DIGESTIVOS
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Quinta-feira,
30/10/2003
A falta que você me faz
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 147 >>>
Não há dúvida de que quem abriu caminho para as guitarras distorcidas na música brasileira foi o selo Banguela (criado pelos Titãs), cujo maior expoente foi a banda brasiliense Raimundos. É possível, claro, identificar movimentos de música barulhenta “avant la lettre”, como o incipiente “punk rock” brasileiro e o “heavy metal” tupiniquim de repercussão internacional, que tiveram representantes como Sepultura e Ratos de Porão. Não sobrou muito dessa gente toda, que levantou muita poeira até meados dos anos 90, mas que se descuidou, e a massa desandou. Os Raimundos, que eram vistos como promessa por roqueiros ancestrais como Rita Lee, se desintegraram (o vocalista, inclusive, se tornou evangélico). Do Ratos de Porão, a televisão brasileira herdou um apresentador: o descabido João Gordo. E o Sepultura passou por disputas dinásticas (briga entre irmãos); e por mais que Andreas Kisser tenha circulado, o conjunto nunca mais se recuperou. Mas ainda sobraram “rebarbas” e alguns empresários continuaram apostando no filão. Rádios como a 89FM insistiram no viés e bombardearam seus ouvintes com grupos como Charlie Brown Jr. – que, por mais desafinado e “chorão” que seja, teve música reestilizada por Zeca Baleiro e, em 2003, se tornou o queridinho da MTV (intimidando talentos autênticos como Los Hermanos). Em resumo: essa “tradição” que se manteve, aos trancos e barrancos, no mínimo alfabetizou uma geração inteira de músicos, produtores e técnicos de som – que, desde os anos 60, nunca souberam (e hoje sabem) gravar rock’n’roll. A ponto de estreantes como o Killi, uma banda paulistana conduzida por uma garota, soar impecável – mesmo para padrões de conjuntos internacionais (que, como eles, seguem os passos dos Ramones). E o ciclo se fechou. Em meio a letras “naïf” (nem poderia ser diferente), o Killi recupera a honestidade perdida lá atrás. Será a aurora do “rock brasileiro” no século XXI?
>>> Contando os dias - Killi - F Records
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Julio Daio Borges
Editor
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