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Segunda-feira, 10/3/2014
Mamilos
Adriane Pasa
+ de 4900 Acessos

A arte é como a vida, sempre tem polêmicas. Dependendo da época em que uma obra é apresentada, a polêmica é ainda maior. Estar à frente de seu tempo é sempre difícil, pois as pessoas não estão preparadas para entender as quebras de paradigmas e os tapas na cara da sociedade, pelo simples fato de que as pessoas inovadoras e meio "vida lôka" apresentam quase sempre conceitos e ideias muito diferentes e provocativas, mexem em pontos que ninguém quer mexer e muitas vezes são como "videntes", antecipam tendências ou as criam. Ou simplesmente mostram o que ninguém ainda se deu o direito de ver. É como falar uma besteira no almoço de domingo, em família (quem nunca?). A polêmica começa quando um assunto mexe nas bases, na estrutura das pessoas. Muitas vezes é um tabu ou algo tão frágil que é fácil causar mal estar. Precursores conseguem perceber nos mínimos detalhes do cotidiano e na convivência entre as pessoas o que está além da linha do horizonte, o que mora "fora da caixa", ou melhor, nem passam perto dela. Não que toda inovação seja polêmica, mas vamos combinar que é muito mais interessante quando uma nova ideia causa um impacto nos costumes e pensamentos tradicionais a ponto da galera subir nas tamancas.


Édouard Manet, grande pintor francês do século XIX, era um impressionista fora dos padrões e em 1863, no "Salão dos Recusados", ele expôs a polêmica obra "Almoço sobre a relva", que foi um escândalo, por apresentar uma mulher nua sentada ao lado de dois homens bem vestidos, numa cena de um piquenique pra lá de inusitado. Se pensarmos bem, até hoje é uma cena polêmica. Na época, foi tachada de imoral. Se tivesse Facebook e Twitter com certeza viraria um meme. Manet é um dos meus artistas preferidos. Quando vi "Almoço sobre a relva" ao vivo, no Museu do Louvre em Paris, fiquei em êxtase. Na época eu era ainda uma estudante de Belas Artes, cheia de pensamentos românticos (nossa, acho que ainda sou assim). Pensei "eles tinham toda a razão, é um estouro". Manet é considerado por muitos críticos um dos precursores da arte moderna, por ultrapassar o realismo e ter a ousadia de pintar de forma diferente, tanto na técnica quanto no conceito (não confundam com Monet, que é outro impressionista fantástico, mas não tem nada a ver).


No cinema também há muitas polêmicas. E quando se trata de filmes, a coisa se torna ainda mais escandalosa e chocante, porque o cinema é mais popular, mais acessível e tem uma narrativa para reforçar o conceito. Filmes polêmicos geralmente caem na mesma vala dos assuntos proibidos de domingo em famílias cristãs (ou em qualquer família): tudo o que é contra a moral e bons costumes, sexo, ateísmo, homossexualismo, religião, pecados capitais, sexo, o que é contra a natureza humana, sexo, escatologia, religião, violência ou o que a gente nem está preparado para categorizar, de tão diferente que é.


Poderia citar aqui centenas de filmes de horror, violência, terror ou de temas sexuais, mas para mim, "filme polêmico" é aquele que trata de temas que ultrapassam as linhas da natureza humana ou das regras da vida em sociedade e nos faz pensar nas mudanças que aquele tipo de comportamento ou situação promoveria, independente de ser algo bom ou ruim. Ou simplesmente porque a linguagem e a forma usadas são muito provocadoras, daquelas que fazem o queixo cair ou o sono ir embora.


Então, neste contexto, recomendo ver um Jesus Cristo bem humano em A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, a violência extrema e esteticamente única de Laranja Mecânica (para mim, uma das raras adaptações de romance que supera a obra original), de Stanley Kubrick, o sucesso de bilheteria de Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto (que deveria ter sido bem mais polêmico, mas o bom humor de Jorge Amado parece ter encantado as pessoas na época), o engraçado Ted, de Seth MacFarlane, que mostra um ursinho fofo e politicamente incorreto, que fez até um deputado brasileiro se indignar nas redes sociais (e passar muita vergonha), a reviravolta de uma mulher vítima da maldade em Dogville, de Lars Von Trier, a vingança e o estupro mais absurdo e longo de todos os tempos em Irreversível, de Gaspar Noé (este eu recomendo ver só se tiver um terapeuta para ir depois), a solidão emocional e o sexo entre dois estranhos em O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, um casal enlouquecido matando todo mundo em Assassinos por Natureza, de Oliver Stone, um amor imoral e trágico (eu acho lindo) na adaptação do romance homônimo Lolita, de Nabokov, que tem uma versão brilhante de Kubrick e outra mais nova, muito boa também, de Adrian Lyne, a vida de adolescentes sem regras e com muitas drogas em Kids, de Larry Clark, e, pra terminar (não que acabe aqui, mas este texto tem que ter um fim), um filme inglês pouco conhecido e comentado, mas muito intrigante, que trata da vida de um jovem que envenena a todos que o incomodam em O Livro Secreto de um Jovem Envenenador, de Ross Benjamin (quem nunca quis matar alguém em pensamento?).


Quem tem medo de "assuntos proibidos" não aprende nada nessa vida. Se uma coisa é polêmica é porque algum sentido ela faz, vai fazer ainda ou pelo menos servirá de inspiração para artistas, escritores e cineastas, tornando nossa existência mais emocionante. E pra quem não entendeu a ligação do conteúdo com o título deste texto, aí vai a explicação:



Hoje não é preciso ser um Manet para virar meme.


Adriane Pasa
Curitiba, 10/3/2014

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Escola, literatura e sociedade: esquizofrenia de Ana Elisa Ribeiro
02. O cinema de fronteira de Theo Angelopoulos de Wellington Machado


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