Melhores exposições de 2010 | Jardel Dias Cavalcanti | Digestivo Cultural

busca | avançada
62021 visitas/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Lenna Baheule ministra atividades gratuitas no Sesc Bom Retiro
>>> “Carvão”, novo espetáculo da Cia. Sansacroma, estreia no Sesc Consolação
>>> “Itália Brutalista: a arte do concreto”
>>> “Diversos Cervantes 2025”
>>> Francisco Morato ganha livro inédito com contos inspirados na cidade
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Calligaris, o fenômeno
>>> Aflições de um jovem escritor
>>> Noturno para os notívagos
>>> As garotas do Carlão
>>> Cuba e O Direito de Amar (3)
>>> Sempre procurei a harmonia
>>> Vamos pensar: duas coisas sobre home office
>>> Men in Black II
>>> Um álbum que eu queria ter feito
>>> Os Poetões e o Poetinha
Mais Recentes
>>> Aprendendo A Conviver - Ciências - 9º Ano de Martha Reis pela Editora do Brasil (2019)
>>> O Menino, O Dinheiro, E A Formigarra de Reinaldo Domingos pela Dsop (2011)
>>> The Painting Of Modern Life: Paris in the art of Manet and his flowers de T. J. Clark pela Thames & Hudson (1985)
>>> Aprendendo a conviver Ciências - 7º Ano - Ensino fundamental II de Martha Reis pela Editora do Brasil (2019)
>>> Aprendendo a conviver Ciências - 6º Ano - Ensino fundamental II de Martha Reis pela Editora Do Brasil (2019)
>>> Exílio de Christina Baker Kline pela Tag/ Harper Collins (2023)
>>> Matematica E Realidade - 9 Ano de Gelson Iezzi E Osvaldo Dolce pela Atual (2021)
>>> Matemática Financeira E Suas Aplicações de Alexandre Assaf Neto pela Atlas - Grupo Gen (2016)
>>> Somos Todos Adultos Aqui de Emma Straub pela Harper Collins; Tag Experiências Literárias (2021)
>>> Bebel, A Gotinha Que Caiu Do Céu de Patrícia Engel Secco pela Melhoramentos (2012)
>>> Estudar Historia 8ºano de Patrícia Ramos Braick E Anna Barreto pela Moderna (2018)
>>> Cidadania e Justiça de Wanderley Guilherme dos Santos pela Campus (1979)
>>> Jó Romance de um homem simples de Joseph Roth pela Companhia Das Letras (2008)
>>> Comentários a um delírio militarista de Manuel Domingos Neto Org. pela Gabinete de Leitura (2022)
>>> Animais Marinhos de Ruth Wickings pela Ciranda Cultural (2000)
>>> Sem Logo de Klein pela Record (2002)
>>> Frestas de Trienal de Artes pela Sesc (2015)
>>> Entendendo Algoritmos: Um Guia Ilustrado Para Programadores E Outros Curiosos de Aditya Y. Bhargava pela Novatec (2021)
>>> 50 Histórias De Ninar de Vários Autores pela Girassol (2010)
>>> O Quinto Risco de Michael Lewis pela Intrinseca (2019)
>>> Como As Democracias Morrem de Steven Levitsky/ Daniel Ziblatt pela Zahar (2018)
>>> A Era das Revoluções: 1789-1848 de Eric J. Hobsbawn pela Paz e Terra (1977)
>>> O Último Restaurante De Paris de Elisa Nazarian pela Gutenberg (2023)
>>> Todo Amor Tem Segredos de Vitoria Moraes pela Intrinseca (2017)
>>> O Outro Lado Da Meia-noite de Sidney Sheldon pela Record (2009)
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2010

Terça-feira, 14/12/2010
Melhores exposições de 2010
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 6500 Acessos
+ 1 Comentário(s)

O ano de 2010 foi particularmente rico em exposições no Brasil. Dos últimos anos para cá, temos tido não só importantes exposições nacionais, mas também um grande número de exposições internacionais. Um repertório que nos enriquece, nos fazendo repensar nossa própria produção e nos atualizando em termos de experiência com a arte internacional, seja ela histórica ou atual. De um ponto de vista geral, estas exposições têm se profissionalizado e gerado um retorno social muito bom. Desde o bom treinamento de guias para escolas, seminários, palestras e encontros para se discutir a obra dos artistas e publicação de catálogos, até o tempo mais longo das exposições, que permite visitas de pessoas de todos os estados. Tudo tem sido bem pensado, proporcionando uma fruição não só no âmbito do prazer artístico, como no do entendimento da arte a partir de sua história e implicações estéticas. Abaixo comentaremos algumas dessas exposições.

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresentou uma das mais importantes exposições internacionais de artes plásticas do ano no Brasil: Andy Warhol, Mr. America. Um dos artistas mais intrigantes e conhecidos do século XX, Andy Warhol tornou-se quase um emblema da cultura americana contemporânea, transitando em universos que vão do banal ao sublime e os confundindo em sua obra, exibindo o que há de vulgar e excepcional na arte americana do pós-guerra. Produzindo imagens a partir de uma infinidade de meios como a fotografia, vídeo, gravura, serigrafia, colagens etc, Warhol usou e abusou do mundo das imagens sob o capitalismo americano. Fotos de celebridades sociais do mundo das artes ou da política, notícias de acidentes, violência política, caixas de sabão em pó e latas de sopa de tomate: tudo transformado em criação e esvaziado de seu sentido original. Mick Jagger, Marilyn Monroe, Che Guevara, língua dos Stones, ready-mades com foice e martelo, fotos de Mao Tse Tung ou de uma cadeira elétrica... Warhol criou o signo limpo, vazio, sem força, igualando sopas e heróis revolucionários. Parte de sua produção, que inclui vídeos, fotos e serigrafias puderam ser vistos juntos pela primeira vez no Brasil nesta exposição excepcional exibida na Pinacoteca. Não bastasse, a Pinacoteca produziu um catálogo de alto nível, recheado de fotos e textos importantes, seja para os estudiosos da arte ou para pessoas que queiram entender o lugar que Warhol ocupou na arte americana e ocupa na arte atual, como referência obrigatória em termos de uma pós-modernidade da qual com certeza ele foi um dos pais.

Outra exposição também importante é a que o Sesc Pompéia nos reservou: A revolução somos nós: Joseph Beuys. Com uma exibição de mais de 200 cartazes, múltiplos, vídeos e fotografias, podemos ter contato com parte do que representa a obra de Beuys. Reformador social através da arte, pensador revolucionário, professor polêmico e ativista impertinente, o artista Joseph Beuys pensa que, ao se transformar todo homem em artista, estaremos começando uma revolução social. Isto porque as transformações têm que ser coletivas, mas também estéticas. Artista provocador, instalador, performer, debatedor radical, Beuys pode ser apreciado em suas múltiplas ações nesta exposição: seus cartazes têm interesse estratégico de multiplicar suas intervenções, seus "múltiplos" são produções reproduzíveis capazes de destruir a ideia de fetiche na arte, socializando através da técnica de reprodução aquilo que só alguns poderiam usufruir se fossem objetos únicos. Também podemos ver o Beuys debatedor, polêmico, irascível, em vídeos onde enfrenta artistas e teóricos da época, buscando dar um sentido político às suas ideias e intervenções. Junto à exposição foi montado um ciclo de eventos, que incluem palestras internacionais, debates e intervenções relativas à obra de Beuys. A qualidade da organização de uma exposição como essa, com todas as implicações que ela tem, nos coloca na rota das grandes exposições internacionais e dos debates necessários ao mundo das artes plásticas, por tanto tempo tímido ou calado no Brasil.

Este foi o ano da 29ª Bienal de São Paulo. Diferente da anterior, pejorativamente chamada de Bienal do Vazio, esta possibilita um novo fôlego para os amantes da arte contemporânea. Repleta de instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos, a Bienal tem levado milhares de pessoas ao seu interior, sejam escolares em visitas guiadas, sejam viajantes de todos os países e do Brasil. Com polêmicas que envolvem a obra de Nuno Ramos (com o uso de urubus na sua instalação) e a do artista Gil Vicente (que desenhou personalidades do mundo da política e da mídia sendo assassinados pelo artista), a Bienal apresentou uma ideia de política que extrapola a ideia de arte engajada tal como era tida nos termos de uma arte política nos anos 60, por exemplo. Aqui, o fato artístico, sua relevância enquanto desconstrução do real, da linguagem, é que foi devidamente pensado em termos de uma ação sobre o mundo. Desse ponto de vista, a Bienal se realizou bem, fazendo os espectadores participarem de uma aventura ao coração do labirinto, da indefinição, experimentando na própria visita o sentido máximo da arte, que é seu poder de revelar o mundo não dentro dos parâmetros de uma definição clara, mas da possibilidade de conhecimento por outra lógica: a da linguagem sempre renovada.

O MASP reservou para a última metade do ano três brilhantes e imperdíveis exposições: Lugares estranhos e quietos, do cineasta Wim Wenders; Se não este tempo: pintura alemã contemporânea de 1989-2010 e Deuses e Madonas: a arte do sagrado.

A primeira das exposições é formada por um conjunto de fotografias feitas por Wim Wenders, a partir de viagens pelo mundo, onde registra paisagens e lugares desolados, quase que totalmente alheios à presença humana, embora esses lugares remetam a algum tipo de atividade humana. De uma roda gigante totalmente perdida num cenário isolado da Armênia a uma sala de projeções ao ar livre também absolutamente deserta em Palermo, a tantas outras geografias e ambientes, naturais ou urbanos, sem vestígios da presença humana, Wim Wenders capta como uma espécie de Hopper da fotografia universos silenciosos e solitários que jamais veríamos se não fosse a disposição do artista em registrá-lo tão magistralmente para nós. Não há como não pensar nessas fotografias sem pensar nas solitárias locações, por exemplo, de um de seus filmes, como Paris, Texas. A exposição é uma viagem ao vazio desalentador e ao inusitado universo dos lugares que a exposição chamou certeiramente de "quietos". Longe da presença humana, dos barulhos e tensões da existência, eles se constituem como reservas para a meditação. E parece que para isso foram feitas as fotos, pois nos demoramos frente a elas em um estado de contemplação muito parecido ao da meditação religiosa numa igreja, quando deixamos o silêncio nos penetrar através da beleza e da solidão plástica criada pelo cineasta-fotógrafo.

A exposição de pintura alemã contemporânea, sob curadoria de Teixeira Coelho, também é bastante importante, dada a qualidade e a quantidade de telas e a variedade de estilos de pintura presentes na seleção das obras. Podemos contemplar desde a arte política pós Muro de Berlin, com relatos críticos contra o imperialismo americano ou a vigilância policial do sistema, até experiências abstratas de caráter geométrico e com uma perspectiva mais expressionista. Pode-se notar nesta exposição influências que passam do realismo socialista à pintura metafísica, do pop à pintura jocosa e alegremente despretensiosa inspirada nos quadrinhos. Com 26 artistas diferentes, temos uma visão ampla do que se faz na Alemanha dos últimos anos em termos de pintura, sendo a exposição um bom parâmetro para medirmos a nossa própria arte ou pelo menos para que possamos manter um diálogo mais universal com os artistas de além-mar.

A exposição Deuses e Madonas se organiza a partir de obras cuja temática se relaciona com o sagrado na arte. O acervo do MASP é utilizado a partir dessa problemática, de forma singular, nos permitindo um passeio pelo universo da arte preocupada com a temática do sagrado conforme artistas de várias épocas. Numa leitura contemporânea, onde o caráter utilitário que gerou essa opção pelo sagrado se perde, dando relevo àquilo que Kant chamou de "experiência desinteressada" do estético, podemos contemplar, antes de tudo, a alta qualidade do acervo exibido. Artistas como Di Cosimo, Botticelli, Delacroix, Tintoretto, Rafael, El Greco, entre tantos outros, nos levam a este universo da busca do inefável, através da obra de artistas que vão do Renascimento até os modernistas. Se o sagrado perde seu poder neste deslocamento temporal, a arte, ao contrário, assume essa perspectiva de uma possibilidade de experiência silenciosa, meditativa, indizível, que o espírito racional jamais poderá explicar, mas que nos toma numa posse amorosa, numa felicidade e grandiosidade de sentimentos jamais experimentados em outros lugares. A exposição nos mostra, mais que tudo, o quanto o poder da arte do passado pode interferir na sensibilidade do homem contemporâneo, nos ensinando que a arte escapa ao tempo, à história e aos temas, nos inscrevendo numa sensibilidade atemporal.

Estas exposições por si bastariam para ter nos nutrido da boa e grande arte durante o ano, mas houve outras, várias, também importantes, necessárias às nossas inquietações, ao nosso desejo de fruição artística, e esperamos que o novo ano seja tão rico e inquietante quanto este em termos de artes plásticas e provocações. O Digestivo estará aqui para comentar.


Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 14/12/2010

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Mulheres, homens e outros insetos de Ana Elisa Ribeiro
02. A Casa do Saber no Rio de Janeiro de Luis Eduardo Matta


Mais Jardel Dias Cavalcanti
Mais Acessadas de Jardel Dias Cavalcanti em 2010
01. Poesia sem ancoradouro: Ana Martins Marques - 23/3/2010
02. Rimbaud, biografia do poeta maldito - 10/8/2010
03. 29ª Bienal de São Paulo: a politica da arte - 12/10/2010
04. A letargia crítica na feira do vale-tudo da arte - 5/1/2010
05. Inhotim: arte contemporânea e natureza - 2/3/2010


Mais Especial Melhores de 2010
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
25/12/2010
18h54min
Num artigo falando das melhores exposições do ano não caberia citar Beuys. O que foi exposto desse "grande" artista aqui no Brasil? Latinhas enferrujadas? Pedaços de pau e folhas de jornal assinados por ele? Ou cavacos de unha do dedão do pé? Beuys não foi apenas um imbecil: mais que isso, foi um espertinho, que soube perpetuar seu nome, porque sabia que por mais tolices que fizesse, encontraria sempre "críticos" (ou criticastros?) para dar-lhe aval. Pior que ele, só Delvoye com sua "máquina de fazer cocô".
[Leia outros Comentários de Gil Cleber]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Que é Taylorismo
Margareth Rago; Eduardo F. P. Moreira
Brasiliense
(1984)



Contos de Aprendiz
Carlos Drummond de Andrade
Record
(1997)



Cartas Da Prisão 1969-1973
Frei Betto
Agir
(2008)



A Bruxinha Que Ficou Doentinha
Luiz Antonio Aguiar
Galerinha Record
(2013)



Bac Français 1ere L - 1999
Diversos Autores
Belin
(1998)



Segredos da Vida
Selma Rutzen (Compilação)
Eko
(2023)



Aventuras Do Marujo Verde
Gláucia Lemos
Atual
(2003)



Um Romance Antigo - 1ª Edição
Claudio de Souza
São Paulo
(1933)



Um Certo Suicídio
Patricia Highsmith
Best Seller



Vendas 3. 0 Compacta
Sandro Magaldi
Elsevier
(2013)





busca | avançada
62021 visitas/dia
2,0 milhões/mês