8 de março: não aos tapas, sim aos beijos | Adriana Baggio | Digestivo Cultural

busca | avançada
95668 visitas/dia
2,1 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Trama provocadora ambientada nos anos 80, “Zero Grau” estreia no Cine Joia, em Copacabana
>>> “Jazz Proibidão” recebe diversas atrações na Arena Samol, na Gamboa
>>> “Luara e as Comadres” mostra a força da mulher no Samba em série de shows no RJ
>>> Convite Ecoarts Amazônia – Inauguração da Casa da Floresta e Lançamento do livro Sementes da Mudança
>>> Nouveau Monde
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Two roads diverged in a yellow wood
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
Colunistas
Últimos Posts
>>> As Sete Vidas de Ozzy Osbourne
>>> 100 anos de Flannery O'Connor
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Two roads diverged in a yellow wood
>>> Literatura e interatividade: os ciberpoemas
>>> A Vida de Pi
>>> Breve análise sobre Umberto Eco
>>> I’ve been up, I’ve been down
>>> Necrológico da Biblioteca
>>> Twitter ultrapassa NYT e WSJ
>>> Por que os livros paradidáticos hoje são assim?
>>> A Mentira, de Nelson Rodrigues
>>> Uma norma para acabar com os quadrinhos nacionais?
Mais Recentes
>>> Livro Composto Mercadológico de Vários Autores pela Kls
>>> Tudo é Química de Carol Sanches pela Quintal Edições (2022)
>>> A Terra Oca - a descoberta de um mundo oculto de Raymond Bernard pela Record
>>> Deserto, Desertos de Unknown Author pela Vozes (2007)
>>> Ciência secreta dos golfinhos: introdução aos processos energéticos, essenciais florais e vibracionais Golfinhos de Lais Cristina Medici pela Da Autora (2005)
>>> How To Remember Jokes And 101 Drop-dead Jokes To Get Started de Philip Van Munching pela Workman Publishing Company (1997)
>>> Sindrome do Estrangeiro [1998] Málu Balona de Málu Balona pela Instituto Internacional de Projeciologia (1998)
>>> O Mundo Agradece! Coisas do Japão de Nippon Saihakken Club pela Nikkey Shimbun (2019)
>>> Na Hora do Testemunho de Francisco Cândido Xavier / J. Herculano Pires pela Paideia (1978)
>>> O Caminho Para Uma Vida Perfeita de Vernon Howard pela Record
>>> Lançamento Tributário de Eurico Marcos Diniz de Santi pela Max Limonad (1999)
>>> Ensinar A Viver: Manifesto Para Mudar A Educacao de Edgar Morin pela Sulina (2015)
>>> Como Ensinar Seu Bebê a Ler A Suave Revolução de Glenn Doman pela Artes e Ofícios (1990)
>>> História do Turismo de Massa de Marc Boyer pela Edusc (2003)
>>> Tai Chi Chuan A Alquimia do Movimento de Wu Jyh Cerng pela Mauad (1998)
>>> Um Milagre, Um Universo O Acerto De Contas Com Os Torturadores de Lawrence Weschler pela Companhia Das Letras (1990)
>>> Livro Temas Da Conscienciologia Waldo Vieira 1997 de Waldo Vieira pela Fisicalbook (1997)
>>> Seducidos Por El Accidente de Paul Virilio; David Barro, Stéphanie Jennings; Annick Prévot (tr.), David Barro; Agar Ledo pela Fundacion Luis Seoane (2005)
>>> As Cinco Pessoas Que Você Encontra no Céu de Mitch Albom pela Sextante (2004)
>>> A Boa Sorte: Criando as Condições de Sucesso na Vida e nos Negócios de Fernando Trías de Bes pela Sextante (2004)
>>> As Aventuras de Tintim - os Charutos do Faraó ( Capa Dura ) de Hergé pela Flamboyant
>>> Tintim no país do Ouro Negro - 22 de Herge pela Record (1970)
>>> As aventuras de Tintim - as joias da castafiore - 20 de Herge pela Record (1972)
>>> Oh La La! Level 1 - methode de français de C. Favret - M. Bourdeau - I. Gallego pela CLE International (2003)
>>> O Tempo É Uma Ilusão de Chris Griscom pela Siciliano (1989)
COLUNAS

Quinta-feira, 10/3/2005
8 de março: não aos tapas, sim aos beijos
Adriana Baggio
+ de 3800 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Na terça-feira, quando cheguei ao trabalho, só havia um colega na sala. Ele me abraçou, deu parabéns e desejou um feliz Dia da Mulher. Depois, talvez com medo da minha reação, comentou que algumas pessoas não gostam de comemorar essa data. As feministas mais arraigadas sentem-se ofendidas e consideram o dia 8 de março um dos sintomas do preconceito e da segregação entre homens e mulheres.

Tranquilizei meu colega agradecendo o gesto. Eu gosto de comemorar e fico feliz que existam homens gentis e delicados que lembram disso e que dão parabéns às suas esposas, namoradas, familiares e colegas de trabalho. Assim como também aprecio um homem que abre a porta do carro, puxa uma cadeira no restaurante e deixa você entrar ou sair primeiro do elevador. Mas existem mulheres que não gostam disso.

A razão para muitas delas é o desejo de tentar ser coerente com as reivindicações de igualdade entre homens e mulheres. Assim, se queremos ter direito de fazer tudo que os homens fazem, devemos aceitar o pacote de deveres também. Nessa ótica, não tem por que os homens fazerem pela gente algo que não faríamos por eles.

O grande problema dessa linha de pensamento é confundir igualdade de sexo com igualdade de gênero. Sexo é biológico, gênero é social. O que as mulheres devem exigir (e trabalhar para obter) é que não haja diferenças sociais entre nós e eles. Estou muito satisfeita em ser biologicamente mulher e não gostaria de ser homem, mesmo tendo que me submeter a rituais bárbaros como manicure, pedicure e depilação. No entanto, socialmente, não acho justo ter um salário menor que um homem quando estamos nas mesmas condições profissionais, apenas por ser biologicamente mulher.

Quando as mulheres colocam o foco no que realmente precisa ser feito, aspectos como as atitudes cavalheirescas dos homens deixam de representar um anacronismo para adquirirem o sentido que realmente têm: o de gentilezas que as pessoas fazem umas pelas outras, às vezes sem se conhecerem, e que com certeza tornam o mundo muito mais civilizado.

Ao dirigir o foco da igualdade para o que realmente interessa, estaremos falando de coisas muito mais importantes e sérias, pelas quais vale a pena se indignar: diferenças salariais, violência doméstica, direito a decidir o que fazer com o próprio corpo. Por isso, antes de achar que comemorar o Dia da Mulher é assumir uma segregação, é preciso lembrar da origem dessa data e do seu significado para a luta por condições melhores para as mulheres.

Ao contrário do Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados, o Dia da Mulher não é uma data comercial, criada para aquecer a economia em épocas de vendas baixas. A data foi escolhida porque em um 8 de março do século XIX, mais de 100 mulheres morreram em um incêndio na fábrica onde trabalhavam. Elas estavam em greve e reivindicavam salários iguais aos dos homens e diminuição na carga de trabalho de 16 horas diárias.

Ataualmente, não se prende mais grevistas nas fábricas para atear fogo nelas, mas o problema dos salários continuam. Assim como o da violência doméstica. Mesmo que hoje as mulheres estudem, trabalhem e até votem, em casa ainda são submetidas a tratamentos típicos de eras menos civilizadas. E o pior é que esse assunto ainda é tabu. As pessoas não gostam de falar nem de saber disso. Parece algo que acontece somente em barracos de favelas e entre homens bêbados e mulheres que gostam de apanhar. Mas pode estar ocorrendo na casa da mulher que está ao seu lado no trabalho, no shopping, no restaurante, na boate.

Mesmo que hoje esse assunto tenha muito mais visibilidade, as estatísticas mostram que é apenas a ponta de um enorme iceberg. Os motivos para que a maioria dos casos não seja conhecida são muitos: medo (de sofrer mais agressões, de não ter para onde ir), vergonha (da família, que muitas vezes protege o agressor, dos colegas de trabalho, dos amigos), certeza da impunidade. Quando a vítima depende do agressor e não tem meios de mudar essa situação, quando a sociedade e a família não apoiam a mulher agredida e quando a justiça raramente pune (e quando o faz, sua mão é tão leve que não intimida ninguém), estamos falando de uma violência institucionalizada. Ela pode até ser combatida no discurso, mas, na prática, encontra um ambiente fértil para continuar existindo.

De todos os problemas que as mulheres enfrentam hoje, acho que esse é o mais grave, por atingir o que as pessoas têm de mais precioso: a dignidade. Além do mais, é algo que acontece no âmbito das relações afetivas e familiares. Salários desiguais e direito ao aborto são questões de uma amplitude maior, da esfera social. Mas a violência doméstica acontece entre pessoas que, teoricamente, têm laços de amor mais profundos entre si do que com qualquer outra. Esse é o grande paradoxo.

Por tudo isso, acredito que o Dia da Mulher é uma excelente oportunidade para questionar essas situações e cobrar atitudes do governo e da sociedade que ajudem a mudar a realidade. O que não impede, também, que se comemore a data com leveza e alegria, aproveitando para dar e receber carinho. O parabéns de um homem pelo Dia Internacional da Mulher não precisa ser rechaçado como hipocrisia. Vamos manter foco: curtir o que é bom e questionar o que realmente está errado e precisa ser modificado.


Adriana Baggio
Curitiba, 10/3/2005

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Dexter Versus House de Duanne Ribeiro
02. O hiperconto e a literatura digital de Marcelo Spalding
03. Seguindo com arte de Taís Kerche
04. A revolução de saber das coisas de Marta Barcellos
05. Considerações de um Rabugento de Abdalan da Gama


Mais Adriana Baggio
Mais Acessadas de Adriana Baggio em 2005
01. A importância do nome das coisas - 5/5/2005
02. Traficante, sim. Bandido, não. - 16/6/2005
03. Por que eu não escrevo testimonials no Orkut - 6/10/2005
04. O erótico e o pornográfico - 20/10/2005
05. É preciso aprender a ser mulher - 4/8/2005


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
10/3/2005
10h56min
Cara Adriana: apreciei seu texto e gostaria apenas de comentar que o dia 8 de março é uma oportunidade de reflexão também sobre as conquistas femininas. O órgão público para o qual trabalho está sendo administrado por uma mulher, uma juíza, que está sucedendo outra mulher, cuja gestão foi plena de realizações, entre elas a inauguração do Fórum Trabalhista. Minha esposa é médica, mantendo uma clínica sempre cheia de pacientes, muito bem atendidas. Minha filha, aos dezesseis anos, é estagiária e estudante. Há poucas décadas, as mulheres sequer votavam. Eu tenho muito orgulho dessas mulheres que me cercam e de suas conquistas. Para todas as questões há sempre dois lados, como uma moeda. Eu prefiro ser otimista e citar as coisas boas que estão sendo feitas por vocês, mulheres maravilhosas, verdadeiros exemplos e real significado de nossas vidas.
[Leia outros Comentários de Marcelo Zanzotti]
10/3/2005
16h27min
Cara Adriana, poderia iniciar meu texto citando o feito de: Melanie Klein, Hannah Arendt, Simone Weil, Golda Meier, Margareth Thatcher, Susan Sotang entre outras. Há mulheres independentes(sic) que subjugam mulheres semi-escravas: babás, faxineiras, empregadas domésticas. Quanto ao comércio, sugiro que confira, evidentemente, para uma determinada classe, o faturamento de lojas: de flores, jóias e perfurmes. Mas, aproveito o espaço para dar destaque a uma mulher que fez história e que contribui, em muito, com a leitura do que ocorre hoje. Seu nome - Rosa Luxemburgo e sua célebre frase "Socialismo ou barbárie". Acredito que devamos deixar a formação biológica de lado, afinal já é possível escolher se a sociedade deseja que nasça homem ou mulher. Devemos estar atentos para os rios de sangue que o tal do "pensamento único" produz nas palavras de Luxemburgo as classes dominantes ou o neoliberalismo "derramam... rios de sangue, todas elas marcham sobre cadáveres, assassínios e incêndios, instigam guerras civis e traição, a fim de defender os seus pivilégios e o seu poder (...) cidades tornadas ruínas, dos países transformados em desertos, das aldeias que viraram cemitérios, de nações inteiras que se tornaram mendingas." Recentemente, no Cairo, Amr Moussa dirigente da Liga Árabe afirmou sobre a guerra do Iraque "os portões do inferno estão abertos no Iraque". E com o diabo (sic) solto o que vivemos é a mais terrível das barbáries, com homens, mulheres e crianças subjugados. Como não creio nos homens e nas suas instituições e não creio em mim só me resta a devassidão.
[Leia outros Comentários de luiz fernando c. da ]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Emotions and Memory
David Rapaport
Science
(1961)



Código Civil e Legislação Civil Em Vigor
Theotonio Negrao
Saraiva
(2014)



O Que É Conservadorismo
Roger Scruton
Realizações
(2015)



1808 - como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram napoleão e mudaram a história de portugal e do brasil
Laurentino gomes
Planeta
(2007)



Controle Robusto Multivariavel: O Metodo Lqg- Ltr - Coleção Academica
José Jaime Da Cruz
Edusp
(1996)



Literatura Estrangeira Robin Hood O Salteador Virtuoso
Joel Rufino Dos Santos
Scipione
(1976)



Longevidade do Cérebro
Dharma Singh Khalsa
Objetiva
(1997)



O Romano
Mika Waltari
Itatiaia
(1980)



Mano Descobre A Ecologia
Heloisa Prieto
Ática
(2002)



Para Gostar de Ler - Historias de Amor
Lygia Fagundes Telles
Atica
(2004)





busca | avançada
95668 visitas/dia
2,1 milhões/mês