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Terça-feira, 25/4/2006
Uma homenagem a Maysa
Rafael Fernandes
+ de 8500 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Na sexta-feira, 10 de abril de 2006, deu-se início, no SESC Pompéia, a um fim de semana de apresentações em homenagem à cantora Maysa. Iniciativa do SESC-SP em parceria com a produtora Maritaca, os shows tiveram direção musical da flautista e compositora Léa Freire, com alguns arranjos da própria e outros de Laércio de Freitas, Tiago Costa, Edson Alves, Proveta, Tibô Delor, Bocato e Teco Cardoso. Ou seja, parte da nata da nata dos músicos brasileiros. Para completar, uma competente banda composta de piano, guitarra, baixo acústico, bateria, quarteto de cordas e naipe de metal com cinco integrantes - todos músicos da mais alta qualidade. E finalizando alto nível, apresentação de Miele e participação de intérpretes convidados de diferentes épocas e "praias" musicais: Pery Ribeiro, Paulinho Moska, Virgínia Rodrigues e Paula Lima. Imperdível.

Antes de falar do show em si, foquemos nos dois personagens da noite: o coadjuvante, a Maritaca, e a protagonista, Maysa. A Maritaca é uma produtora que, via shows e lançamentos de discos, fortalece o mercado da música brasileira de qualidade - com foco na música instrumental. Sim, música brasileira de qualidade. Porque paremos com essa ladainha de que qualidade é discutível, porque em certos pontos não é, e esse é o caso dos lançamentos e shows promovidos pela Maritaca. A gravadora tem lançado discos instrumentais antológicos de músicos brasileiros do mais alto gabarito, focando tanto em músicos experientes como em mais novos, com interpretações de clássicos da música nacional e novas canções, primando por arranjos e qualidade artística de primeira linha.

Maysa, a grande estrela da noite, homenageada por uma constelação de músicos, nasceu Maysa Figueira Monjardim em 1936, falecendo num acidente de carro na ponte Rio Niterói em 1977. Em 1956 lançou seu primeiro disco, Convite para ouvir Maysa. Sua vida ficou marcada não só pela música, mas também por tórridos romances e por problemas com bebida. Porém, o que fica para nós é a música e Maysa foi uma estrela com ascensão meteórica; privilegiava "músicas de fossa", como "Meu mundo Caiu", de sua própria autoria, mas sem abdicar de outros estilos. Foi uma das primeiras cantoras a gravar bossa e, por ter começado a carreira em meados dos anos 50 e também ter gravado clássicos pré-bossa como "A mesma rosa amarela" (Capiba e Carlos Pena Filho), pode ser considerada uma das "pontes" entre a música brasileira pré-bossa e pós-bossa. Gravou músicas de tendências variadas, muitas vezes transitando sem cerimônia entre o dramalhão e a elegância; lançou novos compositores e abdicou de formar uma família para dedicar-se à sua carreira, sempre com independência. E tudo isso numa época (mais) machista. Não foi pouco.

Voltemos ao show, que começou com alguns deslizes dos músicos, com necessidade de repetição de introduções e uma Virgínia Rodrigues aparentando estar um pouco insegura. Nada que comprometesse e nada como um par de músicas para ajeitar tudo. Virgínia foi se soltando e se destacou "Escuta Noel", de Maysa e "Preciso Aprender a Ser Só", de Marcos e Paulo Sérgio Valle.

Em seguida veio Paulinho Moska que, mesmo estando mais habituado ao universo pop, fez uma performance surpreendente e bastante segura, levantando o público principalmente em "A mesma rosa amarela", com ótimo arranjo de Lea Freire. Soube respeitar a beleza de "Por Causa de Você" (Tom Jobim e Dolores Duran) e a delicadeza da improvável parceria de Vinícius de Moraes e Adoniran Barbosa em "Bom Dia, Tristeza".

Dando seqüência ao entusiasmo do público, uma estonteante Paula Lima interpretou uma estonteante versão de "Dindi" (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), certamente uma das melhores da noite. Também cativou a platéia em mais uma música de autoria da própria Maysa, "Resposta", com brilhante arranjo de Tiago Costa. Paula Lima conseguiu suplantar os maneirismos black que às vezes a prejudicam (e que parece ser mania em algumas cantoras nacionais) e conseguiu performances exatas e elegantes, como as músicas pediam.

Entrecortando os shows, Miele apresentava os convidados e contava algumas histórias, alguns "causos", tal qual chegou a fazer em diversos shows com Maysa. Apesar de um pouco tenso no início e inseguro principalmente quando tinha que ler suas anotações, Miele aos poucos se soltou e quando foi o Miele de sempre arrasou - incluindo hilária imitação de uma conversa entre Tom e Vinícius. Dentre as histórias contadas, destacaram-se a de quando Ronaldo Bôscoli largou Maysa em São Paulo para ir ao Rio, mas logo voltou - algemado - para ela. Falando em Bôscoli, lendária também foi a parceria Miele-Bôscoli, que rendeu histórias engraçadas, principalmente referentes à constante confusão de que o "Miele-Bôscoli" seria um sobrenome. Miele também lembrou de quando Tom Jobim mostrou despretensiosamente a música "Por causa de você" a Dolores Duran, que escreveu uma letra no ato, sem saber que já havia uma outra, de autoria de Vinícius de Moraes. Tom, sem graça, contou a história a Vinicius que pediu para ler a criação de Dolores, para, em seguida, rasgar sua própria, deixando para a canção a letra dela.

Finalizando a participação dos convidados, Pery Ribeiro (de genes musicais, filho da cantora Dalva de Oliveira e do compositor Herivelto Martins) - o primeiro a gravar "Garota de Ipanema", nas palavras de Miele (tal gravação data de 1963) - subiu elegante ao palco e do alto de seus 69 anos apresentou-se com grande entusiasmo. A ele ficou destinada a missão de cantar alguns dos principais sucessos de Maysa: "Ouça" (Maysa); "Ne Me Quitte Pas", de Jacques Brel, num arranjo à prova de cafonice de Tibô Delor; "Demais" (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) e um dos maiores clássicos da bossa nova (sabe-se lá por quê), "O Barquinho", de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli.

Para encerrar o show, todos voltaram ao palco e cantaram "Se Todos Fossem Iguais a Você", uma das mais famosas parcerias de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Ao final dessa música, Miele voltou ao palco e se desculpou pelos deslizes e pela falta de um bis, que, segundo ele, não foi ensaiado por falta de tempo. Nem precisava se desculpar.

Em 2007 completar-se-ão 30 anos da morte de Maysa. Essa homenagem, um ano antes, vem a calhar. Bom saber que ainda existem homenagens que não precisam de datas redondas para acontecer. Esperamos que, para as figuras que marcaram positivamente o Brasil, haja homenagens e lembranças em qualquer época, com respeito, mas sem demagogia ou ufanismo.

Nota do Editor
Todas as fotos são de autoria de Fernando Sciarra.


Rafael Fernandes
São Paulo, 25/4/2006

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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/4/2006
23h19min
Caro Rafael, concordo com você. Sou frequentadora do SESC/SP e tenho, a cada dia, boas e gratas surpresas. Mas este show OBRA VIVA MAYSA, dirigido por Léa Freire, foi o espetáculo mais amoroso, fiel e digno da homenageada. Fui à apresentação da sexta-feira, 8/4, e toda a platéia se emocionou com Virginia Rosa e seu tom grave, em oração por Maysa; a funkeira Paula Lima e sua generosa entonação comedida e bilhante como os olhos de Maysa; Moska e seu jeito brejeiro de quem nada quer, (en)cantou a mulher Maysa; e Peri Ribeiro, eterno apaixonado tinha todo o direito de levar o barquinho até o rio de lágrimas que arrancou de cada um que amou Maysa. Miéle, como sempre, contou casos entre muchochos e trovoadas, dos quais Maysa certamente deu de ombros, entre um e outro sorriso, lá do céu em que se encontra. Parabéns a todos os músicos da orquestra e aos cantores. Parabéns à Léa que soube tão bem encaixar música e tonalidade a cada convidado. Saí de lá bêbada - de felicidade!
[Leia outros Comentários de Elizabeth Salgado ]
19/8/2007
17h43min
Estou de pleno acordo. Somente hoje descobri este site, quero dar os parabéns a todos que lá estiveram. Maysa foi, é e será sempre MAYSA!
[Leia outros Comentários de margarida valenzi]
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