COLUNAS
Segunda-feira,
4/11/2013
Eu, personagens de mim
Carina Destempero
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O que você quer ser quando crescer?
Ela se lembrava da pergunta de infância e de muitas respostas: Artista, Poeta, Bailarina, Cientista, Feiticeira. Sorrindo, pensa em como a arte, a magia e as palavras já eram seus sonhos, e como hoje ela interpreta também a Intelectual, a Psicanalista, a Eremita, a Romântica Incurável, a Sensível, a Independente, e então Atalanta, Cleópatra, Destempero, nomes próprios, seus ou não, mas ainda assim parte de si.
Ela pensa que responder O que você quer ser quando crescer diz muito mais de nós do que o equivalente adulto, O que você faz da vida, Qual sua profissão, Você trabalha com o quê, e de repente se pega fazendo perguntas diferentes,
Por qual personagem você já se apaixonou, Que personagem você gostaria de ser, Com qual se identifica?
Ele responde, ela responde, gargalhadas, surpresas, curiosidade, e aí ela pensa, Que tática boa para conhecer o outro, e resolve aplicar aquelas perguntas como questionário, mas aí não funciona, e naquele momento ela percebe que aquilo só funcionou porque não era técnica, era vontade genuína de conhecer, de encostar, de fazer laço, de ser e estar com o outro.
Ela agora acha que entendeu, e se recorda de que certa vez escreveu que Somos todos personagens de nós mesmos. Alguns desempenhamos com maior facilidade, pois estão mais próximos de uma verdade nossa - verdade que normalmente nem conhecemos. Outros desgostamos, mas acabamos nos acostumando, e lançando mão deles vez ou outra. E há ainda personagens que nos servem por um período, mas depois não cabem mais na nossa alma, ou se desgastam com o uso, ou deixamos de gostar deles.
Ela, então, sorri, porque sente que acabou de viver uma das coisas mais raras - e bonitas - da vida, que é encontrar pessoas com as quais podemos ser todos os nossos personagens, e com quem inventamos e descobrimos alguns que nem sabíamos que existiam.
Carina Destempero
Rio de Janeiro,
4/11/2013
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