveu sobre o “Nelson Freire”, de João Moreira Salles, mas a esse assistiu por conta própria. Rodolfo gostou tanto que não saiu da sala de cinema quando a projeção terminou, emendando uma sessão na outra...

Mais do que um publicitário, ou um produtor de conteúdo, quando o conheci, Rodolfo era um humanista, um homem de cultura, na acepção de Lina Bo Bardi: ligado às artes, mas sensível à problemática social (ainda que nem sempre concordássemos politicamente).

Em nosso último encontro, a propósito do Digestivo, se mostrava desiludido com o PT, com a direção “stalinista” (palavras suas) imprimida por José Dirceu. Era o auge da Lava Jato e da queda de Dilma. (Não cheguei a saber o que Rodolfo pensava do retorno de Lula, redivivo...)

Prefiro guardar a lembrança de ele me contando do encontro com sua primeira namorada, mais de meio século depois, Rodolfo beirando os oitenta anos...

Quis participar da iniciativa dos Blogs, do Digestivo, em 2015 - e, numa entrevista que fiz com ele, Rodolfo recapitulou nossos anos de convivência assim: “A internet estava nascendo e reunia pioneiros e deslumbrados pela nova tecnologia. Pertencíamos à segunda tribo...”

Siga em paz, meu amigo, e dê um abraço no Millôr!

Nota do Editor
Entrevista de Rodolfo Felipe Neder, Colunas de Rodolfo Felipe Neder e Blog de Rodolfo Felipe Neder.


Julio Daio Borges
São Paulo, 28/9/2022

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