O Valor da Ideia | Daniel Bushatsky | Digestivo Cultural

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Segunda-feira, 4/10/2010
O Valor da Ideia
Daniel Bushatsky
+ de 5200 Acessos
+ 2 Comentário(s)


LIANA TIMM© (http://timm.art.br/)

Como mudar uma ideia? O filme A Origem, com Leonardo DiCaprio, discute não só isto, mas também qual é o valor de uma ideia. No thriller, que tem direção e roteiro de Christppher Nolan, o personagem de DiCaprio precisa entrar no sonho do herdeiro de uma grande empresa para que este dê outro destino para os negócios do pai, em vez do que está pré-definido no testamento, que é a continuidade da empresa. É uma espionagem industrial de última instância. Não é somente roubar a "novidade", mas sim alterá-la.

Isto só seria possível caso eles conseguissem entrar em uma terceira dimensão do sonho, ou seja, o sonho dentro do sonho dentro de outro sonho. A ideia central é que só atingindo o subconsciente você consegue alterar a raiz de um pensamento primário, como, no caso do filme, manter/alterar o império construído pelo pai.

Alterar pensamentos das pessoas é dificílimo. Imagino que dê no mesmo se a pessoa é estudada ou não. A primeira terá vários meios de barrar a invasão do sonho, questionando as novas verdades plantadas. Já a segunda, pela potencial simplicidade, terá verdades pré-estabelecidas, verdadeiros dogmas a serem transpostos.

Os candidatos desta eleição deveriam ver o filme. Pois das duas, uma: ou seria de grande valia para as campanhas pararem de achar que somos muito ingênuos e que ouvir os filhos da Marta Suplicy dizerem que a mãe é legal ajuda a conquistar eleitores e que o pagode de Netinho pode convencer uma pessoa a votar nele, ou realmente está muito fácil convencer a sociedade a votar.

Na verdade, acho que a segunda opção é mais real. Poucos dão valor às ideias. Votamos pela aparência, carisma ou poder do candidato, sem nos questionar se suas propostas são válidas ou factíveis.

A pensadora política Hannah Arendt, no seu livro Entre o Passado e o Futuro discute com maestria que valor é um bem social e depende da época: "Valores são bens sociais que não têm significado autônomo, mas, como mercadorias, existem somente na sempre fluída relatividade das relações sociais e do comércio. Através desta relatividade, tanto as coisas que o homem produz para seu uso como os padrões conforme os quais ele vive sofrem mudança decisiva: tornam-se entidades de troca e o portador de seu valor é a sociedade e não o homem que o produz, usa e julga".

Interessante pensar que, se o valor da ideia muda dependendo dos costumes da sociedade, os candidatos poderiam ter um leque maior de propostas criativas em diferentes momentos. Será que isto realmente acontece?

Acho que sim. Aristóteles pregava que a democracia da pólis servia para dar "uma boa vida aos cidadãos", mas não ligava de subjugar mulheres e de ter escravos. Ao contrário, eram necessários para que houvesse a possibilidade do exercício da democracia.

Hoje isso seria impossível. Escravos, em tese, não existem. E as mulheres, também em tese, não são subjugadas. Mudou-se a época e os valores.

Mas se os valores são bens sociais e estamos elegendo candidatos que em nada nos representam, o que está acontecendo? A verdade é que o preço da ideia está custando "zero real".

Vivemos em uma sociedade massificada e alienada. O importante é consumir e, não, pensar. O comportamento deve ser uniforme, automatizado, o que deixa fácil para os publicitários a campanha política. Eles não precisam entrar nem na primeira camada de sonho para convencer a maior parte da população. Basta fazer afirmações vazias e uma boa maquiagem. É a ideia sem valor!

Para isto mudar, uma verdadeira revolução deveria acontecer. Uma tomada de consciência. Teríamos que ter vontade de mudar, pensar em soluções e propostas recebidas ou por nós ofertadas e, por fim, julgá-las. Utópico, não?

O preço da sua ideia somente subirá quando ele for um bem difícil de conseguir. Um luxo! Hoje, ela seria vendida nas lojinhas de 1 real.

Para as eleições ou qualquer outra tomada de decisão precisamos seguir o caminho da verdade; seria o apego à verdade (satyagraha) pregado por Gandhi para conseguir a independência da Índia. O bonito da história é que a independência veio não pelo uso da violência, mas sim pelo uso da razão.

Ou seja, está longe de o preço de uma boa ideia subir. Enquanto isso não acontece, vou sonhando, profundamente, com o valor desta ideia!


Daniel Bushatsky
São Paulo, 4/10/2010

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
11/10/2010
13h39min
O que precisamos ficar atentos, nos filmes de época, é nos costumes e na filosofia de mundo em que eles viviam. Não podemos ver um filme que fale do perídodo antigo colocando no contexto valores do mundo contemporâneo. Esse cuidado é preciso para entendermos a História.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
11/10/2010
15h19min
Os valores são "símbolos" sociais, acredito que estão enraizados em uma determinada história e mudam de acordo com as diversas novas cirunstâncias. Porém, o pensamento, a ação de "pensar" (e consequentemente de agir), não foi sempre tomado como um "valor"; outrora surgiu como aptidão inata do homem (o valor mais puro possível), outrora foi posto e "prostituído" em seu próprio ciclo dialético. A ideia surge como "valor" literalmente, capitalizada. Ao longo do tempo, os valores e os princípios não foram relegados, simplesmente passaram a viver em outros "registros" sociais. E se hoje o "valor de uma ideia" é um simples jogo de publicidade eleitoral (em jogo outros valores agregados, foram prostituídos igualmente) é culpa dos símbolos pregados em nossa vida cotidiana. É díficil apresentar um novo futuro para os "valores" sem pensar em um novo futuro para a sociedade, e consequentemente para as ideias, para o pensamento, e também para os sonhos.
[Leia outros Comentários de Juliano Kruger Lessa]
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