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Quarta-feira, 2/11/2011
Sobre Jobs e Da Vinci
Noah Mera
+ de 5100 Acessos

Diz a sabedoria convencional que todos viram santos depois de mortos. Assim foi com Steve Jobs, reconhecido ainda em vida como gênio criativo, visionário e ícone da cultura digital. Jobs depois de morto foi comparado com Leonardo da Vinci, Thomas Edison e até John Lennon, JFK e Martin Luther King (os três últimos por seu amigo e sócio o igualmente genial Steve Wozniak). As comparações - justas ou injustas - dão o tom dos lugares no imaginário coletivo ocupados por Steve Jobs.

O empreendedor criou um império a partir da garagem de casa, foi deposto para voltar triunfante anos depois e levar sua empresa de marca de nicho ao lugar que hoje ocupa no imaginário coletivo e no mundo dos negócios. Uma história de superação do inicio da era nerd no melhor estilo hollywoodiano. Falando em Hollywood, recomendo o filme Piratas da Informática para qualquer um que queira entender a importância de Jobs para o mundo da computação pessoal.

Mas assim como o ditado que abre esta coluna, existe também a figura folclórica das comadres/compadres aos cantos dos velórios que, diante da deselegância em falar mal do morto em voz alta, ficam a cochichar os pecados do defunto pelos cantos. E assim foi com Jobs e sua vigília virtual. Para cada usuário louvando as glórias de Jobs, havia outro comentando sua crueldade para com os funcionários, contestando a presença de Jobs no dia-a-dia do cidadão comum, sua genialidade, lembrando seus fracassos, a divida da Apple para com os explorados empregados chineses que fabricam seus produtos.

Como no antigo Egito, pesado o coração de Jobs contra a pena da verdade, sua alma parece merecer o esquecimento, largada aos crocodilos e não o altar ao qual está sendo alçado.

Claro que o empresário e inventor era humano, e tinha tantas falhas quanto qualidades, e deve ser lembrado por ambas.

Mas algo que incomoda nos elogios é o exagero. É um tanto caricato comparar Jobs com Martin Luther King por todas a questão da China e sua postura de negócios e personalidade agressiva sem falar na total separação de esferas de atuação. Thomas Edison registrou 2.332 patentes, enquanto Jobs tinha 313 patentes registradas em seu nome - é uma bela distância do maior inventor de todos os tempos (tenho cá pra mim que a figura excêntrica de Jobs e sua característica de visionário combinam mais com a do rival de Edison, Jobs seria um Tesla que deu certo).

E por fim a comparação que parece mais estapafúrdia - da Vinci. Leonardo da Vinci é considerado a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido, foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor arquiteto, botânico, poeta e músico - o arquétipo do homem renascentista. É no momento histórico que creio residir o ponto de contato de Jobs com da Vinci.

A renascença foi um período de profundas alterações nas mais diversas áreas da vida humana. Cultura, sociedade, política e religião foram profundamente alterados durante o renascimento na esteira do resgate dos ideais da antiguidade clássica como o antropocentrismo, hedonismo, racionalismo e individualismo. Ideais que a cultura digital potencializou até testar seus limites (principalmente no que tange ao hedonismo e ao individualismo, sobre o qual o Wellington Machado já discorreu aqui no digestivo) em uma época que ainda promete transformações tão profundas nas diferentes áreas da vida humana quanto aquelas da renascença.

Jobs era mais Visionário que gênio. Sua demasiada exigência que levava os empregados quase a loucura, a obsessão pelos detalhes, que o levou a fechar ao controle total do hardware e software de seus produtos, a despeito de todos os manuais de administração, mas ao serviço de um ideal de excelência e uma profunda percepção dos rumos da cultura. O lendário campo de distorção de realidade de Jobs não se aplica aos seus produtos. O que havia é uma profunda capacidade de criar necessidades (ou perceber a necessidade existente e a maneira correta de supri-la, deixando o papo de pós-graduação de marketing de lado).

Assim, não importa o veredito, boa pessoa ou não, Jobs e da Vinci são cada um o símbolo de sua época. Duas épocas que mudaram o mundo.


Noah Mera
Curitiba, 2/11/2011

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