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Domingo, 16/6/2013
A polícia militar e o atentado à democracia
Gian Danton
+ de 5900 Acessos

Existem alguns pilares, preceitos básicos que diferenciam uma ditadura de uma democracia. Entre eles, o direito à manifestação, a liberdade de imprensa e a garantia de que ninguém será preso sem que tenha cometido um crime previsto no Código Penal.

Todos esses aspectos fundamentais da democracia foram enterrados dia 13 de junho pela polícia paulista na sua repressão às manifestações contra o aumento da passagem de ônibus. Os policiais teoricamente deveriam estar ali para evitar violência ou depredação de patrimônio público. Mas o que se viu foi o contrário.

Antes mesmo antes dos protestos, dezenas de manifestantes foram presos por porte de... vinagre! O vinagre é usado para atenuar os efeitos das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia. Não é uma substância ilegal. Todo mundo usa na salada, mas quem estivesse com vinagre naquele dia em São Paulo era preso. Uma dessas pessoas foi o repórter Piero Locatelli, da revista Carta Capital. Mesmo depois de se identificar como jornalistas, os policiais efetuaram a prisão. Ainda antes dos protestos, o fotógrafo do portal Terra também foi agredido verbalmente e preso pelos policiais, mesmo identificando-se como jornalista.



Segundo o jornalista Elio Gaspari, a PM começou a atacar os manifestantes quando a manifestação ainda era pacífica. Aliás, poucos minutos antes o comandante da PM havia aparecido diante das câmeras elogiando o movimento por ser pacífico até ali. Logo depois os policiais começaram a atacar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.

Foi quando começou também uma verdadeira caça a jornalistas. Sete jornalistas da Folha de S.Paulo foram atingidos por balas de borracha. A jornalista Giuliana Vallone foi atingida no olho por uma bala de borracha. Um outro jornalista, este da agência Futura Press, também foi atingido no olho e corre o risco de ficar cego. Giuliana, em seu perfil no Facebook, disse que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência. Quando levou o tiro, tinha saído da zona de conflito: "Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava. Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho". Um vídeo divulgado no Youtube mostra um grupo de jornalistas sendo ameaçado por policiais. Quando eles se identificam como jornalistas, os policiais começam a atirar.

Os casos de agressão a jornalistas são muitos. O fotógrafo Filipe Araújo do jornal O Estado de S.Paulo, foi atropelado por uma viatura quando fotografava um confronto na região da rua Bela Cintra, no centro. Ao ver que ele estava fotografando, a viatura avançou em sua direção até atropelá-lo.

Há quem diga que os jornalistas foram confundidos com vândalos. Impossível, a não ser que os jornalistas estivessem quebrando algo, o que acho muito difícil. Além disso, jornalistas geralmente andam em grupos nessas ocasiões, como forma de proteção, e a maioria usa crachás. A identidade de jornalista, emitida pela Federação Nacional de Jornalistas, é diferente e tem a palavra "jornalista" em destaque. Não há como confundir ou dizer que os policiais não sabiam que estavam prendendo um jornalista. Ou dizer que eles atiraram pensando que eram vândalos.



Ao que parece, havia uma tentativa de impedir qualquer registro da violência policial. O alvo, pelo jeito, era qualquer um que estivesse com uma câmera.

Exemplo disso é um vídeo gravado por pessoas que estavam em um prédio da região, que mostra a polícia atirando em manifestantes pacíficos. Quando perceberam que estavam sendo filmados, os policias começaram a atirar contra o apartamento.

E, pelos ataques aos jornalistas, dimensiona-se os ataques às outras pessoas. Uma senhora, que não participava da manifestação, levou um tiro ao sair da igreja. Um casal de namorados foi agredido em um bar, depois da manifestação, porque o policial achava que eles poderiam ter feito parte dos protestos. Caídos no chão, continuaram sendo agredidos.

A repórter do portal Terra Marina Novaes conta que uma moça que saía do trabalho pedia aos prantos para não ser presa. "Vai para a viatura e depois a gente vê", disse o policial. Por defender a moça, que nem mesmo estava participando da manifestação, a repórter chegou a ser ameaçada de prisão.

Há relatos até mesmo de crianças sendo vítimas das balas de borracha.

Não por coincidência, os ataques da PM acontecem no mesmo dia em que a justiça mineira anuncia que, a pedido do governo do estado, proibiu qualquer tipo de manifestação pública durante o período da Copa das Confederações. No mesmo dia em que o governo do Distrito Federal anuncia que fará o mesmo pedido e duas semanas antes de ser votada a PL 728/2011, que torna protestos de movimentos sociais equivalentes a atos de terrorismo. A lei, criada sob pressão dos EUA, permitiria tratar manifestantes como terroristas e deixá-los presos por até 30 anos.

Ou seja: é possível que a repressão aos protestos na Paulista, a prisão de pessoas acusadas de portarem vinagre, uma substância legal e os ataques a jornalistas seja apenas uma ponta de lança de algo muito maior.


Gian Danton
Macapá, 16/6/2013

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