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Quarta-feira, 21/5/2003
Os Collegas: de volta à Era Collor
Rennata Airoldi
+ de 2600 Acessos

A história recente de nosso país traz muitos fatos vergonhosos que boa parte da população já nem se lembra mais. Na verdade, dizem que o povo brasileiro tem memória curta e, infelizmente, tenho que concordar com isso. Há poucos anos, surgiu em nosso cenário político uma figura bem carismática: Fernando Collor de Melo. Para refrescar a memória de quem não fez parte da geração "cara-pintada", está em cartaz em São Paulo uma peça bem interessante chamada Os Collegas. A peça é uma tragicomédia que une a ficção ao documental. Esse gênero, o do documentário, já tem uma história de sucesso em nosso cinema, e agora, por que não invadir os palcos de nosso país?

Os Collegas é resultado de um projeto desenvolvido pela Bendita Trupe. O grupo venceu em 2002 a concorrência para o Projeto Residência, da Secretaria do Estado da Cultura, o que possibilitou uma vasta pesquisa com o foco principal na Era Collor. Assim, foram dezesseis meses para chegar ao texto final e a peça como está hoje. A criação coletiva é dirigida por Johana Albuquerque e retrata de maneira irônica e sarcástica a vida dessa família Alagoana rumo à presidência. Os bastidores sórdidos dos jogos políticos e da manipulação de idéias e de imagem, perante a população, até o fim deste lastimável show de horrores: o Impeachment. Com direito a mocinhos e bandidos, a história vista a partir de um ponto de vista crítico transforma a realidade recente em um importante elemento para se entender o cenário político atual.

A peça começa antes da peça. Ou seja: já no saguão, um executivo conduz o espectador através de corredores onde se depara com informações pregadas nas paredes, tendo assim a sensação de se estar entrando num universo quase proibido. As informações no decorrer do percurso fazem com que o espectador relembre muitos do fatos ocorridos e, ao mesmo tempo, se sinta embarcando numa espécie de "túnel do tempo". A partir de então, já na sala de espetáculo, vê-se um desenrolar de cenas através da somatória dos fatos, como um "voyeur". Em alguns momentos, porém, as quebras dramáticas são feitas através de recursos cênicos que exploram a comicidade e beiram o exagero.

Aqui não me atenho a contar a "historinha", já que é sábio e notório tudo o que aconteceu com o nosso ex-presidente e as pessoas que o cercavam. O foco da encenação está na crítica e os pontos mais ocultos da realidade. Muitas vezes, porém, os mecanismos utilizados pela direção e pela interpretação se repetem no decorrer do espetáculo. Mas, de qualquer forma, de maneira geral, a peça é dinâmica e consegue resumir bem os acontecimentos. Um dos momentos mais interessantes são as cenas relativas à campanha política feita para os meios de comunicação e como a manipulação da imagem ajudou, e continua ajudando até hoje, na eleição e nas mentiras ocultas contidas nas mensagens e nos discursos forjados. Na verdade, tudo é uma grande farsa, um teatro muito bem ensaiado.

Vaidade, ganância, poder, disputa, ambição. É hilário e ao mesmo tempo deprimente estar ali, assistindo a uma página tão cruel de nossa história. O pior é saber que, apesar de tudo o que aconteceu, o nosso ex-presidente já foi novamente candidato e pouco se comenta sobre todo o escândalo e a corrupção que envolveu seu governo. É triste lembrar mas, ao mesmo tempo, é mais que necessário que a nossa arte questione e ajude a sociedade a criticar e a repensar a sua realidade.

Apesar dos personagens estarem bem caracterizados, bem como seus estados mentais (que determinam quebras e mudanças drásticas na interpretação), há um certo exagero de elementos. Às vezes, o menor pode resultar melhor (less is more). Muitas informações, transmitidas de maneira díspar, também cansam o espectador. Não compromete o todo mas dá a impressão de falta de unidade na peça. Isso talvez porque quando falamos de criação coletiva de um espetáculo, a maior dificuldade é justamente a seleção e o processo de apropriação das cenas.

De qualquer forma, "Os Collegas" é, a meu ver, uma peça necessária por tudo o que ela expõe e comenta. Além disso, inaugura de maneira peculiar um novo espaço dentro do Teatro Sérgio Cardoso, "A Marcenaria de Atores". É bom relembrar, repensar e sem dúvida, rir com toda a palhaçada que invadiu nossas casas, nossas vidas, durante a chamada Era Collor.

Para ir além
A peça está em cartaz de quinta à sábado, às 21 hrs., e aos domingos às 20 hrs., no espaço Marcenaria, do Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153), até dia 12 de outubro. Maiores informações através do telefone: (11) 288-0136.


Rennata Airoldi
São Paulo, 21/5/2003

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