Uma mistura de Natal e Carnaval | Adriana Baggio | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Quinta-feira, 28/6/2001
Uma mistura de Natal e Carnaval
Adriana Baggio
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É feriado. É uma festa religiosa. O comércio e as ruas estão decorados. As pessoas usam parte do décimo-terceiro salário para completar o orçamento defasado pelos gastos excessivos desta época. Os presos recebem indulto, e só voltam para a cadeia depois de 5 dias. Se você acha que eu estou falando do Natal, está redondamente enganado.

O São João no Nordeste, comemorado dia 24 de junho, é tão ou mais importante que o Natal. Enquanto no sul as comemorações resumem-se às festas dos clubes, igrejas e escolas, por aqui a coisa assume proporções gigantescas. Muitas cidades do interior se preparam para receber milhares de turistas que vão comemorar o São João ao som de forró e abastecidos com cerveja e rum Montilla. Cada cidade tem o seu repertório de bandas de forró, axé e pagode (e geradores próprios) para atrair os visitantes. As pessoas alugam casas para passar o feriado, assim como o pessoal aluga casas na praia para passar o Carnaval em turma.

Ficar em João Pessoa no São João é um atraso de vida, na mesma proporção que é um atraso ficar em Curitiba no Carnaval: todo mundo viaja, a cidade fica vazia, e a festa local é mixuruca. João Pessoa teve o seu São João, mas nada que se compare às festas das cidades do interior. O quente é ir para Patos, Santa Luzia ou Campina Grande, que disputa o título de hospedeira do maior São João do mundo com Caruaru, no interior de Pernambuco.

Em Campina Grande a festa acontece no Parque do Povo, uma área imensa no centro da cidade, estruturada com barracas-restaurantes, um palco para grandes shows e diversas "ilhas de forró". As barracas-restaurantes são decoradas com motivos juninos e transformam-se em filiais dos restaurantes da cidade, desde aqueles que servem comida regional até o Bob's. A Coca-Cola também tem sua barraquinha, e uma marca de sabão em pó montou seu arraiá no Parque do Povo. As ilhas de forró são pequenos espaços cobertos, onde tocam bandas de forró pé de serra. Você entra e fica lá dançando, enquanto o pessoal do lado de fora confere o rala-bucho. No palco principal apresentam-se grandes nomes do forró e de outros estilos, assim como bandas de fama mais modesta.

Para calar a boca daqueles que dizem que a festa já está deturpada, a decoração do Parque do Povo inclui cenários representando casas antigas da cidade e um autêntico sítio do sertão. Foram construídas também três grandes réplicas: da principal igreja da cidade, do antigo prédio dos correios e do cassino onde os coronéis do sertão vinham se distrair durante as viagens de negócio.

O Parque do Povo só funciona à noite. Até 21 horas o movimento é calmo, e é possível apreciar a decoração e escolher calmamente a barraca cujos quitutes mais agradam. Depois disso, a festa é invadida por uma multidão, formada principalmente por jovens namoradeiras e namoradeiros, que impedem qualquer trânsito entre as barracas.

Campina Grande, a Rainha da Borborema, é uma atração à parte, principalmente para quem está com saudades do clima do sul (como é o caso desta colunista). São 130 km serra (da Borborema) acima à partir de João Pessoa. Parece um mundo de distância, pela diferença de temperatura, vegetação e paisagem. Não que Campina Grande seja muito fria, mas a temperatura é bem mais amena. À noite os carros ficam cobertos de sereno e sopra aquela brisa fria que faz você se lembrar da sua mãe dizendo para "levar-um-casaco-quando-sair-de-casa". No fim de semana em que estive lá, o domingo amanheceu com garoa, havia uma neblina cobrindo a serra e eu tive quase certeza de que estava em Ponta Grossa (Princesa dos Campos), próximo à Curitiba.

Voltando do devaneio, a mobilização das pessoas para o São João é impressionante. Aqui dia 24 de junho é feriado, que por azar, neste ano caiu num domingo. Na sexta-feira a cidade já estava vazia. As repartições públicas só funcionaram até meio-dia, e só voltaram na segunda após o almoço. Dia 25 de junho teve cara de quarta de cinzas. E no dia 24 até os shoppings fecharam, para que todos pudessem forrozear à vontade. Tenho a sensação de que perdi alguma coisa, porque só fui me tocar da importância da data quando já era tarde demais. Não gosto de forró e muito menos de festas que reúnem multidões, e essa data nunca teve qualquer significado especial para mim. Porém, como grande parte dos seres-humanos, tenho aquela tendência a achar que também deveria fazer se todos estão fazendo.

Na véspera da festa em todos os lugares que fui as pessoas me desejaram "Feliz São João", e eu gaguejava em resposta, estranhando o cumprimento. Na terceira ou quarta vez eu já tomava a iniciativa, e cumprimentei balconistas, vendedores, caixas de supermercado, funcionários de estacionamento. E como fiquei em João Pessoa e me recusei a ir na festa promovida pela prefeitura, faço deste texto minha participação e minha homenagem à festa de São João. Ah! Já que amanhã também é dia de santo, Feliz São Pedro!

Post Scriptum

Campina Grande tem um dos mais bem conservados conjuntos arquitetônicos de Art Déco do Brasil. O estilo nasceu na França na década de 20 e chegou ao Nordeste do Brasil em 1930. O prefeito de Campina Grande na época modernizou a cidade, substituindo o casario do século XIX por edifícios com o novo estilo. A mistura entre Art Déco e a arquitetura tradicional das casas do sertão deu origem ao Déco Sertanejo.

A prefeitura atual tem um programa de revitalização dos edifícios Art Déco. Muitos comerciantes aderiram e pintaram suas lojas segundo as regras do estilo, e os prédios antigos foram recuperados.

Para ir além

Art Déco em Campina Grande

São João em Campina Grande



Adriana Baggio
Curitiba, 28/6/2001

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