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Terça-feira, 4/9/2001
Vendem-se explicações do Planeta dos Macacos
Rafael Lima
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Yara Mitsuishi


Porque (ainda) me ufano da minha cidade
- Lindo!
- Poderoso!
O repertório de gritinhos que se ouve toda vez que um cantor se mostra ao público cresce a cada show, mas tenho que reconhecer: a platéia se superou quando Zé Renato adentrou no palco do teatro Rival, acompanhado pelo grupo de choro Madeira Brasil
- Absoluto!
- Sabe tudo!
- For Windows!
Casa de show que não tem na entrada retrato em preto e branco de artistas que já foram consagrados, com nomes que hoje se perdem na memória; que não tem um ligeiro porém marcante cheiro de mofo; que não tem uma cozinha absolutamente suspeita, e que não tem um slogan de vanglória assim meio estúpido ("70 anos de resistência cultural" ou "Aqui se faz a história da música popular brasileira") não merece ser chamada assim. E o teatro Rival é uma autêntica casa de shows.

O nascimento da era caórdica
No texto que escrevi semanas atrás, uma série de conceitos novíssimos deve ter soterrado aquele tipo de leitor desavisado e sempre vulnerável a esses terremotos de informação. O mais interessante quando se começa a se interessar por uma área nova, aparentemente inexplorada, é descobrir alguém em outro canto do mundo, juntando as mesmas peças desse quebra-cabeças remoto. O Nicholas compôs um hipertexto em seu blog - aqui convertido a plain text, utilizando apostos, parênteses e orações explicativas e outros recursos gramaticais em substituição aos recursos HTML e Java - que me surpreendeu pela similaridade de idéias e pela concisão com que expressou:

"O ponto é que estamos no fim de uma era que deu muito mais ênfase ao hierárquico - suprimiu a criatividade, que por ser imprevisível, não poderia ser encaixada nos planos mestres - chegando a pensar que não se poderia obter resultados de outra maneira: os meios tornaram-se o fim, faz-se porquê, independente de ser útil ou não. Chegamos numa crise de desenvolvimento - burocracia, que em magia caótica é o ponto em que o limite da ordem leva ao caos - em que o próximo passo é esse desmontar da construção por coerção (o fim do sono de Newton, como dizia William Blake), substituindo-a por resultados por colaboração: ócio criativo, pressão dos pares."

O Trapalhão no Planalto dos Macacos
Agora é meio tarde que o hype já passou e quem viu, viu, e quem não viu, não viu, mas acho que ainda consigo descolar uns trocados, então lá vai o anúncio:

"A partir da presente data, VENDEM-SE, NESTA COLUNA, EXPLICAÇÕES PARA O FINAL DA NOVA VERSÃO DO FILME O Planeta dos Macacos, mediante módicas quantias (consulte a tabela junto ao nosso editor). Existem 3 modelos de explicações disponíveis: namorada, chope e cabeuça. O primeiro destina-se àqueles que apenas procuram uma desculpa para rebocar a namorada para a sala escura e não querem se passar por trouxas quando a menina faz um muxoxo e diz que não entendeu o final ("Por que todo mundo virou macaco, hein? Por que que a nave dele foi parar na Casa Branca?"), e resume-se a frases espirituosas de rápido efeito. O segundo é perfeito para rodas de chope: envolve citações a clássicos pop - com o perdão pelo oxímoro -, comentários picantes sobre o micro vestido da loirona selvagem, e uma ou duas piadas que, se não explicam o fim do filme, ao menos descontraem o ambiente e relaxam os ânimos pelo efeito catártico de desmoralizar o filme. A terceira é sob medida para enroladores profissionais: envolve paradoxos temporais, H.G. Wells, relatividade, buracos negros, Noam Chomsky, semiótica, História dos E.U.A. e mais um ou dois itens da nossa longa tabela de imposturas intelectuais à escolha do cliente. Sirva-se."

Retratação
É mais fácil pichar um monumento público sem ser pego do que arranhar um mito impunemente. Ter questionado a qualidade de musa de Nara Leão por aqui rendeu reclamações em número suficiente para merecer essa autocrítica. A questão é simples: pelo padrões atuais de marketing pessoal & cultura de mercado, que mandam na produção de cantoras de MPB, é praticamente impossível entender como ela foi elevada ao nível de musa há 40 anos. Reitero: musa de praia e botequim, mas musa, anyway. Quando Nara começou a gravar discos e aparecer na mídia, a imensa indústria de vendas de disco ainda não havia sido catapultada pelos Beatles, nem a interferência de produtores (para ficar só neles; não contemos empresários, consultores de marketing, e os outros tipos pagos pelas gravadoras para nos dizerem do que nós devemos gostar) era suficiente para mudar o conceito de um grupo, vide Jota Quest. Havia espaço para a intuição de Nara indicá-la a seguir a emergente bossa nova, nem bem esperar sua consagração e aderir aos sambas de fonte popular e fundo social (os chamados "de protesto"), ou gravar Roberto Carlos quando seu lado comercial o transformara em persona non grata. Mais do que um par de joelhos redondos, foi exatamente essa habilidade mutante e a disposição para defender sua opiniões o que atraiu atenção para si - de uma maneira totalmente involuntária, é bom observar. Nara Leão era muito tímida para se valer das polêmicas para fazer propaganda, e nem gostava muito de dar opinião (apesar da contundência com que falava). Era desse material que se faziam as musas, antigamente.
:::: Nara Leão, uma Biografia: Sérgio Cabral, editora Lumiar, 2001

Magnun Mini
A gente se esforça para ser tolerante, compreensivo e sensível, mas tem coisas que põem a nossa paciência à prova. A lógica de mercado parece ser capaz de explicar tuuuuuudo - mas eu ainda não consegui entender por que a Kibon faz uma ótima campanha para lançar um picolé novo como o Magnun, com ótimos displays de geladeiras de padaria, focando no tamanho maior e mais robusto do sorvete (uma bela morena atacando a embalagem com vontade), agora vem com essa de Magnum Mini. Ora bolas, ou é Magnun ou é mini. Parece até obra daquele lusitano que escreveu na lousa da padaria:
Pão com manteiga: 9 escudos
Pão sem manteiga: 8 escudos
Pão com margarina: 7 escudos
Pão sem margarina: 6 escudos
Ou daquele que chamaram para desenvolver novos produtos para o McDonald's, e criou o Big Mac em 3 tamanhos: grande, pequeno e médio, afinal, ninguém aqui é preconceituoso e big também pode ser mini... Ora pois...

Brincadeiras idiotas ou Como se divertir perigosamente:
1)Entrar na Toca do Vinícius e perguntar se eles tem o livro do Tinhorão.
2)Passar no Baixo Gávea segunda de noite, e gritar, acompanhando com a buzina do carro "viva o Conde!!!"
3)Meter a cabeça dentro do Bip-Bip na roda de samba de domingo de noite e comentar calmamente: "mas Chico Buarque não passa de um pagodeiro melhorado"

Aspas para o meu chapa multidisciplinar Eduardo Mello: faixa preta, guitarrista e mergulhador

"Não precisa ficar se desculpando, não! Todo mundo sabe para que você quer ir morar sozinho! Para poder levar mulher para casa. Para poder ouvir som alto. Para poder amarrar uma toalha azul no pescoço e sair nu pela casa gritando que é o Super Homem."

Poste Escrito
Um grande abraço para o Sérgio Farias pelas generosas palavras -- agora com direito ao link para o Catarro Verde, que eu fiquei devendo, e um super beijo para a Mônica, minha alma gêmea em incontinência cerebral.


Rafael Lima
Rio de Janeiro, 4/9/2001

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