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Quinta-feira, 5/1/2012
Então, foi Natal
Elisa Andrade Buzzo
+ de 4100 Acessos


foto: Fernanda Regina/Balila e Bilica

Então, é Natal... Um passeio pela cidade reflete o que se pode dizer do espírito natalino: um prédio coberto de flores e plantas artificiais, outro repleto de brinquedos em versão retrô, presépios gigantes na Sé e no Santa Catarina ostentam um gorducho e rosado menino Jesus, a avenida rebrilha num arco-íris aleatório e os pinheirinhos se erigem num esforço de beleza monumental. Uma ambientação sonora borbulhante, como se uma varinha de condão fizesse do mundo real parte de seu irreal poderio, e a cidade que se quer encantada, fantasiada de outro, num mundo mais distante dela própria. Sejamos sonhadores, que nos dispersemos nesta paisagem adorável que não é a nossa, vamos ceder à pressão de participar desta afetação, de nos jogar às compras de lembranças importantes e volúveis. Tudo é possível na medida em que é Natal, e sejamos então felizes, retumbantes, todos cantores, se os corais abundam e seus integrantes se travestem de papai-noéis ambulantes. O povo contempla, embasbacado, embora a música seja do hoje, do agora e do sempre. Até o ônibus, todo marchetado de luz branca, canta um zunido fino e cortante, feliz natal no letreiro de destinação, um papai noel ao volante. A época é propensa ao nosense. Sejamos loucos e vamos correr atrás da banda do bairro e suas canções repetidas à maneira de trovadores mambembes, façamos o caminho das romarias de apenas pequenas trajetórias que o traçado urbano possibilita, da Santa Marcelina ao Largo Padre Péricles e suas samambaias verdejantes no altar de paredes alvas. São Silvestre aguarda os corredores de última hora no caminho tradicional recém alterado. A mudança parece ser o símbolo perdido de um mundo em constante e louco movimento. Estamos no século XXI, mas a essência do homem é parar e observar, extasiado, como vemos nas fotos de antigamente, as manifestações sonoras e de ação que lhe perpassam, e assim pequenas multidões de pescoços se dobram em busca de distantes notas musicais, pipoqueiros, realejos, o povo das aglomerações se volta às avenidas neste momento de exacerbação das vontades e dos falsos êxtases. Tudo parece caminhar na mesmice e, então, é Natal e coisas mágicas realmente acontecem na cidade grande quando encontramos vizinhos esquecidos de há muito tempo para uma conversa casual à beira da calçada. "É no final de ano que nos damos conta de nossa própria solidão." Então, é assim, todas essas histórias de felicidade natalina compartilhada servem não para nos sentirmos parte de um conjunto, antes para nos desfazermos em ambientes artificiais, e, na melhor das hipóteses, em nós mesmos. Encontramo-nos, e cada encontro é um recomeço, mas também sela a impossibilidade da continuidade do instante. Se é necessária a lembrança exaustiva de alguns valores para logo em seguida eles serem esquecidos... Chegou o momento de expelir as emoções em toada de febre intensa, como se fosse proibido tê-las no decorrer dos reles dias. O Natal é um ritmo avassalador que se desfaz com a mesma facilidade com que surge, encantamento que é, promessa suspensa no tempo de uma alegria perene. Nada realmente aconteceu, apenas as caixas de panetone, os embrulhos e as garrafas verdes quebradiças relembram que algo teve lugar, mas passou num triz, medonho mal-entendido que deixou um gosto de ressaca. Assunto que deve ser exaustivamente estudado, esmiuçado, a mesma história a cada ano de árvores com flocos de neve impossíveis, botas escaldantes, presentes falsos como verdadeiros placebos e luzes coloridas num devaneio de veraneio. Na passarela de fantoches infláveis na Paulista, um duende finge que me conhece de um dezembro passado porque este entretempos é o do riso solidário ou da tentativa de esboçá-lo. Piadas de stand-up comedy subvertem canções natalinas e nos preparamos para o recomeço, ou melhor seria dizer, a continuidade que se repele e repete. Foi-se o Natal, em cadência alucinante chega o Ano Novo cheirando a rojões, cerveja e fogo, e, num movimento brusco e lento, acontece a virada, iminente e aguardada, metendo-nos num estado de miséria e torpor.


Elisa Andrade Buzzo
São Paulo, 5/1/2012

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