Domingão, domingueira | Ana Elisa Ribeiro | Digestivo Cultural

busca | avançada
49887 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Coletivo de produtoras do Sudoeste da Bahia cria distribuidora de filmes pioneira no interior do est
>>> Laboratório da Imagem e Som da Unicamp recebe segunda Mostra de Animação Beija-Flor
>>> Ana Carolina, Lô Borges, Beto Guedes e Flávio Venturini se apresentam em São Caetano do Sul
>>> Exposição apresenta conexão entre questões políticas e ambientai
>>> Um Simples Judeu, de Charles Lewinsky, estreia no Teatro UOL com interpretação de Ricardo Ripa
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
Colunistas
Últimos Posts
>>> Mesa do Meio sobre o Primeiro Turno de 2024
>>> MBL sobre Pablo Marçal
>>> Stuhlberger no NomadCast
>>> Marcos Lisboa no Market Makers (2024)
>>> Sergey Brin, do Google, sobre A.I.
>>> Waack sobre a cadeirada
>>> Sultans of Swing por Luiz Caldas
>>> Musk, Moraes e Marçal
>>> Bernstein tocando (e regendo) o 17º de Mozart
>>> Andrej Karpathy no No Priors
Últimos Posts
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A arte assombrada
>>> Detefon, almofada e trato
>>> Um golpe na economia da colaboração
>>> Balanço Contábil
>>> Na trilha de Morricone
>>> Entrevista com João Moreira Salles
>>> Vontade de fazer arte
>>> Carona na Rede
>>> Sobre Sherlock Holmes
>>> Meu primeiro computador pessoal
Mais Recentes
>>> O Avô de Margareth de Vera Dias pela (1997)
>>> Livro A Brincadeira de Milan Kundera pela Companhia De Bolso (2012)
>>> Slumberland - A Batida Perfeita de Paul Beatty pela Todavia (2019)
>>> Livro Semântica Série Princípios de Rodolfo Ilari pela Atica (1999)
>>> O Saci e a Reciclagem do Lixo - Coleção Viramundo de Samuel Murgel Branco pela Moderna (2011)
>>> Morte ao Entardecer de Ernest Hemingway pela Bertrand Brasil (2024)
>>> Trouble With Adjectives, Adverbs And Pronouns? de David Bolton ; Noel Goodey pela Delta Publishing (2000)
>>> Eça De Queirós - Reencadernado de Clovis Ramalmete pela Martins (1942)
>>> astrologia Chinesa e os relacionamentos de Theodora Lau pela Nova Era (1998)
>>> meu livro, minha vida experiências e histórias Bíblicas de Gersiel Garcia de Souza pela Gráfica (2015)
>>> A Casa dos Espelhos de Ulysses Moore pela Prumo (2009)
>>> El Médico de Noah Gordon pela Byblos (2005)
>>> O Passarinho Engaiolado de Rubem Alves pela Papirus (1997)
>>> Book Boy de Antoinette Moses pela Cambridge (2010)
>>> Feminilidade Radical: Fé Feminina Em Um Mundo Feminista de Carolyn McCulley pela Fiel (2017)
>>> Livro Infanto Juvenis Viagem ao Céu de Monteiro Lobato pela Globinho (2016)
>>> o nariz de Cleópatra ensaios sobre o inesperado de Daniel J. Boorstin pela Civilização Brasileira (1996)
>>> Uma boa noite de sono de Deepak Chopra pela Sextante (2006)
>>> brody’s ghost book 1 (inglês) de Mark Crilley pela dark horse books (2010)
>>> Na Hora de Dormir de Michelle Kennedy pela Publifolha (2003)
>>> Livro O Mistério Do Trem Azul de Agatha Christie pela L&pm (2018)
>>> Geografia - 8ª Ano - Geração Alpha de Fernando dos Santos Sampaio e Outro pela Sm (2019)
>>> A Empresa que Parou no Tempo de John Guaspari pela Makron Books (1992)
>>> Inferno de August Strindberg pela Ed34 (2009)
>>> menino de engenho de José Lins do Rego pela Nova Fronteira (1984)
COLUNAS

Sexta-feira, 15/11/2019
Domingão, domingueira
Ana Elisa Ribeiro
+ de 2600 Acessos

Deus teria descansado no domingo. Trabalhou a semana inteira e se cansou (desta lambança). Parou para dormir, respirar, repensar, não sei. E ficou sendo assim. Tiramos a féria durante cinco ou seis dias e paramos no sétimo, em tese, a fim de recobrar as energias.

"Em tese" por quê? Porque dependendo do domingo, ele mais suga do que resolve o problema do cansaço. Tem pouca coisa mais cansativa do que uma festa de família, por exemplo. Em especial aquelas que começam antes do almoço e só terminam na abertura do Fantástico. Aliás, a musiquinha do Fantástico é um terrível sinal de que o domingo está no fim, feito um alerta, e de que a segunda-feira lá vem, puxando todo o resto da semana de trabalho.

Churrasco em família é especialmente cansativo para o dono ou a dona da casa, para o/a churrasqueiro/a (dessas coisas que os homens pensam fazer melhor), para quem se enche de álcool, para quem limpa antes e depois (o quintal, a sala, a cozinha). Mas há outras possibilidades para o domingo, como a saidinha pro restaurante lotado (todo mundo escapando da cozinha) ou a obrigação de resolver o que não damos conta de resolver no horário comercial.

Era fakenews. Domingo não é dia de descanso para todos e todas. É apenas para alguns. A coitada da avó fica preocupada a semana inteira com o famigerado almoço. Vêm os filhos e as noras, depois os amigos dos adolescentes, assim como as namoradas de primeira vez. Os agregados todos e, se bobear, algum vizinho com bom olfato. Duas ou três tias ajudam a fazer a salada, lavar a louça... então o domingo é de descanso e lazer apenas para uma parcela do povo, embora o papo depois seja o de que foi ótimo reencontrar a turma, ter todos à volta da mesa, saber as fofocas sobre casamentos, gravidezes, separações, sucessos e fracassos.

Sempre fui fã do gato Garfield (o único felino de que sou fã, aliás) e achava graça na relação dele com a segunda-feira. Ódio. Preguiça. Mas sempre tive uma dúvida: qual é pior? Domingo ou segunda? A perspectiva da segunda não é, de fato, das melhores. A depender da semana, tudo parece uma trilha infinita de coisas a cumprir e gente a encontrar (sem escolher o elenco, é claro). Mas o domingo... o domingo é também cheio de obrigações.

Tem como salvar? Tem. Um cinema com amigos/as queridos, que podem ser parentes, sabe lá; um café agradável para contemplar o fim de tarde (em algumas cidades, isso pode ser um espetáculo à parte); um jogo, um papo, uma alegria dessas que a gente escolhe, mesmo se for o almoço...; dormir. Ah, dormir (coração com a mão). Embora muita gente tenha o dormir como falta de tempo, eu cá acho das melhores coisas da vida. Não troco por nada, nem familiares, nem sexo, nem churrasco queimado, nem bebidinhas, nem coisa alguma. E como dormir revigora! Ah, sim, é a única coisa capaz de converter uma zumbi numa mulher capaz, depois de lavar a louça da família inteira.

Domingo é um ótimo dia para o trabalho. Rende que é uma beleza. Um dia bom para aquele trabalho desejado, não o compulsório. Dia de estudar, afora se o vizinho achar que precisa ligar som alto; dia de ler e escrever; dia de ficar sem relógio; dia de esquecer a TV (é um dia terrível para ver TV, show de horrores); dia de relaxar, como dizem que Deus fez. Mas tem de ser de verdade, cada um/a com o que escolheu. Senão não vale.

Nestes tempos bicudos, esquisitos, pode ser um tiro no pé falar em trabalhar no domingo. Não vou defender isso abertamente, como se concordasse com a perda sistemática de direitos trabalhistas que estamos sofrendo; ou como se fosse opcional funcionário trabalhar no domingo, sob ameaça do empresário. Óbvio que não. Domingo é dia de escolha, é o que estou dizendo. Mas, infelizmente, só alguns escolhem o que fazer.

Gasto meus domingos estudando. Dia de menos ruído dos carros, dia em que o tempo parece preguiçoso também. Dia ótimo para produzir o que for criativo, interessante. Dia bom para não ser incomodado/a. Se for para descansar, que se dê alento ao corpo e à mente.

Mas este não é um libelo contra o churrascão do tiozão. É uma carta de amor à escolha. Dia de perguntar à mamãe e à vovó o que é, de verdade, que elas querem fazer. Porque panela e louça é coisa para os outros seis dias, sacumé?

LeP



Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 15/11/2019

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Oswald de Andrade e o homem cordial de Celso A. Uequed Pitol
02. Abominável Mundo Novo de Marilia Mota Silva
03. Casa cor-de-rosa de Elisa Andrade Buzzo
04. Vale Emprego de Rennata Airoldi
05. Onde estão os ídolos juvenis dos anos 80 de Denis Zanini Lima


Mais Ana Elisa Ribeiro
Mais Acessadas de Ana Elisa Ribeiro em 2019
01. Treliças bem trançadas - 26/7/2019
02. Outros cantos, de Maria Valéria Rezende - 13/9/2019
03. Manual para revisores novatos - 21/6/2019
04. 2 leituras despretensiosas de 2 livros possíveis - 22/3/2019
05. Crônica em sustenido - 5/7/2019


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




A mulher calada
Janet Malcolm
Companhia das letras
(1995)



Internationaler Amerikanisten-Kongress - Vierzehnte Tagung - Erganzungsband
W. Kohlhammer
Von W. Kohlhammer
(1904)



Organizações Sustentáveis na Educação Superior
Fabio Garcia Reis
Cultura
(2015)



Memórias - Padre Germano
Amalia Domingo Y Soler - Pelo Médium Eudaldo Pagés
3 de Outubro
(2011)



Livro 1001 Coisas Que Aconteceram Em Brasília e Você Não Sabia
Hélio Queiroz
Senac
(2014)



Passes e Radiações -Métodos Espíritas de Cura
Edgard Armond
Alianca
(1999)



Obras Completas. Poesía, lll
Rafael Alberti
Seix Barral
(2006)



Emblema Vermelho Da Coragem
Stephen Crane
Penguin companhia
(2010)



Além do Azul do Céu
Nora Roberts
Harlequin
(2011)



Livro Administração A Bíblia da Pequena Empresa Como Iniciar Com Segurança Sua Pequena Empresa e Ser Muito Bem-Sucedido
Paul Resnik
Makron Books
(1990)





busca | avançada
49887 visitas/dia
1,7 milhão/mês