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Quinta-feira,
16/5/2019
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Numa casa na rua das Frigideiras
>>> E isso é bom, mau? um estado, numa determinada casa, numa dada rua, em certo quarto. Essa mulher agora passa em definitivo para um outro lugar e eu, alheia e afastada de uma vida que não parece minha na qual devo ou temo passar, escuto, e leio a manchete que logo se apaga da tela. Uma mulher foi encontrada sem vida numa casa na rua das Frigideiras.
por Elisa Andrade Buzzo
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Como medir a pretensão de um livro
>>> O que chamei de "pretensão" pode ser sinônimo de "presunção" e mesmo de "arrogância". Mas também pode significar "desespero", "despreparo", "exagero" e um tantinho de falta de noção. De maneira mais simples e direta, pode ser só uma pergunta: o que este livro/autor(a) pretende? Vai saber. Só mesmo nos bastidores de uma produção editorial de livro é que se pode compreender o que de fato ocorreu.
por Ana Elisa Ribeiro
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Nenhum Mistério, poemas de Paulo Henriques Britto
>>> O acúmulo de experiências, memórias e seu imediato naufragar existencial marca boa parte dos poemas, mesmo quando se fala diretamente de um caso que nos faz pensar em algum aspecto pessoal ou quando se trata de um objeto do mundo ao qual o poeta se relaciona. A memória, como no poema "Spleen 21/2", permanecerá não como elemento de preenchimento da alma do homem, mas como algo de que "acumula indiferente", guardada numa "gaveta emperrada,/ ao qual só será aberta/ na hora errada".
por Jardel Dias Cavalcanti
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Nos braços de Tião e de Helena
>>> Música caipira é o que meu pai mais gosta de ouvir. É sempre uma lembrança sorridente da infância: o pai acelerando a Brasília nas ondulações de terra batida de Santa Fé do Sul. O sol ainda brilha nesta hora: Milionário e José Rico no rádio do carro, o automóvel subindo e descendo e a vertigem e a suspensão da próxima onda deixando-nos sorrir de contentamento. Lembro-me de tudo isso enquanto digito este texto.
por Renato Alessandro dos Santos
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Era uma casa nada engraçada
>>> Em uma entrada no seu Diário, Lúcio Cardoso comenta a publicação de Crônica da casa assinada, reconhecendo alguns defeitos e prevendo que a obra "encontraria a mesma repulsa e a mesma prevenção" que tiveram os outros livros. Se há esse desdém até hoje, por outro lado é um romance que volta e meia vem sendo reeditado e mereceu até uma adaptação para o cinema, nas mãos de Paulo César Saraceni.
por Cassionei Niches Petry
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K 466
>>> Mozart está a chamar você e, agora, serão dias, meses e anos a esse chamado você ouvir, cujo nome pode até esquecer, bem como informações históricas e musicais que vier a arranjar, mas essas notas, esse conhaque, ficarão em você por toda a glória de sua existência, enquanto pra lá e pra cá, aonde quer que vá, vai ouvindo essas notas que mais de 300 anos atrás Mozart deixou para nós.
por Renato Alessandro dos Santos
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2 leituras despretensiosas de 2 livros possíveis
>>> A leitura, não raro, nos move do lugar, nos provoca, e se ela o faz, talvez acelere as partículas que movem o desejo da escrita. Pode ser. A mim sempre ocorreu isso, desde a infância, quando tomava um livro, lia-o e dele derivavam ideias que não podiam ficar contidas. Era hora de escrever. E guardar. Ou escrever e enunciar. É isto. Continua sendo assim.
por Ana Elisa Ribeiro
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Minimundos, exposição de Ronald Polito
>>> Ronald Polito nos surpreende em sua primeira exposição individual com um conjunto expressivo de trabalhos que vão de desenhos a aquarelas, de colagens a objetos. A experimentação com materiais diversos é o que guia os trabalhos do artista, e suas escolhas envolvem, principalmente, a apreciação material dos mesmos, ou seja, sua textura, peso, forma, tamanho e cor.
por Jardel Dias Cavalcanti
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Famílias terríveis - um texto talvez indigesto
>>> Conheço filhos que viajam com os pais por toda a vida. Filhos, netos, genros, noras, periquitos, cães de estimação, todos de mala e cuia, juntos na aventura, por céu ou por terra. Acho digno, como diz a turma hoje. Irmãs que combinam passeios; primos que marcam idas à praia ou ao resort; netos que vão ao cinema com os avós ou tios. Conheço alguns que se abraçam depois de adultos, até os que andam de mãos dadas. Dia desses vi pai e filho andando abraçados no shopping. Meus olhos chegaram a marejar. Em seguida, desejei sorte a eles.
por Ana Elisa Ribeiro
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O Carnaval que passava embaixo da minha janela
>>> Embaixo da janela do meu apartamento passavam os foliões para o Carnaval. E eram coloridos em seu desengonço, com glitter, algum confete esparso, chapéus e shortinhos, cada um deles aumentando o compacto bloquinho que terminava seu cortejo na saída do Elevado na Barra Funda, pulsando de penugens e concentrados na voz estridente e metalizada de uma cantora de marchas inaudíveis.
por Elisa Andrade Buzzo
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A menos-valia na poesia de André Luiz Pinto
>>> O poeta André Luiz Pinto acaba de publicar seu nono livro de poesias, Migalha. O livro mistura poesia e pequenas peças que poderíamos chamar de prosa. É um livro em que os poemas são atravessados por uma mistura de melancolia, descontentamento, raiva, descrença e alguma ira - desde a escolha do título, e o poema que dá corpo ao título, Migalha, até poemas que parecem incorporar uma "autobiografia social", como "Prazer, esse sou eu..."
por Jardel Dias Cavalcanti
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Lançamentos de literatura fantástica (1)
>>> Em um cenário em que vemos grandes livrarias fechando as portas e editoras passando por problemas financeiros, é interessante observar que a literatura fantástica segue com um volume interessante de publicações. Embora avanços tecnológicos e novos hábitos sejam um desafio estratégico para o mercado editorial, é importante notar que o público leitor continua aí. É preciso chegar até ele.
por Luís Fernando Amâncio
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Cidadão Samba: Sílvio Pereira da Silva
>>> Sílvio Pereira da Silva (1935-2001) nasceu e morreu no Rio e, não fosse este disco, sua voz ficaria registrada em vinil apenas em A voz do samba (1973), que contém duas faixas suas gravadas com outros parceiros, "Amor de raiz" e "Escrevi". Mas é em Silvinho e suas cabrochas que ele interpreta canções das mais finas iguarias reservadas ao samba.
por Renato Alessandro dos Santos
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No palco da vida, o feitiço do escritor
>>> O anfiteatro (1946) e O enfeitiçado (1954) são as duas novelas de Lúcio Cardoso que antecedem o monumental Crônica da casa assassinada (1959) e completam o volume As três histórias da cidade, junto com Inácio (1944). São narrativas fortes, angustiantes, no entanto ainda curtas, talvez por isso nos dando a sensação de incompletude, no sentido de obra aberta.
por Cassionei Niches Petry
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Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> Os conterrâneos do poeta não têm ideia de quem foi Múcio e nem do motivo pelo qual nomeia uma via de sua cidade natal. Sequer sabem, aliás, que era poeta; e, naturalmente, não sabem que foi um artista celebrado, considerado pelo crítico português Teixeira Bastos como "um dos primeiros poetas do Brasil" em seu tempo, dono de obra traduzida para vários idiomas e respeitada pelos pares e pelo público.
por Celso A. Uequed Pitol
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Julio Daio Borges
Editor
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