O som na cabeça | Daniel Daibem

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Segunda-feira, 21/7/2008
O som na cabeça
Daniel Daibem
+ de 9500 Acessos
+ 3 Comentário(s)

Há quatro anos apresento um programa na Rádio Eldorado FM, de São Paulo, chamado Sala dos Professores. Nele, tento compartilhar com os ouvintes coisas das quais, geralmente, só os músicos têm consciência quando estão tocando. São preceitos que, se usados intencionalmente e com bom gosto, geram todas as sensações possíveis em quem ouve uma canção: alegria, melancolia, vontade de dançar, de relaxar, de sair chutando tudo...

Existem regras simples para esse resultado aparentemente complexo. Improvisar, por exemplo. No Brasil, a palavra improvisar ganhou a conotação "fazer as coisas de qualquer jeito". É aí que começa a confusão. A maioria das pessoas, mesmo as que curtem jazz há bastante tempo, pensa que o conceito de improviso na música é mais ou menos assim: o tema é apresentado e na hora de tocar... liberdade total, vale tudo!

Liberdade, sim, mas dentro de algumas normas. É exatamente como em uma conversa. Quando se está discutindo algo, obrigatoriamente se usa um idioma. As ferramentas são as palavras desse idioma. Pode-se até contar a mesma história várias vezes de formas diferentes, mas, para ser entendido, deve-se usar palavras que já existam nessa língua.

Na música também é assim. Pode-se dizer que o idioma é o ritmo: baião, jazz, samba, bolero, funk... Para cada um deles existe um vocabulário de melodias e divisões rítmicas. A melodia é a parte emotiva da música. Quando o músico improvisa, usa seqüências melódicas já existentes, que podem ser um trecho de um tema conhecido, uma frase de blues... Então o músico não cria?

Cria, sim, mas com o que já foi inventado. E quem inventou? Para não parecer uma opinião arrogante, vai aqui um exemplo, uma frase dita por um dos maiores gênios da música contemporânea, o maestro Antônio Carlos Jobim. Numa entrevista à televisão, perguntaram a ele:

― E aí, Tom, como é ser um dos maiores compositores do mundo, com mais de 3 mil músicas e tal...?

Ele respondeu:

― É, a gente vai fazendo umas coisinhas aí, imitando os passarinhos...

Ele sabia que tudo já fora inventado, que só se brinca com o que já existe. E disse mais, que ouvindo a obra de Heitor Villa-Lobos conseguia dizer qual era exatamente o pássaro que estava sendo imitado em determinada melodia. Villa-Lobos era outro que também sabia que tudo já havia sido inventado e, no meio da noite, se enfiava na mata para ouvir a "sinfonia da natureza" e colecionar movimentos rítmicos e melódicos.

A ranhura que faz a diferença
A melodia solta no espaço, sem um ritmo, não é nada. É como a água sem um recipiente. Qual é o recipiente que dá forma às melodias? É o ritmo. A parte "esportiva" da música. Além dele, há também o groove. Para brincar com as melodias deve haver um groove, uma levada, uma célula rítmica que servirá de alicerce para qualquer seqüência tocada ou cantada. Os jazzistas são os músicos que mais dominam essa prática, porque estudaram os ritmos; podem, então, tocar qualquer música na levada que quiserem, claro que com o mínimo de bom gosto.

E é justamente por essas pequenas regras que uma jam session (reunião de músicos que tocam e improvisam) dá certo. Mesmo se os músicos estiverem se encontrando pela primeira vez, o solista pode chamar qualquer tema no ritmo que achar adequado para o momento. Por exemplo, "Garota de Ipanema" em ritmo de jazz ou "Yardbird Suite", de Charlie Parker, como samba. Nas jam sessions, cada música, executada dentro desse conceito, pode durar três minutos ou várias horas, dependendo do vocabulário e do conhecimento de quem a estiver tocando. O improviso acontece nesse ciclo. Algo aparentemente complexo, mas que funciona devido a regras simples.

Para não ficar só na teoria, segue uma dica aos leitores: ouçam coisas simples, músicas que podem ser cantaroladas. É por meio delas que se entende que canções que parecem extremamente complexas são totalmente dependentes de regras básicas.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado na revista Continuum Itaú Cultural, edição n.º 12, em comemoração de seu 1º ano de existência. Daniel Daibem é radialista e músico. Apresenta diariamente o programa Sala dos Professores, na Rádio Eldorado FM de São Paulo (92,9 MHz).


Daniel Daibem
São Paulo, 21/7/2008
Quem leu este, também leu esse(s):
01. A fragilidade dos laços humanos de Gioconda Bordon


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
22/7/2008
20h24min
Por sinal, o programa é uma aula de bom gosto.
[Leia outros Comentários de Guto Maia]
30/7/2008
14h29min
Me perdoem a expressão batida, mas a "Sala" é um verdadeiro oásis no deserto da mesmice e baixo nível da rádio e da mídia no geral. Apenas lamento não poder ouvir o programa com mais frequencia. O Daniel Daibem é ótimo: simpático, sem ser apelativo, profissional, mas não por isso engomado, e ainda tem boa dicção, carência recorrente no pessoal jovem de rádio (ouça os repórteres "de rua" da CBN...) E acredito que deve ser muito corajoso para conseguir impor uma idéia dessas no rádio. Mas é emblemática a mudança de programação da Rádio Eldorado, que hoje toca rap "chique", que em muitos momentos parece a Antena 1 ou uma rádio de rock e, no entanto, em outros tempos (não muito distantes) era a melhor alternativa de São Paulo, superior a Rádio USP ou a falecida Musical FM. Ouvindo a Eldorado descobri Tuck & Patti, ouvi James Taylor cantando "It´s only a paper moon" (desafio os fãs do JT a me dizer em qual CD está essa gravação) etc. Por isso, longa vida ao Daniel! (E à P. Palumbo também!)
[Leia outros Comentários de Conrado Paulino]
31/7/2008
15h35min
Parabéns pela coluna Daniel! Texto muito suave e didático. Vou comentar sua coluna com meus alunos de Produção de Áudio aqui em Curitiba. Não conheço o seu programa, mas vou dar uma escutada na Eldorado. Abraço.
[Leia outros Comentários de Otacilio Vaz]
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