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Quinta-feira,
31/3/2016
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Dê suas ideias a conhecer. Publique seu livro.
Se as histórias não são contadas ou os livros escritos, seres humanos viveriam como bestas, somente para o dia.
Isaac Bashevis Singer, prêmio Nobel de Literatura de 1978. Grande verdade sobre a condição humana e o papel dos escritores.
OPHICINA DE ARTE & PROSA
Se seu sonho é escrever, nosso negócio é publicar.
Blogspot, [email protected]
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Postado por Blog Ophicina de Arte & Prosa
31/3/2016 às 17h51
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Meu amigo Sabiá
Outro dia, enquanto caminhava pelas ruas de Icaraí, simpático bairro de classe média na cidade de Niterói, algo chamou minha atenção: Um enorme e lindo sabiá, cantando dentro de uma minúscula gaiola.
Mudei o foco das elucubrações que fazia, para tentar entender como ou qual é a personalidade de quem aprisiona pássaros. Quem é este indivíduo que aprisiona sabiás, coleiros do brejo, canários da terra, trinca-ferros, azulões, bicos de lacre?
É neste bairro quase exclusivo, adensado pelos prédios residenciais de médio e alto padrão, de poucas casas, muitos velhos, cachorros e crianças tal e qual Miami ou Venice que observo moradores, supostamente exclusivos, modernos, etc. e tal e suas varandas com pássaros engaiolados.
Que tipo de gente é essa? Que mal fez um sabiá laranjeira para ficar trancado numa gaiola minúscula, pouco maior do que o próprio animal? Que individuo é este que tem prazer em retirar da natureza uma criatura que nenhum mal lhe causa, que não é predador de nada, que canta, que não ataca ninguém, que não tem peçonha, que não cometeu delito nem tem culpa formada.
Os sabiás, canários, coleiros e curiós aprisionados são restos de um hábito estúpido absurdo e egoísta qual seja aprisionar aves para ouvir seu canto, impedir seu voo, e mostrar carinho perverso com uma criatura que estava livre, e agora está presa e indefesa.
Não adianta lei que não se cumpre. Não adianta nada se existem criadores e viveiristas que alimentam esta tara hedionda e absurda.
Os proprietários de aves engaioladas deveriam passar suas férias tal como fazem com suas vitimas, em jaulas mínimas onde os movimentos são tolhidos e limitados. Sem a companhia dos amigos, dos iguais, e a da natureza, sendo alimentados por um tratador que os obrigasse a cantar, a pular para lá e para cá para não engordar e sorrir quando alguém se aproximasse.
Quem sabe não mudariam de ideia.
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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
31/3/2016 às 08h51
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Obstinação
Meu post anterior, Contagem Regressiva, vem sendo reescrito há 3 dias. Durante uma das releituras lembrei de haver enviado a alguns amigos as palavras do escritor alemão Hermann Hesse. Como há um forte vinculo de idéias entre o texto que Hesse escreveu e Contagem Regressiva, resolvi, então, transcrevê-lo:
"Existe uma virtude - e só uma - a que muito amo: - a obstinação. Não atribuo o mesmo valor a todas as virtudes de que falam os livros e os professores. Entretanto, poderíamos abranger sob uma só palavra todas as virtudes inventadas pelo homem. Virtude é - obedecer! Toda a questão está em sabermos a quem obedecer...Também a obstinação é obediência. Mas todas as outras virtudes, tão estimadas e decantadas, são obediência a leis feitas pelos homens. Só a obstinação é que não dá a menor importância a tais leis... O obstinado obedece a outra lei, a uma lei única, absolutamente sagrada: - à lei em si mesma, ao sentido (Sinn) de seu próprio ser (des Eigenen).
Mas tomemos a palavra em seu sentido literal! Literalmente, que quer dizer "obstinação" (Eigensinn)? Significa que alguém tem seu sentido próprio, sua marca pessoal (eigenen Sinn).
Ou não será isso?
Na verdade, tudo quanto existe sobre a terra tem seu "sentido próprio" (eigenen Sinn). Sim, todas as coisas o têm. Cada pedra, cada folha de grama, cada flor, cada arbusto cresce; cada animal vive, age e sente prefeitamente de acordo com seu "sentido próprio". É exatamente devido a isso que o mundo é tão bom, rico e belo. Se existem flores e frutos, carvalhos e bétulas, cavalos e galinhas, estanho e ferro, ouro e carvão, tudo isso resulta única e exclusivamente do fato de cada coisa, por mínima que seja, trazer em si mesma, dentro do universo, o seu "sentido", o seu selo, sua lei própria, e segui-la sempre de maneira total e inexorável.
Na terra só existem dois pequenos e desditosos seres aos quais não é concedido seguir esse apelo eterno; aos quais não é dado ser, crescer, viver e morrer sempre do modo como lhes impõe seu "sentido próprio" e inato. São o homem e o animal.
Só o homem e os animais por ele domesticados são condenados a seguir não a voz da vida e do progresso e, sim, leis outras, estabelecidas pelo próprio homem e por ele mesmo sempre, de tempos em tempos, alteradas ou violadas. É exatamente isso o que há de mais estranho: aqueles poucos homens que desrespeitam as leis arbitrárias para seguirem suas próprias leis naturais - são na maioria das vezes condenados e apedrejados para, depois, serem eles, precisamente eles, para sempre homenageados como heróis e libertadores!
(...) Pois bem. "Trágico" outra coisa não designa senão o destino do herói. Exatamente porque o herói se obstina em romper com as leis com que tentam sufocá-lo. E prossegue tenaz, em busca de sua própria estrela.
Por isso e somente por isso, amplia-se e abre-se sempre mais em direção a toda a humanidade a vivência do "sentido próprio" de cada coisa. O herói trágico, o homem obstinado, está sempre a apontar aos milhões de homens "submissos", aos covardes, que a desobediência a regulamentos humanos não é mero capricho arbitrário. É a fidelidade a uma lei mais sublime e sagrada. Noutros termos: o sentido gregário exige de cada um acomodação e submissão. Mas não reserva a humanidade suas honras mais elevadas aos acomodados, aos tolerantes, aos covardes, aos dóceis. E, sim, precisamente aos rebeldes, aos obstinados, aos heróis!
(...) "Egoísmo" - dirão alguns. Só que esse egoísmo é de todo diverso do egoísmo do homem ávido de dinheiro ou fascinado pelas seduções do poder.
A pessoa possuída pela obstinação que aqui advogo não procura o dinheiro nem o poder. Não os menospreza, como o faz o fanfarrão e o altruísta hipócrita e conformado.
Ao contrário. O ouro é de pouca monta para a pessoa que se descobriu e se transformou num verdadeiro obstinado, o ouro, e também o poder, e todas as coisas em cuja busca os homens se batem e acabam por se matar. Uma só coisa, e esta elevadíssima, é a sua meta verdadeira: - é a força misteriosa que nele habita e o faz viver e o ajuda a crescer interiormente. Não pode essa força ser conservada, aumentada ou aprofundada por meio do dinheiro ou coisas semellhantes. Dinheiro e poder são invenções da falta de confiança entre os homens. Quem, no seu íntimo, não confia na força da vida; quem não a possui, necessita buscar um substituto - por exemplo, o dinheiro - para se compensar dessa carência.
Para quem confia em si próprio, para quem outra coisa não deseja senão viver pura e simplesmente o seu destino e deixá-lo seguir seu caminho, os outros sucedâneos, demasiado apreciados e de todos tão estimados, caem a um nível inferior de meros meios que é agradável ter e usar, sem que sejam, entretanto, de decisiva importância."
Hermann Hesse
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Postado por O Equilibrista
31/3/2016 às 08h24
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Os frutos
Na subida da Alameda Isaac Newton, os braços dela envolviam o pacote pardo de compras, um abraço forte feito os de saudade. Dentro do pacote, agitação. Uma maçã foi expulsa pelo rebuliço das frutas, quicou, rolou, desceu ligeiro, a velocidade em aceleração exponencial até encontrar freio na lateral de uma bota. A devolução foi feita entre sorrisos acanhados e olhares intermitentes. Vieram os filhos, os netos, já há inclusive bisnetos. É a árvore genealógica que nunca existiria não fosse o declive da Alameda Isaac Newton.
Texto originalmente publicado no site reticencia.com [email protected]
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Postado por Flávio Sanso
29/3/2016 às 13h25
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Contagem Regressiva
The Masses, Modern Times, Charles Chaplin.
"A única maneira de fazer um trabalho extraordinário é amares aquilo que fazes. Se ainda não o encontraste, continua a procurar. Não te acomodes. Tal como com os assuntos do coração, tu saberás quando o encontrar." Steve Jobs
Na entrada, o slogan da agência de empregos:
“O nosso trabalho é encaminhá-lo na vida”
– O próximo! Número 307, por favor!
No fundo da sala, repercute o grito impaciente e maquinal do recrutador que, à espera do portador da senha de número 307, observa, ansioso, o movimento dos ponteiros do relógio de ponto fixado às suas costas.
Um homem aparentando pouco mais de cinquenta anos e ar resoluto ergue-se, cedendo lugar à jovem com a qual entabulava uma jovial conversa. Ela havia desembarcado no Rio há um mês e tencionava conseguir um emprego que lhe permitisse custear os estudos na Escola de Música. Sonhava tornar-se violinista.
– Pois bem, meu senhor, sente-se, por favor, e me dê sua carteira de trabalho, identidade e comprovante de residência. Preciso dos seus dados para cadastrá-lo no sistema e dar andamento ao processo. Apesar da crise, como hoje é sexta-feira o movimento é menor. É possível que até o fim do dia consiga agendar uma entrevista e, quem sabe, encontrar uma instituição em que o senhor possa ser encaixado. O jovem recrutador proferiu estas palavras com o ar de superioridade de quem sente ter o destino dos homens em suas mãos.
Enquanto entregava os documentos, o homem adiantou-se a dar informações, pois, há alguns meses, sentia-se premido pela sensação de que não tinha tempo a perder:
– Meu nome é Manuel. Fui coveiro durante mais de vinte anos. Enterrei centenas de homens, mulheres e crianças. Quero recomeçar. Não suportava mais sentir-me como uma espécie de ponto final de outras vidas e, o que é pior, sentir o mesmo em relação à minha própria. A razão de estar aqui é que procuro um trabalho que se encaixe a mim, e não apenas eu a ele.
O recrutador que, habitualmente, mantinha os olhos ora na carteira de trabalho ora no formulário de quem atendia, sobressaltou-se com estas palavras. Pela primeira vez, olhou nos olhos de quem estava sentado diante dele. Estava acostumado a trabalhar como se desse esmolas, a lidar com pessoas menos exigentes e mais submissas; destas que estão dispostas a abrir mão de tudo apenas para satisfazerem seus caprichos mais vulgares sob o conveniente disfarçe de que têm de pagar suas contas. Logo que se restabeleceu da surpresa de se deparar com um homem invulgar, sorriu e disse:
– Aqui não tratamos disso, meu senhor. Não realizamos testes vocacionais. Nossa função é encaminhar as pessoas ao mercado de trabalho, auxíliá-las a escapar da miséria. Não vê televisão ou lê os jornais? O país está em crise. O povo passa privações, e quem assim se encontra não tem o direito de escolher, mas o dever de agradecer a Deus por ter tido uma chance de sobreviver seja lá como for.
– Creio, meu filho, a julgar pela sua aparência, que o que possui de idade tenho eu de experiência nisso que chama de mercado de trabalho. Como disse há pouco, não mais espero ser encaixado, nem saber o que os jornais e a televisão têm a me informar sobre a quantas anda esse tal mercado. Estou cansado dessa mesmice. Conheço bem os argumentos de toda essa gente, ou pensa que sonhei ser coveiro? Se os conheço tão bem é porque foram eles que me aprisionaram na miséria até o dia em que decidi deixar meu último emprego. Sei o que as pessoas miseráveis pensam. Pensam os mesmos pensamentos que as impedem de reconhecer e se revoltar com a própria miséria. O que todos tinham a me dizer, de certo modo, foi-me útil para suportar os empregos que tive enquanto pesava sobre meus ombros a responsabilidade de criar meus filhos. Foi-me, enfim, útil para sobreviver, como bem disse há pouco, enquanto os educava. Mas agora, estando meus filhos já criados, e não sentindo ter mais preocupações e deveres em relação a quem quer que seja, estou decidido a fazer o que sinto necessidade: atrever-me a viver o que devo a mim mesmo antes que seja tarde; aquilo que se encaixe a mim tão impecavelmente que, quando alguém que me conhece observar, dirá: “Este é o Manuel, não há como confundir!”. Quando se trabalha perto da morte durante tanto tempo, meu jovem, a gente acaba por perceber que aquilo que nos acostumamos a chamar de vida não é vida. É antes, miséria, banalidade e indigência.
– Mas como não é vida, meu senhor? Está sendo ingrato. – atalhou o recrutador - O que mais pode um homem esperar neste país? É um vencedor! Veja estas pessoas aqui na fila, estes jovens cheios de esperança, e os outros já não tão jovens e que desejam um emprego para poderem dar o mínimo às suas famílias, para terem o que o senhor conquistou e agora desdenha.
– Não desdenho. Acontece que agora quero mais, ou será que acha que estou velho? Quero iniciar uma nova página em minha vida. Não agüento mais essa torturante pasmaceira que vejo à minha volta todos os dias. Não me reconheço nela. Sinto reavivarem as expectativas de minha juventude, época em que experimentei aquela sensação de ter diante de mim todas as possibilidades do mundo, tudo o que, movido pelas circunstâncias, pouco a pouco fui deixando para depois sem me dar conta do que perdia agindo assim. Hoje sei que cada dia nessa vida que vivia era uma pá de terra que jogava sobre mim mesmo. Obtinha do meu trabalho o suficiente para que no dia seguinte pudesse continuar me enterrando vivo. Era o que sentia. Como poderia continuar com aquele emprego?
– Sei que no fundo me compreende, meu jovem – continuou. O recrutador que, sem aperceber-se, havia abandonado a caneta e o formulário ouvia-o atentamente. Estou a te observar desde que adentrei nesta repartição e notei que, a todo instante, olha para o relógio de ponto como se quisesse fugir daqui. Deve ter um sonho, mas como foi educado a sufocá-lo para se tornar o que se tornou, por certo, apenas se permite sonhá-lo nos dias de folga. O que quer? Ser tornar músico, escritor, piloto de avião? Deixa pra lá, a mim não importa o que seja. De qualquer maneira, lute por ele antes que se torne comida para vermes e bactérias! Aconselho-o a correr atrás de seu sonho. Não o adie mais, não se resigne ao que o mundo lhe tenta persuadir. Ouça este velho que várias noites dormiu entre os mortos. Sei o que eles diriam aos vivos: “Vá, ouse, arrisque-se!”.
O recrutador tentou retormar seu trabalho. Empunhou novamente a caneta e continuou, como de hábito, com as perguntas rotineiras:
– Vejo aqui em sua carteira que mais um ano e se aposentaria. Por que foi demitido?
– Não fui demitido, eu abandonei o trabalho. Já lhe disse que não o suportava mais.
– E posso saber por que deixou seu emprego se, em meio a essa crise, há tantos que suplicam a Deus por trabalho?
– Ah, meu filho, deus não existe mais. Eu mesmo o enterrei. Somos somente eu e você e o mundo.
O jovem sorriu, mas muito seriamente, e antes que tentasse dizer algo, Manuel cortou-lhe:
– Respondendo mais uma vez à sua pergunta e repetindo o que lhe disse: se ainda há pouco estava enterrando minha vida por causa desse trabalho, nada mais justo foi ter feito o mesmo com ele agora que preciso do tempo que lhe dedicava para recomeçar minha vida.
A fisionomia do recrutador começava a transparecer, além de perplexidade, irritação. Ao notar isso, Manuel avançou:
– Você se choca com tudo isso, meu filho? Vou te dizer algo que descobri para que se sinta ainda mais chocado: alguns homens deixam de viver antes mesmo de terem começado e, a julgar pela sua reação diante de tudo que lhe digo, parece-me que você é um deles e, no íntimo, apesar de suas palavras, vejo que não consegue convencer-se do contrário.
Contrariado com o que acabara de ouvir e sem saber como agir, tão surpreso que estava diante daquela inusitada situação, o recrutador, agora num tom mais severo, solicitou :
– Por favor, meu senhor, mesmo que compreendesse o que sente, não posso te ajudar. Não estou aqui para divagar sobre a vida! Deixe-me dar continuidade ao meu trabalho, pois se o patrão me vê discorrendo sobre estes assuntos, decerto me punirá, descontando no meu contracheque o tempo perdido e, ainda que seja descontado em um minuto, isso me trará mais dificuldades para fechar o mês. Já me são suficientes os juros das prestações do carro em atraso para tirar-me o sono. Não posso perder mais dinheiro.
Manuel se levantou, meneou a cabeça em sinal de agradecimento ao recrutador por este, de um modo impensado, tê-lo mostrado que estava no lugar errado. Com aquela breve conversa, certificou-se daquilo que, desde que abandonou o ofício de coveiro, pressentia: “Se quiser descobrir como devo viver de agora em diante, não é agindo como esse tipo de gente que encontrarei o caminho”. Antes de sair, deu um beijo na testa da jovem com a qual conversava minutos antes, aconselhando-a:
― Não desista da música se lhe faz feliz, minha filha! Ainda que o mundo teime em fazê-la acreditar que não tem o direito de persistir, persista! Sua felicidade depende menos do que dizem as pessoas à sua volta do que aquilo que consegue ouvir de si mesma. Dito isso, olhou afetuosamente para a jovem que, inesperadamente, abraçou-o com o semblante repleto de lágrimas diante dos olhares curiosos e atônitos dos que ali estavam (Como poderiam não se espantar com quem ousa dar a si mesmo uma chance?). Depois que se separaram, a jovem acompanhou Manuel com o olhar, e ele seguiu seu caminho sem olhar para trás. Ambos não se sentiam sozinhos. Sabiam que eram minoria, mas havia outros tantos que pensavam como eles. Quando a porta se fechou atrás de Manuel, ele ajeitou o chapéu, tornou a ler o slogan na entrada e se perguntou: “Mas o que será que estes infelizes entendem por encaminhar na vida?”.
Enquanto Manuel deixava a agência, o recrutador continuava sentado no mesmo lugar de todas as horas. Evidenciava profundos sinais de perturbação. Percebendo-se, intimamente, contrariado, pousou, novamente, seus olhos fatigados no relógio de ponto. Queria, mais do que nunca, abandonar aquele lugar. Entrementes, acreditava que não podia fazê-lo. Acreditava que as dívidas impediam-no. O medo da miséria o impedia. Nada, então, poderia mudar sem antes amealhar uma fortuna. “Depois, sim, depois, será diferente!” devaneava. Até lá, até que tudo se tornasse diferente, continuaria ali, encaminhando pessoas enquanto sentia que sua própria vida se desencaminhava.
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Postado por O Equilibrista
28/3/2016 às 23h17
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Cinema Independente (4.3)
Seu filme está editado e sonorizado, ou seja, quase pronto! Falta a adição de créditos, legendas (se for o caso) e salvá-lo como filme.
É através dos créditos que você identifica todos os profissionais envolvidos com a realização do filme. A praxe é no começo do filme apresentar elenco e principais funções técnicas (direção, produção, fotografia, música etc) e deixar para o final a relação completa, incluindo eventuais agradecimentos (digamos que você tenha filmado na casa do seu primo, o nome dele deve estar nos agradecimentos – a menos, claro, que ele peça para não ser citado. O mesmo com pessoas que tenham emprestado roupas para o figurino, ou no caso de um documentário ajudado você a localizar alguma das pessoas que entrevistou). Mas isso não é regra geral; filmes comerciais costumam deixar os créditos todos para o final. Além disso, as produções da Marvel tornaram padrão algo que antes era muito eventual – a exibição de uma cena após os créditos.
O Movie Maker tem na aba Início as opções para inserir Título, Legenda e Créditos. O ideal é você escrever tudo o que precisará ser inserido como texto no filme em um arquivo de processamento de texto (Word, Rich Text ou Bloco de Notas). Não se preocupe em usar itálicos ou negrito, essa formatação é perdida ao se incluir o texto no Movie Maker. Por uma questão de praticidade de uso, eu acabei inserindo todos os dizeres dos meus curtas através da opção Legenda, mas se você preferir pode usar as outras duas também.
Note que quando você cria uma Legenda, irá aparecer nova aba no Movie Maker, a Formato, onde você pode fazer algumas edições no texto, como a fonte e seu tamanho, a hora em que ela inicia e sua duração na tela (o padrão é 7 segundos, você pode aumentar ou diminuir, mas precisa ver se o tempo que o letreiro vai aparecer é suficiente para que ele seja lido pelo espectador) – outro cuidado a tomar, em especial nos créditos finais, que como vimos é onde se costuma colocar a maior parte dos dizeres, para evitar que as diversas telas de texto se sobreponham e fiquem parcial ou totalmente ilegíveis. Também cuida se for inserir o texto sobre imagem; por exemplo, letras brancas sobre fundo amarelo claro irão “sumir”, se for preciso vá testando várias combinações até chegar ao melhor resultado. Você pode optar também por “animar” a exibição dos créditos, mas isso também pode tornar difícil a legibilidade. Dica: Use também as legendas ao longo do filme para identificar algo que você entenda ser necessário – local, data, passagem de tempo.
Você tem duas opções para inserir os créditos iniciais e finais: sobrepostos a cenas do filme já em andamento, ou então sobre fotos. As fotos precisam estar em alta qualidade, e para isso vamos usar o Fotor. Selecione as fotos que você vá usar, crie cópias delas e abra o Fotor, clicando “Edit” e depois em “Click here for start”. Selecionando a foto a ser editada, você pode escolher diversos efeitos para aplicar, cortá-la (através da aba “Crop”) e após isso salvá-la, clicando em “Save as”. Selecione JPG como formato do arquivo (que é um formato aceito pelo Movie Maker) e “High” (para salvar em alta definição) e clique em “Save photo”. Repita a operação para tantas fotos quanto você quiser usar. Depois volte ao Movie Maker e insira as fotos no ponto desejado, antes e/ou depois do filme já editado. Assim como em relação ao áudio, com as fotos você irá escolher o tempo em que ela irá aparecer na tela através da aba Editar/Duração.
Dica: você pode criar fotos do próprio filme usando o VLC. Selecione a cena que você quer usar como foto, pause a reprodução do filme e vá na aba Vídeo/Capturar a imagem. O VLC salva a imagem em formato PNG, que é aceito pelo Movie Maker, mas sugiro você usar o Fotor para converter para JPG e deixá-la em alta definição.
Reveja o filme e, se estiver como você quer, vá à aba Salvar filme e escolha o formato desejado. Eu sempre dou preferência ao primeiro, Recomendável para este projeto. Mas você pode ter algum uso específico em mente, por exemplo, postar no Facebook ou querer assistir em um celular pequeno com Android. Escolha o formato, dê um nome para o arquivo e clique em Salvar. O processo pode demorar um pouco (quanto maior o filme, mais tempo irá levar) e consumir boa parte da memória do seu PC, então o melhor é deixá-lo fazendo só isso nesse momento (é aqui que o Cool Beans mostra o seu valor).
Ao concluir o processo, o Movie Maker irá exibir um aviso na tela, que vai lhe permitir assistir ao filme concluído. Assista no VLC e veja se é necessário mudar alguma coisa (em especial o áudio ou o efeito antitremor). Se for necessário, repita os passos descritos acima. Se não for preciso mudar nada, o próximo passo é divulgar seu filme!
Antes ainda, dois rápidos recados. O primeiro: quando você for fechar o Movie Maker, ele vai perguntar se você quer salvar o projeto; clique em “Não” (do contrário, ele vai pedir para você salvar tudo de novo num formato de projeto que só abre no próprio Movie Maker). O segundo é uma ótima notícia: qualquer filme que você editar no Movie Maker será salvo em HD. |
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Como participar de um congresso acadêmico?
Os doze trabalhos de hércules, o pesquisador
Hércules é um dos habitantes da cidade Universitária de Atenas. Ele é metade mortal e metade-aspirante à PH-Deus . Vive rodeado por PH-Deuses e imerso em problemas, de pesquisa. Ele é orientado por Zeus, o Deus dos Deuses, mas quem o orienta mesmo é Quíron, seu co-orientador, uma vez que Zeus vive em seus congressos no olimpo e (para sorte de Hércules) nunca aparece. Quíron é um centauro, mas para Hércules ele é um centauro. Junto com Jazão, Narciso, Aquiles e Orfeu, Hércules vive inúmeras aventuras em direção ao título de PH-Deus. Há quem diga que só Hércules tem condições de chegar à PH-Deus, isso, é claro, se ele sobreviver aos seus 12 trabalhos como doutorando.
Acompanhe a tira cômica do herói toda semana!
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Postado por Blog de Alex Caldas
27/3/2016 às 11h02
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O que quero deixar ao meu filho
First Steps, Van Gogh. Fonte:http://www.yeskey.com/
"A felicidade é a realização de um desejo pré-histórico da infância. É por isso que a riqueza contribui em tão pequena medida para ela. O dinheiro não é objecto de um desejo infantil." Sigmund Freud
Em minha primeira participação no Writers Ink, na Alemanha, havia seis escritores além de mim, da Namorada e do Theo, meu filho, na época com um ano e quatro meses. O grupo literário é constituído por um número maior de pessoas, mas apenas estas seis participavam do encontro naquele dia. O Theo ficou o tempo inteiro brincando na mesma sala em que estávamos, mas parecia entender o que acontecia pois, durante a leitura dos textos, permaneceu em silêncio. Quando fomos embora, a Namorada contou-me que falou para ele o seguinte: "Fica quietinho agora que isso é importante para o papai".
Em vários momentos, eu estava sério, uma seriedade que ao olhar para ele ganhava contornos diferentes, mais ternos. Tudo aquilo era importante para mim, mas me dei conta, também, de que era uma brincadeira. Brincar é algo sério para uma criança. É quando ela exercita a própria imaginação e outros aspectos de sua personalidade. É brincando que, muitas vezes, uma criança encontra sua vocação. Por isso, penso que brincar nem sempre é brincadeira como parece entender toda a gente quando começa a se preocupar basicamente com o futuro salário e a colocação profissional de seus filhos, ocupando desde cedo o tempo das crianças com aulas disso e daquilo, desprezando aquele tempo ocioso, imprescindível ao desenvolvimento da capacidade de sonhar e brincar, em que se abre a possibilidade do encontro de um ser humano com sua vocação.
Quando comecei a escrever, um filho não estava no meu horizonte. Também não vou dizer que tê-lo não mudou nada. Mudou sim. Para começar, o tempo que tenho para dedicar-me à escrita se tornou bem menor. Creio que continuaria escrevendo mesmo que não tivesse tido um filho, mas depois que o Theo nasceu passei a desejar também que ele veja o pai correndo atrás do que acredita. Quero que meu filho, quando encontrar o que deseja fazer da vida, corra atrás. Esse é o legado que pretendo deixar a ele. É também a maneira que desejo que se lembre do pai. Estimularei o Theo a encontrar sua vocação e, quando encontrá-la, a não desistir dela a despeito do que todos à sua volta venham a dizer. Não sei se um dia ganharei dinheiro com o que escrevo, mas tenho para mim que o que a escrita me propicia é algo que desejo que ele encontre no que vier a fazer no futuro. Como é de se esperar de um pai que ama seu filho, quero que o Theo seja feliz, mas quando ele assim não se sentir, espero que jamais deixe de lutar para sê-lo e, para ser capaz de lutar, é preciso que se tenha um sonho, uma vocação, e se agarre a eles. Há momentos em que parece que a vida em si mesma não se justifica e, nestas horas, não importa o quanto tenhamos de dinheiro, sem um sonho ou uma vocação, ela infelizmente se revelará pobre, injustificável e sem sentido.
Contato: [email protected]
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Postado por O Equilibrista
26/3/2016 às 11h39
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Neobolcheviques e neopolpotistas
Ontem vi 2 propostas de estabelecimento de ditadura bem especificadas. Uma delas é do presidente do PT, o eterno neo-bolchevique Rui Falcão, argumentando que "...quem garante a estabilidade ... é o governo Dilma" e portanto "...nosso governo precisa ter iniciativas no plano econômico e ações politicas para romper o cerco em torno dele. Afinal, não é possível que emissoras de rádio e TV, concessões de serviço público, continuem..."
Ficou claro? A garantia de estabilidade é o poder pessoal da presidente, que deve censurar a imprensa para evitar críticas. É o que se espera do defensor da volta das eleições indiretas e do senador biônico.
A outra é do neo-polpotista Vladimir Safatle, que vai mais fundo ao dizer que "O Brasil nunca foi um país. Sequer uma narrativa comum a respeito da ditadura militar fomos capazes de produzir", de onde conclui que "...a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer que ela e este Congresso Nacional continuem".
Pensamento coerente com a defesa do líder único, e com o histórico do autor. Como ele vai mais a fundo e questiona a própria existência de nosso país, vale a pena desenhar o argumento: um povo que não marcha em compasso único não existe.
Quem exige de um povo uma "narrativa comum" é o estado totalitário. A ditadura foi um fenômeno complexo, não passível de interpretação única. Grupos e indivíduos diversos atuaram de forma diversa com objetivos diversos. Quem não é capaz de aceitar isso só se sentirá realmente à vontade numa ditadura. A única inovação é que ele deslegitimiza a própria existência do Brasil, tratamento até agora reservado, entre todas as nações do planeta, exclusivamente para Israel.
E qual a proposta do autor para a eternização do líder único? Qualquer coisa que não seja prevista na lei. No caso, um plebiscito, tendente a dar ao executivo poderes para fechar o congresso. O que acontece se a presidente convoca um plebiscito, mesmo sem ter poderes para tal, e o eleitor diz que não quer nem o executivo nem o legislativo ainda dominado pelos governistas? Fecha-se o congresso, e alguém assume todos os poderes de forma extraordinária, pelo tempo que for necessário, já que a Constituição foi invalidada mesmo... O resto podemos completar.
Lendo e aprendendo.
http://www.pt.org.br/rui-falcao-contra-o-golpe-petista-nao-foge-a-luta/
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2016/03/1753928-um-golpe-e-nada-mais.shtml
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Postado por O Blog do Pait
26/3/2016 às 07h38
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Semeando no jardim
Tingindo de verde primevo a haste
nascente, meus desejos criam raízes
que me suavizam a tarefa das mãos
em dias de escassez.
Glicínias balbuciam em azul
o verbo das águas
geratrizes.
Sobre inércia e medo, uma flor reproduz
a vida nos dias perdidos a escorrer
pelo ventre da terra.
Uma só flor me basta.
Seu cálice poderá conter nada.
Ou, quem sabe, legendário néctar
da ressurreição?
Ante a dúvida, sinto-me
anterioridade.
Sou aquele que provará
o gosto do inexplicável.
Lábios, sempre abertos.
(Do livro 50 poemas escolhidos pelo autor)
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Postado por Blog da Mirian
25/3/2016 às 09h22
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Julio Daio Borges
Editor
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