A Cartola Editora está realizando um financiamento coletivo no Catarse para a publicação do livro Toda forma de amor, que é uma coletânea com 60 contos organizada por Edilaine Cagliari. Os livros trazem histórias onde os personagens principais são LGBTQ+, sendo que os textos e autores foram selecionados através de um concurso literário.
Capa: volume 1
“A ideia original era fazer apenas um volume, mas recebemos tantas histórias bacanas que decidimos lançar a antologia em dois volumes. Inicialmente, a coletânea seria disponibilizada apenas em (e-book), criamos então este financiamento coletivo para possibilitar o lançamento dos livros físicos”, explica a escritora e organizadora das obras, Edilaine Cagliari.
Além disso, o objetivo da obra é dar mais espaço para mais de 50 escritores no mercado literário nacional, divulgando novos autores e consolidando autores já publicados, além de dar voz a representatividade.
Para contribuir (e ganhar recompensas) com a publicação dos livros Toda forma de amor é só acessar o link do financiamento coletivo, que segue até o dia 25 de agosto, às 23h:59 mim.
Inscrições abertas e gratuitas para o ENCONTRO Internacional
Arte, Cultura e Democracia no século XXI. O evento acontecerá em espaços do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte, de 20 a 24 de agosto.
Cena do filme 'O Filme da Minha Vida', Selton Mello, 2017
Já se passaram dois anos desde que iniciei este blog, mas ainda me faço a mesma pergunta após cada sessão: Como escrever sobre esse filme? Muitas vezes me peguei ensaiando sobre a influencia do cinema em nossa realidade, ou o contrário. Outras vezes apenas dissertei sobre o que foi visto apenas como uma forma de entretenimento. Mas o que eu tive certeza em todo esse tempo (e muito antes disso) é que enquanto o cinema existir, hei de escrever sobre ele. Algumas vezes, terei mais sessões, quase dez por semana, em outras bastará uma ou duas, ou até mesmo nenhuma. Faz parte da vida de um cinéfilo.
Mas nem tudo que digo é verdade, tão pouco mentira. Cada espectador diante da tela grande assiste o seu filme. Desde Einstein poucas coisas podem ser definidas como certas ou erradas. Mas é fácil, também necessário, falar sobre o que amamos. O espectador se vê diante de um filme, como Tony Terranova olha para Luna em muitas das cenas de 'O Filme da Minha Vida', o amor é instantâneo, quer dure durante a sessão, quer passe por anos de reprises. Olhamos a tela do Cinema como se fosse uma janela. Nela vemos vida e histórias que anseiam por finais, mesmo que nem todos sejam felizes.
E foi dentro e fora da tela que nesses últimos dois anos vivi experiências incríveis. Conheci personagens e lugares sensacionais. Algumas vezes estive por ruelas estreitas em A Palestina Brasileira, outras em uma lanchonete perdida em alguma esquina de Vitória, sempre em boa companhia, com boas histórias para viver e contar. Foram festivais de cinema dos quais nunca imaginei participar, filmes que me trouxeram muitas surpresas e decepções. Mas é importante a análise de ambos os casos, é tudo uma questão de entendimento.
Aqui pode-se encontrar uma grande variedade de gêneros. Partimos de um bom western para aquele drama que acaba com um nó na garganta. Ou até uma típica comédia da sessão da tarde para um intenso Bergman. A Lanterna Mágica é exatamente aquilo que diz, breves comentários sobre a sétima arte, mas a questão persiste: Como escrever sobre esse filme?
O mundo nunca foi tão intenso nem tão frágil! Essa é a conclusão imediata que se tem ao assistir “Years and Years”, série da HBO que retrata um futuro próximo em constante e abundante transformação. Dessa forma, a história parte dos dias atuais e vai seguindo ao retratar uma família com diversos personagens que sempre foram tabu na sociedade de fundo sexual, individual, no conflito de gerações e incrivelmente se deparando com “Terra Planistas”, que defendem uma vida retrógrada e renegam fatos comprovados da ciência.
Sendo assim, a série abusa das possibilidades do que virá a seguir e chega num primeiro momento a conclusão que de tanto evoluir, o mundo está voltando a seus primórdios e apesar de toda a tecnologia, ninguém deixou de ser humano, agindo com toda a visceralidade dos primeiros dias de existência. E mesmo como uma obra de ficção, “Years and Years” aponta os caminhos do futuro imaginado, onde não surpreendentemente a tecnologia impera cada vez mais na vida das pessoas, excluindo a maioria, causando dependência e solidão.
Quanto a cenografia, ninguém vive a la “The Jetsons”, com carros voadores e casas suspensas, mas os robôs estão presentes em praticamente todas as áreas e as pessoas querem existir para sempre como consciência na nuvem. Algo que não é aprovado por toda a população, dessa maneira a sociedade entra em conflito, numa guerra política e ideológica, onde culmina num quase fim de mundo com bombas nucleares e a população numa balburdia do “salve-se quem puder”. Tudo isso só no episódio piloto onde são 6 ao todo. O que virá por aí os próximos capítulos podem prever, mas como no acertado nome da série, o que acontecerá de verdade só os anos e anos dirão.
Fazendo uma análise do seriado trazido aos dias atuais, podemos perceber facilmente que a modernidade atrelada a tecnologia e a burocracia, ironicamente estão dificultando o desenvolvimento da sociedade como um todo. Não que seus avanços sejam ruins, mas o fato de não atingir a todos que desejam desfrutar de seus benefícios.
Desse modo, praticamente nenhum sonho hoje em dia é simples, para uma população que vive em países dilacerados pela fome e a guerra. Onde até as mais abastadas nações têm grandes ambições, muitas vezes inalcançáveis, sofrendo um eterno desconforto e insatisfação com as realizações da vida. Ninguém tem culpa disso, nem está errado em querer algo melhor, pois toda a mídia e marketing se fazem cada vez mais presentes sob todas as formas e de fato conseguem girar a economia universal.
Porém, tudo isso faz com que pessoas se lancem em perigosas e irresponsáveis aventuras, arrastando crianças exaustas pela mão e quase sendo mortos na próxima esquina. Tanto esforço para acabar como potencial alvo das estatísticas da violência ou para que no fim esteja sujeito as guerras de líderes inescrupulosos que podem encerrar o jogo num apertar de botão ou da própria natureza louca e descontrolada pelos feitos do homem.
Por fim, segue a reflexão de que progredir, avançar e inovar não é errado, pois a humanidade possui inteligência, criatividade e muitos outros atributos justamente para isso. O que está errado é a forma como é feito e distribuído no geral. Formando para o futuro uma geração de despatriados, descrentes e frustrados, que se sobreviverem a tudo, para onde irão? Será que o caminho avança ou retrocede em busca de valores descabidos? O filme “A Vila” de M.Night Shyamalan tem uma interessante concepção sobre o assunto.
Lembrando que, em tempos mais simples, o mundo era explorado por viajantes e aventureiros sem muros que o conquistaram e o construíram para quem o divide agora. Só uma de muitas e intensas questões unindo passado, presente e futuro.