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Quinta-feira, 21/10/2004
Dos Resultados Inversos Às Expectativas
Ricardo de Mattos
+ de 4300 Acessos

"Oh, não me enterrem na solitária pradaria
Onde os coiotes bravios vão uivar sobre mim,
Onde cascavéis silvam e o vento sopra sem fim...
Oh-h, não me enterrem na solitária pradaria.
"

Na esclarecedora introdução aos Contos de Faroeste que organizou, Jon (sic) E. Lewis afirma ser o western "a única forma de arte verdadeiramente americana". Deveras. O imaginário do faroeste é de grande força, e se não contamina a cultura norte-americana no todo, levando ao estereótipo, segue em paralelo com o conhecido destaque. Quem é reconhecido com maior facilidade pelo homem comum: Cole Porter ou John Wayne? A menção da Itália acende a lembrança do império romano e do Renascimento. Fale-se em Rússia e desfilam os nomes dos grandes escritores dos oitocentos. Refira-se à Alemanha, ou aos países germânicos, e apresenta-se uma ciranda de compositores. Fale-se, portanto, em Estados Unidos da América e uma das primeiras faces lembradas é a da cultura popular influenciada pelas coisas, pessoas e situações do "oeste bravio": ranchos, índios apaches e cherokees, gado, cavalos selvagens, botas com esporas tinindo, armas, mulheres dispostas à luta, jogo de cartas, tiroteios, xerifes, duelos em ruas entre casas de madeira, diligências, fortes militares.

Eis um conjunto de breves narrativas que recebi sem muito calor e li com grande prazer. Entretanto, o principal veículo de divulgação da cultura western foi o cinema norte-americano. Com pouco esforço o aficionado ao gênero lembra e cita alguns títulos, por exemplo, do cinema italiano. Aquele, porém, vem na frente d'este. Vários dos grandes astros e estrelas participaram dos "filmes de cowboy" e os primeiros contos e romances adaptados foram de faroeste. Na coletânea, há contos de autores como O. Henry, cujo personagem Cisco Kid aparece no primeiro filme d'este tipo do cinema falado, o No Velho Arizona, de 1.929. Bertha Bower - O Rei do Rodeio - e Max Brand - Atire A Primeira Pedra - foram escritores e roteiristas. O ator e diretor John Ford produziu vários filmes, entre eles No Tempo Das Diligências e Legião Invencível, inspirados nas obras de Ernest Haycox e James W. Bellah. O famoso Um Homem Chamado Cavalo foi baseado no conto homônimo de Dorothy Johnson. A cena inicial, mostrando um homem sendo erguido do chão por um osso que lhe atravessou o tórax, desencorajou um certo pirralho de doze anos de assistir o resto.

Alguns dos autores presentes foram prolixos ao exagero. Bertha Bower escreveu 72 romances. Zane Grey apenas cinco a mais: 77. Já Max Brand é o vencedor da prolixidade: trezentos romances ou um milhão de palavras por ano. O. Henry escreveu menos, mas sua vida assemelhou-se à de seus personagens. Acusado de fraudar o banco onde trabalhava, fugiu para a América do Sul, entrando em contato com ladrões do mesmo ramo. Voltando aos EUA, teve bastante tempo para escrever enquanto cumpria seus cinco anos de prisão. Dois outros de seus contos constam da antologia Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal. Trata-se de Ética de Porco e Jeff Peters e a Hipnose Magnética. Seu Jeff Peters pode ser aparentado com nosso Pedro Malasartes.

Da obra de Mark Twain, não foi escolhido um conto ou novela, mas trechos iniciais do romance Endurecendo O Jogo, publicado em 1.972. A escolha pelos excertos foi feliz, pois assim dá-se uma folga a A Celebrada Rã Saltadora do Condado de Calaveras. Com Jack London, representam exemplos de escritores do "faroeste literário". Dos são os estilos: o faroeste popular ou "de fórmula" e o literário. O popular foi o responsável pela disseminação e definição dos parâmetros que passaram a ser seguidos. As histórias eram publicadas nas revistas pulp, equivalentes das brochuras de papel-jornal encontradas hoje nas bancas, que pagavam um centavo de dólar por palavra.

Epitáfio, de Flávio Paranhos

O livro que me causou expectativa favorável e ao final desapontou-me é Epitáfio, do médico goiano Flávio Paranhos. Ele já publicou uma peça de teatro - O Candelabro Judeu - e o Poema Schreberiano n'uma antologia. Com o livro de contos, dá impressão de querer escrever uma obra de cada gênero. Deveria começar pela crônica. É prometido pelo autor das orelhas um conjunto de contos nos quais se poderia notas a familiaridade do autor "com a tradição filosófica, com a psicanálise, com os grandes problemas culturais e sociais da modernidade". Uma regra sempre seguida por mim dispõe que se não deve acreditar no texto das orelhas, cuja finalidade é dar publicidade, não oferecer uma crítica isenta. Se o leitor não compartilhar do ânimo, pode sentir-se logrado. Eu soube, inclusive, de alguém que recebeu a seleção de contos como presente de aniversário e passou-a adiante.

Cabe aqui a mesma consideração tecida a respeito do último livro de contos de Angela Dutra de Menezes. Uma história, um argumento que pareçam engraçados ou interessantes à primeira vista, podem ser rejeitados após certo período de descanso. As pessoas parecem ter pressa em escrever, o que revela não uma compulsão pela escrita, mas sim, uma compulsão pela fama de escritor, de "pessoa de letras". As idéias nos parecem anotadas na pressa da inspiração, mas sem receber depois desenvolvimento e forma melhores. Um d'eles, "Pensando Bem", é uma charada intelectual tentando transmitir algo das filosofias de Soren Kierkgaard e Arthur Schopenhauer. Não vai além da primeira camada de tinta. Já o conto "Armário" é a reescrita inferior d'O Arquivo, do fluminense Victor Giudice, conhecido por contar a história do funcionário que no andar de sua carreira profissional é sempre rebaixado ao invés de ser promovido, até transformar-se n'um arquivo de metal. Lamentável que as pretensões literárias de alguém encontrem tão logo um epitáfio.

Para ir além






Ricardo de Mattos
Taubaté, 21/10/2004

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