Um Paulo Francis ainda desconhecido | Fabio Silvestre Cardoso | Digestivo Cultural

busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Trio Mocotó
>>> O Circo Fubanguinho - Com Trupe da Lona Preta
>>> Anaí Rosa Quinteto
>>> Chocolatte da Vila Maria
>>> Ed Motta
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Pecados, demônios e tentações em Chaves
>>> Brasil, o buraco é mais embaixo
>>> Olavo de Carvalho: o roqueiro improvável
>>> 7 de Novembro #digestivo10anos
>>> Carandiru, do livro para as telas do cinema
>>> Livros de presente
>>> Guerras sujas: a democracia nos EUA e o terrorismo
>>> A Arte da Entrevista
>>> Daniel Piza by Otavio Mesquita
>>> Prática de conversação on-line
Mais Recentes
>>> Street Fighter. Alpha - Volume 1 de Masahiko Nakahira pela Newpop (2013)
>>> A Arte Da Sabedoria de Baltasar Gragián pela Faro Editorial (2018)
>>> Batman: O Impostor - Volume Único (capa dura) de Tomlin; Sorrentino; Bellaire pela Panini (2022)
>>> A Turma do Perere - 365 dias da Mata do Fundão de Ziraldo pela Globo (2006)
>>> Zerois do Brasil de Ziraldo - Colegio Visconde de Porto Seguro - Caio Machado Pedreira pela E Educacional (2011)
>>> Ziraldo e Os Meus Direitos de Ziraldo - Colegio Estacio - Giovanna Oliani Martinez pela E Educacional (2002)
>>> Vida depos da Vida de Dr. Raymond A. Moody Jr. pela Nordica (1979)
>>> O Maior Milagre do Mundo Parte 2 de Og Mandino pela Record (2009)
>>> Garotas Da Pérsia de Nahid Rachlin pela Rocco (2007)
>>> Garota Replay de Tammy Luciano pela Novo Conceito (2012)
>>> Mulheres Mitos E Deusas - O Feminino Atraves Dos Tempos de Martha Robles pela Goya (2019)
>>> Crônicas (Vol. 5 Obra jornalística) 1961 - 1984 de Gabriel Garcia Marquez pela Record (2006)
>>> Duelo final (capa dura) de Elmore Leonard pela Círculo do Livro
>>> Amar é assim (capa dura) de Carol Hill pela Círculo do Livro
>>> Os mortos-vivos (capa dura) de Peter Straub pela Círculo do Livro
>>> Nem mais Nem menos (capa dura) de Jeffrey Archer pela Círculo do Livro
>>> The Cambridge Illustrated History Of Medicine (cambridge Illustrated Histories) de Roy Porter pela Cambridge University Press (1996)
>>> Breve Romance de Sonho - Col. O globo 26 de Arthur Schnitzler pela O Globo
>>> Memórias de Adriano - Col. O globo 24 de Marguerite Yourcenar pela O Globo
>>> As Cidades Invisíveis - Col. O globo 21 de Italo Calvino pela O Globo
>>> O Senhor das Moscas, - Col. O globo 19 de William Golding pela O Globo
>>> A Consciência de Zeno - Col. O globo 4 de Italo Svevo pela O Globo
>>> O Fio da Navalha - Col. O globo 28 de W. Somerset Maugham pela O Globo
>>> Nosso Homem em Havana - Col. O globo 20 de Graham Greene pela O Globo
>>> O Jovem Törless - Col. O globo 27 de Robert Musil pela O Globo
COLUNAS >>> Especial 10 anos sem Francis

Quinta-feira, 1/3/2007
Um Paulo Francis ainda desconhecido
Fabio Silvestre Cardoso
+ de 5700 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Sobre Paulo Francis (1930-1997), muito se escreveu a respeito nos últimos 10 anos. O leitor que lê este texto, por exemplo, que faça um teste. Digite lá no Google o nome do jornalista e escritor nascido Franz Paul Trannin da Matta Heilborn. Muitos serão os artigos assinados, comentários, blogs de homenagem, ensaios, notas, blogs contrários, para além de uma infinidade de outros detalhes a respeito do autor. Desse modo, cá como eu, você, leitor, deve se perguntar: mas será que há ainda algo a ser dito a respeito de Francis? De fato, honrosas menções foram feitas nos principais veículos do país: da Bravo! à Cult, passando pelo O Estado de S.Paulo, sem mencionar o Manhattan Connection — este último, aliás, um dos programas a partir dos quais a primeira geração da TV a cabo (àquela época, o mundo não era dos nets) conheceu Paulo Francis e redescobriu o Brasil. Pode parecer puro exagero, mas não é. Não é mesmo. Foi neste especial do Manhattan Connection, a propósito, que o jornalista Caio Blinder, eterno antípoda intelectual de Francis, realçou a importância de Paulo Francis para o jornalismo brasileiro: muitas pessoas optaram pelo jornalismo por causa dele, Francis. E isso, numa época em que o jornalista virou commodity, pode parecer muito pouco, mas não é.

Mas qual é a razão de tanta popularidade? Por que, afinal de contas, os jornalistas de uma determinada geração tinham (e ainda têm) Paulo Francis em tão alta conta? A pergunta parece permanecer sem resposta. Isto é, ao menos até aqui, ninguém, a despeito do breve ensaio-perfil de Daniel Piza sobre o jornalista, fez a chamada "biografia definitiva" de Paulo Francis. Enquanto isso, dois fenômenos acontecem: de um lado, os jovens estudantes de jornalismo pouco sabem da importância de Francis para o desenvolvimento da imprensa no Brasil. De outro lado, as versões exageradas a seu respeito tomam a dianteira e fazem que, com os anos, Francis fique uma figura cada vez mais caricata, como os seus antigos imitadores nos programas de TV da década de 80 e de 90. Assim, mesmo entre aqueles que conhecem Francis, existe um consenso exageradamente natural de que Francis era culto, mas exagerado; educado, mas preconceituoso; bom jornalista, mas extremamente desleixado — posto que não revisava o que escrevia.

Com efeito, é o jornalista do colunismo dos grandes jornais, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, e também o comentarista da TV Globo, que é freqüentemente lembrado. A razão para tanto, certamente, está atrelada à popularidade que Francis havia conquistado no outono de sua carreira. Assim, tão certo como os anos 80 assistiram ao colapso do comunismo como regime político, nas duas últimas décadas de atividade jornalística, Francis, como nunca acontecera antes em toda sua trajetória, não só era muito lido, mas também bastante comentado, em que pese o fato de suas opiniões políticas, bem como seu alinhamento ideológico, terem se aproximado da direita. Nesse ponto, aliás, talvez sejam válidas as considerações de Élio Gaspari, quando este escreveu acerca do livro de Daniel Piza sobre Francis: "Admirado por uma direita que desprezava, odiado pela esquerda da qual se afastou".

Uma leitura mais retrospectiva da obra jornalística de Paulo Francis, no entanto, revela um autor de idéias mais elaboradas. Talvez porque, à época, não existia ainda o Francis televisivo, quase um ator, como lembrariam os debatedores no programa Manhattan Connection de fevereiro; em verdade, o Paulo Francis colaborador d'O Pasquim era, de fato, mais cerebral. Em outras palavras, no lugar da provocação acusatória, muitas vezes leviana — ainda que engraçada —, havia nos escritos do jornalista a expressão de um intelectual atento ao debate de idéias do seu tempo. Nesse sentido, ele seguiu o que de melhor existiu na tradição do jornalismo cultural num momento em que não havia tanto a necessidade dessa especialização, essa setorização por editoria que se faz desde o início da formação de jornalista. Eis um dos segredos de sucesso de público de Paulo Francis, que fez com que muitos optassem pelo jornalismo. Era possível, sim, entender de Relações Internacionais, escrevendo para os jornais nacionais como correspondente de Nova York, e, ao mesmo tempo, colaborar com as revistas de cultura, como a Senhor, assinando longos ensaios sobre autores como o russo Bóris Pasternak.

A partir da leitura desse primeiro Francis entende-se o motivo de sua suposta arrogância e de seu elitismo declarado, marcas que ficaram para sempre nos textos e nas suas aparições na TV. As opiniões e as análises de Francis remetiam a um passado, quase sempre em tom memorialístico, buscando referências nas suas idéias mais estabelecidas. Nesse sentido, mesmo quando Francis observava novos autores e analisava as novas produções cinematográficas, por exemplo, prevalecia o olhar de um autor que, por força ou por circunstância, se tornou maduro cedo demais. Machado de Assis escreveu, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, que o menino é pai do homem. Paulo Francis, que também citava e lia muito o Bruxo do Cosme Velho, era a prova inconteste disso.

Não é exagero afirmar que Paulo Francis virou, a partir de determinada época, o espectro de si mesmo. Refém de um personagem que dava grande audiência, no fim da carreira o jornalista conquistava mais pela virulência e não tanto pela natureza de seus argumentos. Talvez por isso, alguns de seus detratores prefiram analisar Francis a partir de um recorte temporal bastante específico, a saber: as duas últimas décadas. Há, no entanto, no jornalista que escreveu para O Pasquim e colaborou para Senhor, um intelectual que se impõe pela exposição ilustrada de idéias em vez dos ataques pessoais; que, no lugar de polêmicas gratuitas e sem sentido, prefere apresentar aos leitores temas e escritores desconhecidos. Um Paulo Francis pouco conhecido, afinal, mas que vale a pena descobrir.


Fabio Silvestre Cardoso
São Paulo, 1/3/2007

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Etapas em combustão de Fabio Gomes
02. Um pouco de conservadorismo de Eduardo Mineo
03. Ânsias e náuseas de Elisa Andrade Buzzo
04. Viver Mata de Clarissa Kuschnir
05. Ave Caesar, morituri te salutant de Rafael Azevedo


Mais Fabio Silvestre Cardoso
Mais Acessadas de Fabio Silvestre Cardoso
01. Orgulho e preconceito, de Jane Austen - 5/5/2006
02. Desonra, por J.M. Coetzee - 21/12/2004
03. Por que quero sair do Orkut (mas não consigo) - 2/2/2006
04. Brasil e Argentina: uma História Comparada - 3/5/2005
05. Eleições Americanas – fatos e versões - 9/11/2004


Mais Especial 10 anos sem Francis
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
28/2/2007
09h02min
Gostava muito do Paulo Francis dos anos 60. Lia ele no Pasquim, revista mais censurada da época. Também charges e pequenos artigos de Jaguar, Millôr, Ziraldo, etc. Paulo Francis se torno maldito para aqueles que o adoravam. Mudou de lado. Talvez por pressão do patrão Globo, pode ser. Ficou mais feio ainda na telinha com aquela voz chata que me fazia desligar ou sair de frente da TV. Creio que ele tenha mudado de lado novamente no local onde está agora. Espero. Ivo Samel
[Leia outros Comentários de Ivo Samel]
28/2/2007
22h16min
O Francis tinha coragem de desmascarar toda a pobreza moral e intelectual dos nossos políticos, mesmo alguns desses intocáveis, q tem escravos, capangas, q mandam prender, matar e soltar, ladrões, q aparecem na TV como distintos senhores, cheios de moral e bons costumes, quase intelectuais, amparados nesta nefasta imunidade parlamentar. O Brazil era melhor com ele, q conseguiu mostrar q esses assassinos estão nus e q precisamos nos livrar deles o mais rápido possivel, para q possamos avançar.
[Leia outros Comentários de Pedro Brasileiro]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Infanto Juvenis Quando Estou Sozinho... Um Guia de Auto-ajuda para as Crianças
Tova Navarra
Callis
(2005)



Curso Didático de Estética 2 Volumes
Vários Autores
Yendis
(2009)



Livros em Box Didático Conecte Lidi Química Volume 2
Edgard Salvador; João Ubesco
Saraiva
(2014)



Brasil: Uma Historia - Cinco Seculos De Um Pais Em Construcao
Eduardo Bueno
Leya
(2010)



Clebynho - O Babalorixá Aprendiz
Leandro Müller
Pallas
(2010)



Educando Crianças Índigo
Vecchio
Butterfly



Mar de rosas (Quarteto de noivas – Livro 2)
Nora Roberts
Arqueiro
(2014)



Ex
Campbell Armstrong
Bastei Lubbe
(1991)



Livro Turismo Walt Disney World Resort & Orlando O Guia que Mostra o que os Outros só Contam Guia Visual
Vários Autores
Publifolha
(2006)



Bufólicas
Hilda Hilst
Globo
(2002)





busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês