Imprimam - e repensem - suas fotografias | Ana Elisa Ribeiro | Digestivo Cultural

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Sexta-feira, 24/2/2017
Imprimam - e repensem - suas fotografias
Ana Elisa Ribeiro
+ de 3500 Acessos

Outro dia, mandaram um link para que eu lesse com carinho. Era um texto dizendo que o "pai da internet", Vint Cerf, recomendava que imprimíssemos nossas fotografias. O problema seria a tal da "obsolescência programada", essa invenção malévola e espertinha que nos transforma em consumidores compulsórios de equipamentos novos em substituição a outros sempre, e rapidamente, desatualizados.

Aconteceu outro dia, e outro e outro: usei um celular por muitos anos, insistentemente, até que não consegui baixar mais nenhum aplicativo nele. Pronto, passava da hora de trocar de aparelho. Vai durar. Doce ilusão.

Comprei outro e outro, e cada um, num belo dia diferente, mas não a espaços muito largos, deixava de funcionar por algum motivo. Mas a coisa era predeterminada. Em alguns casos, a máquina não funcionava nem com aplicativos fabricados pela própria empresa. Mas vá lá, tenhamos paciência ou bobiça suficientes.

Analógicas

Num mundo assim, imaginem o que seja manter certo hábito de tirar fotografias analógicas. Exótico, não? E sempre perguntam: mas existem ainda filmes? Alguém vende isso? Onde? É caro? E depois? Onde são revelados?

Fato é que, dia desses, revelei um filme. Escaneei as fotos e enviei algumas a pessoas a quem não darei uma foto de papel. Não foi exatamente caro revelá-las, mas fazer as cópias me daria bem mais trabalho. Geralmente, exceto pela minha mãe, as pessoas ficam satisfeitas ao receberem digitalizações. Mas que precariedade.

Eis que enviei uma foto digitalizada de uma matriz impressa de foto ao grupo de irmãos. Logo, minha irmã perguntou sobre o assunto: Quando foi isso? E me dei conta de que os lapsos das fotos analógicas pertencem mesmo ao fotógrafo. Logo informei, imprecisamente: acho que dia dos pais. Era uma lembrança difusa, de um dia comemorativo, um lugar, uns ladrilhos, a presença de certas pessoas, um almoço. Dia dos pais, talvez. Ela não disse mais nada. Aceitou.

O lapso de tempo que aquela câmera e aquele filme provocavam. Já pensou? Um filme de 36 poses ou menos, porque ele durou até as 30. E ficou dentro da máquina por meses e meses. Quando revelado, mostrou mais de três ou quatro eventos diferentes, lugares muito diversos, pessoas muito seletas. Estavam lá, justapostos, mas sem se comunicar, o dia dos pais, um passeio no Instituto Inhotim, umas fotos à beira do muro da fábrica de tecidos que será extinta (e dará lugar a um microshopping com nome em inglês). Também havia fotos de um evento no campus universitário, uma delas desfocada, quase perdida. O que se há de fazer? Jogar fora? Não é deletável.E ainda fotografias de um dia, no ensaio para um espetáculo poético-musical.

Sim, era um filme, muitos meses, cinco ocasiões muito diferentes, tempos diversos, sempre à luz do dia, porque, como sabem todos, fotografar é desenhar com luz.

O grão da foto é lindíssimo. As pessoas estão paradas diante de um clique que virá. Não pudemos testar, jogar poses ou chapas fora. Gostamos das fotos? Não? Já era.

O grão do tempo

Pensei por horas sobre a característica do filme analógico de guardar-se para ocasiões muito especiais e ser econômico na seleção das fotografias. Muitos eventos quase esquecidos ressurgiram para as pessoas, diante daquelas fotos. Até nem lembrávamos mais daquelas ocasiões. Por isso é importante escrever atrás das fotografias. Escrever, por datas, relembrar: 14 de agosto de 2016, dia dos pais. Caso contrário, não saberemos mais nos distinguir naquele passado em registro.

Um filme aguarda, pacientemente, para ser gasto. Disso decorre que o timing das fotos analógicas é paciente, é moroso, é seletivo, é cuidadoso. É preciso pensar sobre a foto, sobre a revelação e sobre como mostrar as fotos às pessoas.

Certa vez, fotografei o bebê de uma amiga, em dada ocasião, em uma livraria. Muitos meses depois, enviei-lhe a digitalização da foto. O grão do momento. Ela reconheceu o chão, o deck de madeira, a ocasião. Mas o bebê não era mais o mesmo. Uma lembrança de quando ele tinha alguns meses. Já não era mais o mesmo.

Dupla exposição

Vint Cerf alerta sobre as fotografias que se perderão entre bits, arquivos incompatíveis, máquinas inoperantes, obsolescências programadas, pessoas pouco cuidadosas com a memória. Mas não é só isso. Além de imprimirmos as fotos, como que a resguardá-las de um perigo evidente - mais que iminente -, é importante que alguns de nós resistam ao operar máquinas que deixam matrizes, negativos, filmes.

Não à toa nossa emoção, quando um pequeno grupo de amigos resolvemos conversar sobre o que fazer com duas caixas grandes de câmeras analógicas simples que seriam jogadas fora. Uma centena delas. E enquanto triávamos os equipamentos, observando se alguma já não funcionava, encontramos três com filmes dentro.

Filmes usados? Fotografados? Presos ali? Esquecidos? O que fazer? Vamos revelá-los? Festas de família ou nudes? Vamos removê-los e jogar no lixo, preservando a privacidade de alguém? Vamos mostrar ao mundo as fotografias que estão ali? Vamos procurar seus donos? Não.

Decidimos reusá-los: Cada um de nós escolheu um, por qualquer motivo. Retirados das câmeras originais, vão para dentro de nossos equipamentos e faremos dupla exposição. Dessa forma, quando revelados, talvez saibamos, apenas parcialmente, o que ali estava, quase revelado, mas não por inteiro.



Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 24/2/2017

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