Digestivo Blogs

busca | avançada
55391 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> ZÉLIO. Imagens e figuras imaginadas
>>> Galeria Provisória de Anderson Thives, chega ao Via Parque, na Barra da Tijuca
>>> Farol Santander convida o público a uma jornada sensorial pela natureza na mostra Floresta Utópica
>>> Projeto social busca apoio para manter acesso gratuito ao cinema nacional em regiões rurais de Minas
>>> Reinvenção após os 50 anos: nova obra de Ana Paula Couto explora maturidade feminina
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Jeff Jarvis sobre o WikiLeaks
>>> Folia de Reis
>>> Hamlet... e considerações sobre mercado editorial
>>> Pedro e Cora sobre inteligência artificial
>>> Fred Trajano sobre Revolução Digital na Verde Week
>>> Spyer sobre o povo de Deus
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> O tempo e a água (série: sonetos)
>>> A história de Tiago Reis e da Suno (2023)
>>> Arquipélago
Mais Recentes
>>> Salomao, O Homem Mais Rico Que Ja Existiu de Steven K. Scott pela Sextante (2008)
>>> O Menino Que Perdeu A Sombra de Jorge Fernando Dos Santos pela Positivo (2013)
>>> Visão Espírita da Bíblia de Herculano Pires pela Correio Fraterno (2000)
>>> Cantar Em Espirito e Verdade Orientaçao para Ministerio de Musica de João Carlos Almeida pela Loyola (1994)
>>> Themen Neu - Kursbuch 2 de Hartmut Aufderstrasse, Heiko Bock, M. Gerdes, H. Muller, J. Muller pela Hueber Max Verlag Gmbh & Co (2002)
>>> Era uma Voz de Gisele Gasparini, Renata Azevedo & Mara Behlau pela Thot (2006)
>>> Hiperatividade - Como Ajudar Seu Filho de Maggie Jones pela Plexus (2004)
>>> Programaçao Neurolinguistica Para Leigos de Romilla Ready pela Alta Books (2019)
>>> Touch And Feel - Dinosaur de Dk pela Dk Children (2012)
>>> Gibi Chico Bento n 316 Edição com Album Ploc É O Tchan! Total de Mauricio de Sousa pela Globo (1999)
>>> O Segredo da Pirâmide - Salve-se Quem Puder de Justin Somper pela Scipione (2012)
>>> Rompendo o Silêncio de Wilson Oliveira da Silva pela Do Autor
>>> Problema e Mistério de Joana D Arc de Jean Guitton pela Dominus (1963)
>>> Toda a Verdade Sobre os Discos Voadores de Ralph Blum] - Judy Blum pela Edibolso (1976)
>>> Como Conjugar Verbos Em Frances de Jorge De Souza pela Campus Editora Rj (2004)
>>> Nova York - Guia Visual da Folha de Ana Astiz pela Folha de São Paulo (1997)
>>> Papai Foi Morar Em Outro Lugar de Gergely Kiss pela Ciranda Cultural (2011)
>>> Bruxa Onilda Vai A Festa de E.larreula/r.capdevila pela Scipione (2001)
>>> Na Minha Casa Tem Um Lestronfo de Rosana Rios pela Elo (2022)
>>> Os Fofinhos - Woofits - Livro Ilustrado - Album - Completo de Os Fofinhos - Woofits - Multi Editorial pela Multi Editorial (1983)
>>> O Fantástico Mistério De Feiurinha de Pedro Bandeira pela Moderna (2014)
>>> Mansfield Park de Jane Austen pela Martin Claret (2012)
>>> Os Três Mosqueteiros - Coleção Clássicos Zahar de Alexandre Dumas pela Zahar (2011)
>>> Os Pensadores -Sócrates - Defesa de Socrates - Apologia de Sócrates de Sócrates pela Abril Cultural (1980)
>>> Garota, Interrompida de Susanna Kaysen pela Unica Editora (2013)
BLOGS

Terça-feira, 19/6/2018
Digestivo Blogs
Blogueiros
 
O alívio das vias aéreas

Afetações
Do tempo
Ou, aluviões
De sonhos

Mosaico
De cacos
De
Imagens
Perdidas

Repetem ou

Ricocheteiam
A cada
Instante de
Cada
Passo

Na
Memória
Ou
Na língua

Por isso,
Preciso
Livrar-me
Das teias

Do tempo,

Assim como
O céu
Se livra
Das nuvens

Ou
As
Nuvens
Se desfazem
Dos céus

Nuvens
São
O
Muco
Das
Mucosas
Celestes

[Comente este Post]

Postado por Metáforas do Zé
19/6/2018 às 10h50

 
PRESSÁGIOS. E CHAVES II

Eclipse? Ou noite alucinada irrealizando
as viagens? Afogando-se no porto, o sangue
dos navios sufocando as próprias artérias.
Iniciado o êxodo, tardia fizera-se a voz
do viajante, convocando camelos.
Em estações de penúria apodrecendo
o trigo, da extinta luz irromperam
espectros exalando urina e enxofre.

Em distâncias, corria a fuga dos dias.

Sete pragas. Sete anos. Sete Mundos.
Eu viajei todos os mares do exílio.


[Comente este Post]

Postado por Blog da Mirian
16/6/2018 às 09h34

 
Honra ao mérito

A novidade é que uma feira de livros irrompeu no meio do itinerário dos passantes. Primeiro foi instalada num espaço amplo da praça, mas aí veio a feira da casa própria e a empurrou para perto das barraquinhas dos hippies. A praça ficou pequena demais com a chegada do feirão do automóvel, e então a feira de livros passou a ocupar metade de uma rua estreita onde também aos domingos são expostos produtos hortifrutigranjeiros orgânicos. Estes são tempos de muitas exibições.

Os livros já foram usados, mas, por estarem embalados por plásticos transparentes, aparentam ser zero bala. Varal de desenhos e cores, há também muitos gibis à mostra numa tela comprida e é para eles que de baixo dois olhinhos apontam. A garotinha se interessa especialmente pela capa puída em que Chico Bento e Rosinha namoram sob a cobertura de muitos corações que os protegem da chuva. Logo se vê que a garotinha tem o pescoço envolvido por uma faixa azul na qual está pendurada uma medalha, qual terá sido o mérito ensejador desta honra? E é uma desproporção graciosa a medalha ultrapassar a região do peito e pender na altura da barriga.

A mãe se aproxima dela trazendo um livro infantil. Ao compreender a situação, a garotinha se opõe ao que lhe é oferecido, quer porque quer o gibi e isso parece ser inegociável, as duas começam a se desentender, a mãe insiste, a iminência de uma pirraça paira no ar. Subitamente a garotinha se aquieta, reprime toda a sua energia postulatória, e a careta que faz denuncia a peleja travada contra alguma perturbação interior. Não demora e ela então divulga o veredito do que a tem incomodado:

Quero fazer cocô.

Desinibida, sem o mínimo traço de constrangimento, ela repete muitas vezes a frase que dá conta de sua necessidade. De vez em quando é preciso que uma criança nos alerte sobre o fato de que somos o que somos e nada somos mais do que somos. Mãe e filha atravessam a rua e seguem de mãos dadas a correnteza de gente. Guiadas por uma urgência, somem de vista.

Pouco tempo depois estão de volta. Enquanto reexaminam o acervo, a mãe percebe um lapso. Com um movimento rápido, retira da bolsa a medalha, sorri um sorriso de mãe-coruja e a devolve ao pescoço da garotinha que, bracinhos pra trás, faz pose de laureada triunfante. É chegada a hora de irem embora. Nesta altura, é como se nada estivesse pendurado em seu pescoço, a garotinha já não dá bola para a medalha que balança e reluz a cada uma de suas traquinagens. Nem mesmo haveria de se importar se o que leva nas mãos é a revistinha do Chico Bento.



Texto originalmente publicado no site flaviosanso.com
flavio.sanso@gmail.com

[Comente este Post]

Postado por Flávio Sanso
11/6/2018 às 09h34

 
Em edição 'familiar', João Rock chega à 17ª edição

Em edição ‘familiar’ e homenagem à Tropicália, Festival João Rock chega à 17ª edição

Crédito: I Hate Flash - Divulgação

No próximo sábado, 09 de junho, acontecerá em Ribeirão Preto o Festival João Rock, um dos maiores e mais importantes eventos de música do circuito nacional.

Juntando o binômio música e entretenimento, o festival une em três palcos grandes nomes do rock do país e estilos que lhe são familiares. A programação deste ano, reúne no palco principal – João Rock – shows como o de Cordel do Fogo Encantado, na turnê de volta da banda, após oito anos afastados dos palcos; Skank, Supercombo, Gabriel Pensador, Pitty, Criolo, Raimundos, Natiruts e Planet Hemp.

Após homenagear a região Nordeste na edição passada com Zé Ramalho, Alceu, Lenine e Nação Zumbi, o Palco Brasil, este ano volta às suas energias em homenagear os 50 anos da Tropicália, em programação imperdível, com os maiores nomes do movimento: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Os Mutantes. O irmão de Bethânia virá para o evento com o show Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso, que rendeu à família o álbum Ofertório, lançado no último mês de maio.

Gilberto Gil, após período recente de problemas de saúde, recuperado e refeito, para usar palavras que retomam o conceito caro para o músico, vem para uma dupla festa: de comemoração do Tropicalismo e dos 40 anos de lançamento do seu disco Refavela, em show idealizado pelo filho Bem Gil. O disco tem sua origem em uma visita feita pelo músico ao continente africano, no final da década 70, em que tocou em um festival na Nigéria. Esse momento o fez pensar nas suas origens africanas, bem como nordestinas, surgindo assim o sucessor do disco Refazenda [1975], segundo disco da famosa tríade de trabalhos chamada de Trilogia “Re” ; Refavela que tematizava o conceito de retomada/retorno e que termina com o LP Realce [1979], maior sucesso comercial do cantor. Além do filho participam do show Anelis Assumpção, Moreno Veloso, Chiara Civello e Mestrinho. Tom Zé e Os Mutantes fecham o line-up do palco daqueles que estavam juntos desde a gravação do disco-manifesto Tropicalia ou Panis et Circencis, em 1968, disco fundador do movimento.

No Palco Fortalecendo a Cena, entre as apresentações de Froid, Sinara, Rael e Convidados, Kilotones e a mexicana-brasileira Francisco El Hombre, temos a presença da banda Dônica, composta por Zé Ibarra (teclado e voz), Miguel Guimarães (baixo), André Almeida (bateria), Lucas Nunes (guitarra) e por Tom Veloso (compositor), filho de Caetano.

O evento ocorre novamente no Parque de Exposições Permanente de Ribeirão Preto, com capacidade de público previsto para 55 mil pessoas e ingressos ainda disponíveis para os diversos setores. A abertura dos portões acontece às 14h com início dos shows às 15h.

Festival João Rock
Data: 09 de junho de 2018
Local: Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto
Palco João Rock: Banda Vencedora do Concurso de Bandas: Napkin, Pitty,
Cordel do Fogo Encantado, Raimundos, Supercombo, Skank, Natiruts, Gabriel O Pensador, Planet Hemp e Criolo
Palco Brasil – Edição Tropicália: Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso;
Refavela 40: Gilberto Gil, Bem Gil, Anelis Assumpção, Mestrinho e Chiara Civello, Os Mutantes e Tom Zé
Palco Fortalecendo a Cena: Froid, Rael e Convidados, Dônica, Kilotones,
Sinara e Francisco El Hombre



[Comente este Post]

Postado por Sobre as Artes, por Mauro Henrique
5/6/2018 às 19h26

 
PATÉTICA

Mais do que nada

Menos do que nada

Tudo e nada

Tudo é nada

O que se soma

e o que se subtrai

a vida traz

a vida tira

a vida trai

 

Eis que o passado

se passou num átimo

a quem atônito

viu nascerem os dias

para morrerem nas noites

ardendo queimando

anos a fio

até o fim do pavio

 

Não obstante seguimos

atravessando os caminhos

entre os amores e dores

entre desejos e sonhos

tropeços sustos recomeços

dramas mortes de permeio

 

Que belo quadro compõe-se

na manhã primaveril

que Cronos come aos pedaços

com seus dentes de esmeril

 

O aceno ao longe do cais

as formas se desfazendo

as cores esmaecendo

a densa névoa escondendo

o adeus de cada partida

o vento contra levando

todas as vozes amigas

 

Mirando a vida é o que vejo

no exílio de um quinto andar

Vejo um renascer do quadro

cor a cor traço por traço

em arte de imitação

um quadro que se repete

sem qualquer renovação

 

E a mecânica celeste

joga os dados da ilusão...

 

...e tudo afinal é nada

aquém ou além do nada

nem mais nem menos que nada

a quem se afoga no agora

na aridez dessas horas

como um náufrago sem mar

Ayrton Pereira da Silva



[Comente este Post]

Postado por Impressões Digitais
2/6/2018 às 15h22

 
Presságios. E chaves III

Era uma vez o tempo dos homens rondando
as Esferas. Era uma vez a galáxia das primeiras
viagens. Contemplando o azul da Terra,
chegara o tempo dos astronautas.
Abstraindo fronteiras, pintei a casa da infância.
Era uma vez o tempo dos longes, anilando
as borboletas. Minha casa, eu a desejava
dossel. Eu a desejava templo das águas.
Eu a desejava berço.


À escrita dos deuses, minha barca dos dias.


Abertas as portas, fertilizaram a terra
meus presságios. E chaves.

(Do livro Travessias)

[Comente este Post]

Postado por Blog da Mirian
29/5/2018 às 09h10

 
Minha história com Philip Roth

Deve ter sido o Paulo Francis quem primeiro me chamou a atenção para o Philip Roth (1933-2018).

Em “Waaal” (1996), seu “Dicionário da Corte”, Francis nos diz que Roth era um “gigante” perto da literatura “liliputiana” dos nossos dias. E era mesmo.

Mas lembro de começar a ler o Philip Roth *mesmo* na época do Daniel Piza. Na época da sua coluna “Sinopse” na Gazeta Mercantil (1996-2000).

Depois de ler o registro de suas impressões sobre “O Teatro de Sabbath” (1997) - onde ele dizia que marcara vários trechos com caneta “marca texto” - era muito difícil ignorar Roth e seus escritos.

Em 1998, finalmente li “Pastoral Americana”. E o que me chamou atenção, na época, foi a desconstrução do sonho americano.

Philip Roth tinha a capacidade de fazer o leitor entrar na alma americana. De repente, eu me sentia parte da sociedade norte-americana, sem nunca ter sido...

Quando escrevi a respeito (está como “Philip Roth e a Pastoral Americana” no Google), acho que eu queria soar tão bombástico quanto o romance soou para mim. E caprichei na prosa poética - que hoje eu identifico como o estilo de alguém que está começando (e testando seus limites)...

Nos Estados Unidos, comprei “Complexo de Portnoy” (1969) e “Operação Shylock” (1993) em inglês - dois romances que mereceram elogios rasgados do Francis -, mas acabei não lendo.

Fui ler “A Marca Humana” em 2002, já na época do Digestivo. Perto da fatídica eleição presidencial de 2002, o que me ficou, do romance, foi o horror da correção política, que já dominava os Estados Unidos, e que estava se estabelecendo, com a ascensão da esquerda, no Brasil.

Roth previu toda a histeria a que estamos assistindo - sendo o último capítulo essas acusações infindáveis de assédio, quando vão conseguir proibir até o assobio, para uma mulher, na rua...

No livro, um personagem negro - sim, negro - é acusado de racismo. E é perseguido, como professor universitário, pelas patrulhas...

Numa entrevista de Roth, dessa época, ele assume uma postura quase “anti-intelectual”. Antiacadêmica. Tudo o que Jordan Peterson denunciou - aquele pensador canadense que está na moda -, Roth já havia antevisto na virada do milênio.

Meu texto - que está como “Philip Roth e a marca humana” no Google - foi considerado um exemplo de crítica literária, na época, pelos meus colegas de Digestivo. Lembro que até peguei um erro do Daniel Piza, numa resenha dele, apressada, para o Estadão (mas não incluí no meu texto).

Em 2006, li “O Animal Agonizante”, e, embora seja da fase final de Roth, de que eu gosto menos, tínhamos começado uma parceria com a Companhia das Letras, no Digestivo, e eu fiz questão de disponibilizar um exemplar para todos os Colunistas que quisessem ler...

Digo que “gosto menos” porque, na fase final de Roth - na idade em que muita gente já está aposentada no Brasil -, ele trata muito da decadência física, da proximidade da morte, e cada novo livro soa como se fosse o último, como uma despedida...

Os grandes painéis da vida americana, como “Pastoral Americana” e “A Marca Humana”, haviam ficado para trás. Roth assume um tom mais confessional, e, apesar de continuar brilhante, e um exemplo de escrita, não alça mais grandes voos.

Com exceção, talvez, de “Complô contra a América”, uma ficção histórica, de 2004, lançada aqui em 2005, que, em português, achei maçante, ainda que, no Digestivo, tenhamos publicado uma resenha do Sérgio Augusto.

O último grande livro de Roth que li... foi o primeiro. Sim, você leu certo. “Adeus, Columbus” (1959) foi seu primeiro livro de contos, quando ele tinha 26 anos, e que a Companhia de Bolso publicou, aqui, em 2006.

Li, encantado, em 2007. Roth, na sua estreia, já era genial. Procurei se escrevi a respeito, na época, mas não encontrei... De qualquer forma, como são contos, considero a “porta de entrada” para o universo de Roth. Pode-se ler sem medo. É maravilhoso.

Nos últimos anos, senti falta desse universo, comprei e tentei ler “Complexo de Portnoy” em português. Mas achei muita masturbação. Literalmente ;-)

Quando Roth estava vivo, era lugar-comum dizer que ele era um dos maiores escritores vivos, senão o maior deles. Agora, virou lugar-comum dizer que, apesar disso, ele não ganhou o Nobel.

Roth se inscreve na melhor tradição do romance americano e seguiu os passos de outros grandes como Saul Bellow e William Faulkner.

Tive a sorte de ser seu contemporâneo, de ler alguns de seus grandes livros, e de sofrer a sua influência. Assim como o Paulo Francis e o Daniel Piza foram meus heróis no jornalismo, Philip Roth foi - é e sempre será - um dos meus heróis literários.

Para ir além
Compartilhar

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Bløg
27/5/2018 às 20h17

 
Lars Von Trier não foi feito para Cannes

O cinema sempre passou por mudanças no decorrer dos anos, muitas delas revolucionárias, que levavam uma nova visão de mundo a quem estivesse disposto a ver. Não era aquele mundo de mocinhos e bandidos, da típica jornada do herói. Era um mundo cru, livre de efeitos especiais e com clichês tão comuns que pareceria a história de qualquer um que estivesse assistindo. Foi assim na França, quando Claude Chabrol, François Truffaut e outros tantos cineastas franceses começaram a tomar a cena cinematográfica do país, após as manifestações estudantis de 68, iniciando o que a jornalista Françoise Giroud chamaria de Nouvelle Vague. Em uma Itália pós-guerra, Roberto Rosselini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti fizeram o mesmo, com o que é conhecido como Neorrealismo. E o Brasil não ficou para trás, quando em época de ditadura, Glauber Rocha e Carlos Diegues se uniram a outros cineastas nordestinos e deram origem ao Cinema Novo. Todas essas manifestações tiveram algo em comum, o realismo, a necessidade de trazer o cinema para mais perto do cotidiano comum e mostrar para o mundo as injustiças, crenças e superações do povo.

Com o dinamarquês Lars Von Trier não foi diferente, em 1995, ao lado do também diretor Thomas Vinterberg, iniciou o movimento Dogma 95, que propunha um cinema mais real e menos comercial. Os filmes que estrearam o movimento nos cinemas foi Festa de Família (1998) de Vinterberg e, alguns meses depois, Os Idiotas de Lars Von Trier. Mas a visão de Lars sobre a realidade era um pouco mais peculiar em relação a ideia dos movimentos nos outros países e o que esses denominavam como cinema cru, algumas vezes nas mãos do dinamarquês ganhava outras letras e se tornava "cruel", o que lhe rendeu muitas polemicas e intrigas no decorrer da carreira.

Realidade de uma persona non grata, retorno e debandada em Cannes

Em 1994 Lars recebeu os prêmios do júri em Cannes, com o filme 'Ondas do Destino', e a Palma de Ouro com 'Dançando no Escuro' em 2000. Mas foi em 2011 que as coisas mudaram para o diretor, no lançamento de 'Melancolia' quando Lars disse que "entendia Hitler', logo a organização do Festival de Cannes lhe deu o "prêmio" de persona non grata e o baniu do evento. O exilio durou 7 anos e, depois do que foi apresentado no último dia 14, há quem diga que tal afastamento poderia ter durado mais tempo.

Lars Von Trier sempre foi um diretor polemico, certo que as vezes ele exagera na realidade que busca trazer para os seus filmes. Dessa vez não foi diferente, com 'The house that Jack built' (que deve chegar ao Brasil ainda este ano) Lars trouxe um lado mais violento da sua realidade. Jack é um serial killer e essa foi a maneira que ele achou de mostra-lo, nada acontece por traz das cortinas, o que ele entrega não é os gritos de horror atrás de uma porta fechada, está tudo ali, tudo cru, para quem tiver estômago para ver.

Embora alguns atores tenham concordado com a existência de cenas pesadas demais, partiram em defesa do diretor, ressaltando a arte que Lars apresenta no filme, "Não houve hesitação da minha parte quando Lars me convidou para fazer 'The House That Jack Built'. Ele é um artista", disse Bruno Ganz disse em entrevista ao portal O Globo. Já a atriz Siobhan Fallon Hogan – que já havia trabalhado com o diretor em Ondas do Destino (1994) – partiu em defesa do filme, afirmando que "Estamos falando de um serial killer, não há outra maneira de descrevê-lo".

The House That Jack Built deve estrear no Brasil ainda esse ano, para nós só resta esperar para ver se esse Lars Von Trier que fez tantos especialistas desertarem em um festival como é Cannes, vai aproveitar-se de toda essa polêmica e lotar as salas do circuito cult de cinemas do país.

[Comente este Post]

Postado por A Lanterna Mágica
27/5/2018 às 11h52

 
Greve de caminhoneiros e estupidez econômica

Não devia escrever nada sobre greve de caminhoneiros porque não é assunto que domino. Porém vi nas redes sociais tanta besteira escrita por economistas e por ideólogos que acham que leram alguma coisa sobre economia que não resisto.

As transportadoras têm contratos e os caminhoneiros podem não conseguir aumentar os fretes para acompanhar mudanças rápidas do preço do combustível. Não é absurdo segurar preços por um mês, dando tempo ajustarem os preços.

Dá para observar isso sem deixar de entender que incentivar queima de petróleo é destrutivo para o ambiente, para a saúde da população, para o bom funcionamento da economia, e para a condução honesta de todos os assuntos da república. A burrada de construir uma sociedade inteira dependente dos caminhões foi coletiva e duradoura, demora para ser corrigida.

Nessas horas dá a impressão que politicamente as opiniões se dividem em 3 grupos: os que querem subsídio ambientalmente destrutivo aos combustíveis poluentes porque são de esquerda, os que querem subsídio socialmente destrutivo aos combustíveis poluentes porque são de direita, e uns 18 que são contra o subsídio e a destruição do patrimônio ambiental e social do país porque são meus amigos.

[Comente este Post]

Postado por O Blog do Pait
25/5/2018 às 10h36

 
Publicando no Observatório de Alberto Dines

Na minha época de colunista independente, antes do Digestivo, fui publicado, muitas vezes, pelo Observatório da Imprensa e, hoje, agradeço ao Alberto Dines.

Eu era um simples estudante recém-formado de Engenharia, que tentava emplacar meus textos (antes dos blogs e das redes sociais) - e o Observatório nunca quis saber se eu era jornalista ou se conhecia alguém na redação.

A única exigência era que o assunto fosse mídia. Como eu não tinha compromisso com ninguém (eu não era da área) e não fazia média, acabei me metendo em, pelo menos, duas polêmicas involuntárias.

Uma foi com o Jô Soares, à qual ele nunca me respondeu. Ele havia acabado de lançar seu segundo romance, ruim pra chuchu, mas, como toda a mídia dependia do programa dele, muito cotado naquela época, para fazer divulgação, ninguém tinha coragem para dizer que o rei estava nu.

Ao contrário da maioria dos resenhistas, que era só elogios, eu resolvi *ler* o romance, e era uma porcaria. Escrevi meu texto com trechos do livro, exemplificando. E minha tese era a de que todo mundo dependia do seu beneplácito, então ninguém tinha peito para lhe falar a verdade.

O texto foi parar na versão impressa do Observatório da Imprensa e mudaram o título para “O Gordo Intocável”. Eu nunca chamaria ele de “gordo”, mas tudo bem. Meu título era: “Quem tem medo do Jô Soares?” (está no Google).

O fato é que tempos depois, um jornalista inglês da BBC quis me entrevistar. E, mais tarde, eu descobri, por um amigo que foi trabalhar na mesma BBC, que, entre as “fontes” sobre Jô Soares, em todo o Brasil, eu era a única “contra”.

Meu amigo me deu essa informação aos risos. Anos depois, no auge do Digestivo, alguns Colunistas achavam que eu deveria “ir ao Jô Soares”, para falar do site. Achei que seria uma hipocrisia. E o programa acabou decaindo (para a minha sorte)...

A outra polêmica foi com o Ruy Castro. Mas essa não me impediu de conhecê-lo. E de ter um contato amigável com ele.

Foi uma vez em que o Ruy escreveu um artigo no Estadão criticando o rock’n’roll. E eu escrevi outro, em resposta ao dele: “Ruy Castro e a Mistificação do Rock” (tem no Google também).

Saiu no Observatório da Imprensa. Eu, obviamente, não conhecia o Ruy Castro. Só o admirava pelos livros.

Pois bem: o Observatório levou meu artigo a sério e ligou para o Ruy Castro - mas ele “não quis comentar”.

Hoje, conhecendo o humor dele, deve ter pensado: “Quem é esse desconhecido, que tem a cara de pau de me criticar, é publicado pelo Observatório, e ainda me pedem comentário?”.

Anos mais tarde, numa Bienal, em que fui encontrar o Sérgio Augusto, que já me lia, acabei sendo apresentado para o Ruy Castro e dei meu cartão a ele, que ficou olhando meu nome impresso, sem emitir nenhum som. Tentando quebrar o gelo, perguntei se a letra estava muito pequena - ao que ele me respondeu, com voz grave e séria: “Não, está, não. Eu enxergo muito bem!”.

Depois soube que ele indicava o Digestivo para amigos. Acabamos trocando e-mails. Conversando por telefone e pessoalmente. Já o entrevistei, mais de uma vez. E ele me manda seus livros - o que eu considero um privilégio.

Mas nunca comentamos sobre aquele meu texto no Observatório da Imprensa...

A ideia do Alberto de Dines, de fiscalizar a mídia, e principalmente os “jornalões”, rendeu uma certa notoriedade aos meus escritos, e algumas reações divertidas, como as de cima.

Além de toda a importância do Dines para a jornalismo do Brasil, ele tinha essa abertura para novas vozes - algo que não é o comum nesse meio, de indicações e de amigos de amigos.

Numa era de profusão das fake news, o slogan de “nunca mais ler jornal do mesmo jeito” soa quase ingênuo. Mas foi importante naquele momento. E, como outsider, consegui participar do O.I. e até me divertir. Descanse em paz, Alberto Dines.

Para ir além
Compartilhar

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Bløg
23/5/2018 às 14h15

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




A Constelação do Mestre
Dirceu Moreira
Exclusiva
(2009)



Hipnotismo e Mediunidade
Cesar Lombroso
Feb
(1975)



Administração
Stephen Robbins e Mary Coulter
Prentice Hall
(1998)



Audiologia Infantil
Ieda C. Pacheco Russo - Teresa M Momensohn Santos
Cortez
(1989)



Filhos: Manual de Instruções
Tania Zagury
Record
(2011)



Livro de bolso Literatura Brasileira Carlos Drummond de Andrade Folha Explica 3
Francisco Achcar
Publifolha
(2000)



Quem Vai Dormir Com Quem?
Madeleine Wickham
Record
(2012)



De Engenho a Jardim - Memórias Históricas do Jardim Botânico
Claudia Braga Gaspar e Carlos Eduardo Barata
Capivara
(2008)



Dental Implants: are They For Me?
Thomas D. Taylor; William R. Laney
Quintessence Books
(1993)



Sonhos Criativos
Patricia Garfied
Nova Fronteira
(1977)




>>> Abrindo a Lata por Helena Seger
>>> A Lanterna Mágica
>>> Blog belohorizontina
>>> Blog da Mirian
>>> Blog da Monipin
>>> Blog de Aden Leonardo Camargos
>>> Blog de Alex Caldas
>>> Blog de Ana Lucia Vasconcelos
>>> Blog de Anchieta Rocha
>>> Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
>>> Blog de Angélica Amâncio
>>> Blog de Antonio Carlos de A. Bueno
>>> Blog de Arislane Straioto
>>> Blog de CaKo Machini
>>> Blog de Camila Oliveira Santos
>>> Blog de Carla Lopes
>>> Blog de Carlos Armando Benedusi Luca
>>> Blog de Cassionei Niches Petry
>>> Blog de Cind Mendes Canuto da Silva
>>> Blog de Cláudia Aparecida Franco de Oliveira
>>> Blog de Claudio Spiguel
>>> Blog de Diana Guenzburger
>>> Blog de Dinah dos Santos Monteiro
>>> Blog de Eduardo Pereira
>>> Blog de Ely Lopes Fernandes
>>> Blog de Expedito Aníbal de Castro
>>> Blog de Fabiano Leal
>>> Blog de Fernanda Barbosa
>>> Blog de Geraldo Generoso
>>> Blog de Gilberto Antunes Godoi
>>> Blog de Hector Angelo - Arte Virtual
>>> Blog de Humberto Alitto
>>> Blog de João Luiz Peçanha Couto
>>> Blog de JOÃO MONTEIRO NETO
>>> Blog de João Werner
>>> Blog de Joaquim Pontes Brito
>>> Blog de José Carlos Camargo
>>> Blog de José Carlos Moutinho
>>> Blog de Kamilla Correa Barcelos
>>> Blog de Lúcia Maria Ribeiro Alves
>>> Blog de Luís Fernando Amâncio
>>> Blog de Marcio Acselrad
>>> Blog de Marco Garcia
>>> Blog de Maria da Graça Almeida
>>> Blog de Nathalie Bernardo da Câmara
>>> Blog de onivaldo carlos de paiva
>>> Blog de Paulo de Tarso Cheida Sans
>>> Blog de Raimundo Santos de Castro
>>> Blog de Renato Alessandro dos Santos
>>> Blog de Rita de Cássia Oliveira
>>> Blog de Rodolfo Felipe Neder
>>> Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues
>>> Blog de Sophia Parente
>>> Blog de suzana lucia andres caram
>>> Blog de TAIS KERCHE
>>> Blog de Thereza Simoes
>>> Blog de Valdeck Almeida de Jesus
>>> Blog de Vera Carvalho Assumpção
>>> Blog de vera schettino
>>> Blog de Vinícius Ferreira de Oliveira
>>> Blog de Vininha F. Carvalho
>>> Blog de Wilson Giglio
>>> Blog do Carvalhal
>>> BLOG DO EZEQUIEL SENA
>>> Blog Ophicina de Arte & Prosa
>>> Cinema Independente na Estrada
>>> Consultório Poético
>>> Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
>>> Cultura Transversal em Tempo de Mutação, blog de Edvaldo Pereira Lima
>>> Escrita & Escritos
>>> Eugênio Christi Celebrante de Casamentos
>>> Flávio Sanso
>>> Fotografia e afins por Everton Onofre
>>> Githo Martim
>>> Impressões Digitais
>>> Me avise quando for a hora...
>>> Metáforas do Zé
>>> O Blog do Pait
>>> O Equilibrista
>>> Relivaldo Pinho
>>> Ricardo Gessner
>>> Sobre as Artes, por Mauro Henrique
>>> Voz de Leigo

busca | avançada
55391 visitas/dia
1,7 milhão/mês