2007 e os meus CDs ― Versão Internacional 1 | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

busca | avançada
41111 visitas/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Inscrições abertas para o Festival de Cinema de Três Passos
>>> Lenna Bahule e Tiganá Santana fazem shows no Sons do Mundo do Sesc Bom Retiro
>>> CCBB Educativo realiza oficinas que unem arte, tradição e festa popular
>>> Peça Dzi Croquettes Sem Censura estreia em São Paulo nesta quinta (12/6)
>>> Agenda: editora orlando estreia com livro de contos da premiada escritora Myriam Scotti
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
Colunistas
Últimos Posts
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
>>> Claude 4 com Mike Krieger, do Instagram
>>> NotebookLM
>>> Jony Ive, designer do iPhone, se junta à OpenAI
>>> Luiz Schwarcz no Roda Viva
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Quem é (e o que faz) Julio Daio Borges
>>> A importância do nome das coisas
>>> A revista Bizz
>>> Temporada 2008 do Mozarteum Brasileiro
>>> O iPad muda tudo? #tcdisrupt
>>> Vida e morte do Correio da Manhã
>>> E a Holanda eliminou o Brasil
>>> Magia Verde
>>> A loucura por Hilda Hilst
>>> Uma suposta I.C.
Mais Recentes
>>> Fundamentos De Marketing - Serie Gestão Empresarial de Basta / Marchesini pela Fgv (2006)
>>> Livro Psicoterapia de Emergência e Psicoterapia Breve de Leopold Bellak, Leonard Small pela Artes Médicas (1978)
>>> Sociologo E Positivista Vol.11 de Comte pela Escala (2012)
>>> Muitas Vozes de Ferreira Gullar pela José Olympio (1999)
>>> Livro O Mundo Contemporâneo Novalgina 70 Anos de Kopfschmerzen Jeder pela Fisicalbook (1996)
>>> Alma Dos Animais: Estágio Anterior Da Alma Humana? de Paulo Neto pela Geec (2008)
>>> Entrevistas. Processos de Miguel De Almeida pela Sesc (2003)
>>> A Mulher do Mágico de Brian Moore pela Companhia das Letras (2000)
>>> Livro Como Se Realiza A Aprendizagem de Robert M. Gagné pela Livros Técnicos e Científicos S.A (1976)
>>> O principe de Maquiavel pela Martin Claret (1998)
>>> O Cartaginês de Nauaf Hardan pela Edicon
>>> San Francisco Real City de Kristine Carber pela Dorling Kinders (2007)
>>> Soldados de Salamina (2º Ed. - 1º reimpressão) de Javier Cercas pela Biblioteca Azul (2020)
>>> O Ouro Maldito Dos Incas: A Conquista Do Império Inca Contada Por Um Soldado De Pizarro de Lúcio Martins Rodrigues pela Conteúdo (2011)
>>> Viver com Inspiração de Akiva Tatz pela Maayanot (2000)
>>> Livro El Juez De Paz Y El Jurado En El Brasil Imperial 1808-1871 Control Social Y Estabilidad Política En El Nuevo Estado de Thomas Flory, traduzido por Mariluz Caso pela Fondo De Cultura Económica México (1986)
>>> Colecao Grandes Obras Do Pensamento Universal (maquiavel - Belfagor, OArquidiabo, A madragora de Maquiavel pela Escala Editora - Lafonte (2007)
>>> Soldados de Salamina - 2º Edição (1º reimpressão) de Javier Cercas pela Biblioteca Azul (2020)
>>> Jung e a Interpretação dos Sonhos - Manual de Teoria e Prática de James A. Hall pela Pensamento (1993)
>>> Livro Bilionário Por Acaso A Criação do Facebook Uma História de Sexo, Dinheiro, Genialidade e Traição de Ben Mezrich pela Intrínseca (2010)
>>> Livro As Origens da Cabala de Eliphas Levi pela Pensamento
>>> Jovens Pesquisadores - Diversidade Do Fazer Científico de Tânia Rodrigues Da Cruz pela Ufrgs (2003)
>>> Livro Discricionariedade na Área Fiscalizatória de André Saddy e Outros pela Ceej (2022)
>>> Florestan - A Inteligência Militante de Haroldo Ceravolo Sereza pela Boitempo (2005)
>>> Livro D. João Carioca A Corte Portuguesa Chega Ao Brasil de Lilia Moritz Schwarcz pela Quadrinhos Na Cia (2007)
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2007

Quarta-feira, 7/5/2008
2007 e os meus CDs ― Versão Internacional 1
Rafael Fernandes
+ de 8500 Acessos

Já estão no ar a primeira e a segunda partes dos meus discos preferidos em 2007. Agora a terceira, com a parte 1 de lançamentos de artistas internacionais.

***

Alicia Keys ― As i am


Ouça um trecho de "Wreckless Love"

Gostei do novo disco de Alicia Keys, As i am. Nele, ninguém vai encontrar inovação, nem genialidade. Apenas boas canções, daquelas de grudar na cabeça. O som, nem sisudo nem complexo, é mais adulto do que boa parte das cantoras pop atuais, que abusam da infantilidade musical. Aliás, elas estão cada vez mais parecidas, com músicas, sonoridades e "atitudes" semelhantes. Trabalham com os mesmos produtores, usam as mesmas batidas, os mesmos trejeitos. Alicia parece estar procurando seu próprio caminho, seu próprio som, sem se ater a modismo, apesar de também aderir às necessidades do mainstream: clipes bobos, caras e bocas, preocupação excessiva com roupas. No som, ela pega o essencial do hip-hop: grooves interessantes. E só. Acertou na mosca neste disco, bebendo do soul dos anos 60 e 70 ― Motown, principalmente ― e com pitadas do R&B atual, fazendo um delicioso disco pop ― grandes melodias, instrumental e arranjos caprichados, belas vocalizações, canções certeiras e suingadas. Aposta, com bom resultado, na mescla de instrumentos acústicos com inserções de programações. Para não variar o ponto fraco está nas letras, de temáticas amorosas surradas e versos pouco inspirados. E ainda que algumas músicas exagerem na dose de açúcar, é um belo disco pop. Quase todas as músicas têm cara de sucesso. Não apresenta grandes novidades, mas é um sopro de ar fresco num gênero cada vez mais banal e viciado em fórmulas de momento.

Minhas músicas preferidas: "No one", "Superwoman", "Like you'll never see me again" e "Wreckless Love".

***

Björk ― Volta


Ouça um trecho de "Wanderlust"

Björk é uma artista de personalidade única. É sempre arrojada. Há os que gostam e os que odeiam, com conhecimento de causa. E há os que dizem gostar sem nunca terem escutado ― só para tentar ser cool ― e os que dizem que odeiam sem sequer terem ouvido um disco completo. Ela, como toda grande artista, tem várias facetas, muitos acertos e alguns erros, claro. Em Volta, é novamente inventiva. Em vez de formações de cordas, sutis, ela opta por uma parede de sopro, imponente, e batidas robustas. O resultado é um disco pesado sonoramente. Em termos de canções, embora haja muita qualidade, tenho dúvidas se está entre os melhores momentos da cantora. Mas é um dos melhores em termos de audácia sonora, de trabalho de arranjos. Foi um disco que no começo achei irregular, mas que foi se mostrando surpreendente ― desde o peso e volúpia de "Earth Intruders" à discrição de "Pneumonia", belíssima canção, aliás. É difícil passar imune ao que está sendo tocado. É daqueles discos de ficar ouvindo várias vezes tentando decifrar os sons, os arranjos, de onde saiu tudo aquilo. Em "Wanderlust", uma programação eletrônica dita o ritmo, e a harmonia é permeada apenas por instrumentos de sopro; vozes se encontram, quase cacofônicas. Uma canção comovente é "The dull flame of desire", feita a partir um poema de Fyodor Tyutchev, num duo com Antony Hegarty. Björk é, realmente, uma artista que leva a reações extremas. Mas, musicalmente, pensa à frente, quer romper barreiras, não se contenta com o pré-estabelecido, com o sucesso. Ainda bem.

Minhas músicas preferidas: "Earth Intruders", "Wanderlust", "Pneumonia", "The dull flame of desire" e "I see who you are".

***

Dream Theater ― Systematic Chaos


Ouça um trecho de "In The Presece Of Enemies Pt. 1"

Dream Theater costuma ser associado a chatices. Música chata, fãs chatos. Muitos rotulam a banda sem ao menos procurar ouvir um disco inteiro ― o preconceito impõe ser impossível escutar 70 minutos de uma banda assim. Ou reclamam do tamanho das músicas, acostumados à duração e ao formato do pop ― mas, afinal, música não é um trabalho criativo? Não deveria ter limites, muito menos de tempo da música ― sejam 3, 30 ou 60 minutos. Apesar disso, não creio que deveria ser um grupo de grande público, muito menos que é "injustiçada" por "não tocar em rádio" ― acho que está muito bem em seu nicho. É um exemplo de como certos artistas e estilos devem e conseguem sobreviver à margem do mercado, apostando numa base fiel de fãs, que cresce aos poucos, durante um bom tempo, angariando diversas gerações: é a construção de uma carreira, algo que já foi regra na indústria musical, deixada de lado em prol do efêmero e de massa. Mas muitas gravadoras estão voltando atrás e procurando artistas que possam render por anos.

A abertura do disco, a primeira parte (as duas são boas) de "In the presence of enemies", ilustra bem a resistência que a banda enfrenta. Afinal, são poucos os que não se importam de esperar a voz aparecer só aos 5 minutos e poucos da música. Outra boa canção é "The dark eternal night", com riffs poderosos e bem trabalhados, e uma das melhores seções instrumentais que a banda já fez. Pena que a letra é horrível ― fala de um monstro do passado que assombra uma cidade. Outro bom momento é "Constant Motion", apesar de não trazer nada que Metallica, Megadeth e o próprio Dream Theater já não tenham feito. De resto, nada relevante ou que acrescente à banda, incluindo duas canções bobas e de refrão ruim ("Forsaken" e "Prophets of war") e uma que achei brega ("The ministry of lost souls"). Ironicamente, Systematic Chaos é uma boa mostra a não fãs de como é o estilo da banda, de músicas longas e de estilo do progressivo, canções pesadas e outras "pop". Apesar disso, é um disco menor em sua carreira.

Minhas músicas preferidas: "In the presence of enemies (1 e 2)", "The dark eternal night", "Constant Motion".

***

Oceansize ― Frames


Ouça um trecho de "Unfamiliar"

Banda de Manchester, Inglaterra, iniciada em 2000, tem na formação nada menos que três guitarristas (um deles é também o vocalista). E são muito bem combinadas, com contrapontos bem sacados. O som é quase um paradoxo. Os arranjos são elaborados e se aproximam do progressivo: músicas longas, passagens instrumentais, alternâncias de ritmo, linhas melódicas que são trabalhadas de diferentes formas na mesma música etc. Mas a execução em si, a forma dos riffs, instrumental e melodias vocais remetem à música alternativa (Radiohead, Travis, The Verve). A união dessas duas vertentes torna o som do Oceansize muito interessante: melodias atraentes com capricho nos arranjos. Eles já haviam lançado dois ótimos discos, Effloresce e Everyone into position, e mantêm o nível em Frames, que começa quase num anti-clímax em "Commemorative T-Shirt", com uma introdução de 3 minutos e andamento lento. "Unfamiliar", grande música, chegou a ter versão editada e poderia ter cacife para o sucesso, mas completa é que vale à pena: melodias inspiradas, vários riffs ― que se alternam, trabalhados de forma diferente pelo trio de guitarras ― e uma estrutura "montanha-russa": variações entre instrumental vigoroso, momentos de desaceleração e calmaria, que são quebrados pela volta do peso."Trail of life" tem bonita introdução e seção instrumental muito boa. "Savant" é viajante; "Only Twin" tem clima épico; "Sleeping dogs and dead lions" tem um toque brutal, evidenciado pelo riff. Para quem gosta de músicas elaboradas, mas que não insistem em virtuosismo, Frames é uma boa pedida.

Minhas músicas preferidas: "Unfamiliar", "Trail of life", "Only Twin" e "Voorhees".

***

Pain Of Salvation ― Scarsick


Ouça um trecho de "América"

O Pain of Salvation vem da Suécia e, apesar de ter formato de banda, praticamente todas as idéias musicais e decisões partem da mente criativa de Daniel Gildenlöw, guitarrista e (grande) vocalista. Simplificando, seu estilo é o metal progressivo, por ter uma pegada de heavy metal e composições longas e bem elaboradas. Como toda simplificação, tem falhas; as referências vão de Faith No More a Queen ― é ouvir para crer. E pode-se reclamar de tudo da banda, menos da falta de arrojo: seus discos têm conceitos (incluindo um sobre a existência de Deus e o surgimento da humanidade, Be, de 2004), diversas alternativas sonoras, belas composições e arranjos elaborados. Scarsick, grande disco, é o 7º da carreira da banda e é a continuação de The perfect element part I, de 2000. Alguns fãs o desprezaram, por ser mais direto e menos "progressivo" ― 10 entre 10 bandas do estilo já passaram por isso. Começa pesado e cru com a faixa-título, sem deixar de lado ritmos quebrados; "Spitfall" tem estrutura simples, repetida, com vocais falados e se destaca na bela parte melódica. "América" e "Disco Queen" trazem bom humor; a primeira, divertidíssima, tem ótimas linhas melódicas e arranjo intrincado; a segunda une elementos densos a ritmos de disco-music (!?). Nas letras, Scarsick traz ironias e críticas pesadas aos EUA. O disco se encerra de forma magnífica com "Enter Rain".

Minhas músicas preferidas: "Scarsick", "Spitfall", "América", "Disco Queen" e "Enter Rain".


Rafael Fernandes
São Paulo, 7/5/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Getúlio Vargas e sua nova biografia de Eugenia Zerbini
02. Palácio dos sabores 3/5 de Elisa Andrade Buzzo
03. Algumas leituras marcantes de 2008 de Luis Eduardo Matta
04. Sombras Persas (VII) de Arcano9
05. Google: aprecie com moderação de Fabio Silvestre Cardoso


Mais Rafael Fernandes
Mais Acessadas de Rafael Fernandes em 2008
01. High School Musical e os tweens - 9/1/2008
02. Violões do Brasil - 13/8/2008
03. Tritone: 10 anos de um marco da guitarra rock - 10/9/2008
04. Videogame também é cultura - 10/12/2008
05. Blog precisa ser jornalismo? - 9/4/2008


Mais Especial Melhores de 2007
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Enciclopédia do Estudante Redação e Comunicação
Enciclopédia do Estudante
Moderna
(2008)



Meu nome é Charles Darwin
LLuís Cugota; Teresa Martí
Publifolha
(2008)



Ecos do passado 553
Cida Romagnolli Morais
O Clarim
(2005)



Um Homem Para Qualquer Mercado - De Las Vegas A Wall Street Como Derrotei A Banca E O Mercado
Edward Thorp
Portfolio
(2018)



Filho Teu Não Foge à Luta
Fellipe Awi
Intrinseca
(2012)



Um Lugar no Coração
Amy Hatvany
Verus
(2015)



Contribuições da Evolução Biológica ao Pensamento Humano
César Jaeger Drehmer, José Eduardo Figueiredo Dornelles, Tony Leandro Rezende da Silveira
Editora UFPEL
(2019)



Resolvendo Problemas no seu PC Passo a Passo
Laércio Vasconcelos
Makron Books
(2002)



William Shakespeare's The Empire Striketh Back: Star Wars Part The Fifth (william Shakespeare's Star Wars)
Ian Doescher
Quirk Books
(2014)



Provas - Atipicidade, liberdade e Instrumentalidade
Paulo Osternack Amaral
Revista Dos Tribunais
(2015)





busca | avançada
41111 visitas/dia
2,0 milhões/mês