Antenas quebradas | Rafael Rodrigues | Digestivo Cultural

busca | avançada
133 mil/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> DR-Discutindo a Relação, fica em cartaz até o dia 28 no Teatro Vanucci, na Gávea
>>> Ginga Tropical ganha sede no Rio de Janeiro
>>> Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania abre processo seletivo
>>> Cultura Circular: fundo do British Council investe em festivais sustentáveis e colaboração cultural
>>> Construtores com Coletivo Vertigem
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Casa de espelhos
>>> Jason Nation
>>> Roland Barthes e o prazer do texto
>>> Spam, I love you
>>> A morte da Gazeta Mercantil
>>> Mãos de veludo: Toda terça, de Carola Saavedra
>>> O poder transformador da arte
>>> Sinfonia Visual de Beethoven
>>> Eu, o insular Napumoceno
>>> Ah, essa falsa cultura...
Mais Recentes
>>> O Epicurismo e Da Natureza de Lucrecio (contem antologia de textos de Epicuro) coleção universidade de Bolso de Lucrecio( prefacio, notas e tradução de Agostinho Silva) pela Ediouro
>>> Os Aventureiros da Terra Encantada de Luis Antonio Aguiar( ilustrações Lielzo Azambuja) pela Terra Encantada
>>> Sidarta - Col. O globo 8 de Hermann Hesse pela O Globo (2003)
>>> Risco Calculado de Robin Cook pela Record (1996)
>>> Marcador de Robin Cook pela Record (2007)
>>> 007 O Foguete da Morte de Ian Fleming pela Civilização Brasileira
>>> Duas Semanas em Roma (capa dura) de Irwin Shaw pela Círculo do Livro
>>> Textbook Of Critical Care de Mitchell P. Fink, Edward Abraham, Jean-louis Vincent, Patrick Kochanek pela Saunders (2005)
>>> A Inquisição na Espanha de Henry Kamen pela Civilização Brasileira
>>> So O Amor E Real de Brian L. Weiss pela Salamandra (1996)
>>> Shike - O Tempo dos Dragões livro 1 de Robert Shea pela Record (1981)
>>> A Revolução Russa ( em quadrinhos) de André Diniz pela Escala (2008)
>>> O Pimpinela Escarlate do Vaticano de J. P. Gallagher pela Record
>>> Dicionário das Famílias Brasileiras - Tomo II (volumes 1 e 2) de Antônio Henrique da Cunha Bueno e Carlos Eduardo pela Do Autor (2001)
>>> Todas as Faces de Laurie de Mary Higgins Clark pela Rocco (1993)
>>> Toxina de Robin Cook pela Record (1999)
>>> O Fortim de F. Paul Wilson pela Record (1981)
>>> A Fogueira das Vaidades (capa dura) de Tom Wolf pela Círculo do Livro
>>> O Canhão de C. S. Forester pela Círculo do Livro
>>> Grandes Anedotas da História (capa dura) de Nair Lacerda pela Círculo do Livro
>>> Um Passe de Mágica (capa dura) de William Goldman pela Círculo do Livro
>>> Livro Sagrado Da Família - histórias Ilustradas Da Bíblia para pais e filhos de Mary Joslin, Amanda Hall e Andréa Matriz pela Gold (2008)
>>> O Magnata de Harold Robbins pela Record (1998)
>>> A Traição de Arnaud de Bochgrave e Robert Moss pela Nova Fronteira (1981)
>>> O Processo de Franz Kafka pela Principis
COLUNAS >>> Especial Eleições 2006

Segunda-feira, 2/10/2006
Antenas quebradas
Rafael Rodrigues
+ de 4400 Acessos
+ 3 Comentário(s)

Em meu último texto, uma resenha de O soldado absoluto (biografia do marechal Henrique Lott), transcrevi o seguinte trecho do livro:

" - Presidente, o Lott não quer ser nada. Deseja vestir o pijama, e cuidar do jardim da casa que tem em Teresópolis. (...) Mas eu, se fosse você, lhe faria um apelo para continuar à frente do Exército. (...) Não acredite na conversa dos que (...) procuram jogá-lo fora do seu governo como meio de vê-lo nascer enfraquecido. Não hesite. Mande chamar o general Lott e insista para ele continuar na pasta da Guerra."

Por falta de espaço (se você clicou no link acima ou se já havia lido a coluna, notou que ela foi bem maior que as minhas anteriores) e também pensando em um próximo texto (este que você lê agora), deixei de dizer que o trecho citado foi um conselho que o então deputado federal Armando Falcão dera a Juscelino Kubitschek (não há a data exata da conversa, mas ela aconteceu pouco antes de JK tomar posse do cargo de presidente da república, em janeiro de 1956). O detalhe, catalisador desta coluna, é o fato de, naquela conversa, também estar presente o poeta e amigo de Juscelino, Augusto Frederico Schmidt. Que, aliás, fez coro com Armando Falcão, sobre a escolha de Lott para o Ministério da Guerra.

Quando li essa passagem do livro, lembrei de uma crônica de Fernando Sabino, na qual ele relatava um incidente ocorrido em uma viagem para Cuba que ele fizera junto com a comitiva de Jânio Quadros, em 1960. No grupo que acompanhava o então candidato à presidência, mais um escritor: Rubem Braga. Além de um bom número de jornalistas.

Lembrei também de outro caso envolvendo Fernando Sabino. Em 1944 ele se casara com a filha do na época governador do estado de Minas Gerais. O padrinho de casamento da noiva seria Getúlio Vargas. Para fazer uma espécie de protesto, Sabino convidou Mário de Andrade, "ilustre opositor" de Vargas, para ser o seu padrinho. Seria uma afronta ao sogro e ao padrinho da noiva. Acabou que nenhum dos dois se fez presente na cerimônia. Ocuparam seus lugares, respectivamente, Juscelino Kubitschek (então prefeito de Belo Horizonte) e Murilo Rubião, escritor e amigo de Sabino. (Maiores detalhes sobre o ocorrido em Cartas a um jovem escritor e suas respostas, de Fernando Sabino e Mário de Andrade).

O leitor pode estar confuso, pois até agora não mostrei onde quero chegar. Mas não perca a paciência, estimado leitor! Direi agora. Perguntarei, aliás.

Escritores e artistas, nos dias de hoje, não se envolvem com política como antigamente. Isso é bom ou ruim? Até que ponto? Ou não faz diferença alguma?

Em uma outra coluna citei Ezra Pound, que disse que "Os artistas são as antenas da raça". E eu completava: "O que ele quis dizer com isso? Que os escritores são aqueles que precisam estar a par do que acontece ao seu redor. Que também são aqueles que têm uma sensibilidade maior, e podem prever que algo está por vir. Se é algo de bom ou de ruim, não importa. O que importa é que os escritores são aqueles que, se presume, detêm o saber. São inteligentes, cultos, dinâmicos, interessados, polivalentes. Ou deveriam ser. Os escritores são homens que, com suas palavras, podem mudar vidas."

Me pergunto se, caso os artistas, escritores, intelectuais, fossem mais politizados, como eram há algumas décadas, o Brasil seria um país melhor. Não estou dizendo que artistas deveriam se candidatar a cargos públicos. Apenas acho que eles deveriam se aproximar mais da política, para quem sabe assim despertar, nos cidadãos comuns, um maior interesse no assunto. E, é claro, defendo que os artistas exponham suas opiniões, desde que sensatas e defendidas com bons argumentos. Sem politicagem barata.

Pensando nisso, e fazendo uma comparação com os Estados Unidos, fico inclinado a acreditar que, sim, nosso país seria melhor se os artistas fossem mais engajados. Vejamos.

O humorista norte-americano David Letterman faz, em todos os seus programas (um talk show), alguma referência a George W. Bush. Quase sempre uma piada, pegando o gancho de algum dos (são tantos!) deslizes do presidente dos EUA. E de vez em quando David leva ao programa senadores, jornalistas e ex-presidentes que procuram fazer algo pelo país. Como quando Al Gore, concorrente de Bush nas eleições presidenciais de 2000, foi ao programa para divulgar seu filme An inconvenient truth (Uma verdade inconveniente, em uma tradução literal), que procura mostrar aos americanos - e a quem mais interessar - a crise climática que o nosso planeta vem enfrentando já há um bom tempo (da qual todo mundo tem conhecimento, todo mundo vê e todo mundo sente na pele - literalmente). Mas Al Gore não apenas aponta os erros: ele propõe atitudes que, se tomadas, poderiam melhorar - e muito - o nosso planeta.

O Jô Soares até que tentou fazer algo no seu programa, quando das denúncias e apurações do famoso mensalão. Convidou jornalistas para compor uma espécie de mesa-redonda-sobre-política em seu programa e entrevistou uma série de políticos, mas não ajudou muito. Primeiro: a maioria de nossos jornalistas não é imparcial (nem o apresentador foi...). Segundo: a maioria de nossos políticos não presta mesmo.

Um exemplo? Nosso mais recente ex-presidente, que à custa da compra de deputados aprovou uma emenda que viabilizaria sua própria reeleição, critica o atual quadro político (que é basicamente igual ao que ele manteve), o atual governo (que basicamente segue as diretrizes da sua não tão ruim administração), sem sugerir melhoria alguma. Ele não faz críticas construtivas. Ele faz críticas destrutivas, que só pioram toda a situação. Quando não está fazendo isso, o nosso querido ex-presidente dá palestras por aí - cobrando caro, é claro - e assina polpudos contratos editoriais. Ou seja: cada um que cuide do seu e salve-se quem puder.

Pois. Além de nossos políticos serem incompetentes, corruptos, egoístas e outras coisas mais, nossos artistas ou fazem uma oposição burra ou apóiam políticos por razões que nem mesmo eles - os artistas - sabem.

Eu, sinceramente, me sinto perdido no meio de tudo isso (tanto que até este texto saiu meio que embriagado de indignação). Não há em quem confiar. Há, talvez, em quem menos desconfiar... Não posso afirmar com certeza que um maior engajamento por parte dos nossos artistas traria alguma melhoria para a nossa política, mas insisto: se eles fizessem isso de maneira responsável e sensata, ajudaria muito o nosso país.


Rafael Rodrigues
Feira de Santana, 2/10/2006

Mais Rafael Rodrigues
Mais Acessadas de Rafael Rodrigues em 2006
01. A história do amor - 24/7/2006
02. O soldado absoluto - 18/9/2006
03. Livro dos Homens - 7/8/2006
04. O encontro marcado: 50 anos - 16/10/2006
05. Carta de um jovem contestador - 9/5/2006


Mais Especial Eleições 2006
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
3/10/2006
02h52min
É preocupante o fato de que perdemos, paulatinamente (ô palavra maluca, composta de pau e latino), algumas (a maioria) das cabeças pensantes em língua portuguesa e recebemos ondas e mais ondas (estranhamente telepáticas) de cabeças ôcas, cabeças duras, cabeças de bagre - um mar de cabeças quase vazias com seus pequenos pensamentos obscuros. Lembro-me de Francis, nas últimas páginas de seu livro Cabeça de Negro, onde o narrador cita Yeats, the Second Coming: "..and what rough beast, its hour come round at last/ slouches towards Bethlehem to be born?" "A besta, cuja hora finalmente chegou e que ruma lentamente para Belém, para nascer?". Já nasceu, e desce dos morros, desce dos prédios das cidades, das antenas de rádio e TV, e a raça dos Guardiões aos poucos se extingue.
[Leia outros Comentários de Guga Schultze]
6/10/2006
11h19min
Atualmente, há um desencanto com a política, não só por parte da classe artística, mas também pelos jovens e a população em geral. A esquerda no poder provou não ser muito diferente dos “PSDBs” e “PFLs” do Brasil, e isso foi um grande golpe, tanto para a militância política, quanto para as classes populares, que acreditavam no pulso firme de um líder, oriundo da mesma classe social, para mudar o país. Entretanto, tornar-se alheio à política nacional não vai resolver o problema. Acredito que o maior engajamento, não só por parte dos artistas, mas também por toda população, é essencial para que ocorram mudanças efetivas na política nacional. Mas a conscientização sobre a importância da atuação do povo na política depende de uma questão muito delicada, a Educação. Enquanto as pessoas não tiverem um grau de instrução para compreender o processo político e emitir suas próprias opiniões, pensando no melhor para a coletividade, nada mudará!
[Leia outros Comentários de Fernanda da Silva]
9/10/2006
17h13min
Concordo em gênero, número e grau com a Fernanda da Silva. Sem educação, a coisa continuará nas trevas. E acrescento: também no âmbito dos artistas é preciso que aconteça uma "reeducação". É preciso que se pense um pouco mais seriamente e que se deixe de lado a triste pseudo-intelectualidade que impera nesse meio. Como sempre, o exemplo vem de cima... A "chefia" da Cultura neste nosso pobre Brasil teria de ser exercida por alguém realmente culto, por um intelectual verdadeiro. Alguém que tenha capacidade para discutir e argumentar com profundidade. Conseqüentemente, alguém que pense seriamente que cultura não é apenas mostrar shows de música, de danças e folclore, mas também literatura de peso e conteúdo.
[Leia outros Comentários de Ryoki Inoue]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Sociologia - introdução à ciência da sociedade
Cristina Costa
Moderna
(2001)



Cultura Organizacional
André Eduardo Godoi Lourenço
In House
(2015)



Reformas Religiosas 437
Flávio Luizetto
Contexto
(1989)



Um Mundo Dentro de um Mundo
Anne K. Edwards
Pensamento
(1994)



O Direito à Assistência Humanitária
Vários autores
Garamond
(1999)



Les Défis Du Management
Michel Kalika
Liaisons
(2002)



Livro Psicologia A Vida Sempre Tem um Sentido? Como Encontrar Significado nos Altos e Baixos da Sua Jornada
Alberto Nery
Paidós



Livro Fábrica de Almas (em Busca de Deodato Amâncio)
David a Cohen
M. Books
(2005)



Uma Paixão por Cultura
Carlos Eduardo Paletta Guedes
Fundamento



França - Grandes Civilizações do Passado
John Ardagh e Colin Jones
Folio
(2007)





busca | avançada
133 mil/dia
2,0 milhão/mês