Sou um de vocês | Eduardo Mineo | Digestivo Cultural

busca | avançada
45165 visitas/dia
2,9 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Espetáculo inspirado na vida cotidiana do Bixiga volta ao cartaz comemorando 28 anos do Teatro do In
>>> Semana Gastronômica do Granja
>>> Mulheres em meio ao conflito:sobre inclusão, acolhimento e sororidade incondicional
>>> Arsenal da Esperança faz ensaios de teatro com moradores em situação de rua
>>> Vem pra Feira do Pimp Estoque: Economia Circular com catadoras, catadores e artistas!
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
>>> Minha história com o Starbucks Brasil
>>> O tipógrafo-artista Flávio Vignoli: entrevista
>>> Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
Colunistas
Últimos Posts
>>> Inteligência artificial e o fim da programação
>>> Temer fala... (2023)
>>> George Prochnik sobre Stefan Zweig (2014)
>>> Hoffmann e Khosla sobre inteligência artificial
>>> Tucker Carlson no All-In
>>> Keleti: de engenheiro a gestor
>>> LeCun, Bubeck, Harris e a inteligência artificial
>>> Joe Satriani tocando Van Halen (2023)
>>> Linger by IMY2
>>> How Soon Is Now by Johnny Marr (2021)
Últimos Posts
>>> Toda luz que não podemos ver: política e encenação
>>> Sarapatel de Coruja
>>> Culpa não tem rima
>>> As duas faces de Janus
>>> Universos paralelos
>>> A caixa de Pandora do século XX
>>> Adão não pediu desculpas
>>> No meu tempo
>>> Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)
>>> CHUVA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> 100% elite branca
>>> Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo!
>>> Ceremony, pelo Radiohead
>>> Defesa dos Rótulos
>>> A história de cada livro
>>> O poeta do pesadelo e do delírio
>>> Além do Mais em 2004
>>> Sites que mudaram o mundo
>>> Textos, contextos e pretextos
>>> Dicas da Semana
Mais Recentes
>>> Gear design simplified de Franklin D. Jones; Henry H. Ryffel pela The Industrial press (1961)
>>> Pio x de Nello Vian pela Desclée de Brouwer (1955)
>>> Livro de Bordados Singer de Singer Sewing Machine Company pela Singer Sewing Machine Company (1929)
>>> Historia para a escola moderna historia geral julierme de Julierme pela Ibp (1974)
>>> Arte do Marfim autografado de Lucila Morais Santos pela Ccbb (1993)
>>> Caminho da Liberdade autografado de Carlos Lacerda pela Câmara dos Deputados (1957)
>>> Retrato do Brasil atlas-texto de geopolítica de Therezinha de castro pela Bibliex (1986)
>>> O Amor Tudo Vence - biblioteca literatura moderna 2 de James Gould Cozzens (tradução de Luís Carlos Branco) pela Ibrasa (1960)
>>> Casar Para Crescer de João Mohana pela Globo (1984)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano 1968 de Editora Efecê pela Efecê (1968)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano 1979 de Editora Efecê pela Efecê (1979)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano 1975 de Editora Efecê pela Efecê (1975)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano ano não declarado de Editora Efecê pela Efecê
>>> Casa e Jardim Edição do Ano 1978 de Editora Efecê pela Efecê (1978)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano de Editora Efecê pela Efecê
>>> Casa e Jardim Edição do Ano N. º 1976 de Editora Efecê pela Efecê (1976)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano N. º 1969 de Editora Efecê pela Efecê (1969)
>>> Casa e Jardim Edição do Ano N. º 073-1973 de Editora Efecê pela Efecê (1973)
>>> A Madeira Desde o Pau Brasil Até a Celulose de P. M. Bardi pela Sudameris (1982)
>>> A Escola das Facas 1ª edição. poesia 1975 - 1980 de João Cabral de Melo Neto pela José Olympio (1980)
>>> Pelejas de Amor: crônicas jovens, histórias e minipoemas de Homero Homem pela Orientação Culural (1978)
>>> Materialização do Amor de Humberto Vasconcelos pela F E Francisco Peixoto Lins (1994)
>>> A Reencarnaçao - Segundo a Bíblia e a Ciência de José Reis Chaves pela Martin Claret (1998)
>>> Liberte Seu Poder Extra de Pedro A. Grisa pela Edipappi (2001)
>>> Perda de Entes Queridos de Zilda Giuncetti Rosin pela Difusão Espirita (1979)
COLUNAS

Segunda-feira, 14/5/2007
Sou um de vocês
Eduardo Mineo
+ de 6200 Acessos
+ 5 Comentário(s)

Eu ouvia meus amigos das Faculdades de Ciências Humanas da USP reclamando meio brabos sobre as pessoas esnobes da Faculdade de Economia e Administração (FEA) e ficava imaginando naturalmente que aquele fosse o lugar mais legal de todos, um ambiente finalmente e verdadeiramente aristocrático, com jazz, coquetéis de gim e garotas que soubessem escolher charutos para seus acompanhantes. Quando entrei para a FEA, amei aquela faculdade, porém não tinha jazz, não tinha gim e as garotas olhavam minha caixinha de charutos e diziam jogando o cabelo pro lado: "Cê viaja, meu!" Onde vocês estão, aristocratas esnobes da FEA? Olá? Me digam, por favor, eu sou um de vocês!

Gosto de me sentir aristocrata — quem não gosta? Quer dizer, não um aristocrata qualquer. Uma boa aristocracia não seria aquela aristocracia dos gregos, com todos aqueles arroubos de onipotência, porque daria muito trabalho. E nem a aristocracia da Europa antiga, que quando me ocorre, tenho a imagem de um gordo suado jogando comida em servos. Penso num modelo de aristocrata mais tranqüilo, que procura a satisfação intelectual e sobretudo, sobretudo, o bom gosto.

Já disse isto tantas vezes que quando ameaço retomar o assunto, as pessoas simulam choro, mas bom gosto implica necessariamente um certo desinteresse por política. Política é sempre sinal de irritação e de mau gosto. Quase sempre quem gosta de política se choca com muita facilidade, fica ofendido dizendo que você é a favor da pobreza e fala soltando cuspinhos. Tudo bem que eu discutia bastante política, mas na medida em que fui melhorando como ser humano, o meu interesse por política foi sumindo até que um dia eu já não falava mais soltando cuspinhos. É tão mais educado falar sobre, sei lá, qualquer coisa, menos sobre política. Sei que política é importante, mas meus livros de ficção também são importantes e eu prefiro me dedicar a eles. Me sinto bem melhor me dedicando a eles.

Ainda assim, não diria que perdi tempo lendo autores políticos, nem os socialistas que, embora tenha me dedicado bem mais a Ludwig von Mises, me explicaram mais ou menos o ponto de vista desta turma. Mas de qualquer forma, é um assunto que sempre foge das minhas premissas mais importantes, mais sagradas: a serenidade e o bom gosto. Pra mim, ler Rosa Luxemburgo e todo aquele aborrecimento da causa operária, numa escalinha de bons modos, estaria no patamar de comer lasanha com as mãos. E imagino que, se vocês perceberem isto, também farão cara de nojo quando alguém começar a falar em política do seu lado.

Será que esta minha frescura com política me exclui da direita? Eu me considerava de direita até este instante, mas agora fiquei na dúvida. Acho razoáveis as posições econômicas da escola austríaca e tudo, mas faz tanto tempo que não leio nada a respeito que provavelmente perderia uma discussão aos vexames para qualquer molequinho bancando o escoteiro engajado. Não que isto seja desonroso, muito pelo contrário. Perder uma discussão política é o primeiro passo para a dignidade. E convenhamos, a direita brasileira é uma coisa muito triste. Ficou ainda pior de uns tempos para cá, principalmente porque o Olavo de Carvalho trouxe muita gente ruim com ele, como que entrando na nossa salinha dos direitistas reclamando excessivamente alto sobre aborto e Foro de São Paulo. Me desculpem, mas tive de sair.

Mas outro aspecto interessante na aristocracia é que ela dá bem menos valor ao trabalho do que os burgueses ou os socialistas. Há um tempo atrás, eu acreditava bastante nos valores do trabalho e pensava apenas em ficar rico, muito rico. Imaginem um cara rico e aumentem daqui até o céu, era o que eu queria ser. Mas não tinha um objetivo além deste. Hoje, ainda quero ser rico, óbvio, mas com o objetivo bem definido de parar de trabalhar. O poder absoluto de acordar e dizer "não, hoje não" sem prejuízo significante é a única coisa pela qual as pessoas deveriam lutar com sinceridade. Tudo mais não é sagrado o suficiente.

Será que é possível discordar disto? Alguém jovem e disposto poderia reclamar do tédio, mas não estou falando em parar de trabalhar e me trancar em casa, embora eu esteja longe de achar ruim esta idéia. Só aconteceu que, para manter o padrão de vida que considero razoável, preciso do trabalho e sonho com o dia em que me livrarei deste compromisso para poder me dedicar ao que eu gosto. Pelo menos sem me transformar automaticamente num mendigo.

Me falam sobre pesquisas e bolsas científicas e acho interessante, às vezes, porque chega perto do que considero ideal: estudar sobre o que eu quiser e ainda ser pago por isto. Entretanto esta idéia ainda é incômoda para mim. Até estes dias eu defendia a opinião de que a maior parte do investimento público deveria ser voltado para a iniciativa privada, que, afinal, paga as contas, e para o mercado, que de uma certa forma representa o desejo imediato da sociedade. Porém, nada do que me interessa está voltado para o mercado e não consigo me convencer de que a sociedade tenha que pagar pelos meus caprichos intelectuais. Assim como pesquisas e bolsas científicas.

Por isto minha única forma de alcançar a aristocracia será trabalhando bastante. Talvez consiga, talvez não. Eu espero que sim. E espero também, com alguma sorte, encontrar o jazz, os coquetéis de gim ou pelo menos as garotas que saibam escolher charutos. Pelo menos uma, poxa vida.


Eduardo Mineo
São Paulo, 14/5/2007

Mais Eduardo Mineo
Mais Acessadas de Eduardo Mineo em 2007
01. O físico que era médico - 23/4/2007
02. A comédia de um solteiro - 3/12/2007
03. A propósito de Chapolin e Chaves - 24/9/2007
04. Eduardo Mineo, muito prazer - 9/4/2007
05. Um plano - 2/7/2007


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
11/5/2007
14h02min
Acho que a verdadeira aristocracia você encontra em uma universidade particular. E os melhores aristocratas são como você diz mesmo: para eles trabalho é coisa de gente pobre - o que não deixa de ser uma verdade. Quanto a ser rico para ser aristocrata, nisso eu discordo. Você só precisa de atitude... Comece frequentando lugares chiques usando o cartão de crédito de terceiros, e sua carreira de aristocrata estará a pleno vapor. Trabalhar e enriquecer? É coisa de gente pobre. Hehehe. Gostei do texto!
[Leia outros Comentários de Ram]
14/5/2007
12h37min
Embora discorde da sua visão política, de um modo geral, gostei da idéia de ser rico para não trabalhar, ou melhor, trabalhar no que realmente gosta e acredita. Poder acordar e dizer não, não vou, não quero, sem prejuízo significativo (pra mim ou para outros) deve ser bom. Tem um primo meu que diz: "O trabalho desune a família". É de se pensar. Beijo. Adriana
[Leia outros Comentários de Adriana]
15/5/2007
19h40min
O texto foi bem escrito, claro, mas discordo de tudo o que você falou, exceto pelo fato de também querer um dia parar de trabalhar e viver em "férias eternas".
[Leia outros Comentários de Paulina]
19/5/2007
17h58min
É maravilhoso o direito de dizer: - Hoje nao... Para qualquer coisa...
[Leia outros Comentários de Anie]
24/5/2007
19h18min
Pernas pro ar, que ninguém é de ferro: lembro de uma entrevista recente na TV, em que Jorge Mello afirmou que o homem vive 30 anos para ganhar dinheiro e depois gastar com os profissionais para ajudá-lo a recuperar a saúde... Busca viver simplesmente bem o presente: sim, tudo o mais não é sagrado o suficiente. ;-)
[Leia outros Comentários de Gisele Lemper]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Signo dos Quatro- Reencontro
Arthur Conan Doyle
Scipione
(2012)



Cristianismo Mistico
Yogi Ramacharaka
Editorial Kier
(1977)



Prótese Parcial Removível de Mccracken - 5ª Edição
David Henderson; Victor L. Steffel
Artes Médicas
(1979)



Memória do mal, tentação do bem - Indagações sobre o século XX
Tzvetan Todorov
Arx
(2002)



A Energia Nuclear No Brasil
Renato De Biasi
Biblioteca Do Exercito
(1979)



Livro Botânica Ikebana Verde
Olaga y Kikuchi
Senac
(1996)



Under the Ground
Rosemary Border
Oxford
(1996)



Os Coletores
Eric Garcia
Suma de Letras
(2010)



The One Minute Manager
Ken Blanchard-spencer Johnson
Harper Collins
(1982)



Os Lusíadas
Luís de Camões / Edson R. Braga (adapt.)
Scipione
(2003)





busca | avançada
45165 visitas/dia
2,9 milhões/mês