Estereótipos | Rafael Lima | Digestivo Cultural

busca | avançada
56261 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Espetáculo-instalação destaca histórias de mulheres pioneiras na construção de Brasília
>>> Bailarinos de Brasília apresentam espetáculo gratuito em Planaltina e Sobradinho
>>> Evento: escritora paulistana Daniela Bonafé lança “Rosas de Chumbo” na 7ª FLIMA
>>> Evento: poeta mineira Thaís Campolina lança “estado febril” na Ria Livraria, dia 23/5
>>> Livro de André Moravec traz uma nova proposta para entender o átomo
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
Colunistas
Últimos Posts
>>> Drauzio em busca do tempo perdido
>>> David Soria Parra, co-criador do MCP
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Um conto-resenha anacrônico
>>> Desejos e argumentos para 2005
>>> A crise dos 28
>>> Lobão com a boca no trombone
>>> Queen no Live Aid (1985)
>>> São Paulo, que dá nome à nossa cidade
>>> Glenn Gould: caso de amor com o microfone
>>> Seis anos em seis meses
>>> A síndrome da rejeição via internet
>>> O problema da Lei Rouanet
Mais Recentes
>>> Lucíola de José de Alencar pela Saraiva (2011)
>>> MUM Museu da moda 4.000 anos da história da moda de Ministério do turismo pela Ministério do Turismo (2021)
>>> O Sertão Do Conselheiro Antônio de Andrea Ebert pela Cortez (2010)
>>> O Diario De Anne Frank Em Quadrinhos de Ari Folman; David Polonsky pela Record (2021)
>>> É Proibido Miar de Pedro Bandeira pela Moderna (2009)
>>> A Pedra Na Praça E Outras Histórias De Liev Tolstói de Ana Sofia Mariz; Cárcamo pela Rovelle (2012)
>>> O Que Há De África Em Nós de Wlamyra Albuquerque pela Moderna (2013)
>>> O Menino Que Aprendeu A Ver de Ruth Rocha pela Quinteto Editorial (1998)
>>> Mourão, O General Do Pijama Vermelho de Laurita Mourão pela F. Alves (2002)
>>> Sem Fôlego de Brian Selznick pela Sm (2012)
>>> O Menino Do Dedo Verde de Maurice Druon pela José Olympio
>>> Clássicos Favoritos De Todos Os Tempos de Disney pela Brimar (1998)
>>> O Homem Que Calculava de Malba Tahan pela Record (2001)
>>> Malba Tahan Os Melhores Contos de Malba Tahan pela Record (2002)
>>> O Livro Ilustrado Dos Sonhos de Julia E Derek Parker pela Publifolha (1996)
>>> O Despertar Dos Mágicos de Louis Pauwels/ Jacques Bergier pela Bertrand Brasil (1998)
>>> Philosofia Vedanta de Swami Vivekananda pela O pensamento (1921)
>>> Vargas E A Crise Dos Anos 50 de Angela de Castro Gomes pela Relume Dumará (2011)
>>> Pós Impressionismo de Belinda Thomson pela Cosac Naify (1999)
>>> A Noite Dos Mortos-vivos e a volta dos mortos-vivos de John Russo pela Darkside (2014)
>>> Mulheres Do Brasil: A História Não Contada de Paulo Rezzutti pela Leya (2018)
>>> Antropoceno - Notas Sobre A Vida Na Terra de John Green pela Intrínseca (2021)
>>> Ensor de Ulrike Becks-malorny pela Taschen (2000)
>>> Poesia Que Transforma de Braúlio Bessa pela Sextante (2018)
>>> Um Carinho Na Alma de Braúlio Bessa pela Sextante (2019)
COLUNAS

Terça-feira, 19/6/2001
Estereótipos
Rafael Lima
+ de 8100 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Mulher, negra e favelada
Conversando com meu irmão durante um filme, chegamos à uma conclusão interessante. Antigamente, sempre que havia um personagem negro em um filme qualquer, era o Sidney Poitier quem interpretava, qualquer que fosse o personagem. Hoje, há vários atores negros no cinema, atuando de acordo com o tipo de personagem que se procura. Por exemplo, se há um crioulo intelectual, quem vai interpretar é o Morgan Freeman. Se for crioulo galã, o papel é do Denzel Washington. Crioulo presepeiro é o Eddie Murphy, ou o Chris Tucker. Crioulo folgado: Cuba Gooding Jr. Crioulo ativista, Spike Lee. Crioulo macho-pra-caramba? Samuel L. Jackson. Arrumaram até um Shwarzenegger preto, o Wesley Snipes, crioulo só para filmes de pancadaria. Quer dizer, houve a seguinte evolução(?): antes, qualquer que fosse o personagem, ele seria interpretado pelo mesmo ator (uniformizando tudo pelo preconceito: não importa o que o crioulo era, importa que era crioulo); hoje, existem vários atores diferentes para cada papel, mas apesar das diferenças, a impressão que fica é a que estamos sempre vendo a mesma pessoa: um crioulo. Porque vai ser o crioulo folgado, o crioulo galã, o crioulo ativista, etc. Tá vendo, seu Luther King, para isso que o senhor morreu. Para que a tolerância se traduzisse em estereótipos mais maleáveis (stereos, do grego: sólido). Só isso.

Para quem não entendeu o título: as 3 palavras lá de cima foram extensamente utilizadas pela ex-senadora e atual vice-governadora Benedita da Silva como plataforma de governo e política eleitoral enquanto candidata no Rio de Janeiro. Assim como Hollywood, a Bené sabe muito bem como jogar com estereótipos.


Gays, Lésbicas e Similares
Giles Lascar, proprietário da boate gay Le Boy em Copacabana, avisa que já, já, vai inaugurar outra casa nos moldes desta, exclusivamente lésbica, chamada La Girl. O comentário óbvio é um trocadilho idem: é de lascar. A Le Boy completou 9 anos de funcionamento em maio, com uma clientela fixa e fiel, além de alguns eventos ultrapassando o mero gueto gay, como o show da cantora Gloria Gaynor. De vez em quando também pinta por lá alguma Vera Fischer ou Ana Paula Arósio, o único local onde elas podem dançar sem um monte de homens dando em cima. Com isso, Giles reforça a idéia de que Copacabana, atualmente, é um dos quartéis-generais gay do Rio de Janeiro, o que - opinião de morador do bairro desde o nascimento - não sei se é bom. Explico: desde o início de seu crescimento, desde que a cidade começou a crescer paralela ao mar, inclusive por causa do imenso espaço disponível, Copacabana teve o caráter de agregar em seu interior uma rica fauna de seres urbanos coexistindo num intrincado ecossistema social ao longo das décadas. Encontraram-se por aqui, entre outros espécimes, a colônia de pescadores do Posto 6; os grã-finos e turistas ricaços, no Copacabana Palace; a turma dos cafajestes, na Adega Pérola; os ratos de praia, na Miguel Lemos; os músicos da bossa nova, na boate do Hotel Plaza; as prostitutas da La Cicciolina; as hordas de aposentados, nas praças e no Bairro Peixoto, compondo um complexo e diverso quadro que motivou o compositor Fausto Fawcet a dizer que se a Bahia tinha dado régua e compasso a Gilberto Gil, Copacabana havia lhe dado a papelaria inteira...

Quando o bairro assume a bandeira do movimento gay, abre mão de toda essa histórica e conhecida vocação inclusivista e integradora. Porque, pelo que a prática mostra, o mundo gay tem muito pouco de inclusivista. Giles Lascar avisa que na nova casa a entrada de homens será, simples e objetivamente, proibida. Na Le Boy mulheres só entram acompanhadas de homens e pagam mais. A Le Boy atualmente ocupa um lugar dois números ao lado de onde foi originalmente inaugurada, que está ocupada pela Bunker 94, exemplo daquilo que jornalistas culturais chamam de boate alternativa. Pois bem, aos domingos a Bunker promove uma noite especial para lésbicas em que homem só entra acompanhado e paga o triplo, batizada como o hilariante nome de "Disckotcheca", criando a curiosa situação de alinhar uma fila só de homens exatamente ao lado outra só de mulheres, na entrada das casas noturnas. Como, apesar de tudo, ainda estamos de Copacabana, a mesma quadra que abriga a Bunker e a Le Boy ainda encontra espaço para a Mariuzzin, outra boate, essa straight e decadente há anos, e um autêntico botequim da categoria dos pé-sujos, coladinhos, um no outro. Mas se depender da turma GLS, tenho minhas dúvidas que em breve essas duas casas serão arrendadas e o que era um caso de convivência pacífica (a menos dos ovos e sacos de xixi arremessados por alguns moradores) vai se transformar num gueto social. Falo isso por dois motivos: 1) o alto poder aquisitivo dos gays, cria uma demanda sempre crescente de lugares onde se sintam à vontade - e como se sabe, os empresários só sentem atração sexual pelo verde-dólar; e 2) a tomada de Constantinopla que os gays promoveram em outros lugares do Rio, virtualmente colocando para correr quem não é do time. Cito aqui dois exemplos: o conjunto de bares e pubs na esquina da Visconde Silva com Mena Barreto em Botafogo (o extinto "baixo gay" ), invadido na segunda metade da década de 90, dizem, por causa das inúmeras obras que rolavam na cidade, mudando completamente os ambientes, e o tradicional reduto boêmio de Ipanema, o bar Bofetada, onde um dia já se reuniram para criar a mitologia da cidade Sérgio Porto, Flávio Rangel e Ferdy Carneiro, e hoje nem o emérito bebedor Jaguar põe os pés lá no turno noturno sem ser catalogado pelo menos entre os S do GLS. Por isso tudo eu me pergunto: qual o real valor de mais uma casa strictly gay em meu bairro? Será que os gays conseguirão criar uma ambiente tão aberto e integrador quanto era o bairro que elegeram para seus embalos noturnos?

Síndrome de máquina remarcadora
Apesar de não ser muito dado a esse tipo de coisa, inventei um rótulo para definir um tipo de comportamento altamente questionável que cada vez mais se encontra por aí, principalmente entre jovens profissionais urbanos: "excesso de auto-indulgência pós-moderna" (foi entre aspas para angariar mais respeito). Você provavelmente já ouviu muita coisa assim...
1. Essa música é só para dançar
2. Eu só vou lá para ganhar o meu dinheiro
3. Ué, você não vê filme ruim de vez em quando?
4. Não é obrigado, mas é altamente recomendável
5. Nós temos que atender ao cliente
6. Acho que todos aqui tem o seu valor
7. Você tem que aprender a se auto-conhecer
8. É só para passar o fim-de-semana
9. Ah, é ruim, mas é divertido
10. Um pouquinho, pode tudo

Molambo power
Guga é tri: viva "estopa", no topo do mundo! Acho que vou deixar o cabelo crescer que nem o dele. Se não posso ser campeão do mundo jogando tênis, ao menos acho consigo ficar com o cabelo daquele jeito... (nunca é demais lembrar que aquele espanhol estava de barba feita, cabelo cortado, e nem suava direito na testa).


Rafael Lima
Rio de Janeiro, 19/6/2001

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Sobre as estátuas de Viena de Paulo Polzonoff Jr


Mais Rafael Lima
Mais Acessadas de Rafael Lima em 2001
01. Charge, Cartum e Caricatura - 23/10/2001
02. O Tigrão vai te ensinar - 12/3/2001
03. A diferença entre baixa cultura e alta cultura - 24/7/2001
04. Sobre o ato de fumar - 7/5/2001
05. Um álbum que eu queria ter feito - 6/11/2001


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
19/5/2002
02h22min
Rafael, se você fica tão triste ao ver crioulos na tela, basta não assistir mais aos filmes americanos. Suponho que voce seja de esquerda, não? Então, veja apenas filmes nacionais... Eu, como sou crioulo, e de direita, adoro ver filmes americanos, e não perco um episódio de "Um Maluco no Pedaço", no SBT. P.S. Vou votar no candidato do FHC, o Serra, por causa da lei de cotas (mas mudo o voto, se surgir um candidato crioulo, gay ou mulher)
[Leia outros Comentários de Mauro G. Cetrone]
20/5/2002
08h59min
Mauro, eu fico triste é de ver que os crioulos americanos, historicamente, tenham interpretado estereótipos na tela de cinema, quando poderiam aproveitar muito melhor seu talento. Para entender melhor ao que me refiro, assista ao filme Bamboozled (A hora do show), do Spike Lee.
[Leia outros Comentários de Rafael Lima]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Obras mediúnicas de Yvonne Pereira - 6 Livros
Yvonne A. Pereira
Feb
(1974)



Vertigens para o Médico Clínico
Paulo D. Fernandes; Lis T. Fernandes
Robe
(2001)



A Nova Era Apocaliptica: Menino Vesta Azul e Menina Veste Rosa
Lisiane Aguiar Henrique
Viseu
(2019)



Pensadores Que Inventaram o Brasil
Fernando Henrique Cardoso
Companhia das Letras
(2013)



Musicália Musicalium
Irvany Bedaque F. Farias
Orfeu Ltda
(1973)



La Patrouille du Temps - Volume 1
Poul Anderson
Le Bélial
(2016)



Londres + mapas rough guides
Guia visual
Publifolha
(2007)



Introdução às Telecomunicações
Rui Sá
Fca
(2010)



Foucault and Social Dialogue
Falzon
Routledge
(1998)



A Maldição de Mar Saba
A. D. Fróss
Marco Zero
(2005)





busca | avançada
56261 visitas/dia
2,5 milhões/mês