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Quinta-feira, 23/11/2023
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As duas faces de Janus

Guardião dos caminhos, o deus Janus significava a transformação, o futuro e o passado.
Sempre com um olhar para frente e outro para trás, Janus poderia ser, nos dias de hoje, a câmera de segurança da portaria do condomínio, encarnando a personagem virtual em atalaia permanente.
Quando ligamos a TV e ouvimos as notícias, acompanhadas da advertência do apresentador que : "Estaremos acompanhando esse caso", podemos imaginar Janus vigilante, atento, alerta, absolutamente comprometido com o assunto mostrado e com os desdobramentos do mesmo. Depreendemos que o moderno jornalismo, o noticiário de TV, vai ajudar a pressionar a Autoridade na solução seja lá de que problema for, com o total apoio do consumidor de notícias, o público que tem poder, formado pela melhor fatia do Povo, aquela que está bem informada.
O Poder emana do povo, a Autoridade é paga pelo povo, e os funcionários principais do Estado, são escolhidos pelo Povo em períodos e prazos determinados.
Nada como informar com precisão, acompanhar com competência, apurar as consequências do fato que gerou a notícia, e receber o prestígio e o reconhecimento.
Em tempos de turbulência econômica, o noticiário ferve com estatísticas, previsões, comentários, vaticínios e profecias, mais a opinião do comentarista travestido de profeta, enfim mantendo a audiência sempre em dia com os fatos e seus possíveis desdobramentos. O mesmo acontece com a política. A carga de informações, boatos, falatórios, palpites e conversa-fiada atinge níveis siderais.
A tendência ao populismo, ao messianismo, às inverdades e imperfeições interpretativas, abre um espaço formidável para boquirrotos, vitimistas, distributivistas, arrivistas e deslumbrados de última hora buscando seu minuto de celebridade.No palco, no salão de festas, no plenário, o grande espetáculo se repete.
Judas vai vender, Pedro vai negar, Barrabás vai sair pela porta da frente, e quem acreditou que estavam defendendo ou atacando idéias, projetos, etc e tal, não sabe ou nunca escutou nada sobre o cafezinho depois dos tró ló lós e bafafás.
Entre acordos, conchavos, mutretas, combinações, arranjos, discursos, desaforos, bravatas, carreatas, passeatas, bumbas e meus bois, Janus perdeu a função de guardião ou sentinela de qualquer coisa. O que foi antes continuará agora e será sempre como antes foi.
Pobre Janus e suas caras. Aqui ambas são para frente.
O que passou vai pro arquivo.

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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
23/11/2023 às 20h33

 
Universos paralelos

Volto do supermercado com alguns itens da dieta básica de uma família comum. Cebola, batata, músculo bovino, banana. O suficiente para uma boa sopa de batatas com músculo. A couve estava guardada desde a última feira, o alho e a salsinha também. Arrisco um pacote de biscoitos doces e pronto. Deu para hoje e amanhã, sem qualquer dúvida. A moça da caixa passa, rapidamente, os itens e dou conta do que vou pagar.
Nada muda nas acaloradas discussões políticas, onde o “pobre”, a fome e todas as atribulações da maioria absoluta dos brasileiros são dissecadas, comentadas, bumbadas e saravadas com promessas de melhoria em todos os sentidos.
Os políticos mais importantes , todos bem nutridos, alimentados com dietas fartas, alardeiam realizações e concessões de ajudas financeiras para “botar comida na mesa do pobre”. Ou melhor, na mesa das famílias dos pobres.Sem dúvida, para quem nada tem, qualquer ajuda é festa.
Mas a que mundo pertencem esses privilegiados filhos da Viúva, da Pátria amada, salve, salve, quando exaltam fatos que deveriam ser corriqueiros na vida de cada brasileiro? Ter o que comer, com equilíbrio nutricional, o tal feijão com arroz, bife, ovo, salada e farofa,banana, laranja, abacaxi,todos os dias.
O custo dos filhos especiais da Viúva, ungidos, incensados, bentos, maravilhosos, descarados em seus discursos, sinaliza a existência sobrenatural de um mundo, quem sabe um universo paralelo onde deslizam em tapetes finamente tecidos, refletem brilhos de cristais polidos, abrigam-se em palácios, mansões e habitações hiper confortáveis, de onde saem, de tempos em tempos, apenas, para renovar suas licenças de bem-aventurados, em certames denominados de eleições.
A realidade do mundo de água, pedra, areia, cal, fome, miséria e espanto, é encoberta pelas nuvens de discursos mofados, repetidos, quase indecentes por sua falta de imaginação.
Os atordoados do mundo real, desenvolveram um sentimento especial, chamado de esperança. De tempos em tempos escutam as mesmas promessas, os mesmos apelos, até frases "geriátricas” por sua antiguidade,escolhem um lado da conversa, chegam a encolerizar-se, agredir-se, sofrer.
Saio do supermercado e noto mendigos nas calçadas próximas à porta.Alguns tentando vender confeitos para arrumar uma moeda, gente pedindo um pacote de arroz, feijão, leite. Já se acostumaram.
Não fazem parte de nenhum sindicato, associação, movimento, etc.São miseráveis autônomos.Miseráveis em tempo integral. Dormem no chão, nas praças, perambulam sem destino, agarram-se como parasitas, até que sejam retirados de alguma forma.
Vivem em outra dimensão além do mundo dos “eleitos” da Viúva míope, quase cega e além dos habitantes do mundo real, os que têm alguma forma de obter algum dinheiro em troca de trabalho.
Na ponta superior do universo maravilhoso, ninguém sai à rua para fazer compras em supermercado, ou quitanda. Isto é tarefa para a criadagem. Não usam transporte público nem conduzem seus próprios automóveis. A Viúva paga tudo. Feira, mercado, empório, carro, motorista, combustível, manutenção, renovação de modelo. Alguns têm vários motoristas à disposição para que não falte quem guie durante as vinte e quatro horas do dia.
Para os deslocamentos ou viagens de percursos longos, o avião está sempre a disposição, seja oficial, de carreira, ou particular, o tal jatinho. Esse último sinaliza o grau de importância do filho maravilhoso da Alegre Viúva. E ninguém lembra de fechar a bolsa da Velha.
Seguem os gastos estéreis com dezenas de pessoas do universo maravilhoso, todas trabalhando de barriga bem cheia, sapatos com solado inteiro, roupas adequadas ao clima de onde quer que estejam, e mais conversa. Mais igualdade entre os iguais.Não mudará nada.Diz um velho ditado: “Quem nasceu pra dez réis nunca chegará a tostão”.
Universos paralelos não se tocam


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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
21/11/2023 às 10h20

 
A caixa de Pandora do século XXI

A destruição de uma região do oriente médio, a séculos disputada por motivos diversos, desde a crença de ser o ponto de origem do universo, até a legitimidade ou não da posse por esse ou aquele grupo, ultrapassa a compreensão e a racionalidade modernas.
O território segue empilhando os capítulos de sua história de guerras, lutas, invasões, sobreposições de povos e culturas, crenças e interesses diversos a centenas de anos, com breves intervalos.Impérios, potências, hordas, tribos, ocuparam e seguem ocupando de alguma forma, aquele ponto de horror e maravilha ao mesmo tempo, na história da humanidade.
As ações de guerra aberta que estamos assistindo na TV, sentados no sofá, ou em pé no balcão do bar enquanto tomamos uma cerveja, vem causando comoção por conta da facilidade de sua divulgação. No passado, as imagens, os sons as notícias, a dor, o desespero, a covardia do terrorismo, a desfaçatez dos defensores dessa ou daquela ideia ou pretensão, não era imediata.Não tinha cor. Não tinha som.
O episódio recente, cujo cheiro de sangue, vísceras, pólvora e lixo podemos imaginar, transcende e espanta. Começou com uma agressão desavisada por parte de uma tropa de assalto de uma entidade que se imagina credenciada a matar, estuprar, torturar, sequestrar indiscriminadamente um vizinho de fronteira. As razões clamadas caem por terra, quando a crueldade, a estupidez, a covardia, a prepotência e o fanatismo prevalecem.
O mundo indignou-se ao ver as cenas, gravadas pelos próprios terroristas,assassinando, indiscriminadamente. crianças, idosos e idosas, jovens e adultos , arrastando pessoas aterrorizadas sem entender o que estava acontecendo,num espetáculo de atrocidade impossível de imaginar.
Ao destampar a própria caixa de Pandora, conseguiram atrair para si todo o nojo, a repulsa, a condenação, a ira e a resposta ao ato perpetrado. Entretanto, não pararam de agredir o vizinho já ultrajado com o ataque covarde. Surpreendendo ao mundo, continuaram seu propósito declarado de extirpar tudo além de suas fronteiras, atirando e bombardeando com milhares de foguetes, as cidades e vilarejos, atingindo a vida com escolas, hospitais, comércio, gente jovem, gente idosa.
Agora, após perceberem o mal que, ao abrir suas mentes irracionais,atraíram para si mesmos,reclamam do sabor de pólvora, horror, tristeza, fome e tudo o mais que foram buscar em sua insanidade repugnante. Mas não pararam de atirar foguetes e artilharia sobre o território do vizinho que não os atacou! Não os bombardeou nem degolou seus recém nascidos, suas crianças, seus idosos, seus cidadãos.
Descaradamente, reclamam da desproporcionalidade da resposta ao seu vilipêndio. Reclamam da falta d’água, da falta de comida, da destruição que a resposta aos seus bombardeios com milhares de foguetes e sua ação de infantaria terrorista provocou.
E seguem atirando! E reclamando!
A insanidade dos terroristas é defendida por gente oportunista, em busca de um palanque mundial para suas pretensões de “estátuas de porta de cemitério”.Figuras pequenas. Escondem-se sob o manto da ambiguidade.
Por que não condenar a continuidade dos ataques com foguetes e artilharia, em toda a fronteira norte e sul por parte dos terroristas chorões?
Que vantagem há em colocar o mundo em estado de estupor? Talvez estejam fazendo test drive de novos armamentos.
Quem sabe uma “síndrome do descalabro cruel” esteja corroendo as mentes senis de gente decrépita, perto de morrer, ainda em pé à custa da moderna medicina.
Quem é que vai tampar, novamente, a caixa da Pandora terrorista para voltarmos a viver em paz e sem sustos.

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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
20/11/2023 às 11h21

 
Adão não pediu desculpas

Depois de aceitar a maçã e quebrar as regras para a permanência no Paraíso, Adão não pediu desculpas. A lambança já havia sido feita e não ia adiantar nada mesmo, pensou.
Acabou de comer a fruta, lambeu os beiços e foi aproveitar aquela maravilha toda. Até então, não tinha a menor ideia do sabor dos pecados. A maçã foi uma desatenção.
Eva até que era bem jeitosa e apesar de não saber cozinhar nem passar, tinha outras habilidades muito mais instigantes.
A cobra foi substituída por outras semelhanças, e logo arrumaram um cachorro para dar o alarme se algum outro bicho quisesse comer a patroa ou o patrão. Ninguém iria comer a Eva ou o Adão assim, de bobeira. Qualquer tentativa e o Fido, o primeiro com esse nome, fazia um escândalo colossal, quando não resolvia a parada sozinho com suas poderosas mandíbulas. Adão já tinha, igualmente, percebido a necessidade de um porrete, de bom tamanho, para ajudar na defesa da casa.
E assim começou a aventura. Comida farta, água corrente, temperatura amena e brisa leve de vez em quando,chuvas delicadas nas palmeiras gentis e os abacates, sempre acariciados por Eva, faziam parte da dieta. Bananas, pêssegos, peras, mangas alternadas com os abacates, enfim, a maçã estava meio de lado, mas sempre presente nas ementas diárias. Foi a primeira a ser lambida, foi a primeira a ser mordida, aquelas coisas.
Já bem velho, Adão recebeu a visita de um anjo, Oficial de justiça, com uma intimação para comparecer ao portão do céu ir pedir desculpas, e ficar um pouco melhor na foto, mas sem nenhuma chance de voltar ao começo. Paraíso exclusivo, sem barulho, sem sol ou lua, ou água corrente, paisagens, etc, nunca mais.Haveria até a possibilidade de sublimação, por raios meteorológicos, da Eva, a causadora de toda a alteração no projeto.
Adão deu uma olhada no documento, não entendeu nada pois não sabia nem precisava ler coisa nenhuma, pediu para o anjo explicar o que estava acontecendo e bateu com a porta na cara do ente alado, depois de vociferar em brados: (uma novidade. Os primeiros brados proferidos )
-Não vou pedir desculpas! Fiquei sem uma costela, tirada a frio, sem anestesia, comecei a dar umas topadas e machuquei o pé e os joelhos, várias vezes até aprender a andar no chão daqui, tenho que levar o cachorro para passear, mesmo com todo esse espaço, para que ele não acabe me estranhando, ou resolva ir viver suas próprias fantasias e deixe a caverna sem guarda à noite. A Eva tem épocas que parece que está vazando, fica triste, não quer brincar de esconde-esconde,reclama bastante.Mas está melhor assim do que a chatice de ficar olhando para nada, escutando nada, saboreando nada e só, tipo estátua em jardim de milionário.
Sai fora.
O anjo guardou a petição, foi embora, reportou o acontecido para o seu chefe e foi tomar uma boa ducha para espantar aquelas vibrações profanas.
Aí, foram libertados o Tempo, o Acaso e a Fatalidade.
Mas desculpas… Não, ele não pediu.

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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
18/11/2023 às 10h02

 
No meu tempo

A nostalgia do freguês da cadeira ao lado, quase mereceu uma resposta. Mas preferi escutar silente, entreolhando o fígaro pelo espelho e a revista que me dera para assuntar, enquanto aparava o que sobrou dos meus cabelos.
O assunto era a qualidade de vida e o tema recorrente o calor siderúrgico que anda tirando o sossego de todos. Velhos ou moços ressentidos sem poupar adjetivos nem sempre gentis, para a natureza, o governo, a prefeitura, os pobres, os ricos, enfim, culpando a todos.
A moda é reclamar das “mudanças climáticas”, causadas pela mão dos homens, que desmatam, se reproduzem como marsupiais ou não cuidam dos seus entornos, da sua área, do espaço que ocupam neste mundão de D’us.
Conversa de salão de barbeiro sempre contempla as atualidades da vida em geral. O clima tem sido destaque. O outro freguês estava imerso na ilusão de que seu passado foi melhor do que o presente no qual todos vivemos, e que os jovens jamais terão a possibilidade de usufruir das saudosas delícias.
Fiquei pensando: Onda de calor? Aqui nunca foi novidade
No meu tempo...
O transporte sempre foi coletivo, para a maior parte da população. Automóveis e motocicletas atravancando-se como piolhos, é coisa quase que recente. Ficou fácil adquirir um carro ou uma motocicleta em dezenas de prestações, e reclamar da falta de lugar para estacionar ou do preço do combustível.
No meu tempo, ah no meu tempo…
Bonde, ônibus, trem, lotação. O táxi sempre foi para poucos ou para necessidades especiais. Era coisa de gente com um troquinho a mais no bolso. Até aí, sem novidades. Nas horas de movimento todos os meios ficavam entupidos de gente, pendurada até do lado de fora, caso dos bondes. Os assentos eram, originalmente, duros! Madeira! Só com a vinda dos ônibus americanos, na década de 1950, é que o estofamento apareceu.
E o ar condicionado? Seria considerado doido quem imaginasse, um dia, ônibus obrigados a ter ar condicionado em todas as linhas, fossem os bairros menos bonitos ou ricos.
No meu tempo, nem hospital tinha refrigeração mecânica como hoje.
Ar condicionado em agência de banco, só em algumas poucas e bancos estrangeiros. Ar condicionado em cinema! Ora, ora, pouquíssimos tinham tal oferta.
No meu tempo, as salas de aula em colégios pagos ou públicos, tinham janelas. E ponto final.
Merenda escolar gratuita nas escolas públicas? Nunca vi. A cantina, vendia refrigerantes e sanduíches para quem pudesse pagar. Os alunos levavam merenda para comer na hora do recreio. E ninguém ficava fazendo barulho, reclamando, agitando por conta disso.
Vale-transporte, vale refeição, semana de cinco dias. Pura ficção. Os bancos funcionavam aos sábados, até ao meio-dia.
Que “meu tempo” era esse?
Imagine ser possível trabalhar com um sapato de pano, um tênis. Só praticantes do Tênis, elegante "sport”, usavam o tal calçado. Acabada a partida, trocavam o uniforme, incluindo aí os sapatos.
No meu tempo não havia tolerância com a descompostura ao trajar-se para ir trabalhar. Paletó e calça era a roupa-padrão para homens não miseráveis. Um traje discreto, mais barato ou médio, mais caro, sob medida, etc. variando com a categoria de quem o estivesse usando. Uniformes profissionais para militares, policiais e alguns profissionais específicos.
No meu tempo, quem podia usava cambraia de linho, tropical pitex, shantung de seda. Quem não podia usava outros tecidos menos nobres. Mas sempre de paletó, camisa de abotoar, mangas compridas, e gravata! As mulheres caprichavam nos modelos, costumes, sapatos, bolsas e carteiras…
Ah, no meu tempo…
Um calor senegalês, um transporte terrível, um desconforto brutal que ninguém notava.
Era assim naquele tempo… Muito pior? Nem sim nem não. Era apenas “naquele tempo”. Daí a entender que as coisas pioraram a ponto de lamentar-se por tudo, há um oceano de argumentos e verdades menores a considerar.
No meu tempo ninguém reclamava o que não conhecia. A liberdade, a racionalidade, a mudança nos hábitos e costumes, a comunicação hiperveloz, que nos mostra o mundo inteiro com todos os seus continentes, suas cores, suas gentes, seus absurdos e suas maravilhas.
Ainda bem que estamos testemunhando os novos tempos. É o que temos que fazer.Testemunhar enquanto for nosso destino.
No meu tempo… Oooops. Meu tempo é agora.


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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
17/11/2023 às 11h01

 
Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)





Isso não é defesa nem resposta. É uma tentativa. Não sei bem de quê. É sobre como as pessoas são eternamente pessoas. Existe uma caixa de invisibilidade que todos os montadores de caixas dizem conhecer. As pessoas são em essência montadores de caixas. Coisa simples é montar uma caixa. Até capenga não deixa de ser caixa. Então todos somos montadores e colocamos o que não vemos. São pedaços das coisas que não sabemos e mesmo assim colecionamos como sabedoria.

Abrimos essa caixa e dizemos:
__ Usa isso. É assim que você tem que ser.

E esse naco de objeto cai no seu rosto, perna, orelha, o que for… e te apaga um pouco. Primeiro porque a caixa é de outra pessoa e segundo, foi jogado. Se você não aceita, logo um crime vem acoplado com outro pedaço de plaquinha invisível com o dizer “dei a solução, você que não quis” é dolo eventual.

É preciso parar os coaches de como tratar a mim e pasme, coaches com instruções de como tratar a expectativa do outro. Ninguém que dá conselhos NUNCA veio ver como é. Só ouve e carimba com “sei como é”. Não, não amigui, não sabe como é.

E se for para comprovar com a razão do outro é melhor nem explicar. Porque cansa.

E vocês não vão acreditar! A pessoa aconselhada possui uma própria vida. Engraçado né? Ela tem opiniões. Muito embora ela abra mão até, olha bem “até” das opiniões, abre mão de várias horas de sono, dos passeios, inclusive paga conta que nem dela é! Ela não (nononinono) não pode fazer nem dizer o que der na telha só porque está triste ou nervosa… porque ela é a mulher invisível, lembra? Vamos colocar na mesa. Isso: a mulher invisível que mesmo assim continua sendo uma pessoa, pasme nº2: uma individualidade.

Todas essas conclusões do que uma mulher (aqui já no manisfesto feminista) que sustenta uma casa, vida com dinheiro, trabalho e cuidados, escuta o que a vai tornando invisível:

__ É só você me chamar que te ajudo. (aí você chama mas no dia a “ajudante” arrumou algo para fazer, e, faltando 15 minutos para você poder ir no @#$% qualquer, tu - tu porque tô ficando pistola- recebe um zap que tal coisa visível aconteceu na vida dela). Isso é uma toalhada invisível que passou raspando na sua bunda.

__ Tem um chá de casca de brioche com camomila e folha de árvore das cheias do Araguaia que se ferver por 35 segundos e coar no pano molhado com essência de menta faz bem para (acrescente depressão, joelho inchado, qualquer coisa). Vou trazer e você faz, viu?. (agora tacaram o pano de prato invisível no seu nariz).

__ Vou na sua casa pra a gente conversar, tá bom? (esta é uma rasteira com uma enxada da invisibilidade que arranca o seu pé, filhinhis, ninguém quer conversar, a mulher quer dormir, criatura! Quer ler, tomar banho, ver TV. Não vai, amor, não vai sem essa frase ter sido dita pelo menos três vezes pela mulher invisível.

Tem mais, muito mais. Mas o grande poder da invisibilidade jaz no predicativo de precisar ser quem A CAIXA DO OUTRO determina que você precisa ser. A mulher já anda sem pé, manca, sem pedaço de bunda, sem nariz, na sua PRÓPRIA CASA e tem que dar conta da casa, do idoso, da limpeza, das compras, do dinheiro e… ainda o Gran espetáculo: tem que ser COMO os outros ACHAM que deve ser.

Nenhuma mulher invisível tá usando droga. Nenhuma mulher invisível abandonou quem quer que seja. Nenhuma mulher invisível quer mal a ninguém. Deixa ela em paz. Deixa ser a louca da limpeza. Deixa as regras com ela da casa dela que ela paga o IPTU a luz água internet.

Não tente emendar o que tá acontecendo.

Aqui trato na essência da palavra Mulher, isso, essa que queimou o sutiã em 1960. Não disse abusadora, aproveitadora, malfeitora, mal tratadora, eu disse MULHER e coloquei a adjetivo INVISÍVEL…

Só tem uma coisa que a mulher invisível não faz, amiguini… É abrir sua caixa e jogar peças da sabedoria no outro. Isso é o super poder de quem se torna ou está se tornando invisível.


Imagem: https://obutecodanet.ig.com.br/

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Postado por Blog de Aden Leonardo Camargos
13/11/2023 às 13h41

 
CHUVA

Eduardo abriu a porta de casa, esfregou a sola dos sapatos no tapete da soleira, sacudiu o guarda-chuva do lado de fora e entrou. Depois de pousar o guarda-chuva aberto no chão para secar, suspirou aliviado. Que bom ter conseguido chegar sem maiores incidentes, pensou. Chuva desse porte no Rio de Janeiro é sempre sinal de perigo. Não é à toa que a prefeitura colocou a cidade em alerta. Dirigiu-se à cozinha da pequena casa de vila e procurou a garrafa de cachaça, aberta na véspera. Estou bem necessitado de uns goles, depois dessa viagem de ônibus de duas horas, espadanando água das poças. Motorista bom, podia não ter chegado até aqui, com as ruas esburacadas desse subúrbio. Mas chegou.

A bebida forte esquentou-o por dentro e trouxe uma sensação de alento. Sentou no sofá e ligou a televisão, preparando-se para assistir o jogo decisivo para o título do campeonato carioca. Depois dos habituais comerciais, porém, o locutor anunciou: jogo cancelado. A chuva havia deixado o gramado impraticável.

Eduardo tentou afogar a decepção com mais meio copo de cachaça. Remoeu a crescente irritação desfilando na mente as inúmeras desculpas e explicações para o excesso de chuvas ocorrido nos últimos meses. Meteorologistas e outros cientistas das mais variadas especialidades eram chamados aos canais de TV para oferecerem suas versões para o fenômeno. La Niña, dizia um deles. Errado, dizia outro, trata-se com certeza de El Niño. Aquecimento global, afirmava um terceiro. Efeito estufa. A água do mar esquentara e isso criava muito mais nuvens, pela evaporação. O fato é que não se entendiam e a chuva continuava.

Telefonou para o celular da namorada Sueli, que atendeu mal-humorada. Estava presa numa estação do BRT, o ônibus não chegava e a água continuava a subir. Combinaram um encontro no dia seguinte, se o tempo melhorasse. Com mais nada para fazer, foi dormir, ouvindo o pingar monótono pela janela.

Acordou tarde no dia seguinte, era sábado. A chuva amainara, e algumas nesgas de céu azul podiam ser vistas entre nuvens cinzentas. Mais animado, programou-se para uma ida ao supermercado. Na semana anterior fora impedido de ir devido à forte chuva. Havia inclusive rumores de desabastecimento, estradas danificadas pelas enxurradas impediam a chegada de mercadorias. Paciência, compraria o que encontrasse.

A empreitada revelou-se quase heroica, horas de espera pelo ônibus, passagem por ruas alagadas com água até os joelhos. Afinal, conseguiu voltar para casa com alguns poucos produtos essenciais, café, arroz, macarrão, nada de perecíveis. Não encontrara tampouco cachaça, que pena, a sua estava no fim. A chuva havia recomeçado com força, e ele chegou em casa encharcado.

Depois de um banho quente, ligou a televisão. O noticiário estava cheio de imagens de deslizamentos de morros, casas construídas em locais de risco desabando. Bombeiros cavavam a lama à procura de mortos. Deprimido, desligou e tentou falar com Sueli. Atendeu a secretária eletrônica. Foi para a cozinha, preparou macarrão, e comeu com uma lata de sardinhas que ainda encontrou no armário.

O barulho da chuva forte continuava pela tarde. Tentou passar o tempo relendo um livro policial de sua coleção; no entanto, não conseguiu concentrar-se. Lá pelas cinco horas, ouviu a campainha tocar. Depois de espiar pelo olho mágico, abriu a porta: era Sueli. Encharcada, o cabelo e as roupas pingavam água. O vento carregou meu guarda-chuva, explicou. Abraçaram-se forte, um aperto prolongado. Estavam ficando com medo.

Não havia muito a fazer a não ser olhar a chuva pela janela ou ver televisão. A programação normal dos canais era constantemente interrompida por notícias das enchentes. Não só as comunidades carentes estavam sendo prejudicadas: bairros abastados da cidade também sofriam as consequências das chuvas. A lagoa transbordara e inundara as ruas vizinhas; garagens de prédios de luxo ficaram alagadas, carros flutuavam dentro. A ressaca avançara pelas avenidas da orla marítima, que se encheram de espuma do mar.

Eduardo e Sueli ficaram em casa, não havia como sair mais. Cozinhavam os poucos alimentos que ainda restavam, ouviam o barulho da água caindo e das trovoadas. Sueli, religiosa, colocou uma pequena imagem de Nossa Senhora de Aparecida, que trazia sempre na bolsa, numa prateleira da estante. Postava-se em frente e orava, as mãos em prece. Vem rezar também, Dudu, chamava. Agora, só se Deus ajudar. O namorado, cético, resistia.

Passaram assim o fim de semana. Segunda feira, desistiram de ir trabalhar, não havia ônibus mesmo. A TV transmitia também notícias de canais internacionais. Parece que o mundo todo estava sendo afetado pelas chuvas. As ruas de Nova York estavam inundadas; o rio Mississipi transbordara e alagara as cidades e planície ao redor. Na Europa, rios transbordavam, morros desabavam. Em lugar algum havia sinais de estiagem, a chuva só engrossava. As autoridades pediam calma, mas não conseguiam atender aos milhões de desabrigados.

Lá pelo meio da semana, quando assistiam televisão no começo da noite, ouviram um estrondo e todas as luzes se apagaram. Deve ser a subestação de eletricidade que explodiu, calculou Eduardo. A vizinhança toda ficou no escuro, e agora, também, sem informação.

Pouco depois, ouviram um barulho forte de correnteza, parecia que a rua tinha virado um rio caudaloso. Perceberam que a água começava a entrar por debaixo da porta.

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Postado por Blog de Diana Guenzburger
19/9/2023 às 17h51

 
DECISÃO

Camila sentou no banco da praça e ficou abanando-se com a revista que carregava. O calor era intenso. Isso não impedia que as crianças brincassem entusiasmadas nos balanços, gangorras e pula-pula, junto com outros meninos e meninas de idades semelhantes. Impressionante a energia, pensou, nada os faz se cansarem. Frequentemente encontrava outras mães, ou mesmo babás, com quem podia conversar e passar o tempo, enquanto acompanhava os filhos. Hoje, no entanto, não havia ninguém conhecido. Aproveitou a solidão para mergulhar nos pensamentos, tentando colocar alguma ordem no caos que reinava em sua mente.

Casou-se cedo, com festa em clube, damas de honra e bolo enorme enfeitado. Conhecera o noivo numa reunião de trabalho. Muito mais velho do que ela, era gerente da empresa, e pareceu encantado em conversar com a jovem ingênua, bonitinha mas simples, que parecia pedir proteção. Convidou-a para jantar num restaurante da moda e daí saíram mais vezes. Apresentou-a à família.

Numa noite de verão, no bar da varanda de um hotel à beira-mar, abriu-se com ela. Era divorciado e não tivera filhos. Sentia-se só e a solidão lhe pesava. Sua maior felicidade, confessou, seria tê-la como esposa. Esperava que a diferença de idades, e seus cabelos já grisalhos nas têmporas, não impedissem sua união.

Camila, um pouco confusa com a rapidez dos acontecimentos, não respondeu logo. Mas tudo conspirava para que aceitasse. Os pais dele, radiantes com a possibilidade de terem uma jovem nora e, talvez, netos; sua família, encantados em vê-la ao lado de um homem maduro com bela carreira, que poderia oferecer-lhe segurança e tranquilidade. As amigas e colegas, que declaravam morrer de inveja da sorte que ela tinha. Afinal, acabou aceitando e o casamento realizou-se.

No começo, tudo aconteceu como previsto. Camila gostou muito de ter a própria casa e sentia-se feliz. O marido insistiu para que abandonasse o emprego, não precisavam do dinheiro. Mas ela foi firme e continuou trabalhando. Logo ficou grávida e vieram dois filhos lindos, menino e menina, um atrás do outro. Descobriu que trabalhar fora e criar filhos ao mesmo tempo era duro; mas as avós ajudavam, e a vida corria tranquila. A moça, no entanto, nos poucos momentos em que se encontrava sozinha, sentia um vazio, falta de alguma coisa que ela mesma não sabia o que era.

Resolveu fazer um curso, isso iria fazê-la ganhar conhecimentos e, ao mesmo tempo, distraí-la dos pensamentos negativos. Escolheu História da Arte, assunto que a fascinava, e matriculou-se na Escola do Parque Lage. Lugar cheio de artistas trabalhando, que expunham suas obras nos corredores; o próprio casarão antigo de pedras cinzentas emanava uma atmosfera mágica, onde parecia que tudo poderia acontecer. O professor de Arte Contemporânea era jovem como ela. Mais baixo que a média dos homens, tinha cabelos bem pretos encaracolados e charme de artista pobre. Ainda por cima, grande talento de comunicador, o que tornava suas aulas fascinantes. Camila chegava cedo e não faltava nunca.

No intervalo de uma exposição, encontraram-se no café da Escola. Tímida, Camila ousou aproximar-se e fazer perguntas sobre o expressionismo abstrato, que a intrigava. Estabeleceu-se um diálogo animado. Os encontros no café tornaram-se uma rotina, e revelaram grande afinidade de gostos e valores. Além disso, a atração física que sentiam um pelo outro era visível, quase palpável. Um braço que tocava o outro, olhares que se cruzavam, tudo era óbvio, mas nada era dito.

A Escola organizou uma grande excursão a Inhotim, museu fantástico de arte contemporânea a céu aberto, em Minas Gerais. Camila conseguiu ir, apesar dos protestos do marido. Quem cuidaria das crianças? Eram só cinco dias, ele podia fazer isso, junto com a babá. Por que ela queria viajar sem o marido? O que a família iria dizer? Não seja antiquado, os tempos mudaram, não tinha nada de mais, outras senhoras também iam.

Chegando em Belo Horizonte, o grupo foi para um hotel, combinando de encontrarem-se cedo para a primeira visita ao parque. O local era deslumbrante, as obras de arte espalhadas entre palmeiras enormes e vegetação exuberante. O grupo acompanhava o guia, outro professor da Escola; a certa altura, Camila distraiu-se com uma instalação de acrílico vermelho e foi ficando para trás. Percebendo, tentava apressar o passo para juntar-se aos outros, quando notou a presença ao lado de seu jovem professor. Pegou-a pelo braço; uma touceira de bambu ao longo do caminho fez o resto. Seus corpos se tocaram com sofreguidão. De volta ao hotel, encontraram-se num quarto, onde o desejo mútuo se consumiu. A paixão avassaladora dominou aluna e professor durante todo o resto da viagem.

* * *

De volta à realidade do cotidiano, os pensamentos de Camila oscilavam entre a nova e avassaladora felicidade alcançada e seus deveres de mãe e esposa. Nunca havia sentido uma paixão dessas por um homem, e parecia perdida. Na cama com o marido, comparava o sexo burocrático e rotineiro com as horas de paixão que passara com o amante, em que cada experiência fora um êxtase. Mais tarde, recriminava-se por ser uma esposa infiel.

O marido parecia intuir alguma coisa, e observava-a de longe, intrigado. Pensava que não poderia jamais viver sem a mulher e os filhos, que conseguira tão tarde na vida. Tentou agradá-la, com presentes e elogios. Um dia, anunciou.

“Camila, vi como você gostou de viajar e conhecer coisas novas. Por isso, resolvi que vamos a Paris, cidade cheia de arte e outras maravilhas.”

Mostrou-lhe as passagens, classe executiva. Mas Camila não se entusiasmou.

“Vamos deixar pra mais tarde, está bem? Daqui a uns anos... Por enquanto, as crianças são muito pequenas. Não tenho vontade de deixar elas sozinhas.”

Enquanto isso, os encontros furtivos com o professor de arte continuavam. Encontravam-se depois das aulas no bosque do Parque Lage, no lusco-fusco, e seguiam para o pequeno apartamento conjugado do jovem. A paixão e o desejo aumentavam, mas junto com isso, também o remorso.

Um dia, o namorado anunciou uma novidade.

“Vou para São Paulo. Fui convidado para dar cursos no museu de Arte Moderna. Emprego mesmo! Uma oportunidade incrível.”

Parou de falar, e fixou o olhar nos olhos de Camila. Após alguns minutos imóvel, disse:

“Vem comigo.”

“E meus filhos?”

“Traz eles também.”

A moça ficou atônita, e foi-se embora sem responder. Em casa, abriu a janela do quarto e apoiou os cotovelos no parapeito, pensando, pensando. Religiosa, pediu ajuda ao Senhor para dar-lhe sabedoria e tomar a decisão correta. Era jovem, ainda. Teria direito de ser feliz? Mas abandonar o marido, que era tão bom com ela....

As horas passavam, não decidia o que fazer. Largar tudo e seguir o amante? Ou ficar com o homem bom que a acolhera como esposa?



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Postado por Blog de Diana Guenzburger
30/8/2023 às 14h06

 
AMULETO

Waldir morava em um prédio velho de Botafogo, que dava para morro coberto por árvores frondosas. Essa vista para a natureza exuberante fora um dos principais motivos para a escolha do imóvel, quando finalmente teve condições financeiras favoráveis para comprar casa própria. A princípio, ele e sua mulher Durvalina ficaram extasiados com o que viam. Além de micos e macacos-prego, pássaros variados habitavam a mata, incluindo tucanos de bico preto e peito laranja. Entre as várias espécies, os bem-te-vis eram os favoritos do idoso casal. Amarelos e pretos, eram os primeiros a acordá-los pela manhã, com seus gritos estridentes desde o nascer do sol. Rolinhas, sabiás, pardais, andorinhas, maritacas e até ocasionais jacutingas, pretas e pesadonas, alegravam a paisagem. Muitos construíam ninhos nos galhos das árvores em frente, ouvindo-se os piados dos filhotes, saudando a aproximação dos pais trazendo alimento.

Recentemente, porém, as coisas começaram a mudar. Já não havia tantos pássaros e os ninhos escassearam. Em compensação, um novo habitante da floresta começou a surgir: o urubu. A princípio, eram poucos e voavam alto, em círculo, por cima do morro. Durvalina olhava pela janela, intrigada e apreensiva. O que será que atraía estas aves agourentas? Não gostava deles, e não entendia sua aproximação. Que soubesse, não havia lixo nem carniça naquele local. Chegou a imaginar teorias tenebrosas sobre corpos de pessoas assassinadas, jogados no alto do morro pelos bandidos que habitavam a favela próxima. Isso certamente atrairia as aves de rapina, que gostam de carniça. Mas, não: se fosse isso, o fato já teria sido descoberto pela polícia.

E o mistério continuava. O número de urubus foi aumentando, voando cada vez mais baixo. O casal morava no quinto andar, e as aves tiravam rasantes pela altura das janelas do apartamento. Pousavam em galhos próximos e abriam as grandes asas, para secar ao sol. Eram inteiramente negros, com exceção das beiras das asas, onde se viam penas brancas.

Durvalina começou a sentir-se inquieta, e ultimamente evitava olhar pela janela. O que era antes um grande prazer, agora estava assustando-a. Mostrou as aves para o marido, que deu de ombros. “É um pássaro como outro qualquer. Você anda vendo fantasmas.” Mas a velha senhora não acreditava. Desde criança, sua mãe lhe havia dito que urubu era uma ave de mau agouro. Quando apareciam perto, nada de bom poderia acontecer.

Insistiu com o marido sobre o assunto, mas Waldir rebateu, desta vez irritado. Pois não sabia ela que o urubu era considerado um benfeitor da natureza? Era um pássaro-lixeiro, que limpava o mundo do lixo e da carniça espalhados pelos humanos, principalmente nas grandes cidades. Li isso na internet, declarou ele, com certo desprezo pela ignorância da mulher. Mas ela não se convenceu.

Um domingo, Durvalina estava lendo o jornal numa poltrona da sala, de fronte para a janela. Ao olhar para a frente, viu que um grande urubu pousara em galho curvo de uma árvore próxima. Estava quieto, com as asas arriadas, e parecia olhar para ela. A mulher sentiu um arrepio pelo corpo, mas tentou continuar a leitura. No entanto, não conseguiu concentrar-se e olhou em frente outra vez. O animal não se movera e continuava a encará-la.

Levantou-se, interrompendo a leitura. Dias depois, a mesma cena repetiu-se, quando estava lendo um livro. Depois da terceira ou quarta vez, resolveu-se.

“Preciso tomar uma providência”, raciocinou Durvalina. “Ou vou esperar acontecer uma desgraça? Não, isso nunca.”

Foi para o quarto, e começou a abrir gavetas do seu guarda-roupas. Não era uma pessoa organizada, e anos de negligência haviam resultado em uma grande bagunça, papéis velhos acumulados, roupas gastas amarfanhadas misturadas com novas. Levou várias horas vasculhando as gavetas, até encontrar o que procurava.

Levantou-se, segurando nos dedos o cordão de ouro, com a cruz de pequenos brilhantes pendurada. Tinha pertencido à sua mãe, e, antes disso, à avó e à bisavó. A mãe lhe dera de presente quando fez quinze anos, com a recomendação:

“Guarde isso com cuidado, viu, minha filha? Vai lhe proteger, como protegeu a mim, sua avó, bisavó, e todas antes delas. Na verdade, ninguém sabe quem foi a primeira dona, nem quando foi fabricado. Toda vez que você se sentir ameaçada, use esse cordão. Ele vai te resguardar!”

Durvalina prendeu o cordão em volta do pescoço, e logo sentiu-se melhor. Quero ver o que o urubu vai fazer agora, pensou. De fato, quando se punha a ler na poltrona de frente à janela, não viu mais a ave agourenta. Além disso, parecia-lhe que, agora, havia menos desses pássaros rondando o prédio.

Suspirou aliviada, e voltou a olhar pela janela, admirando a mata. Pouca gente, nesta cidade poluída e congestionada, tem o privilégio que nós temos de viver tão próximos à natureza, ponderava. Quando tinha esses pensamentos, porém, lembrava-se dos urubus e automaticamente levava a mão ao pescoço, apertando a pequena cruz de brilhantes.

O tempo foi passando e nada de notável aconteceu. Os urubus haviam ficado cada vez mais escassos, e somente de vez em quando um ou outro aparecia em volta do morro. Durvalina podia ler tranquilamente em sua poltrona predileta em frente à janela, que nenhuma ave esdrúxula aparecia para espiá-la.

Um sábado, a velha senhora, como de hábito, foi à feira do bairro comprar peixe e verduras. Arrastava atrás de si o carrinho de lona colorido, que estava leve, mas ficaria bem mais pesado quando cheio com as compras. Era um dia bonito de sol, sem nuvens, e Durvalina sentia-se alegre e satisfeita. Percorreu vagarosamente toda a feira, que afinal não era muito grande, e decidiu-se por um robalo fresquinho, bananas e algumas folhagens para salada, como alface e agrião. Estava voltando para casa, abrindo caminho entre a multidão que a essas alturas bloqueava a rua das barracas, quando sentiu um empurrão de alguém, que batera com força em seu ombro. Virou-se para trás indignada e viu um adolescente, a cabeça coberta por um capuz que lhe escondia também boa parte do rosto. Pediu desculpas em voz baixa, parecendo envergonhado.

Continuou a caminhada para casa, esforçando-se para não dar maior importância ao incidente. Quando chegou, logo esqueceu-se do ocorrido, na faina de guardar as compras feitas. Tudo arrumado na geladeira, voltou-se para a área de serviço, onde a aguardava uma cesta cheia de roupa suja, para lavar na máquina. Ao olhar para a janela, porém, levou um tremendo susto e seu coração disparou.

Um grande urubu encontrava-se pousado no parapeito, as asas meio abertas mostrando as penas brancas nas pontas. Olhava para ela, balançando a cabeça de um lado para outro.

Apavorada, Durvalina levou automaticamente a mão ao pescoço, em busca do amuleto protetor. O cordão havia se rompido e a pequena cruz de brilhantes desaparecera.



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Postado por Blog de Diana Guenzburger
30/8/2023 às 13h35

 
Oppenheimer: política, dever e culpa






“Originalmente lançada para explodir a cerca de 500 metros de altitude, a primeira bomba provocou efetivamente um clarão, um flash nuclear [...], clarão do qual a luz se infiltrou em todos os locais, nas residências e até nos porões, deixando sua impressão nas pedras. O mesmo ocorreu com as roupas e os corpos, pois o desenho dos quimonos tatuou a pele das vítimas”. (Paul Virilio. “Guerra e cinema”, 1984).




Ainda existem dúvidas se Robert Oppenheimer passava ou não informações do Projeto Manhattan para os russos. E parece que essa é a grande preocupação do filme de Christopher Nolan e seu “Oppenheimer” .

O prometeu norte-americano teria sido um patriota arrependido de ser o “destruidor de mundos”, ou suas ligações com a esquerda da época apontavam para um traidor?

Nolan não deixa dúvidas. Seu filme procura provar que aquele genial sujeito franzino foi ao mesmo tempo um homem de sua época que cumpria seu dever e, depois, um sujeito destroçado por algum sentimento moral.

É provável que a intenção central do filme tenha sido essa. Porque se você vai ao cinema à procura de um show de imagens sobre o poder de destruição atômica que assombrou o mundo em 1945, refaça seu espírito. Isso não existe nesse filme.


Fonte: https://filmow.com/


Estamos aqui diante de um fenômeno não incomum do cinema. A expectativa de que teremos uma pirotecnia que repetiria as trucagens, frases de efeito e plots inesperados que tanto marcaram a obra do diretor britânico.

Mas esse não foi o objetivo de “Oppenheimer”. É certamente o filme histórico de Nolan mais preso à realidade, digamos. Ou pelo menos à realidade à qual o longa-metragem toma.

Mais do que “Dunkirk” (2017) no qual ainda podemos ver algumas das famosas confluências temporais no ritmo de vai e vem que tanto encantaram os espectadores.

Se você quer ter um fundo mais prático para verificar essa “base de realidade”, veja o documentário “To end all war: Oppenheimer & the atomic bomb” (2023).

Nele, além de vários depoimentos, temos as falas dos autores, Kai Bird e Martin J. Sherwin, do livro no qual o filme se baseia, “Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano” (2006), e a participação do próprio Nolan. Depois de ver essa “prova de realidade” você poderá compreender melhor a ficção.



E compreenderá não porque ela é difícil, mas porque as disrupções temporais, tão caras à trajetória do diretor, que mostram o passado do protagonista, seu tempo já no projeto da bomba e sua posterior inquisição pela política norte-americana, confundem um pouco o espectador não habituado ao tema.

É certo que se a ideia do filme era representar Oppenheimer (Cillian Murphy) em suas contradições ele vai bem. Mas fica-se com a impressão de que um momento histórico tão decisivo da história da humanidade poderia ter uma representação melhor.

Por exemplo, a Conferência de Potsdam, que definiu as diretrizes da administração da Alemanha, assim como outros acordos com os países envolvidos na II Guerra, desaparece. Ela surge unicamente em um telefonema do General Leslies Grooves (Matt Damon) para o presidente norte-americano, Harry Truman (Gary Oldman).


Conferência de Potsdam. Stalin, Truman e Churchill. Fonte: Wikimedia commons


Como se sabe, essa carta na mão foi decisiva para os interesses dos Estados Unidos, exatamente porque o teste da bomba realizado com sucesso na região desértica de White Sands se dá um dia antes, 16 de julho de 1945, do início da reunião em Potsdam. Com essa informação, Truman poderia barganhar mais poder diante de Stalin .

Tudo bem, é ficção e o foco talvez não fosse esse. Mas em outros momentos tão importantes daquele período, resta ao espectador ou buscar por sua memória, ou fazer conjecturas diante da quantidade de informação que poderia dar, ainda mais, um fundo de realidade mais compreensível. Em estética isso se chama verossimilhança.

Essa capacidade de representação mais convincente, persuasiva, que pode ser tomada como realmente algo possível, no filme, por vezes, se prende muito mais a algumas representações quase obrigatoriamente clichês.

A atuação de Cillian Murphy está longe de ser um desastre, evidentemente. Mas em quase todo filme Oppenheimer, um homem com tamanho poder, parece que vai se quebrar não por uma explosão, mas apenas por um vento que balança os lençóis de um varal no deserto (vendo o filme você vai entender essa metáfora).

Talvez Oppenheimer não coubesse na ideia caricata que muitas vezes cientistas (malucos com cabelos em pé, baseados na imagem midiática de Einstein ) são mostrados por Hollywood.


As partes escuras mostram as marcas deixadas pelas roupas que esta vítima usava durante o clarão que causou queimaduras na pele . Fonte: Wikipedia commons


É verdade também que os depoimentos históricos demonstram que o nível de tensão, provocado por um tipo e uma quantidade de trabalho extenuantes, não poderia fazer sempre sujeitos vívidos, nem sujeitos que ignorassem por completo o que estava sendo construído.

Era impossível ignorar o que estava sendo construído. Mas mesmo as justificativas pelo fim da guerra, entoadas de modo vacilante pelo físico, não atingem na narrativa seu propósito de convencimento. E não creio que o filme teve vontade de, em algum momento, abordar essa questão com profundidade.

Edward Teller (no filme, Benny Safdie), o pai da bomba de hidrogênio, que na narrativa implora o apoio de Oppenheimer para continuar as pesquisas com a bomba H , demonstraria sua angústia sobre o projeto.

Max Hastings , em “Inferno: o mundo em guerra 1939-1945” (2011), transcreve um trecho de uma das cartas do pesquisador a um colega: “não tenho a menor esperança de limpar minha consciência. As coisas nas quais estamos trabalhando agora são tão terríveis que nenhuma quantidade de protestos ou de justificativas políticas salvará nossas almas”.

Os efeitos da bomba sobre as cidades japonesas não surgem, em imagens, em nenhum momento do filme. O foco é a expressão de Oppenheimer ao ver um conjunto de slides mostrados por um grupo de ativistas descrevendo a tragédia.

O pai da bomba está desolado. Em um auditório, no qual ele é recebido de modo eufórico com pessoas gritando Oppie! Oppie! Oppie!, ele ensaia um discurso patriótico. É vacilante. Os rostos das pessoas refletem um clarão, um flash nuclear, e começam a se desintegrar.

Como no mito, Prometeu está acorrentado.


Relivaldo Pinho é autor de, dentre outros livros, “Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia”, ed. ufpa.

[email protected]

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Esse texto foi publicado no Diário online

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Postado por Relivaldo Pinho
10/8/2023 às 20h28

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