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Terça-feira, 10/10/2023
Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
Renato Alessandro dos Santos
+ de 3700 Acessos


Um meteoro. Uma estrela cadente. Um traço. Um sopro. A vida é um sopro, como diria Oscar Niemeyer (1907-2012). Durou pouco o “meteoro” Jack London (1876-1916): 40 anos apenas. Em O andarilho das estrelas, ele disse:

[…] prefiriria ser um soberbo meteoro, cada um de meus átomos irradiando um brilho magnífico, a ser um planeta adormecido. A função do homem é a de viver, e não a de existir. Não desperdiçarei meus dias na tentativa de prolongar minha vida. Quero queimar todo o meu tempo.

E foi o que ele fez: fugiu de casa aos 13 e foi viver no porto de Oakland; comprou um barco e chefiou um bando de marginais. Apaixonou-se. Aos 15, era um marginal. Diferente, mas marginal.

Diferente: antes dos 18, já bebia bastante, mas gostava de ler. Muito. Frequentou bibliotecas públicas desde menino. Melville foi um dos autores prediletos, e outros, muitos outros, como Émile Zola (1840-1902), George Bernard Shaw (1856-1950), Rudyard Kypling (1865-1936), Robert Louis Stevenson (1850-1894). E outros.

Ao tornar-se socialista, encarou a obra de Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Adam Smith (1723-1790), Karl Marx (1818-1883).

Abandonou o barco para virar operário. Foi preso, mas logo estava no Japão, aprendendo a lida de marinheiro e enfrentando tufões, experiência que resultaria no primeiro lugar em um concurso literário, com o conto, muito lido, “Tufão na costa japonesa”.


Nada muda. Ao seu redor, a pobreza e a miséria continuam exigindo dele uma batalha diária, constante, exaustiva. Mas insiste em sua escrita, lendo e escrevendo cada vez mais. Como conta no autobiográfico Martin Eden. E sua biografia confirma, escreve contos e mais contos.

De tudo que escreve, no centro de seus textos, estão ali experiências que viveu ou presenciou de perto, mas nenhum jornal ou revista tem interesse por eles. Julgam os temas rudes demais. É a época em que muitas revistas começam a surgir e, a elas, interessam histórias populares, aventurescas. Mas London ainda não caiu na graça de nenhuma delas.


Em 1896, London parte para o Klondike, no Alasca. A corrida por ouro havia recomeçado, mas não mais no oeste do país. Sofre toda espécie de infortúnio, nessa tentativa desesperada de conseguir enriquecer, mas o máximo que consegue é reunir mais experiência para seus livros futuros, algo que mais tarde acredita ter sido a maior recompensa de seu período de dois anos no Alasca.

Volta para casa, quase sucumbindo ao escorbuto. “Quando Jack chegou a Anvik, a poucas centenas de quilômetros da foz do Yukon, o horror do escorbuto tinha retornado”, afirma Alex Kershaw, em Jack London: uma vida (Benvirá), ótima biografia do escritor publicada no Brasil em 2013. “Seus dentes rangiam toda vez que ele abria a boca. Um estranho salvou-lhe a vida dando-lhe batatas cruas e uma lata de tomates [...]” (2013, p. 102).

Em 1900, na virada do século, sua sorte parece mudar: publica O filho do lobo, seu primeiro livro. De contos. Casa-se.

Em 1903, com a publicação de Chamado selvagem (The call of the wild), torna-se amplamente lido após alcançar projeção mundial com o romance sobre um cão que é levado à força para o Alasca e, lá, após passar por toda espécie de sofrimento, alcança a plenitude de sua vida em meio à natureza selvagem.

Vêm outras obras: Nas florestas da noite (The people of the Abys), O lobo do mar (The Sea-wolf), Guerra de classes (The class struggle), Martin Eden.


Fixa-se perto de San Francisco, onde a casa de seus sonhos é construída, mas, para sua tristeza, logo incendiada, e passa a viver mais a favor da agricultura do que da literatura, criando cavalos e cuidando da terra de maneira revolucionária para a época, ecologicamente anos e anos adiantado em relação a todos os outros.


Mas a morte vem levá-lo cedo. No dia 22 de novembro de 1916, é encontrado sem vida em seu quarto. O meteoro havia cumprido toda a sua trajetória.

Como sofria de urimia, ministrava doses de morfina para suportar a dor que, dia a dia, tornava-se maior. Sempre vista como suicídio, sua morte, hoje, suscita dúvidas, mas foi uma dose letal de morfina que levou Jack London, como no poema de Manuel Bandeira, a dormir profundamente.

40 anos: com a metade deles voltada para a literatura, foi o suficiente para fazê-lo um dos grandes autores da literatura norte-americana.

Nota do Editor
Leia também "Na Natureza Selvagem, de Sean Penn", "Os beats e a tradição romântica" e "Não podia acontecer na América".


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 10/10/2023

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