Hitch 22 | Guilherme Pontes Coelho | Digestivo Cultural

busca | avançada
56185 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Agito gratuito: Decco Torres estreia o projeto “Neo Baile” no Centro
>>> Guinga
>>> Mulheres Pretas no Choro
>>> Cristovão Bastos
>>> Baile no colo: Choro!
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
Colunistas
Últimos Posts
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
>>> Piano Day (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Leituras, leitores e livros — Parte II
>>> Imperador do samba
>>> Perdidos em Perdizes
>>> Tarantino, Quentin
>>> Não existe pote de ouro no arco-íris do escritor
>>> O Presidente Negro, de Monteiro Lobato
>>> Os benefícios da dúvida
>>> O bêbado e seus personagens
>>> Para gostar de ler?
>>> Gratitude
Mais Recentes
>>> Os Lusófonos de Martinho Da Vila pela Ciencia Moderna (2008)
>>> Arte é o que eu e você chamamos arte de Frederico Morais pela Editora Bazar Do Tempo (2018)
>>> Harry Potter E A Pedra Filosofal de J. K. Rowling pela Rocco (2000)
>>> A Peste Negra - Romance Fantástico Abe de Gwyneth Cravens e John S. Marr pela Nova Fronteira (1978)
>>> Além do Ódio de Sinhozinho Cardoso pela Espírita Cristã (1986)
>>> Design Estratégico de Claudio Freitas de Magalhães pela Sebrae (1997)
>>> Jesus, o Libertador Divino de Paiva Netto pela Elevação (2022)
>>> Caridade e Firmeza - Origem - Rito - Historia de Cleber Carmo Antunes pela Editar (2021)
>>> Introdução ao Estudo do Direito de Paulo Nader pela Forense (2013)
>>> Dicionário de Latim Português de António Gomes Ferreira pela Porto
>>> Memórias De Um Suicida de Yvonne Do Amaral Pereira pela Federação Espírita Brasileira (2007)
>>> Síndrome da Fibromialgia - Um Guia para o Tratamento de Leon Chaitow pela Manole (2002)
>>> Nas Telas Do Infinito de Yvonne Do Amaral Pereira pela Federação Espírita Brasileira (2011)
>>> Tragédia De Santa Maria (a) de Yvonne Do Amaral Pereira pela Federação Espírita Brasileira (2006)
>>> Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure pela Cultrix (2000)
>>> Ética - Edição Monolíngue de Spinoza pela Autêntica (2009)
>>> Eram os Deuses Astronautas? de Erich Von Daniken pela Melhoramentos (2010)
>>> O Pensamento Chinês de Marcel Granet pela Contraponto (1997)
>>> A Linguagem dos Pássaros de Farid Ud Din Attar pela Attar (1991)
>>> O espetacular homem-aranha de volta ao lar de Michael Straczynski John Romita Jr pela Salvat (2013)
>>> Outubro, 1930 de Virgílio A. de Melo Franco pela Nova Fronteira (1980)
>>> As Sombras De Longbourn de Jo Baker pela Companhia Das Letras (2014)
>>> Obra Brasileira 1964 - 1984 de Fernando Casas pela Fundacion (2000)
>>> Pintura e Escritura do Mundo Flutuante de Madalena Hashimoto pela Hedra (2002)
>>> Quando a Vida Começa Diferente de Maria Elisabeth Lopes Moreira, Nina de Almeida pela Fisicalbook (2020)
COLUNAS

Quarta-feira, 6/4/2011
Hitch 22
Guilherme Pontes Coelho
+ de 4100 Acessos

"Na medida em que [o homem de cultura] defende e alimenta valores morais, ninguém pode acusá-lo de ser escravo das paixões partidárias. Porém, ao mesmo tempo, na medida em que adquire consciência bem clara de que estes valores não podem ser desconsiderados por nenhuma república, sua obra de artista e de poeta, de filósofo e de crítico, torna-se eficaz na sociedade da qual é cidadão" (grifo meu, adiante você verá por quê).

Isto é Norberto Bobbio, em Os Intelectuais e o Poder, uma coletânea de artigos publicados ao longo de quarenta anos de atividade reflexiva (Unesp, 1996, 187 págs., tradução de Marco Aurélio Nogueira). Eu me recordo pouco deste livro, que foi tão querido há quase uma década e que só recentemente voltou a ocupar um lugar em minhas estantes.

Todos os debates mentais que travei comigo mesmo a cada artigo lido esbarravam, quando exteriorizados, no ímpeto juvenil (atraente, mas ignorante) de meus colegas e no pouco charme dos intelectuais de carne e osso, os que eu conhecia ao menos de ouvir falar, de artigos em jornais (impressos) e de seminários e afins em ambiente acadêmico. Eram muito mais interessantes as reflexões de Bobbio, Croce e Benda sobre a atividade intelectual, e a categoria, não classe, dos intelectuais, do que a atividade em si dos intelectuais, digamos, à minha volta.

Sinceramente, ainda procuro pelo intelectual. Pundits partidários, polemistas de controvérsias descartáveis, revoltados a favor e parasitas do eu falei estão aí nas revistas semanais e nos telejornais mais próximos de você. Mas intelectual, aquele não-restrito à academia, aquele comprometido com a razão e com a cultura no tempo presente, aquele a quem poderíamos chamar de "público" (pense em Susan Sontag), eu não o vejo. Vou chamar este intelectual de republicano.

Temos muitos e bons jornalistas que, sendo generoso, até poderiam ser republicanos, não fossem tão partidários. (Vejo, ainda bem, muitos proto-intelectuais na internet.) Partidários não desta ou daquela bandeira, mas de qualquer bandeira que represente uma instituição e não, como seria republicano, ideias e valores.

Pensando nisso, e sentindo falta deste intelectual republicano, é que me dispus a ler Hitch-22, as memórias de Christopher Hitchens publicadas recentemente (Nova Fronteira, 2010, 591 págs., tradução de Alexandre Martins).

Hitchens sempre foi nome popular orbitando ao meu redor. A gente o acompanha na Vanity Fair e noutras publicações e a gente sabe das constantes, hm, polêmicas que o envolvem. É um nome que não costuma provocar reações uniformes. Não é um articulista com quem se concorde ou de quem se discorde com um certo padrão de freqüência (e nunca unânime, como convém a qualquer pessoa minimamente inteligente). Acho que ele ficaria feliz em ler o período anterior, porque eu só me dei conta da obviedade do papel do contestador ao ponderar se leria ou não suas memórias. Essa constatação óbvia faz dele um intelectual republicano, ainda por cima globalizado. (Gostaria de saber o que Bobbio acharia disso, intelectual republicano globalizado.)

Para um homem como Hitchens, apaixonado por livros, é importante dizer que ler Hitch 22, mesmo o traduzido, foi um prazer digno de qualquer viciado em leitura. Um livro digressivo, humorado, afiado, rico. Se Hitchens consegue ser tão sedutor escrevendo praticamente sobre qualquer coisa, escrevendo sobre si é um deleite inigualável, que por vezes me fez reduzir o ritmo de leitura para retardar a chegada da última página.

Em quase 600 páginas, Hitchens narra sua educação intelectual. Do esquerdismo britânico da juventude ao republicanismo norte-americano de agora. Esta transição, se você tiver pouca familiaridade com ele, é sempre lembrada ao criticá-lo. Assim como suas posições sobre a guerra no Afeganistão e suas palavras um pouco espinhosas sobre figuras ilustres, tais como Madre Teresa. Arengas à parte, ler o que motiva Hitchens a viver e a ter tomado certas posições políticas no decorrer da vida foi muito esclarecedor. Sobretudo para mim, tão acostumado a caminhar na via esquerda do passeio político.

Para além de espectros políticos, o que se lê na vida de Hitchens é um homem comprometido com a razão, com a liberdade e com a ironia. Esta última particularmente importante para um homem que não crê em deus (ele só escreve em minúsculas), porque revela o quão instigante é a vida de quem se entrega ao enriquecimento da cultura como uma missão exclusivamente terrena. Esta tem sido sua missão aqui, cada vez mais próxima do fim, pois tem enfrentado um câncer inconveniente.

"A defesa da ciência e da razão é o grande imperativo da nossa época, e me sinto enormemente honrado de ser reunido, na opinião pública, a grandes professores e acadêmicos como Richard Dawkins, Daniel Dennet e Sam Harris. Ser um descrente não é simplesmente ter a 'mente aberta'. É, em vez disso, uma admissão decisiva de incerteza dialeticamente relacionada ao repúdio do princípio totalitário, tanto na mente quanto na política".

(Dia 13 de abril será aniversário de Christopher Hitchens, um intelectual republicano.)

Leia também
"O do contra", "Deus não é Grande, de Christopher Hitchens" e "FLIP 2006 III".

Para ir além


Guilherme Pontes Coelho
Brasília, 6/4/2011

Mais Guilherme Pontes Coelho
Mais Acessadas de Guilherme Pontes Coelho em 2011
01. A sordidez de Alessandro Garcia - 9/2/2011
02. Cisne Negro - 16/2/2011
03. Pequenos combustíveis para leitores e escritores. - 7/9/2011
04. Churchill, de Paul Johnson - 2/2/2011
05. Derrotado - 2/3/2011


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Giocondo Dias - Uma vida na clandestinidade
Ivan Alves Filho
Mauad
(1997)



Livro Poesia Os Melhores Poemas 9 Cecilia Meireles
Seleções de Maria Fernanda
Global
(1985)



A Febre Starbucks - Uma Dose Dupla de Cafeína, Comércio e Cultura
Taylor Clark
Matrix
(2008)



A casa das setes meninas
Georges Simenon
Nova Fronteira
(1982)



Algoritmos Em Linguagem C
Paulo Feofiloff
Campus
(2009)



Aprender Juntos geografia 4 ano
Leda Leonardo
Sm
(2021)



O atirador
Glendon Swarthout
Editorial Caminho
(1986)



Desenvolvimento sem Trabalho
Domenico de Masi
Esfera
(1999)



Eu Vos Abraço, Milhões
Moacyr Scliar
Companhia das letras



Valsa negra
Patrícia Melo
Companhia Das Letras
(2003)





busca | avançada
56185 visitas/dia
2,5 milhões/mês