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Sábado,
28/7/2018
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PRESSÁGIOS. E CHAVES V
Antes da voz do adivinho, estiraram-se
no porto as horas da espera. Acostumado
ao salto do instante, o rosto do pai anteviu
a partida. E, dias de penitência, a encurralar
pérolas e conchas. Preparando a viagem,
meu útero de couro guardava roupas.
Almejando a cor dos trópicos,
meu ventre guardava a véspera.
Carregando os navios, o habitante do cais.
Na terra natal, ficaram as dores do degredo.
Dentro da mala, as dores do parto.
(Do livro Travessias)
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Postado por Blog da Mirian
28/7/2018 às 11h24
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Jeferson De, Spike Lee e o novo Cinema Negro
Essa semana começa duas mostras interessantes em São Paulo, uma delas é “Spike Lee e o Novo Cinema Negro”, que estreia amanhã (24) no Centro Cultural São Paulo, onde serão apresentados nove filmes do ator. A outra reúne uma maior quantidade de filmes e uma pluralidade de gêneros, embora mantenha seu foco, o 13º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que tem seu início marcado para o dia 25 (quarta).
O que esses dois eventos têm em comum? A mostra do diretor Spike Lee já mostra em seu título, já o Festival Latino-Americano traz como homenageado o realizador Jeferson De, que começou suas manifestações em prol do cinema negro muito antes de entrar em pauta o sistema de cotas raciais (iniciada em 2003) com a criação do Dogma Feijoada, no ano 2000. O manifesto estabelecia que: 1) o filme tem de ser dirigido por realizador negro brasileiro; 2) o protagonista deve ser negro; 3) a temática do filme tem de estar relacionada com a cultura negra brasileira; 4) o filme tem de ter um cronograma exequível; 5) personagens estereotipados negros (ou não) estão proibidos; 6) o roteiro deve privilegiar o negro comum brasileiro. Seu filme de estreia foi Bróder (2009), recebeu prêmios em Gramado e Paulínia, além de ser selecionado no 60º Festival de Berlim.
Em 2016 Spike Lee divulgou em seu Instagram um comunicado falando sobre a ausência de negros nas categorias Melhor Ator/Atriz e Melhor Ator/Atriz Coadjuvante. Embora naquele ano não houvessem atrizes ou atores negros que pudessem concorrer ao prêmio, sua publicação foi importante para que a indústria cinematográfica abrisse os olhos para a questão. No ano seguinte o diretor Barry Jenkins recebeu o prêmio de Melhor Filme com Moonlight e tivemos nomes como Denzel Washington, Naomi Haris, Viola Davis e Mahershala Ali, sendo que esses últimos dois receberam os prêmios em suas categorias. O comunicado de Spike Lee não foi o responsável por essas conquistas, foi só um mediador disso, ele deu a oportunidade para que mais negros chegassem ao cinema e mostrassem seu trabalho e recebessem reconhecimento por isso.
As coisas estão mudando no cinema, não só no Brasil, no mundo inteiro. Isso não se refere apenas ao Cinema Negro, mas também nas questões de gêneros. Podemos ver em festivais como esses, que buscam dar oportunidades aqueles que outrora não encontravam seu espaço, ou uma forma de falar e ser escutado. E tudo isso não é algo que favorece somente esse pessoal que está encontrando seu espaço, mas o público em geral que recebe através não só do cinema, mas de diversos meios, novas histórias, culturas e conhecimento. Por isso vemos a necessidade que Spike Lee viu em 2016, que Jeferson De viu em 2000 e tantas outras pessoas viram muito antes deles, a necessidade de falar sobre o assunto, quebrar o tabu e colocar as cartas na mesa, para que todos joguem o mesmo jogo e assim, todos saem ganhando.
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Postado por A Lanterna Mágica
23/7/2018 às 19h00
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Tempo & Espaço
O verbo líquido liquida a palavra
Aquele que se rende à água e se torna renda viva para teus olhos
Poema-sonrizal
O que se dilui na água
Concomitente(mente) efervescente
Substância
Sub instâncias
(Di)stâncias
Distância de si para si
Água & Espuma
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Postado por Metáforas do Zé
17/7/2018 às 08h52
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Mão única
Filosofia não é vacina & Poesia não é uma sina
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Postado por Metáforas do Zé
15/7/2018 às 19h04
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PRESSÁGIOS. E CHAVES IV
Na minha rua morava o adivinho,
contando estórias de oceanos e barcas.
Olhando o céu, ele dizia o futuro.
Leques de palmas. Carruagens de sol.
Sob os astros, era eu personagem das visões.
Sob os astros, meu corpo tornou-se alvo da guerra.
Ante a proa dos couraçados, trancava-se a casa.
Fechava-se o dia. Enclausurava-se a vida.
Dividindo a cena, a esquiva do olhar.
O mago previa a passagem dos cometas.
E as coisas que eu já sabia de mim.
(Do livro Travessias)
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Postado por Blog da Mirian
14/7/2018 às 10h02
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Shomin-Geki, vidas comuns no cinema japonês
Tendo como grandes nomes os diretores Mikio Naruse e Yasujiro Ozu o Shomin-Geki surgiu a partir do estilo Gendai-Geki, que trazia uma visão moderna da civilização e da cultura japonesa. Já partindo para o Shomin-Geki, os diretores trouxeram enredos mais próximos da população japonesa, explorando histórias vividas pela classe baixa. Porém, tanta simplicidade impedia que filmes nesse estilo chegassem a grandes públicos, embora fossem muito populares no Japão durante os anos 30, sua simplicidade, muitas vezes, poderia ser monótona, com cenas longas ou lentas, muitas vezes focando edifícios para que o espectador possa apreciar o lugar.
Nos últimos dias o Centro Cultural São Paulo tem exibido filmes na mostra “Shomin-Geki Cinema, a família segundo Ozu, Naruse e Kore-eda”, que reúne filmes de diretores consagrados, como os mencionados, e novos diretores, como Miwa Nishikawa. Confesso que não conhecia esse movimento do cinema japonês, já tinha assistindo alguns filmes mais recentes do Kore-eda, devido ao meu interesse na cultura japonesa em geral, mas nem imaginei que havia algum segmento. Fui assistir ‘O Que Eu Mais Desejo’ (Kiseki, 2012), de Hirokazu Kore-eda, onde o diretor nos apresenta dois lados da vida, através de dois irmãos que vivem distantes depois da separação dos pais. O mais velho vive com a mãe em um lado da ilha Khyusu, enquanto o mais novo, do outro lado da ilha, mora com o pai. Enquanto o mais novo vive de uma maneira quase independente, o mais velho anseia em unir sua família novamente, embora esse desejo pareça improvável, sua esperança aumenta ao ouvir, na escola, que um desejo formulado no cruzamento de dois trens em alta velocidade se realiza. Então sua jornada começa e toma a atenção do espectador, com uma busca tão sincera no desejo de uma criança, sendo descrita com a simplicidade e sutileza que só poderia ser atingida por Kore-eda.
A mostra “Shomin-Geki Cinema, a família segundo Ozu, Naruse e Kore-eda” vai até o dia 14 de julho e terá mais uma sessão de “O Que Eu Mais Desejo”, além de “Pais e Filhos” (2013), “Era uma Vez em Tóquio” (1953) e alguns outros, e a entrada é gratuita.
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Postado por A Lanterna Mágica
11/7/2018 às 21h00
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Con(fusões)
Luz com luz Vento com vento Água com água
Imperceptível(mente) Fundem-se num Só corpo
Assim como A palavra e a coisa A coisa e a palavra
Razão e espírito O verbo e o corpo Tal consta Em antiquíssimo Preceito bíblico
Água com água Entre tapas
Vento com vento entre assobios
Luz com luz Ante o choque De reflexos
Assim como Numa peleja De facas Mas, sobretudo Em silêncio
Onde se estampa No inconfundível Brilho logo Abaixo de Teus cílios
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Postado por Metáforas do Zé
6/7/2018 às 10h36
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Ocaso
Apesar das
7 cores 7 notas 7 chaves
o acaso do acaso é a causa dos acasos
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Postado por Metáforas do Zé
1/7/2018 às 11h28
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PRESSÁGIOS. E CHAVES I
Pesadelo? Ou rumor da noite obsedada
pelo vento? E aquela substantiva imagem
dos fantasmas engolindo a casa. E emperrando
as chaves. À luz do dia, as portas cerraram-se
sob a tempestade, sufocando telhado
e paredes. Ao fogão, desceram
ameaças de estranho augúrio
a extinguir o fogo.
Matando a fome de pão, a sede das águas.
Dentro da mala, autogerava-se o mar
conduzindo a trégua, possível.
(Do livro: Travessias)
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Postado por Blog da Mirian
30/6/2018 às 11h42
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Sob o mesmo teto
Todos Desenham As mesmas Casinhas Sol E nuvens E a aquarela Está Completa
Todos Escrevem Ou Se Transcrevem Em Suas E mesmas Mágoas, E o diário Sempre Exerce Sua Função Aliviadora
Como Diria Anne Frank O “Papel É Paciente”
Quiçá Diluente Ou Absorvente
O sol É para Todos E os Papéis Também...
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Postado por Metáforas do Zé
21/6/2018 às 10h54
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Julio Daio Borges
Editor
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