FIT 2006: fim de uma trilogia teatral | Marília Almeida | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 8/8/2006
FIT 2006: fim de uma trilogia teatral
Marília Almeida
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Depois dos posts "FIT I" e "FIT II", resta-me dizer que acabou mais uma edição do FIT (Festival Internacional de Teatro), que me deixou com o já dito e desdito gosto de "queria ter visto mais", principalmente Assombrações do Recife Velho, baseada na obra de Gilberto Freyre e encenada pela companhia Os Fofos Encenam (muito por causa de seu cenário: um casarão antigo que coube perfeitamente no tema que tratou: o sobrenatural), além da colorida peça de rua Caetana, da pernambucana Duas Companhias. Porém, além das produções internacionais, ainda deu tempo de conferir duas nacionais bem diferentes entre si: o monólogo Um dia Antes da Floresta e o infantil Viagem ao Centro da Terra.

Produzida pela companhia paulista Brancalyone Produções Artísticas e dirigida por Francisco Medeiros, seu texto é da obra de um dramaturgo francês "maldito", o soropositivo Bernard-Marie Koltés. O ator Otávio Martins, indicado ao Prêmio Shell de Teatro, não decepciona em um monólogo tenso que começa morno e é por vezes redundante, mas sempre ascendente.

Em 70 minutos, Otávio vive um maltrapilho estrangeiro que trava um diálogo em uma esquina da louca vida noturna com um "outro" inexistente. Sua narração é vertiginosa: um diálogo impossível, em que parece falar com o triste retrato de si mesmo. A solidão é veemente e, o discurso, um retrato fiel da zoológica sociedade moderna, com seus tipos bizarros, como prostitutas que comem terra do cemitério. O cenário ajuda para criar um sentimento de desolação. Composto por um bloco que imita uma calçada, é rodeado por espelhos sujos e emporcalhados.

Utilizando-se do teatro de sombras, bonecos e projeções que rememoram os primeiros anos do cinema, a Cia de Teatro Artesanal, do Rio de Janeiro, que já havia participado do FIT com a peça Cyrano de Berinjela, montou a peça baseada no texto de Júlio Verne: Viagem ao Centro da Terra. A produção, feita no ano passado, foi patrocinada pela Prefeitura do Rio através do Fundo de Apoio ao Teatro e tem cenário e figurino inspirados nos filmes dos irmãos Lumiére e George Méliès. Com faixa etária recomendada a partir de oito anos, conta com boas atuações de Cid Borges, Edeilton Medeiros, Kátia Kamello e Nilton Marques.

Passada no século XIX, nela o teimoso Professor Lidenbrock e seu sobrinho Axel empreendem uma viagem para o centro da terra quando conseguem desvendar o segredo de um pictograma. Os diálogos são fiéis à precocidade da faixa etária a qual se destina. A impressão é de que tudo acontece ao mesmo tempo, agora. E o grupo tem a seu favor o fato de utilizarem diversos meios, o que deixa a criançada estarrecida com tanta informação e, conseqüentemente, com a respiração suspensa. E o melhor da peça: não trata a criança como "criança", apesar de se utilizar do elemento fantasia a cada segundo. Tudo é muito rico na narrativa e a volta a tecnologias antigas em meio à "geração IPOD" consegue surpreender.

Por fim, em um balanço do evento, muito se disse que o FIT é, mais do que uma mostra de produções nacionais e internacionais, um painel de ousadias. Isto é confirmado em certo sentido através desta pequena mostra do festival que pude contemplar. São produções de grupos desconhecidos e, outros, nem tanto. Que ganha pontos ao mostrar muitos espetáculos fora do circuito teatral SP-RJ e, definitivamente, de difícil acesso. Afinal, o teatro, infelizmente, ainda sofre com o bairrismo, queiramos ou não. Além disso, acertou ao mostrar produções internacionais em que, na maioria, a barreira da língua não é o problema, pois utilizam muitos recursos visuais e, com isso, transpõem grandes distâncias culturais e educacionais, tão tristemente reais em nossa sociedade brasileira.

Após estas conclusões, não é surpresa que o FIT se configure em um festival que tem ampla tradição do alto de seus mais de 30 anos, apesar de ter obtido o formato atual somente a partir de 2002. Antes, ele era um painel competitivo, com direito a premiações. A edição de 2006, especificamente, inovou ao chamar críticos conhecidos como Antonio Hildebrando, Tânia Brandão e Antonio Cadengue, para cobrir todas as produções exibidas e dar a cara para bater.

Porém, antes do show acabar, o melhor, leitor, é saber que, caso este humilde relato o tenha deixado com água na boca e com vontade de experimentar as mais diversas sensações que estes espetáculos proporcionaram, muitos deles seguem em cartaz em outros estados e cidades.

A produção francesa Aberrations du Documentaliste (Aberrações de um bibliotecário) esteve em cartaz no Sesc Santana, em São Paulo, até o dia 06 de agosto. Já a peça russa Noite de Reis, texto de Willian Shakespeare produzido pelos criadores e diretores da Cia. Cheek by Jowl, grande decepção do FIT pela sua não-apresentação, abriu a Estação de Teatro Russo Brasil 2006 nos dias 25 e 26 de julho. Composta por mais quatro produções, a mostra será apresentada em diversas unidades da rede SESC até o dia 08 de outubro.

Outros estados da região sudeste também puderam ficar tranqüilos. Les feuilles qui resistent au vent (As folhas que resistem ao vento), de Koffi Koko, e a espanhola Uma madre coraje y sus hijos em el purgatório (Uma mãe coragem e seus filhos no purgatório) participaram da 8º edição do FIT em Belo Horizonte, versão mineira do festival que conta com basicamente os mesmos patrocínios, exibe muitas peças do FIT de Rio Preto e terminou dia 06 de agosto. Já a francesa Aberrações de um Bibliotecário pôde ser conferida pelos paulistas em sua temporada no SESC Santana, que terminou no dia 06 de agosto. Mas ainda dá tempo de ver a peruana Cuentos Pequeños (Contos Pequenos), que fará temporada no Rio de Janeiro e Assombrações do Recife Velho, em temporada no SESC Santana de 12 de agosto até o dia 10 de setembro.


Marília Almeida
São Paulo, 8/8/2006

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