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Quinta-feira, 24/7/2014
Concurso literário, caminho para a publicação
Eugenia Zerbini
+ de 4300 Acessos


Georgy Kurasov (1958 -)

Na busca da publicação de seu primeiro livro, o escritor pode lançar mão de um atalho: o concurso literário. Vencer um deles, ou estar entre os finalistas, pode ser o caminho menos sofrido para o autor sair do anonimato e ter acesso a uma editora de porte. Há dez anos, tinha dois originais nas mãos: numa, minha tese de doutorado em Direito, defendida junto a Universidade de São Paulo (USP), e que recebeu da banca a menção para publicação. Na outra, meu primeiro romance finalizado, As netas da Ema, que inscrevi no Prêmio Sesc de Literatura, então em sua segunda edição.

Pela interferência de uma saudosa amiga (Ninon Machado de Faria Leme Franco, por que você teve que partir tão cedo da vida?), depois de dois meses de espera - e muita insistência -, consegui uma entrevista na editora Forense. Voltei para casa com o pedido de resumir o que havia escrito. Isso, segundo o editor, deixaria a obra mais leve e palatável. Com minha avó materna, aprendi que se amarra o burro segundo a vontade do dono. Assim, comecei a reescrever 200 páginas.

Percebi no caminho que, além de sintetizar meu trabalho acadêmico, precisava atualizá-lo. Pouco tempo tinha decorrido desde a sustentação oral. Porém, minha tese tratava de assuntos do momento, como, por exemplo, as medidas sobre investimento no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), das quais o alargamento estava em processo de negociação. Tomava fôlego para encarar o desafio (mas será que eu teria mesmo que resumir os capítulos, que eu acreditava ter articulado tão bem?), quando recebi a notícia, em março de 2005, que meu romance As netas da Ema havia sido premiado pelo Sesc. Pelo regulamento, as obras vitoriosas são editadas pela Record, editora parceira no certame. Passada a primeira grande dúvida (como irei vestida na cerimônia de premiação?, igual a toda mulher) vieram outras questões. "E a capa? Que foto eu mando para a orelha do livro?"

Na Record, tudo correu sobre carretéis, nas mãos da Ana Paula Costa(atualmente em Barcelona). Perguntou se eu tinha alguma ideia para a capa. Pensei em algum quadro da minha amiga Isabelle Tuchband, uma vez que tive ao alcance dos olhos uma de suas telas, durante toda a composição das minhas "Emas". Nas orelhas, como marca d´água, pequenos perfis incompletos, desenhados pela minha filha (na época com dez anos). Eu não cabia em mim de alegria. Só mais tarde fiquei sabendo do conselho dado por Clarice Lispector (1920-1977), a uma aspirante a escritora: que quando ficasse contente, não ficasse contentona, mas contentinha.

Há vários concursos cuja premiação, além de um prêmio em dinheiro, inclui a publicação da obra premiada, tais como o Prêmio Saraiva, o Prêmio Governo do Estado de Minas de Literatura e o Prêmio Paraná de Literatura. Creio, entretanto, que nenhum deles dá projeção para os vencedores como o prêmio patrocinado pelo Sesc, cujo próximo edital será publicado em janeiro de 2015. Na Flip, com início em 30 de julho, em Paraty, os vencedores deste ano - Débora Ferraz (com o romance Enquanto Deus não está olhando) e Alexandre M. Rodrigues (com a livro de contos Parafilias) estarão presentes, juntando-se à programação que terá lugar no Centro Cultural Sesc de Paraty , e que contará com a presença dos contemplados nos anos anteriores (programação completa e horários disponível no site do Centro).

As coisas não param por aí. Os vencedores passam a ser convidados para não apenas eventos literários organizados pelas regionais do Sesc, como também feiras literárias espalhadas pelo país. Atendo-se aos acontecimentos mais recentes: nos últimos dois meses, Rafael Gallo e Marcos Peres (ganhadores nas categoria conto e romance, em 2011/2 e 2012/3, participaram de vários eventos literários no sul do pais (Festival Nacional do Conto, em Florianópolis, Feira do Livro em Bento Gonçalves, além de uma rodada literária pelo norte do Paraná). Isso significa que, mais do que editados, os premiados são colocados em contato direto com o público. Além disso, o Prêmio Sesc de Literatura prepara terreno para outras premiações. Santo Reis da Luz Divina, romance de Marco Aurélio Cremasco (que vem de lançar um belíssimo livro de poesia,As coisas do João Flores,SP, Patuá), vencedor da primeira edição (2003/4), foi finalista do Prêmio Jabuti, em 2005, da mesma forma que, no ano passado, Réveillon e outros dias e Quiçá de autoria respectivamente de Rafael Gallo e Luisa Geisler. Esta última, já havia figurado entre os finalista do Jabuti em 2012, com a coletânea de contos Contos de Mentira. Sim, Mlle. Geisler foi duplamente premiada pelo Prêmio Sesc de Literatura, nas categorias conto e romance, tendo sido incluída na antologia da revista Granta dos melhores jovens escritores brasileiros. Seu mais recente romance (Luzes de emergência se acenderão automaticamente) sairá pela Alfaguara, em breve.

Tudo isso equivaleria a um "abra-te Sésamo" na carreira literária dos vencedores? Daqui para frente, respondo só em meu nome. Ser premiada foi uma vitória. Realizei o desejo que mantinha inconfesso: o de ser uma escritora. Passado o êxtase, e caindo no mundo real: o prêmio transformou-se em um bom cartão de visita. Para abrir espaço para meu livro na mídia, procurava os jornais e revistas (inclusive o Digestivo Cultural, não é, Júlio?), apresentando-me como a vencedora do Prêmio Sesc. Ao menos, me atendiam ao telefone. Nas pesquisas para meu segundo romance (um romance biográfico, inacabado), a menção à premiação garantiu-me boa entrada onde pesquisei. Quando, em 2007, decidi escrever contos, a menção ao Prêmio Sesc de Literatura alavancou-me espaços (como no Rascunho, na Cult e no Prosa e Verso).

A história foi bem outra, com relação à edição do meu livro de contos, até agora inédito. Apesar de o Nobel de Literatura de 2013 ter sido concedido a Alice Munro (1931 -), que se dedicou com exclusividade ao gênero, corre a lenda que conto não vende, confirmada, erroneamente, pela afirmação de uma conhecida ex-editora, no sentido de considerar um erro o autor "começar a carreira com livros de contos, ou poesia, ou crônica, uma vez que esses gêneros não têm público e os livreiros começam a associar o nome do autor a fracasso de vendas". Com relação à vendagem (oh, Deus do mercado, suspiro), tenho o argumento de que a primeira edição de As netas da Ema esgotou na Record um mês depois do lançamento. Meu livro de estréia chegou à segunda edição.

Acredito ser bom receber algumas negativas da vida. Longe da política da raposa de La Fontaine (1621-1695) e da alegação de que as uvas estão verdes, elas nos tornam mais humanos. O consolo é lembrar que os volumes iniciais do magistral Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (1871-1922), foram rejeitados por vários editores. Se eu esperei meio século para me assumir escritora, disponho de outro tanto para encontrar meu editor. As mulheres da minha família são longevas.

Há o indizível: o fator sorte. Como nos alerta o narrador de Match Point (em portugês, Ponto final), filme de Woody Allen (1938 -), na cena do jogo de tênis (em que a bola fica congelada por algum tempo no ar, esperando cair de um lado ou de outro da rede), acredito que muito mais do que imaginamos depende de sorte. Assusta ter consciência que há coisas absolutamente fora do nosso controle. Antes de promover seus oficiais a general, Napoleão declinava o exame dos curricula que lhe eram apresentados. Perguntava qual deles tinha sorte. Fortuna Imperatrix Mundi. E o tempo da sorte é único, só dela.

Nunca concluí a revisão de minha tese de doutoramento. Em 2006, conheci Vinicius Vieira, o editor da Quartier Latin, voltada para publicações jurídicas. Ele insistiu que eu publicasse meu trabalho, do jeito em que se encontrava. Fiquei comovida com seu gesto. Porém, o acaso já havia me levado ao arrebatamento da literatura. Restou para o Direito o que acredito ser o melhor dos meus sorrisos.


Eugenia Zerbini
São Paulo, 24/7/2014

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