Como resenhar sem ler o livro | José Roberto Torero

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Segunda-feira, 20/6/2011
Como resenhar sem ler o livro
José Roberto Torero
+ de 21500 Acessos
+ 4 Comentário(s)

Muitas críticas que você lê hoje na grande imprensa foram feitas por pessoas que não leram a obra em questão por inteiro. Creio que isso acontece por três motivos: pouco tempo, pouco espaço, pouco pagamento. Tomando por base os textos que saíram sobre meus livros, acredito que apenas metade das resenhas são escritas por críticos que realmente leram a obra resenhada.

Portanto, os resenhistas têm que lançar mão de vários truques para compor seu texto. Reparei na repetição de alguns e resolvi fazer um breve manual de "Como escrever uma resenha sem ler o livro resenhado".

Vamos aos sete passos necessários para esta não tão árdua tarefa:

1. Se você não leu o livro, uma boa saída é contar várias curiosidades sobre ele e seu autor. Você pode encontrá-las no release enviado pela editora, na orelha e na contracapa do livro, e, é claro, na internet. Colocando várias destas curiosidades, o leitor vai pensar que você é um expert em literatura, um livre docente que defendeu tese sobre o autor em questão.

2. É muito importante você fazer um resumo do livro. Dá a impressão de que você leu todas as suas páginas e conseguiu condensar tudo num só parágrafo. Geralmente o release já traz uma boa sinopse. Caso a editora do livro não tenha uma boa assessoria de imprensa que mande um resumo publicável, é só pedir ajuda de São Google.

Porém, se você tiver o azar de ter que fazer a primeira resenha do livro, peça ao próprio autor que lhe conte a história. Lembro que certa vez fiquei mais de uma hora no telefone contando a história de um livro a um jovem repórter do finado Jornal do Brasil. Como sou ruim para contar histórias oralmente, no dia seguinte saiu uma péssima resenha sobre o livro. Mea culpa, mea maxima culpa.

3. Faça comparações com outros livros do autor que você realmente leu. Isso dará mais substância ao seu texto. Caso não tenha lido outro livro do autor, faça comparações com livros de outros escritores. Uma crítica, certa vez, comparou o meu Os vermes com Memórias Póstumas de Brás Cubas só porque o livro de Machado é dedicado a um verme. Obviamente, um não tinha nada a ver com o outro, nem quanto a estilo nem quanto à história, a não ser o uso da palavra verme.

4. Coloque algo que pareça uma teoria literária profunda. Não precisa ser, basta parecer.

5. Roube a ideia de uma resenha anterior sobre o livro. Não tenha pudor de fazer isso. Só não esqueça de mudar algumas palavras para que o autor do texto não perceba o furto. Por conta deste item, a primeira resenha de um livro é quase sempre a mais importante, pois muitos dos resenhistas futuros vão lê-la e repetir suas opiniões. Principalmente se não leram o livro. Isso constrói uma certa unanimidade em relação ao livro, o que é péssimo.

6. Cite um trecho do livro. É claro que muitas vezes você só vai ter lido justamente aquele trecho, mas o leitor de sua resenha não sabe disso e pensará que você realmente escolheu uma parte especial do livro. Curiosamente, o resenhista que não lê todo o objeto resenhado quase sempre cita e comenta algo das primeiras páginas, as únicas que ele leu. Mas há que se tomar cuidado com isso.

Numa crítica recentemente publicada na Folha de S.Paulo, por exemplo, o resenhista falou algo sobre a paternidade de um personagem de certo livro, informação dada no primeiro capítulo do livro. Se ele tivesse lido o segundo capítulo, saberia que o pai do personagem era outro. Ou seja, o melhor é fazer alguma afirmação neutra e colocar o trecho, sem se arriscar demais.

7. Quanto tiver que opinar, apenas repita o senso comum que há sobre este autor. Por exemplo, se a resenha é sobre o Luis Fernando Verissimo, diga que ele é engraçado; se é sobre Rubem Fonseca, fale que seu estilo é seco; se é sobre Dalton Trevisan, declare que ele é o rei da concisão.

Outro truque básico é contar a biografia do autor. É claro que na maioria das vezes ela não interessa nem um pouco à história, nem fará você gostar mais do livro ou entendê-lo melhor. Mas ajuda a encher o espaço. Além disso, também é uma forma do jornalista contar uma narrativa, pois, já que não conhece bem a história contada pelo livro, pelo menos conta a vida de seu autor.

Enfim, deixo aqui aos futuros resenhistas a minha humilde contribuição. Que talvez também tenha alguma utilidade para os leitores.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no jornal Rascunho. José Roberto Torero mantém o Blog do Torero, no UOL.


José Roberto Torero
Santos, 20/6/2011
Quem leu este, também leu esse(s):
01. Duas cartas de Luís Henrique Pellanda


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
25/6/2011
12h17min
Uma contribuição para essa tarefa é "ler" o livro "Como falar dos livros que não lemos" do francês Pierre Bayard. Sua contribuição reside no que chama não-leitura: "A não-leitura não é ausência de leitura. Ela é uma ação verdadeira, que consiste em se organizar em relação à imensidão de livros, a fim de não se deixar submergir por eles. Por isso ela merece ser defendida e até ensinada". Valendo-me de algumas das práticas elencadas pelo Torero, usar umas métricas elaboradas por Bayard, partindo de sua Máxima - tornar-se a si mesmo criador. Pode-se apreender o significado desse livro apenas sabendo como o livro é dividido, o sumário. Veja: MANEIRAS DE NÃO LER: Os livros que não conhecemos; Os livros que folheamos; Os livros de que ouvimos falar; Os livros que esquecemos. SITUAÇÕES DE DISCURSO: Na vida mundana; Diante de um professor; Diante do escritor; Como o ser amado. CONDUTAS A ADOTAR: Não ter vergonha; Impor as próprias ideias; Inventar os livros; Falar de si... Abraço.
[Leia outros Comentários de Rafael Trombetta]
14/9/2011
10h55min
Torero: Só te conhecia de nome e li isso agora, me deliciando. Na verdade, como contista, desde meu primeiro livro, "Nó de sombras" (IMS/SP, 2000), tenho me deparado com esses leitores pela metade ou por alto que são, em geral, os resenhistas. Não diga que não haja leitores cuidadosos e que realmente leêm os livros da gente do começo ao fim, dando-nos, aliás, ótimas sugestões, fornecendo reparos e observações pertinentes (tive algumas experiências felizes assim também). Mas, no geral, o que há é chute, chute "impressionista", como se queira, preguiça, má vontade, enrolação, falta de tempo. Assim, por conta das "sombras" do título do meu primeiro livro, não há quem não me rotule como "sombrio". E o curioso, então, é o capítulo das influências - já foi dito que tive influências de gente que nunca, nunca li, como Juan Rulfo e Carpentier. O samba-do-crioulo-doido é completo. Daí se explica o teu verme, que acabou sendo o de Brás Cubas. Só mesmo rindo...
[Leia outros Comentários de chico lopes]
14/9/2011
17h06min
É nas sinopses - quase obrigatórias para se vender os livros e as histórias - que encontramos a maioria das frases e quase a finalização do enredo, quando não o deparamos no título, por exemplo, "A morte da Arara" (porque não só "Arara Azul" - o que vai acontecer com ela? Leia). E assim por diante. Deveria ser proibido contar o que o livro se refere para manter a curiosidade. Para os leitores, um ler a primeira página - para os bons escritores - é suficiente para despertar o interesse. Assim, por questão de precisar fazer a resenha, o digníssimo jornalista estaria obrigado a ler, completamente, todo ele para expressar a sua "humilde" opinião, restringindo-se a comentar sobre os característicos - seco, molhado, inchado no ego, etc. - do autor e seu estilo inconfundível de ótimo, bom, regular ou péssimo. E se quiser apimentar, contar fatos da sua vida pessoal, incluindo o que acha que seria interessante para os seus fãs. Como isso é impossível na atualidade, pensemos que o mais razoável
[Leia outros Comentários de Cilas Medi]
14/9/2011
17h13min
Como isso é impossível na atualidade, pensemos que o mais razoável é não ler as resenhas e as "críticas". Passa-se muito bem sem elas. Abraços!
[Leia outros Comentários de Cilas Medi]
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