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Domingo,
17/3/2019
Blog da Mirian
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
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Direções da véspera III
Da terra de origem, guardei objetos
e imagens. Travesseiro. Cartas.
Minha figura-de-proa carregando emblemas.
Contando estórias de garrafas.
Ressuscitando moribundos.
Valeu a pena esse rosário de travessias
desbravando as entranhas? Valeu a pena
esse rosário de navios desbravando becos?
Meu reino e meu cavalo por um verso!BR>
Fugindo da cólera dos deuses, a poesia
se arrebenta nas calçadas. Sobrevive?
(Do livro Travessias)
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17/3/2019 às 10h40
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Direções da véspera II
Do exílio, ficou o gosto das travessias.
O ermo das ruas aguardando os notívagos.
Ficou a tela da TV – mostrando guerras
e delícias – em compactos segundos.
Nosso reino pelo Cavalo de Tróia.
Nosso reino por um chope gelado.
Minha face por um castelo de festas.
Minha bolsa pelo aluguel do quarto.
Meu espelho pela minha imagem.
Nesse desajeito dos meus cabelos,
enlouquecem delírios de realidade.
(Do livro Travessias)
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24/2/2019 às 17h23
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Direções da véspera I
Foram-se os dourados da década travestida
de ouro. Por angústias, os dias se ressarciam
nas aventuras e músculos do Sheik de Agadir.
Nesse tempo, o anjo torto ensimesmou-se.
Nesse tempo, ser gauche tornou-se crime de guerra.
Mais tarde, disseram-me que:
saiu-de-moda. No desajeito da fala,
procuro meu verbo perdido.
Naufragando em papel, minhas palavras.
No desajeito destes versos, vagueiam
sonâmbulos da cidade prometida.
(Do livro Travessias)
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10/2/2019 às 18h08
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Direções da véspera (Introdução)
Às mãos do pai, vinha o endereço da casa
de aluguel, na ruazinha cheirando a peixe.
Enfim, ao meio dia recolhia-se o lixo.
Mas, ao giro das chaves, nada me respondia.
Do outro lado da fechadura, meu olhar galgando
calçadas. Quarto de todos era a sala de oração.
E, ultrapassando o umbral, as moscas
rememoravam a última praga do Egito.
Porta de entrar e sair, quem te abriu
ou te fechou nas direções da véspera?
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28/1/2019 às 11h01
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Direções da véspera (Introdução)
Às mãos do pai, vinha o endereço da casa
de aluguel, na ruazinha cheirando a peixe.
Enfim, ao meio dia recolhia-se o lixo.
Mas ao giro das chaves nada me respondia.
Do outro lado da fechadura, meu olhar galgando
calçadas. Quarto de todos era a sala de oração.
E, ultrapassando o umbral, as moscas
rememoravam a última praga do Egito.
Porta de entrar e sair, quem te abriu
ou te fechou nas direções da véspera?
(Do livro Travessias)
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13/1/2019 às 10h28
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Canções de amor
Queridos amigos e leitores,
Será uma grande alegria encontrá-los
no lançamento do meu livro
CANÇÕES de AMOR
19 de dezembro
Livraria Prefácio
Rua Voluntários da Pátria, 39, Rio de Janeiro/ RJ
a partir das 19 horas
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17/12/2018 às 21h50
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Casa de couro V
Mala grande? Era a casa imaginada navio.
Em águas do banho, eu imaginava oceanos.
Roteiros de ida-e-volta. Âncoras no quintal.
Na infância, a guerra era clarão. Fortalezas
de pedra (os quartos): minhas portas ao noviciado
das fábulas. Na cama desfeita, ficaram lágrimas
da despedida. No bolso do casaco,
o forro descosturado.
Casa de couro. Casa d’água.
Dentro da mala, eu construía balsas.
Minha morada flutuante.
(Do livro Travessias)
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25/11/2018 às 11h00
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Casa de couro IV
Entre dois mundos espalhei meu oceano.
Entre dois mundos, dormem nossos avós.
Meu pai e minha mãe sabiam das travessias.
Para vencer aquelas águas do quintal, construí
navios de papel. Grande, o convés. Imenso, o mar.
Bem maior o porto, recebendo o estrangeiro
evadido de antigas guerras.
Travessias, tantas.
Barca de brinquedo. Barca de verdade.
Dentro da mala, as crianças
carregavam o horizonte.
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
11/11/2018 às 13h18
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Casa de couro II
Juntando imaginárias folhas, cobria eu
o telhado da casa, protegendo-a do verão
e do inverno, que num só dia desciam ao chão
do deserto. Minha mãe cuidava da comida.
Costurava nossas roupas. De noite, estava
de volta o pai, recitando orações à hora do jantar.
Pão nosso de cada dia. Sol nosso dos trabalhos diários.
Viagem nossa de todos os dias.
Casa da memória. Mala da espera.
Era, sempre, colheita a terra. E, o rio,
meu túnel dos navios e bandeiras.
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
27/10/2018 às 09h52
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Casa de couro III
No alçapão, encontramos a mala de viagem.
Sob o forro, descobrimos moedas e cartas.
Imaginamos, então, fortuna e selos. E, diálogos,
com desconhecidos de todas as terras. Brincando
de esconder, o irmão menor deixava de fora os pés.
Seguindo improvisada embarcação,
todos chegávamos à foz das águas.
Naquele cais, ancorei minha alma.
Navio de couro. Navio marrom.
Naquele cais, ancorou minha arca prometida.
Naquele cais, senti febre de terra à vista.
(Do livro Travessias
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
14/10/2018 às 09h40
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Julio Daio Borges
Editor
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