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Segunda-feira, 27/7/2009
A nova queda da Bastilha
Gian Danton
+ de 11600 Acessos

Os recentes protestos pela moralização do Senado reuniram 50 pessoas em São Paulo e 200 em Macapá. Tais protestos foram marcados pelo Twitter e focados na tag #forasarney. A motivação foram as diversas denúncias que têm recaído sobre o Senado e mais especificamente sobre seu presidente: atos secretos, nomeação de parentes, uso de verba do Senado para reforma de biblioteca particular, recebimento de auxílio moradia por parte de senadores que usam apartamentos funcionais ou têm casa em Brasília, sonegação de informações à Justiça Eleitoral (uma mansão de 4 milhões, de Sarney). Até o mordomo da ex-senadora Roseana Sarney é pago pelo Senado.


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Ao mesmo tempo que os protestos, havia uma mobilização política. Alguns senadores do PT achavam que Sarney deveria renunciar ao cargo, outros preferiam a criação de uma comissão idependente, formada por senadores, membros do Ministério Público Federal e do Tribunal de Contas da União para investigar as denúncias. As duas posições foram atropeladas abertamente por Lula, que enquadrou os senadores do PT a esquecerem o assunto.

O ato de Lula, quase que um apoio aberto aos atos secretos, à nomeação de parentes, ao uso de dinheiro público para uso particular e à sonegação de informações à Justiça Eleitoral, reflete uma lógica própria: Lula e Sarney não estão preocupados com os protestos dos internautas. Se as manifestações físicas tivessem reunido milhares de pessoas nas principais cidades brasileiras, Lula jamais se arriscaria a queimar sua imagem apoiando Sarney.

Na verdade, Lula sentiu-se tão à vontade que ressuscitou o velho argumento dos porcos no livro A revolução dos bichos: "Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros". No caso, Sarney é mais igual do que nós e por isso pode contratar parentes, pode pagar mordomos com verbas do Senado, pode reformar sua biblioteca particular com verba pública...


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A despreocupação de Lula e da maioria dos senadores com a comunidade internauta revela que eles ainda não se tocaram que as coisas estão mudando.

O filósofo canadense Marshall McLuhan dizia que pouco importa o que os meios de comunicação de massa dizem. O que realmente importa é que eles existem e, como tal, mudam a cabeça das pessoas.

A imprensa mudou o mundo. Como o povão não sabia falar latim, os editores publicavam seus livros em línguas locais, o que reforçou as identidades nacionais, abrindo caminho para os reinos absolutistas. A mesma imprensa abriu caminho para a revolução francesa, ao permitir a mobilização de multidões (não por acaso, todos os líderes revolucionários eram jornalistas). Posteriormente, o rádio, o cinema e a televisão também mudaram o mundo. O rádio e o cinema foram usados de forma competente pelos nazistas para criar uma multidão de zumbis prontos a acatar qualquer ordem do führer. A cena do filme O Grande Ditador, do Chaplin, em que o discurso do tirano pelo rádio se reflete instantamenteamente no barbeiro judeu é uma imagem-símbolo desse poder das mídias, usado de forma tão nefasta por Hitler.

A televisão mudou o mundo a partir da década de 1960. De uma hora para outra, pessoas podiam ver e ouvir informações de qualquer lugar do mundo, criando condição para aquilo que McLuhan chamou de aldeia global e quebrando o mundo inventado pela imprensa. Os protestos contra a Guerra do Vietnã foram um reflexo dessa aldeia global que começava a surgir naquela época.

Da mesma forma que a imprensa, o rádio, o cinema e a televisão, a internet está mudando o mundo, talvez de forma mais radical do que jamais aconteceu. O mundo está se tornando cada vez mais virtual. As pessoas namoram pela internet, compram pela internet, fazem amizade pela internet e até mesmo protestam pela internet. Na verdade, até mesmo o voto tornou-se virtual. O que é a urna eletrônica senão um voto virtual? Não existe voto físico, mas mesmo assim ele é real, ainda assim é capaz de eleger uma pessoa e mandar outra para o ostracismo.

Para a nova geração, as coisas não precisam vir para o mundo concreto para existirem. Uma amizade pode viver anos só no Orkut e no MSN, sem que as duas pessoas se encontrem. Já existem até mesmo namoros puramente virtuais.

Recentemente, até a bolsa de valores se rendeu à internet, acabando com os pregões físicos. Agora todas as operações serão virtuais.

Para a nova geração, nativa da internet, não é necessário ir às ruas para demonstrar seu descontentamento. Mas essa geração tem um poder fenomenal de produzir virais, mensagem que se espalham continuamente. Tanto que a tag #forasarney foi uma das mais difundidas do mundo, mesmo com a concorrência da morte de Michael Jackson.

Há 220 anos, os franceses revoltados e insuflados pela imprensa invadiram e tomaram a Bastilha. Foi um evento que mudou o mundo. Começava ali a era moderna. Naquele mesmo dia era seputada a Idade Média. A Revolução Francesa mudou tudo: criou a república, institucionou a ideia de Rousseau de que o governo emana do povo. Até a moda, a música e a literatura foram transformados com a queda da Bastilha.

Em 1789 as pessoas precisaram se juntar fisicamente para provocar mudanças. A nova queda da Bastilha vai ser virtual. Só os dinossauros não perceberam isso ainda. E, pelo jeito, o Senado está cheio de dinossauros.


Gian Danton
Macapá, 27/7/2009

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