Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar | Renato Alessandro dos Santos | Digestivo Cultural

busca | avançada
42097 visitas/dia
2,9 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Feira de vinis especializada em reggae desembarca no Festival Mucho em dezembro
>>> 9ª Edição do Encontro Internacional de Mulheres Palhaças (EIMPA) recebe dezenas de atrações com mais
>>> Teatro- Cidadão em Construção - Ultima apresentação no CEU
>>> 26º Cirandança reúne 1200 alunos das Oficinas de Dança durante 6 dias no C.C. Diadema
>>> IOLE DE FREITAS NO PAÇO IMPERIAL, RIO DE JANEIRO
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
>>> Minha história com o Starbucks Brasil
>>> O tipógrafo-artista Flávio Vignoli: entrevista
>>> Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
Colunistas
Últimos Posts
>>> Tucker Carlson no All-In
>>> Keleti: de engenheiro a gestor
>>> LeCun, Bubeck, Harris e a inteligência artificial
>>> Joe Satriani tocando Van Halen (2023)
>>> Linger by IMY2
>>> How Soon Is Now by Johnny Marr (2021)
>>> Jealous Guy by Kevin Parker (2020)
>>> A última canção dos Beatles (2023)
>>> No Time To Die by Meg Mac
>>> Praise You by The Belligerents (2015)
Últimos Posts
>>> Sarapatel de Coruja
>>> Culpa não tem rima
>>> As duas faces de Janus
>>> Universos paralelos
>>> A caixa de Pandora do século XX
>>> Adão não pediu desculpas
>>> No meu tempo
>>> Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Quando um livro encontra seu leitor
>>> Novos Melhores Blogs
>>> Let’s give him the respect he’s giving us
>>> A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin
>>> O Canto de cisne dos Super Heróis
>>> Caí na besteira de ler Nietzsche
>>> País do Carnaval III
>>> Meu cinema em 2010 ― 2/2
>>> Dar títulos aos textos, dar nome aos bois
Mais Recentes
>>> Dominando o Ciclo de Mercado - Aprenda a reconhecer padrões para investir com segurança de Howard Marks pela Alta Books (2020)
>>> Como Chegar ao Sim - Como negociar acordos sem fazer concessões de Roger Fisher; William Ury; Bruce Patton pela Sextante (2018)
>>> Diário de Pilar na Amazônia(Nova edição): Urgente de Flávia Lins e Silva pela Zahar (2023)
>>> Fora de série - Outliers: Descubra por que algumas pessoas têm sucesso e outras não de Malcolm Gladwell pela Sextante (2011)
>>> Foco - A atenção e seu papel fundamental para o sucesso de Daniel Goleman pela Objetiva (2014)
>>> Manual da Traição (02) de Jonathan Spence pela Companhia das Letras
>>> Shan - (02) de Eric Van Lustbader pela Record
>>> Cyclops - (02) de Clive Cussler pela Best Seller
>>> Armagedão - Coleção Século XX - (02) de Leon Uris pela Não Informado
>>> A Rainha do Fogo - Livro 3 da Trilogia `A Sombra do Corvo" (02) de Anthony Ryan pela Leya (2017)
>>> A Ruptura - World Warcraft (02) de Christie Golden pela Galeria (2013)
>>> A Canção do Sangue - Livro 1 da Trilogia "A Sombra do Corvo (02) de Anthony Ryan pela Leya (2014)
>>> O Dilema - (02) de John Grisham pela Rocco (2015)
>>> O Último Tiro, Jack Reacher em... (02) de Lee Child pela Bertrand (2012)
>>> Lz 99 -(02) de C. L. Mohn pela Landscape (2001)
>>> Battlefield 4 - Contagem Regressiva (02) de Peter Grimsdale pela Galera (2014)
>>> Amar e Ser Livre de Sri Prem Baba pela Harper Collins (2017)
>>> Amor & Ajuda de Daniela neves Santos pela BesouroBox (2013)
>>> O Dalai Lama fala de jesus de Dalai lama pela Fissus (2003)
>>> A Cor púrpura - Romance de Alice Walker pela Marco Zero (1982)
>>> A Arte de meditar de Mathieu Ricard pela Globo (2023)
>>> Bhagavad Gita de Krishna pela Martin Claret (2012)
>>> Comer, Treinar, Dormir de Drª Samira Layaum pela Prumo (2012)
>>> O Livro dos Espíritos de Allan Kardec pela Nova Visão (2021)
>>> Cirinéia Iolanda Maffei de Retratos de Nazaré pela Boa Nova
COLUNAS

Terça-feira, 10/10/2023
Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
Renato Alessandro dos Santos
+ de 2400 Acessos


Um meteoro. Uma estrela cadente. Um traço. Um sopro. A vida é um sopro, como diria Oscar Niemeyer (1907-2012). Durou pouco o “meteoro” Jack London (1876-1916): 40 anos apenas. Em O andarilho das estrelas, ele disse:

[…] prefiriria ser um soberbo meteoro, cada um de meus átomos irradiando um brilho magnífico, a ser um planeta adormecido. A função do homem é a de viver, e não a de existir. Não desperdiçarei meus dias na tentativa de prolongar minha vida. Quero queimar todo o meu tempo.

E foi o que ele fez: fugiu de casa aos 13 e foi viver no porto de Oakland; comprou um barco e chefiou um bando de marginais. Apaixonou-se. Aos 15, era um marginal. Diferente, mas marginal.

Diferente: antes dos 18, já bebia bastante, mas gostava de ler. Muito. Frequentou bibliotecas públicas desde menino. Melville foi um dos autores prediletos, e outros, muitos outros, como Émile Zola (1840-1902), George Bernard Shaw (1856-1950), Rudyard Kypling (1865-1936), Robert Louis Stevenson (1850-1894). E outros.

Ao tornar-se socialista, encarou a obra de Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Adam Smith (1723-1790), Karl Marx (1818-1883).

Abandonou o barco para virar operário. Foi preso, mas logo estava no Japão, aprendendo a lida de marinheiro e enfrentando tufões, experiência que resultaria no primeiro lugar em um concurso literário, com o conto, muito lido, “Tufão na costa japonesa”.


Nada muda. Ao seu redor, a pobreza e a miséria continuam exigindo dele uma batalha diária, constante, exaustiva. Mas insiste em sua escrita, lendo e escrevendo cada vez mais. Como conta no autobiográfico Martin Eden. E sua biografia confirma, escreve contos e mais contos.

De tudo que escreve, no centro de seus textos, estão ali experiências que viveu ou presenciou de perto, mas nenhum jornal ou revista tem interesse por eles. Julgam os temas rudes demais. É a época em que muitas revistas começam a surgir e, a elas, interessam histórias populares, aventurescas. Mas London ainda não caiu na graça de nenhuma delas.


Em 1896, London parte para o Klondike, no Alasca. A corrida por ouro havia recomeçado, mas não mais no oeste do país. Sofre toda espécie de infortúnio, nessa tentativa desesperada de conseguir enriquecer, mas o máximo que consegue é reunir mais experiência para seus livros futuros, algo que mais tarde acredita ter sido a maior recompensa de seu período de dois anos no Alasca.

Volta para casa, quase sucumbindo ao escorbuto. “Quando Jack chegou a Anvik, a poucas centenas de quilômetros da foz do Yukon, o horror do escorbuto tinha retornado”, afirma Alex Kershaw, em Jack London: uma vida (Benvirá), ótima biografia do escritor publicada no Brasil em 2013. “Seus dentes rangiam toda vez que ele abria a boca. Um estranho salvou-lhe a vida dando-lhe batatas cruas e uma lata de tomates [...]” (2013, p. 102).

Em 1900, na virada do século, sua sorte parece mudar: publica O filho do lobo, seu primeiro livro. De contos. Casa-se.

Em 1903, com a publicação de Chamado selvagem (The call of the wild), torna-se amplamente lido após alcançar projeção mundial com o romance sobre um cão que é levado à força para o Alasca e, lá, após passar por toda espécie de sofrimento, alcança a plenitude de sua vida em meio à natureza selvagem.

Vêm outras obras: Nas florestas da noite (The people of the Abys), O lobo do mar (The Sea-wolf), Guerra de classes (The class struggle), Martin Eden.


Fixa-se perto de San Francisco, onde a casa de seus sonhos é construída, mas, para sua tristeza, logo incendiada, e passa a viver mais a favor da agricultura do que da literatura, criando cavalos e cuidando da terra de maneira revolucionária para a época, ecologicamente anos e anos adiantado em relação a todos os outros.


Mas a morte vem levá-lo cedo. No dia 22 de novembro de 1916, é encontrado sem vida em seu quarto. O meteoro havia cumprido toda a sua trajetória.

Como sofria de urimia, ministrava doses de morfina para suportar a dor que, dia a dia, tornava-se maior. Sempre vista como suicídio, sua morte, hoje, suscita dúvidas, mas foi uma dose letal de morfina que levou Jack London, como no poema de Manuel Bandeira, a dormir profundamente.

40 anos: com a metade deles voltada para a literatura, foi o suficiente para fazê-lo um dos grandes autores da literatura norte-americana.

Nota do Editor
Leia também "Na Natureza Selvagem, de Sean Penn", "Os beats e a tradição romântica" e "Não podia acontecer na América".


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 10/10/2023

Quem leu este, também leu esse(s):
01. O batom na cueca do Jair de Luís Fernando Amâncio
02. Pelé (1940-2022) de Julio Daio Borges
03. O tigre de papel que ruge de Celso A. Uequed Pitol
04. Os Doze Trabalhos de Mónika. 12. Rumo ao Planalto de Heloisa Pait
05. Os Doze Trabalhos de Mónika. 6. Nas Asas da Panair de Heloisa Pait


Mais Renato Alessandro dos Santos
Mais Acessadas de Renato Alessandro dos Santos em 2023
01. Obra traz autores do século XIX como personagens - 24/1/2023
02. Ultratumba - 25/7/2023
03. Rabhia: 1 romance policial moçambicano - 23/5/2023
04. Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar - 10/10/2023
05. Casa de bonecas, de Ibsen - 14/3/2023


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Muito Além dos Seus Sonhos
Rosana Rios
Larousse do Brasil
(2010)



Obras completas Tomo 1
Gil Vicente
Cultura
(1946)



As Maiores Mentiras do Mundo
Alfredo Soria
Editor A
(2000)



O Último dos Moicanos - 1800
James Fenimore Cooper
Abril
(2012)



Livro Literatura Estrangeira Tigre de Papel
Oliver Rolin
Cosacnaify
(2006)



Livro de Bolso Culinária 200 Receitas de Pratos para Dois Coleção Culinária de Todas as Cores
Louise Blair
Publifolha
(2013)



Taunton's Home Workspace Idea Book
Neal Zimmerman
Taunton Press
(2002)



O Paciente e o Analista - Fundamento do processo Psicanalítico
Josh Sandler; Christopher Dare; Alex Holder
Imago
(1973)



Livro Religião A Passagem
Ricky Medeiros
Vida & Consciência
(2000)



A Mulher na Janela
A. J. Finn
Arqueiro
(2018)





busca | avançada
42097 visitas/dia
2,9 milhões/mês