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Quarta-feira,
25/5/2022
Parei de fumar
Raul Almeida
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O habito de fumar encontrou abrigo na minha geração, como um dos seus modos de afirmação. Beber qualquer bebida alcoólica completava a muleta, aumentando o sentimento de poder, de estar próximo a ser ou até sentir-se adulto.
Hoje Sabemos o mal que o tabaco traz para a saúde, apesar da eventual sensação de prazer, que os fumantes dizem encontrar no cigarro ou mesmo em outros produtos de tabaco.
Parei com o cigarro faz um bom tempo.
Fiquei menos fedorento, mais disposto, com o olfato e paladar absurdamente melhorados e deixei de incomodar aos mais inteligentes, que não se deram ao risco do tabagismo ou desistiram antes de mim.
Quando um vizinho vai para a varanda tocar fogo na mecha, mesmo em andar mais afastado, percebo o sinistro odor. Pior é caminhar pela rua e sentir a pobreza tabagista consumindo as verdadeiras bombas paraguaias, cigarros contrabandeados, cujo fedor se propaga sem qualquer respeito. Sinto pena e nojo.
Começar a fumar é sempre precedido de uma atividade subliminar, enfiada em nossas mentes através dos outdoors, clipes, fotos nas revistas mais elegantes, anúncios finamente elaborados, mostrando gente bonita, elegante, bem sucedida, em lugares maravilhosos e bem decorados. Mulheres lindas, sufocantemente atraentes e varões corajosos, intrépidos, heróicos, fortes, poderosos, atléticos e suas baforadas sinistras.
Quando vamos ao cinema a marca que está pagando para aparecer, acho que chamam de merchandising, está em todos os cantos e momentos mais dramáticos, românticos ou bonitos do filme. O espectador desavisado, distraído com a narrativa, vai levando marteladas no subconsciente: Ser vencedor, ser bonito, ser heróico, inteligente, grande sedutor e conquistador passa, obrigatoriamente, por fumar cigarros, charutos e até, o prosaico cachimbo.
O álcool não fica atrás. Uma cena com dois executivos poderosos começa mostrando os copos curtos e cubos de gelo, que serão rapidamente cobertos por alguma bebida forte e, se os negócios forem bem,os cigarros ou charutos aparecem.
O mesmo acontece quando a história é com valentões, etc.
Num outro viés, vamos ter licores, vermutes, vinhos comuns ou espumantes, e, na melhor das hipóteses, a cerveja, hoje metida a besta, cara, exclusiva, cheia de ciência, especialistas, cronistas, e muito blá blá blá.
A turma que cria vontades ou dificuldades para vender produtos ou soluções é a mais diabólica, fascinante inteligente e propulsora de negócios bons ou maus.
Conforme a índole dos geniais inventores de desejos e expectativas, o bem e o mal, o inútil e o indispensável vão fazendo a economia rodar.
Aqui percebo similitude com os acontecimentos recentes da atividade política que se imaginou melhor, mais confiável e certeira em suas promessas e afirmativas.
O cheiro horrível do tabaco e do álcool que infesta corpos, mentes, roupas, cabelos e boca, permite analogia quando vemos cadáveres insepultos de um passado politico rejeitado, saindo de covas que não imaginávamos tão rasas.
Nomes contaminados por sinistra convivência com os dilapidadores da Bolsa da Viúva, com o que de mais repulsivo e enojante controlou a nossa ingênua e generosa Republica, aparecem serelepes e incensados, de banho tomado e cabelo penteado, no desenho daquilo que se imaginou impoluto.
Figuras horrendas ainda vivas no cenário nacional confraternizando entre si, preparando mais uma desfeita para nossa mais profunda e determinada fé na redenção do Pais.
Nossa confiança na reabilitação econômica, política, cívica, moral.
Os cinqüenta e sete milhões e algumas centenas de milhares de eleitores votaram na esperança da neutralização dos contumazes operadores de mamatas,não nos patifes que engambelaram boa parte do eleitorado e ainda se acham capazes de continuar atrapalhando a nossa vontade de progresso, precedido de muita ORDEM.
A nossa expectativa não é pelo cheiro de podre, contaminante e hediondo, semelhante ao do tabaco ou do mau hálito dos bebedores contumazes, que simbolicamente, sentimos quando vemos declinados os nomes dos que continuam posando de autoridade em ou sobre alguma coisa.
A nossa esperança está sob ataque.
Dize-me com quem andas e te direi que és.
Andar com patife, corrupto, ladrão, prevaricador,ou incompetente, deixa marcas indeléveis tal como uma tatuagem. Se apagar fica a cicatriz. Se deixar, revela o passado. Estamos esperando que desliguem a vitrola, as entrevistas, o blá blá blá e queremos de volta o que nos foi prometido, berrado, jurado.
Ou, o que for imoral e ilegal, vai continuar se alternando e engordando a malta dos privilegiados amigos e serventes dos patifes bons de pose e conversa.
Queremos a nossa esperança mantida viva, sem sustos, espantos ou aflições.
Postado por Raul Almeida
Em
25/5/2022 às 09h54
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