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Sábado, 24/10/2015
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Numa xícara de cafezinho - Filmes

O saguão do cinema não é maior que o Universo
mas lá vivem objetos e pensamentos
que nascem na Ursa Maior. Por isso
antes do filme acontecem coisas incríveis.

Antes do filme, consegui provar no poema de antes,
boa parte do mundo cabe num saco de pipocas.

Antes do filme, numa xícara de cafezinho,
cabem também coisas incríveis. Cabe o rio Nilo.
Ih! Derramou um pouquinho de café na mesa.
E esse meu riozinho negro escorre pro chão,
desce as escadas, vai abrindo caminho,
atravessa a rua e não para de correr.

Muitas outras coisas cabem na xicrinha de café:
garrafa de whisky escocês
potinho de iogurte natural
antiga crônica de Rubem Braga
comprimido de Aspirina
amuleto contra mau-olhado.
E muito mais.

Antes do filme, muitas outras coisas
saem dessa xicrinha de café:
as chaves da casa. E rol de todas as coisas
que eu gostaria de ter feito na vida.

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Postado por Blog da Mirian
24/10/2015 às 10h19

 
Antes do filme - Filmes

Antes do filme acontecem também
coisas fantásticas. Através cortina de vidro,
a praça vira um mar de árvores suspensas no ar.
No fundo d'água passam carros e pessoas.
A mulher de roupa azul entra no pet shop.
Tudo debaixo d'água.

Antes do filme acontecem muitas coisas.
No espaço de tempo de meia hora,
ninguém imagina o quanto pode caber num saco de pipocas:
cinquenta gramas de grãos que estouraram
quatro caroços de milho
quinze pessoas de calça jeans

minha jaqueta cinza com botões de couro
a poesia de Alexandra Pizarnik
o calendário da Mafalda de 2015
um samba de breque.
E tantas coisas mais.
Mas a sala de projeção já abriu.

No saco de pipocas cabe ainda muita coisa:
cento e cinquenta floquinhos com gosto de manteiga.
E bastante sal.

Será que vai chover depois do filme?

No saco de pipocas ainda tem espaço
para o guarda-chuva de bolinhas.

(Obs. Texto postado em 17/10/2015)

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Postado por Blog da Mirian
24/10/2015 às 09h12

 
No sinal fechado

No cruzamento da avenida, o enorme painel marcava 35 graus.
Dava para ver a bruma de calor que subia entre os vãos do asfalto.
De repente o sinal fechou e um motoqueiro parou ao meu lado.
Trazia na garupa uma moça magra.
Danaram a falar tão alto que dava para ouvir de dentro do carro.
Quanto tempo dura um sinal fechado?
Firmei o rosto para frente e encarnei Simeão Estilita, aquele santo que viveu meditando, imóvel e calado, no cimo de uma coluna de pedra.
Mas meus ouvidos permaneceram atentos.
Nunca gostei de ouvir conversas alheias, mas não tive escolhas, era como se o casal estivesse sentado no banco traseiro do meu carro.
Discutiam a relação.
Sinal fechado lá é lugar de discutir a relação?
Tenho a habilidade nata da visão lateral, consigo enxergar as coisas do meu lado como se estivessem de frente.
Pude perceber que a moça tinha os olhos amendoados e os cabelos finos, ligeiramente castanhos, que escapavam na testa e desfilavam no sopro do vento.
Dele só percebi a gota de suor escorrendo pela testa ampla.
A moça reclamava de traição, enquanto ele retrucava, a chamando de ciumenta.
Num dado instante, ela ameaçou descer da moto.
Conteve-se, ergueu a cintura, ajustou o corpo para trás e mordeu o dedinho róseo; meio brejeira, encabulada.
Depois prendeu as pernas perto do escapamento e se segurou no banco da moto. Os braços finos e frágeis, ganharam um estranho vigor. O vento bateu mais forte e ela soprou com raiva a mecha de cabelo do canto da boca.
Manteve o corpo ligeiramente jogado para trás, não queria mais abraçar o companheiro.
E nada do sinal abrir.
Retomaram a discussão no exato instante que uma chuva repentina caiu de fininho, e eu, que nunca rezo, rezei para chuva aumentar, no desejo de mais nada ouvir que não fosse o barulho da chuva.
Para meu desalento, era nuvem passageira e logo a discussão retornou.
Um malabarista passou perto deles jogando ao ar sete bolas coloridas e tentei prestar atenção apenas no malabarista, mas o motoqueiro estava tão enfezado, que gritou um impropério, fazendo o malabarista perder a concentração.
As bolas se esparramaram pelo asfalto.
"Ciumenta!" gritou em meio a gestos descompassados.
Depois respirou fundo, afrouxou os ombros e num ato repentino, acelerou a moto sem sair do lugar.
O semáforo prosseguia fechado.
Os olhos crispados da moça ganharam um vermelho de cólera.
A luz do sol brilhou, mostrando parte do rosto do rapaz zangado, a barba fina que se deixou mostrar levemente, enquanto mantinha o pé apoiado no asfalto, de novo acelerando sem sair do lugar.
Dela só se ouvia murmúrio, salgado feito a lágrima que ela se esforçava reter, perdida na imaginação de atitudes e decisões que não poderia adiar.
Então olharam para mim, os dois, ao mesmo tempo.
Congelei por instantes.
O sinal abriu.
Apertei o acelerador permitindo que um som imaginário, bem próximo da quinta sinfonia de Beethoven, me invadisse como se fosse a trilha sonora de um filme de suspense.
Sina de escritor: O sinal verde foi a deixa para que na minha cabeça personagens começassem a caminhar:
a moça ciumenta, o jovem enfezado que acelera a moto sem sair do lugar, fazendo marcas no asfalto, ligeiramente molhado por águas de uma chuvinha passageira, espalhando no ar luzes coloridas, que formaram um pequeno arco-íris.
Virei na outra esquina, o casal seguiu em frente.
Restaram as luzes do arco-íris, formando um mosaico de cores, tão fantasticamente belo que nem toda a ira do mundo foi capaz de apagar.

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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
23/10/2015 às 18h26

 
Filme: Todas as Cores da Noite



39ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Filme: Todas as cores da noite
Diretor: Pedro Severin
Roteiro: Luiz Otávio Pereira
Elenco: Sabrina Greve, Sandra Possani, Brenda Ligia, Rômulo Braga, Giovanna Simões

Todas as Cores da Noite é o primeiro longa-metragem do diretor Pedro Severin. Conta histórias verdadeiras ou não, sobre o universo de duas colegas de infância. Iris, que vive num belo apartamento beira-mar. Que um dia, após uma festa em sua residência, encontra um rapaz morto.
E Tiara, uma estudante de medicina, que atropela seu paquera depois de um desentendimento numa boate. No filme, percebemos uma impressão própria com relação a construção das imagens. Pois, diferentemente do roteiro estabelecido, suas imagens vão construindo várias possibilidades, criando universos e seus pequenos espetáculos. Daí um olhar sobre histórias que são contadas de diferentes formas. Na primeira parte, temos uma narrativa em terceira pessoa. Enquanto na outra etapa, permitiu dar voz aos personagens. Trata-se de um filme de baixo orçamento. Logo, existe uma contenção quase proposital, criando uma certa intimidade com corpos, lugares, personagens para que pudessem emergir. E não somente com uso de técnica e de uma belíssima fotografia. Contudo, vai criando um processo muito vivo, onde percebemos ali uma sensibilidade, sem pudor em alterar cenas, que não apenas encenação, neste jogo quase impossível de se planejar. É aí que o filme encanta, surpreende. Existe também uma manifestação destes corpos, criando este pequeno espetáculo destes traumas que os personagens expressam, comunicam, vivenciam. São duas histórias em dois tempos. Na primeira parte, tomamos conhecimento da história de Tiara. Para, noutra etapa, vivenciarmos os acontecimentos de Iris. Enquanto Tiara está mais presente na gênese do filme. Que narra histórias de violência. E que não se dá conta de dizer se aquilo é verdade ou não. Justamente, porque são várias histórias que vão acontecendo, num jogo de cena que vai mudando sempre. Criando dúvidas, confusões, expectativas. Assim, temos um filme dentro do filme. E que está ligado nesta percepção. Da história que é verdadeira e de outras que não são. Logo, a história de Tiara surge primeiro. Funciona como uma cápsula. E este prólogo surge como um convite para o público ir penetrando em outros espaços, jogos e possibilidades desta montagem. Ele vai apresentando tais possibilidades arquitetadas pela direção. Num outro momento, temos a história de Iris, uma jovem mulher vivendo num belo apartamento à beira mar. Uma personagem de classe social alta, cujas possibilidades permitem usufruir de tamanha beleza da natureza. O que não aconteceria. Ela parece viver aprisionada diante de seus medos, traumas, sem ter soluções para os problemas que vão surgindo. Até que aparece um rapaz morto em seu apartamento e tudo parece complicar de vez.
Na mitologia grega, o nome Íris trata-se da mensageira dos Deuses. E não sendo uma Deusa maléfica. Enquanto que no corpo humano, especificamente no globo ocular, a íris trata-se da parte colorida. E a personagem de fato tem olhos claros. Dado a interpretação magnifica pela talentosa Sabrina Greve, de uma interpretação pontuado por um naturalismo impecável. Cuja ação traz a tona das memórias, inquietações, afetos e desafetos da personagem e muita sensibilidade.
O filme tem algumas referências da obra "O Anjo Exterminador", do diretor Luis Bruel. De influência surrealista, foi considerado uma obra-prima da violência, crueldade e ironia. Fazendo uma crítica ao modelo da burguesia de época, os personagens são trancados dentro de uma sala, onde com passar do tempo, as convenções vão desaparecendo, as máscaras sociais caem e afloram instintos dos mais primitivos, inclusive da morte.


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Postado por Blog de Humberto Alitto
23/10/2015 às 14h29

 
Júlio Nogueira e o celular na sala de aula

Mais uma colaboração do Júlio Nogueira, professor de literatura aposentado, que mora numa chácara no interior de uma cidade do interior do RS, e que hoje apenas lê e escreve. O mestre me mandou esse e-mail depois de ler um comentário no facebook de um desses críticos da educação que não saem dos seus gabinetes. É sobre um "gif" dos Simpson, que também compartilhei nas redes sociais da internet:

"Sobre o descaso dos professores retrógrados como eu que não usam o celular como recurso 'pedagógico' em sala de aula, cabem algumas considerações:

1- Nem todos os alunos têm o aparelho, o que dificulta o trabalho uniforme e gera a exclusão.

2 - O acesso à internet ainda é precário nas escolas.

3 - Se o professor não consegue controlar o aluno que não faz as atividades (como uma simples leitura de um texto) por causa do celular, quem garante que ele utilizará o aparelho para a atividade proposta? Vale para tablet, notebook, etc.

4 - Nem todos os professores têm condições ou querem ter um aparelho moderno. Sou ultrapassado se quero ter um celular barato que apenas faz e recebe ligação?

5 - Vamos dar mais um passo para sermos escravizados por esse aparelhinho?

6 - Por que abandonar os livros? Ora, não adianta fazer de vez em quando o uso do celular como prática pedagógica. Quando não for utilizado, o aluno não vai largá-lo para ler um livro e continuaremos com o mesmo problema. Então, vamos aposentar os livros e os deixem apenas para velhos gagás como eu.

7 - Será que, para resolvermos todos os nossos problemas, precisamos sempre nos adaptar e mudar nosso comportamento? Por que o aluno não pode mudar o seu?

8 - Até quando quem pouco ou nunca pisou numa sala de aula do ensino básico (dar palestrinhas ou fazer projetinhos extraclasse vez ou outra não conta como experiência) vai ficar defecando na cabeça dos professores?

9 - Se os alunos são o reflexo de seus mestres, basta uma visita a uma sala de professores na hora do recreio e contar quantos estão lendo um livro e quantos estão nos seus celulares vendo e compartilhando besteiras para sabermos o nível em que estamos. Alguns ainda, felizmente, conversam entre si, mesmo que seja para falar sobre a imagem que compartilharam no celular.

10 - Ah!, mas isso é coisa de mentes ultrapassadas como a minha.

11 - Teria outras considerações a fazer, caro Cassionei, mas volto à minha releitura de Kafka.

12 - Metido a intelectual, esse cara, dirão alguns depois de ler esses itens, o que para muitos é um defeito. O certo hoje em dia é ser metido a imbecil."

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Postado por Blog de Cassionei Niches Petry
23/10/2015 às 13h19

 
Sorriso dentro de um rio: se jogou em palavras.



Imagem: Photografize



Ela prometeu se jogar. Escalou a grade, ficou na pontinha dos pés. Distraiu um pouco e foi seu sorriso voando pela ponte! O mesmo das manhãs de quando esperava ali do lado da nossa casa. E a porta do carro batendo eram promessas.

O corpo assustado e sem boca, ficou olhando lá embaixo, meio um lamento, meio conformação. É como se a possibilidade de ser feliz soubesse nadar. Pra muito longe.

Já não poderia falar. Telefonar. Dizer adeus. Dobrou um bilhete escrito assim:

"Obrigada pelo silêncio, faz muito frio dentro de si mesmo? Você tem medo do tempo ou do começo? Ando abrindo dicionários - não são facilmente encontrados para consulta - e deles extraio muito significado. Sabe amor, ele não explica em nenhuma palavra o que seja 'você não veio'".

Estava nublado. Apertou em suas mãos o recado. Sentiu o som de trânsito da cidade, até o trem apitou. Já confundia como seria a morte. De pular ou sufocar?

Seu sorriso já dentro do rio - o barulho dele tocar na água era o mesmo de uma prisão fechando - tinha engolido muita superfície. Jeito era buscar com todo seu resto um fundo de mar, qualquer alegria. Cedo ou tarde há de desaguar, num oceano distante, seu sentimento peixe mutante. Num país distante: colar de novo, um sorriso, um pouco de pó branco bem leve que lembra janeiro... e seus encontros de pele.

E seguindo a trajetória da queda... Pulou. Quietou-se. Lá no fundo. Morreu sufocada de não nadar, quando sorriu por dentro, enfim.



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Postado por Blog de Aden Leonardo Camargos
23/10/2015 às 08h05

 
Ciência e poesia

Supernova
poeira de
luz
que no
tempo
cintila

O que,
o poeta
costuma
chamar:
saudade.

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Postado por Metáforas do Zé
23/10/2015 às 05h54

 
Autópsias de flores. Ou por uma causa mortis.


Imagem: L'Âme du monde

Não há flores colhidas que resistam ao sol. Colhidas são a pré-morte. Uma espécie de carimbo "frágil" bem ralo, mal batido numa repartição pública mofada.

Há outras maneiras de deixá-las bem mais mortas. Fazendo confete, carnaval, um segundo de festa com nome polido: homenagem. Sim é possível matar bem mais se você despetalar. Despetalar é autópsia. Descobrir a causa mortis.

Acha que é cuidado colher flor em diagonal nas hastes? É lindo campo de flores programadas para datas? É uma carnificina agendada, meu caro.

Ela floreou meu terreno. Meticulosamente ordenou linhas e talas às hastes. Foi ensinando o caminho reto de ser flor. Flor ensinada: assim pode, assim não pode. Nesse dia você venha, no outro se afaste. Tratou como tempestade uma nuvem banal. Deu uma cobertinha coberta de insegurança. Furos por toda parte. Estufa de calor. Água às vezes.

Adubou, cortou folhas. Fez da flor muito menos que outra. Num dia comercial qualquer vendeu um caminhão bem cheio. Jogou lá como coisa reciclada.

Pela estrada foram as mortes, cada uma com véu branco na cabeça segurando a decadência da leveza.

Única beleza, disse o motorista, como se elas existissem: todas exalam medo silencioso e parecem coração solto.

Toda flor que foi trocada por volta de meio-dia sofre. Quando o telefone tocou e ficou dito "não venha" foi o sol quem cegou e estragou a esperança. Lembrou da sua condução em hastes eretas. Doeu demais ser flor correta.

Foi o sol de meio dia.

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Postado por Blog de Aden Leonardo Camargos
22/10/2015 às 18h52

 
Rabiola

Batizada em
abismo
celeste

Papéis
imersos
numa
corrente
de
ventos

Palavra
no azul
entre linhas

Pipa
liberta
por
um

fio entre
dedos.

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Postado por Metáforas do Zé
22/10/2015 às 18h44

 
Dicas para escrever melhor

Como é maravilhoso viver no século XXI! Centenas, milhares de livros, vídeos e notícias para garimpar no mundo virtual.
Atenção. eu disse garimpar. Não surfar. Surfando você se diverte mas fica na superfície. Nas profundezas há pérolas raras, a maioria em outro idioma. Uma dessas pérolas é o site Write to Done que oferece entre outras coisas, gratuitamente, um ebook de Mary Jaksch para baixar (ou seja, é domínio público)



Faço aqui uma sinopse do conteúdo, útil para quem quer melhorar sua redação para ENEM, vestibular, ou mesmo trabalhos acadêmicos e textos literários.

1 - Distancie-se de seu texto.
Imagine que você está a ler um texto de outra pessoa. Se você se sentir esquisito, saiba que muitos autores de sucesso também odeiam seus primeiros rascunhos.

2 - Deixe o texto dormir.
Enfie o texto em uma gaveta e olhe para ele somente 24 hotas depois. Principalmente se você escreveu no calor da emoção, evita situações constrangedoras, como aquela carta enfurecida para o chefe ... que poderia acabar com sua carreira.

3 - Mude a forma.
Coloque o texto em outro formato, Mude a fonte, o tamanho, a cor. Isso ajuda a corrigir falhas cimples de digitação, pois noss océrebro automaticamente "preenc e lac nas e corrige pequennos erross. Persebeu?"

4 - Mude o local de leitura.
Editar um texto pode toranr-se aborrecido. Ir para outro aposento, cadeira ou até movimentar-se durante o trabalho ajuda a melhorar a atençao.

5 - Eliminar distrações.
Atenção plena - foco - é esencial. Ao revisar seu texto, desligue telefone, feche todas as janelas de seu computador, fique sozinha e concentre-se.

6 - Pense em seu leitor.
Visualizar o leitor lendo seu texto afeta sua escolha de expressões, palavras e estilo. Escrever para o blog lido por seus amigos, para uma coluna de jornal ou pra uma banca acadeêmica requer linguagens distintas.

7 - Comece com uma visão geral.
Procure clareza, consistência e fluxo narrativo. Pergunte-se de que maneira cada parágrafo contribrui para a ideia central. Faça as modificações estruturais necessárias peguntando "qual é o ponto relevante?"

8 - Corte o supérfluo.
Seja brutal. elimine redundãncias e informações desnecessárias.
Em outras palavras, se você repete uma ideia, deixa a mesma coisa de maneira parecida, coloca adjetivos sinonimos para reforçar o que já disse antes...bem, leitor, você já entendeu e este parágrafo é totalmente inútil, certo?

9 - GPS gramatical.
Conheça seus maneirismos de linguagem. Todos temos expressões preferidas:
Pensando melhor...Realmente...O que eu quero dizer é...
Procure por palavras repetidas e enriqueça seu texto com sinônimos. Quanto à pontuação e gramática, eu, pessoalmente, não abro mão de consultar um professor de português, já que os senhores gramáticos insistem em judiar com reformas e mais reformas a coitadinha da língua portuguesa.

10 - Leia o texto de trás para diante.
Uma excelente maneira de verificar se aconclusão está tão carpichada como a introdução.

Seguir essas instruçòes simples vai poupar o redator de cometer enganos óbvios e deixar o texto agradável de ler.

Mãos ao teclado!

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Postado por Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues
22/10/2015 às 17h39

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