Dia 25 de março, sábado. No Ekoa Café, Rua Fradique Coutinho, 914 - Vila Madalena, São Paulo. Começa às 15:00h. É um lançamento coletivo, mais três amigos tomarão café/poesia/lindezas conosco!
(Estarei lá! Espero que vocês amigos de Sampa possam ir, olha... se o livro for legal a gente toma mais e mais café, conversamos). Vou esperar que acontença!
O executivo de altíssimo nível esperou ate que sua entrada fosse aceita na sede de seu principal concorrente. E demorou um bocado ate a liberação e ordem de leva-lo imediatamente, a presença do Presidente do Conselho .
Já tinha trabalhado ali por muito tempo, frações de eternidade a bem da verdade.
Enquanto caminhava observa tudo em volta. A sobriedade tranquila das cores dos corredores, os uniformes do mesmo pessoal que ele conhecera em outros tempos, o formato dos portais e portas, o carpete sempre com a cara de novíssimo, repleto dos sons de passos, sussurros, comentários discretos, sorrisos e gestos cordiais e suaves, entre seus usuários.
Seguia caminhando e constatando a imensa monotonia.
a musica fluindo pelo espaço,repetindo os mesmos temas, imperceptíveis aos ouvidos acostumados. Estava no centro das decisões. Dali partiam todas as diretrizes,idéias,projetos,todas as reformas ou demolições.
Vencida a ultima barreira de verificações e validações do passe e crachá provisório, o portal descomunal abriu-se lentamente. A curiosidade esbarrou no enorme biombo de refinado trabalho artístico, mal deixando perceber o formato circular do ambiente que protegia.
Que pena.Não se conseguia ver nada, muito menos o todo poderoso. A luz escapava por cima e pelos lados do biombo sinalizando a distancia entre o grande executivo e a porta. A intensidade era colossal.
-Muito bem. Você por aqui.
Aproxime-se.O que o traz ? Não poderia usar os canais usuais para suas mensagens e sinais? Qual e a razão para quer ver-me? O que esta acontecendo?
-Vim pedir sua ajuda, vim pedir um ar, um fôlego, um pouco de paz...
-Você pedindo fôlego? Vamos la.
Bem, depois que o Dante comentou as principais características do meu estabelecimento, o movimento turístico ficou equilibrado. Os passageiros chegavam, ficavam um tempo, alguns pediam visa permanente, enfim, aprendiam as artes, ofícios, profissões da região montavam suas lojas, seus clubes e, as coisas iam correndo bem, como sempre.
De um tempo para cá, não estamos mais dando conta da demanda.
A publicidade, que já foi nossa aliada principal, agora esta criando um problema atrás do outro.
-Como assim? Estas perdendo a forca? Sempre gabou-se de ser sabido, poderoso...
-A coisa esta complicada. De um dia para o outro, as requisições para troca de destino no momento do embarque, estão causando um problema danado. A gente esta com um problema absurdo, inimaginável, angustiante.
-Já fui avisado do fenômeno, mas o que e que publicidade tem a ver?
-Esta todo mundo falando que aqui não acontece mais nada. As canções são as mesmas, a comida não melhorou nadinha, as roupas são absolutamente sem graça, a paisagem monótona, enfim a programação de lazer e uma lastima. Em contrapartida, la na firma, estão todos os que sempre fizeram a vida ser mais fácil de aguentar. Os músicos, artistas, funcionarias da alegria, mágicos, prestidigitadores, jogadores, valentões, inteligentes, inteligentíssimos, vigaristas, criaturas estranhas, tudo. Absolutamente tudo que e ilegal, imoral ou engorda, alem de ser divertido, colorido, cheiroso, bonito. Esta tudo conosco.
-O que?
-Pois e. Tudo culpa da propaganda que, a bem da verdade, não e enganosa. Esse pessoal tem residência, não precisa de Visto. Chega, sai, vai, volta sempre de bom humor, com novas idéias, novas drogas, novas comidinhas, novas ambições.
-Mas e os castigos? Os flagelos, as pragas e martírios? -Ah... So para pobre. Pobre adora o céu. Quer pagar a conta e subir tocando harpa Mesmo os que são pobres mas tem projeto trocam de portão, e entram correndo no nosso. Os caras são sádicos, masoquistas, tarados, loucos de pedra, e tudo com cara de santo, de normal.Vão chegando, tentando pular a catraca.Mostram passaportes falsos, querem subornar todo mundo. Começam pedindo um trago, uma musica, um bagulho, um rango apimentado. Os políticos? Já montaram sindicatos, associações,movimentos disso e daquilo. Passam o tempo fazendo intrigas, acordos e conchavos com os demônios mais antigos. Fazem promessas de aumento para o pessoal das fornalhas, organizam passeatas e quebradeiras que jogam lava pra todo lado. Embaraçam as cordas para enforcados, amarram os chicotes, entopem os esgotos. Arrancam os fios da iluminação e das caldeiras para vender no ferro velho de Vulcano. Arrebentam o calçamento Querem mudar a nossa organização, o inferno, para acochambrar os amigos, os correligionários, os cupinchas que estão para chegar.
-Preciso de sua ajuda Mestre.Imploro.
-Tudo bem, vamos ver se achamos alguém para ser um novo Noah. Ai mandamos um novo diluvio e começamos tudo novamente.
Agora vá e nada de querer ocupar os terrenos no purgatório ou montar acampamentos provisórios, etc. com a desculpa da falta de lugar. Por enquanto vai ficar como esta.
RA