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Terça-feira, 9/11/2004
Eleições Americanas – fatos e versões
Fabio Silvestre Cardoso
+ de 12600 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Na semana passada, os Estados Unidos e o mundo pararam à espera do resultado das eleições presidenciais norte-americanas. Havia um claro clima de tensão no ar. Com efeito, foi a eleição mais polêmica dos últimos anos, não apenas porque o sistema eleitoral norte-americano trazia a incerteza das batalhas judiciais, tal qual ocorreu em 2000, mas principalmente porque George Bush conseguiu, ao longo dos últimos quatro anos, angariar para si toda a insatisfação da opinião pública mundial, assim como de boa parte dos americanos nos últimos tempos. De acordo com este raciocínio, o antídoto mais viável parecia mesmo ser o candidato democrata John Kerry, oponente que, se não contava com o carisma do rival republicano, certamente era aquele em quem restava, para muitos, a única saída contra o unilateralismo dos Estados Unidos, para muitos tão bem simbolizado na invasão no Iraque.

Nos últimos momentos da campanha, a disputa estava tão acirrada que a maioria das pesquisas mostrava Kerry e Bush tecnicamente empatados, ora com vantagem para Bush, ora com vantagem para Kerry. Ainda assim, quem abriu os jornais entre segunda e quarta-feira passada, tinha quase certeza de que Kerry seria o virtual vencedor. Erraram todos. Bush foi eleito com quase 60 milhões de votos. Um recorde para quem carecia de legitimidade nacional. E após as eleições uma pergunta resta: por que a mídia deu a vitória de Kerry como certa?

É inegável que os meios de comunicação, como instrumentos sócio-políticos que são, têm total direito de manifestar sua opinião. E, de fato, foi o que a considerada "nata" das revistas e jornais fez: The Economist, The New Yorker, Financial Times, The New York Times, e outros tantos veículos importantes se manifestaram com editoriais e artigos assinados em favor de John Kerry. É verdade que menos pelas qualidades deste e mais pela incapacidade de Bush, conforme escreveu The Economist, mas todos manifestaram sua opinião. Entretanto, pôde-se constatar que por trás desse juízo havia uma torcida que viria, com o perdão do trocadilho, distorcer os fatos. E engana-se quem pensa que isso tenha ocorrido somente agora. Há tempos que muitos setores da imprensa mundial têm ido além da cobertura crítica, adequando os fatos às realidades que desejam denunciar. Ou seja, veículos tradicionalmente sérios têm editorializado suas primeiras páginas, trazendo interpretações e mais versões de eventos que nunca são reportados factualmente.

Exemplo disso é o fato de, durante as eleições, George Bush jamais ter estado atrás do candidato democrata John Kerry. No início da corrida presidencial, inclusive, as pesquisas indicavam que o republicano estava bem à frente, algo como 8 pontos de vantagem. A partir dos debates essa diferença começou a cair, mas o democrata nunca superou a margem de erro das pesquisas, entre 2 e 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Mesmo assim, alguns jornais ajudaram a propagar a idéia que a virada democrata estava próxima, o que nunca chegaria a acontecer. Nos debates, algo semelhante ocorreu: dia 1º de outubro a imprensa local, ancorada nas avaliações da CNN e das TVs norte-americanas, difundiu que Kerry se saiu melhor no primeiro debate. E qual era o parâmetro para essa avaliação? Ora, as expressões faciais de George Bush, sempre carrancudo ou fazendo caretas, eram dissonantes da feição tranqüila e simpática de Kerry. E a Ciência Política deu lugar, agora, à linguagem corporal.

Também os especialistas, assim como já havia acontecido no conflito no Iraque, se comportaram mais como comentaristas de futebol aos domingos, arriscando os palpites mais absurdos, do que como conhecedores de Política Internacional e campanha eleitoral. Houve quem dissesse, por exemplo, que Bush tinha perdido a eleição no momento em que as celebridades e as estrelas de Hollywood se posicionaram contra sua candidatura a reeleição. Mais do que isso: li e ouvi críticos respeitados afirmarem que o libelo Farheinheit 11/9, de Michael Moore, derrubaria por vez todas as tentativas de Bush de vencer. O que se viu, contudo, não foi nem uma coisa nem outra. O documentário, apesar de seus inúmeros "pesares", teve sua importância. Entretanto, é demais crer que os eleitores mudariam seu voto pura e simplesmente porque viram uma fita, ou porque a atriz Susan Sarandon e o rapper Eminem não votariam em Bush.

Adiante, é necessário lembrar que, por inúmeros motivos (como a já citada invasão no Iraque, com a descoberta de práticas de tortura; os movimentos anti-globalização), o anti-americanismo recrudesceu a níveis altíssimos recentemente. Um bom termômetro é observar a quantidade de livros que anunciam a queda do império americano. Um levantamento feito por este colunista constatou que alguns deles estão até nas listas dos mais vendidos. Grosso modo, seu conteúdo segue a mesma cantilena: o império americano começa a ruir porque os Estados Unidos rejeitaram organismos internacionais, como a ONU, assim como aliados históricos, como a França. Quase nenhum desses "neoanalistas" se lembra, no entanto, que esta não é a primeira vez que os Estados Unidos invadem um país sem o aval da ONU. Foi assim que bombardearam a Bósnia, na década de 90, e também no Afeganistão, em outubro de 2001. Só que nesses dois casos ninguém acusou os americanos de imperialistas. De certa forma, é até curioso notar que boa parte dessas obras é editada pelos próprios norte-americanos. A ironia não escapa: até no seu virtual declínio, a América consegue lucrar mais que os rivais.

Se o benefício da dúvida deve sempre existir, cabe lembrar que contra fatos não há argumentos. Não é de hoje que os Estados Unidos são a grande superpotência mundial, seja do ponto de vista econômico, militar ou cultural. Como conseqüência, sua atuação na esfera da Política Internacional não difere do comportamento de outros impérios, ou seja, seus interesses sempre estão em primeiro lugar em detrimento aos demais países, que são vistos como concorrentes nesta balança do poder. E isso não é uma peculiaridade de um governo. Engana-se quem pensa que o partido democrata deixaria os Estados Unidos numa posição inferior à de hoje. Seria apenas uma nova maneira de conduzir a Política Externa, com outros meios para atingir o mesmo fim.

Ao final, o resultado das eleições deixou claro que, nas democracias, a decisão final, para o bem e para o mal, é da população. No caso das eleições americanas, a expectativa da opinião pública era de que George Bush perdesse não apenas porque sua "gestão" é passível de ser contestada sob inúmeros aspectos, mas também porque em 2000 ele só foi considerado eleito depois de muita polêmica. Nesse sentido, sua reeleição serviu como aprovação e voto de confiança da maioria dos americanos. E aos jornalistas, críticos e anti-americanos resta o caminho da oposição, que, por sua vez, não deve ser feito com leviandade e distorção da realidade. Nesse tipo ideal, o jornalismo não serviria para manipulação de nenhum dos lados; antes, mostraria o que há de fato e o que há de versão.


Fabio Silvestre Cardoso
São Paulo, 9/11/2004

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
9/11/2004
09h00min
Não somos levianos ao afirmar que os americanos cometeram uma burrice única ao reeleger o atual presidente. Um indivíduo que se recusa a assinar uma tratado de meio ambiente (Kioto), onde o seu país é responsável pela emissão de mais de 50% de CO2 nunca deveria ocupar o cargo de "soberano do planeta". Mas vamos lá, democracia é assim mesmo!
[Leia outros Comentários de Elvis Lima C Mutti]
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