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Sexta-feira,
31/7/2020
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A desgraça de ser escritor
>>> O mundo ficou chato – para ser escritor. No passado já houve algum glamour no ofício. Éramos respeitados, vistos como intelectuais, parte da nata pensante. É verdade que muitos sucumbiam à tuberculose, se perdiam nos insinuantes caminhos da boemia e coisas assim. Mas valia a pena. Havia o respeito. Isso, entretanto, foi antes da cloroquina. O escritor contemporâneo é, acima de tudo, um iludido.
por Luís Fernando Amâncio
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Um nu “escandaloso” de Eduardo Sívori
>>> No ano de 1887 o pintor argentino Eduardo Sívori (Buenos Aires, 1847-1918) apresentou no Salão de Paris a obra O despertar da empregada doméstica (Le alavanca de la bonne), um nu realista. O quadro de Sívori foi interpretado pela crítica francesa como obra derivada da literatura de Zola, sendo um nu “excessivo” na representação de um corpo que foi visto como feio, sujo e desagradável.
por Jardel Dias Cavalcanti
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Um grande romance para leitores de... poesia
>>> Acabei de ler Os detetives selvagens. Dizer que é o Ulisses ou o Visões de Cody de Roberto Bolaño seria exagero; ao menos com Joyce, embora o romance de Kerouac não fique atrás. A leitura levou dias, semanas, meses, talvez até mais de um ano. Lia-o e ia intercalando-o com outras páginas. Não tinha pressa. Vieram obrigações inadiáveis, projetos e outros arcabouços, mas, hoje, acabei de ler Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño.
por Renato Alessandro dos Santos
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Filmes de guerra, de outro jeito
>>> Pintou na área Agnus dei, dirigido por Anne Fontaine, coprodução de 2015 entre Franca, Polônia e Bélgica. Ao que parece, originalmente tem o título de Les innocentes, mas de inocente pouca coisa tem. Não fosse o modo absolutamente delicado e cuidadoso como foi filmado e narrado, seria um dos filmes mais "pesados" que alguém poderia ver. Bom, deve arrepiar muita gente "sensível". Eu amei.
por Ana Elisa Ribeiro
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Meu reino por uma webcam
>>> Será que posso me considerar uma visionária? Espécie de mãe Diná da informática? O fato é que a vida foi ficando cada vez mais online, mais confinada, e minha câmera passou a valer uma pequena fortuna. Minha irmã, faz pouco, precisou comprar webcams para a empresa onde trabalha e teve enorme dificuldade. A mesma câmera que comprei por oitenta mangos custa, agora, mais de trezentos.
por Ana Elisa Ribeiro
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Quincas Borba: um dia de cão (Fuvest)
>>> Quincas Borba é um romance estranho. A começar pelo título: que história é essa de Joaquim Borba dos Santos, Quincas 1, bater as botas logo ao início da trama e, de repente, um enfermeiro, Rubião, ex-professor e néscio, subir ao palco, assumindo o protagonismo, amparado por Sofia e Palha, oportunista até o roer dos ossos? Quincas Borba é um grande Machado, e o mérito recai sobre o narrador, que está à vontade, acompanhando tudo.
por Renato Alessandro dos Santos
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Pílulas Poéticas para uma quarentena
>>> O roteirista surpreendeu a todos com esse plot twist. Aposto que, no fim da contagem regressiva do longínquo 31 de dezembro de 2019, choveram pedidos para: encontrar a pessoa amada, receber promoção no trabalho, ser aprovado em Cálculo I ou até, quem sabe, para o time de futebol sair da seca e ser campeão. Menos de um semestre depois e nada disso faz sentido na atual conjuntura.
por Luís Fernando Amâncio
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Ficção e previsões para um futuro qualquer
>>> Geralmente, o que estava na literatura já adiantava o que poderia nos acontecer. Na ficção, há inúmeros exercícios de imaginação - ou planejamento? - das tragédias e bizarrices que poderíamos viver ou ser obrigados/as a viver. Muitos/as de nós têm exemplos para dar, menos e mais sofisticados. Hoje mesmo, no café da manhã, me peguei falando em uma possível reforma que faria no mundo, caso alguém me desse um cargo de presidente de algum conselho para melhorias.
por Ana Elisa Ribeiro
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Freud explica
>>> Além de toda a equipe editorial, os principais responsáveis por esta biografia ilustrada do pai da psicanálise são dois: Richard Appignanesi, que se preocupou com o roteiro, e Oscar Zarate, que pintou o sete com traços bem-humorados. “As ilustrações de Zarate são incríveis”, analisou o Washington Post, “e os textos de Appignanesi são pesquisados com esmero e apresentados com clareza”.
por Renato Alessandro dos Santos
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Alma indígena minha
>>> Mais prudente entregar-se à segurança da monotonia, ao represamento das chuvas e dos sentimentos. E aquela tempestade, que se vê pela janela trovejando ou da qual se enfrenta os raios, de inundações, de cascatas saindo dos pneus dos carros estacionados das ladeiras? Cortam-se os sentidos, os sonhadores são permanentemente dopados, do céu noturno recém-aberto não haverá estrelas.
por Elisa Andrade Buzzo
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As luzes se apagam
>>> Quando fiquei sabendo da morte do compositor Aldir Blanc, vítima da Covid-19, me veio à mente que uma das bússolas que me guiam se quebrou. Os artistas (músicos, cineastas, escritores) e filósofos que ouço, vejo ou leio são meus guias. Aldir Blanc foi guia de várias gerações, principalmente durante a ditadura no Brasil. Basta lembrar a canção “O bêbado e o equilibrista”, de uma rica parceria com João Bosco.
por Cassionei Niches Petry
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A poesia de Carol Sanches
>>> O título do livro reproduz a famosa frase “não me espere para jantar”, que é dita quando alguém tem outra coisa para fazer fora do universo doméstico. Ou seja, quando a vida vai se desenrolar, nem que seja por alguns instantes, fora de casa. No caso dos poemas de Carol Sanches, nota-se uma espécie de interesse pelo universo da cidade, seja em sua relação com a paisagem urbana, da natureza, ou de aspectos corriqueiros da vida cotidiana.
por Jardel Dias Cavalcanti
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Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Nestes tempos de quarentena, quase todos os estados brasileiros - e também alguns municípios - lançaram editais emergenciais de socorro à classe artística. Embora um ou outro tenha se voltado apenas para a classe dos músicos, a maioria deles buscou contemplar também os profissionais da área de literatura, possibilitando a realização de recitais, oficinas e debates transmitidos via streaming.
por Fabio Gomes
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Sobreviver à quarentena
>>> Em meados de março, quando notícias informavam que a pandemia do coronavírus se instalava no Brasil, a minha sensação era de estar em um filme. Uma produção de baixo orçamento, é verdade, mas de tema apocalíptico. As ruas vazias, o comércio fechado, pessoas de máscara conversando à distância. Parecia filme de ataque zumbi, ou meteoro vindo em direção à Terra. Até trilha sonora surgiu na minha cabeça...
por Luís Fernando Amâncio
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O retalho, de Philippe Lançon
>>> No dia 7 de janeiro de 2015, por volta das onze horas da manhã, Philippe Lançon se deparou entre duas possibilidades: ir ao jornal Libération, do qual era colunista cultural, escrever uma coluna sobre uma peça de Shakespeare que assistira no dia anterior; ou participar de uma reunião de pauta do semanário satírico Charlie Hebdo, para o qual escrevia um texto semanal. Escolheu a segunda opção.
por Wellington Machado
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Julio Daio Borges
Editor
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