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Quinta-feira,
7/4/2016
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Sim, passarão
Sozinho na manhã de domingo, contemplando a janela na qual uma lagartixa devora um bicho de asas, me peguei imaginando se eu pudesse encontrar comigo quando tinha dezessete anos. Que bom seria, “volver a los diecisiete”, como na música de Violeta Parra, um efebo novamente. Sabendo o tanto que fui (e ainda sou) turrão, não daria conselhos, não falaria dos perigos das esquinas, que de alguma forma, deles todos escapei, não alertaria sobre doenças, que naquele tempo o açúcar e o sal me causavam prazer, deixaria que se cumprisse o que se passou. Só queria lhe contar que pela nossa vida passarão coisas belas, misturadas aos imbecis, formando um carrossel de pedras brutas que se precisa lapidar. A turba insana fará suas vitimas, pregarão calúnias, espalharão inverdades, sem se preocupar que num dia breve lá na frente, “os escafandristas virão explorar suas casas”. Ah, eu queria tanto te contar coisas que sei que você não vai acreditar: o presidente dos EUA é negro e foi a Cuba - um lugar que muitos ultimamente têm te mandado ir morar - pois o homem foi lá e fumou o cachimbo da paz e na outra semana dançou tango em Buenos Aires. Woody Allen prossegue genial e Michel Jackson morreu, ele e muitos outros que você gosta. Sabe aquela frase de Sócrates: “só sei que nada sei”? Pois a humanidade continua pensando que sabe tudo, e quando se dão de frente com o contraditório esmurram o ar, numa cólera insana. Sua intolerância em alguns assuntos aumentou, ainda assim, preciso lhe contar que você será um cinquentão que nunca guardou mágoas, nem permitiu que as lembranças fossem mais fortes que seus sonhos; continua vestindo calça jeans, camisa de número maior e, aos domingos, sandálias, óculos escuros e boné, porque quando abriu a janela e nada acontecia lá fora, pisou descalço a grama molhada do orvalho e fez, não ficou esperando acontecer. E errou um bocado, confiou em quem não devia, desmereceu valiosos conselhos, tomou caminhos tortos. Mas sossegue, você terá uma esposa companheira e dois filhos lindos, de cujos sorrisos lhe farão um sujeito feliz. Não sei por quanto tempo ainda estaremos por aqui, espero que mais trinta e oito anos, que sempre achei oitenta e oito um belo número final. Que pena que você não conseguiu decorar nenhum verso do Neruda, mas guardou aquela frase dolorida da Florbela Espanca: “longe de ti são ermos os caminhos”. É meu amigo, todo amor é frágil e inocente. Você irá se surpreender com algumas pessoas, para o bem e para o mal, mas elas passarão. Suas lágrimas salgadas, muitas vezes serão doces, de riso, de alegria, porque a vida não é só infortúnio, ela reserva bons momentos. Ah meu amigo, você continua se alinhando com as minorias, batendo de frente com os senhores dos castelos e ainda não se deu conta que muitos ainda passarão por sua vida. Sim, eles passarão, e se perderão no quarteirão da esquina, feitos nuvens passageiras, deixando no ar aquele cheiro estranho dos que seguem as manadas.
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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
7/4/2016 às 14h44
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Cinema Independente (5.1)
DIVULGANDO SEU FILME
NA INTERNET
O seu filme já está digitalizado e finalizado em HD, agora é só usar uma conexão com a internet para publicá-lo no para publicá-lo
no YouTube ( https://www.youtube.com/. Para subir um vídeo para o site, você precisa criar uma conta usando seu endereço de Gmail – se não tiver, basta criar uma conta gratuitamente em https://gmail.com/. Configurado o seu Gmail, você volta ao YouTube para criar sua conta e já pode subir seu filme para lá.
Enquanto o vídeo sobe e é processado (o processo por vezes leva horas, depende do tamanho do vídeo), você pode escolher se deixa o vídeo como público, privado ou não-listado, e também editar as informações que serão lidas por quem acessar – use esse espaço para postar informações sobre o filme, e também divulgar a ficha técnica (a relação de quem participou ou ajudou nas filmagens. Aproveite a lista criada para a confecção dos créditos do filme). O YouTube também vai lhe pedir para inserir tags no vídeo; são marcadores que, embora não fiquem visíveis na página do filme, ajudam o próprio site a recomendar seu trabalho para internautas que estejam assistindo vídeos com tags semelhantes. Uma vez postado no YouTube, o vídeo pode ser facilmente compartilhado em sites, blogs, redes sociais, além de você poder enviar o link por mensagens ou e-mail. Se o vídeo for listado como público, outras pessoas também poderão compartilhá-lo, ajudando a aumentar a sua audiência.
Outro site interessante para o compartilhamento de vídeos é o Vimeo ( https://vimeo.com). Em relação ao YouTube, ele tem uma vantagem e uma desvantagem. A vantagem: você pode postar vídeos que fiquem protegidos por senha, e que só serão vistos e/ou baixados pelas pessoas a quem você informar link e senha (isto é muito usado, por exemplo, para o envio de filmes para festivais). A desvantagem é que a versão gratuita (chamada Basic) do Vimeo só permite postar 500 MB de vídeos por semana, limitado ainda a 10 arquivos por dia. Já as contas Plus podem carregar 5 GB e as PRO, 20 GB.
NAS TELAS
Pode ser que você queira apenas mostrar seus filmes na internet, compartilhá-los com seus amigos e eventualmente até ganhar algum dinheirinho se sua produção bombar no YouTube. Mas pode ser também que você queira mais que isso, ambicione ter seu filme exibido na tela grande do cinema, seja na sua cidade, seja pelo Brasil ou mesmo pelo mundo. Isso é possível? SIM. O que não necessariamente quer dizer que seja fácil.
Um meio simples de fazer seu filme ser visto por pessoas numa sala pode ser o contato com organizadores de eventos culturais, como saraus, que costumam acontecer em centros de cultura e locais alternativos (bares ou mesmo praças públicas) de boa parte das cidades brasileiras. Outra opção são os cineclubes – existem 1.370 cineclubes no Brasil, a maioria em cidades de até 20 mil habitantes. Diferentemente dos cinemas comerciais, os cineclubes priorizam a qualidade artística para selecionar os filmes que irão exibir.
Mercado exibidor – A possibilidade de você conseguir passar seu filme independente em um cinema de shopping center da sua cidade (mesmo que seu filme seja um longa-metragem de ficção, que é na prática só o que passa nos multiplex localizados em shoppings) é bastante remota. Como já disse a produtora baiana Solange Lima, “o mercado exibidor foi organizado para o filme importado, a produção nacional em geral só pega as sobras de datas” – e isso que devemos considerar que ela se referia a filmes produzidos comercialmente por companhias cinematográficas com algum tempo de atuação no mercado nacional. O circuito multiplex é dominado por distribuidoras ligadas aos estúdios de Hollywood, como a Fox Filmes, a Columbia Tristar e a UIP (United International Pictures) (e isso não é de hoje, como vimos no caso do filme O Cangaceiro, da Vera Cruz, e já naquela época não era exatamente uma novidade). Paralelamente, há uma série de distribuidoras independentes, que atuam no segmento chamado de “filmes de arte”. Empresas como a Downtown Filmes, Europa Filmes, Lumière Brasil e Pandora Filmes se fazem presentes em rodadas de negociação que acontecem em festivais de cinema, adquirindo os direitos de distribuição de filmes que se destacarem, tanto brasileiros quanto de outras nacionalidades. Esses filmes posteriormente serão exibidos no circuito de filmes de arte, constituído em sua maioria por salas mantidas por Estados e prefeituras (e alguns empreendedores privados), e também nos chamados “arteplex”, conjunto de salas semelhante aos multiplex mas que destina algumas de suas salas ao circuito de filmes de arte. Vale lembrar que aqui estamos falando, sempre, de longas-metragens, formato padrão do mercado exibidor. Curtas e médias acabam circulando majoritariamente pelos circuitos de festivais, cineclubes e demais canais alternativos. De todo modo, antes de cogitar entrar em uma rodada de negociações em um festival, você deve se registrar na Ancine.
Registro na Ancine – A Ancine é a Agência Nacional do Cinema, foi criada em 2001, vinculada então diretamente à Presidência da República, passando ao âmbito do Ministério da Cultura dois anos depois. Seu papel é atuar como uma agência reguladora do audiovisual brasileiro, cabendo-lhe fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e videofonográfica nacional.
Quem se registra na Ancine tem acesso aos serviços que a agência presta, como o encaminhamento de relatórios de acompanhamento de mercado, solicitação de Certificado de Produto Brasileiro, recolhimento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional, que incide sobre a veiculação, a produção, o licenciamento e a distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins comerciais, bem como sobre o pagamento, o crédito, o emprego, a remessa ou a entrega, aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias relativas a rendimento decorrente da exploração de obras cinematográficas e videofonográficas ou por sua aquisição ou importação, a preço fixo; o valor recolhido é destinado ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que é utilizado para financiamento público do setor) etc. O registro na Ancine é obrigatório para todos os chamados “agentes econômicos”, ou seja, aqueles que desenvolvem atividades econômicas ligadas ao audiovisual. Segundo a própria Ancine, agente econômico é “Qualquer pessoa natural ou jurídica que participa, independentemente, como sujeito ativo na atividade econômica (audiovisual ou não).” Ou seja, não são apenas companhias e produtoras que podem se registrar na Ancine, pessoas físicas também podem. O registro é extremamente simples e pode ser feito no Sistema Ancine Digital ( http://sad.ancine.gov.br/controleacesso/menuSistema/menuSistema.seam). Você começa informando seu CPF, em seguida preenche um formulário, precisando ao final enviar cópias simples de seu documento de identidade, frente e verso. A documentação irá para análise da Ancine, e em no máximo 30 dias, se tudo estiver correto, você recebe seu número de agente econômico.
Tendo seu registro na Ancine, você poderá solicitar o Certificado de Produto Brasileiro para seu filme (registro gratuito) e também o Registro de Título (neste caso o registro deve ser pago e varia de acordo com a duração do filme e o uso comercial pretendido, indo de R$ 200,00 para curtas-metragens até 15 minutos para o mercado de TV por assinatura e chegando a R$ 3.000,00 para filmes acima de 50 minutos destinados a salas de exibição, mercado de vídeo doméstico, TV aberta e outros mercados, exceto a TV por assinatura). Os valores pagos pelo Registro de Título são considerados contribuição Condecine e revertem ao FSA. Valores idênticos são cobrados também de títulos estrangeiros lançados comercialmente no Brasil.
Na última parte, vamos falar de Editais e Festivais. |
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A Confissão do Equilibrista
 O Equilibrista Philippe Petit entre as Torres Gêmeas. Fonte:http://www.planocritico.com/
Quero o que dizem não ser possível...Que o impossível seja impossível, como todos acreditam, não me impede de desejá-lo. Não quero me acomodar a uma vida ordinária como um homem ordinário. A vida não se resume ao que dizem. É, sobretudo, o que sentimos, e o que sinto é que ela pode ser maior. Não quero apenas relações ordinárias. Não quero apenas experiências ordinárias. Quero o êxtase e o assombro. Não quero viver se isso que as pessoas fazem chama-se viver. Quero algo maior."É impossível! Isto nem sequer faz sentido", dizem. Não quero minha vida confinada a tudo aquilo que para os outros faz sentido. Quero experimentar o que também não faz sentido. Quero inventar um outro sentido. Quero ser fogo, incendiar-me. Quero estar em chamas e não me queimar. "É impossível", dizem.
Quero estar em chamas para que minha vida se expanda. Quero vê-la expandir até atingir o extraordinário. O que quero é o extraordinário. Quero mesmo sabendo que poderei ser despedaçado por ele. Prefiro isso a me sentir asfixiado nas entrelinhas de uma vida ordinária. Antes eu me perguntava o que haveria de errado comigo - sim, admito que é possível que haja. Agora, não me pergunto mais. Simplesmente aceitei que os homens não são iguais, e para alguns deles a vida tal como se apresenta não é possível, como se viver não fosse algo natural. Será que viver é algo natural? Há momentos em que sinto a urgência de escrever, como se escrevendo procurasse um modo de tornar minha vida possível. Escrevo como se ao fazê-lo tomasse fôlego. Somente depois de escrever sinto que posso continuar com essa vida ordinária de fazer coisas que não quero fazer e ver pessoas que não me interessa ver - pessoas que para se sentirem vivas parece que lhes basta apenas um pãozinho com manteiga. Estou procurando um modo de tornar isso tudo possível. Se não precisasse fazê-lo, não escreveria. Se não precisasse fazê-lo, preocupar-me-ia tão somente em ganhar o pão de cada dia.
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Postado por O Equilibrista
5/4/2016 às 16h24
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Panamá
Faço a todos que assim quiserem ler e saber a seguinte declaração:
"Estive no Panamá uma única vez, no aeroporto. É estranho, viajar ao Hemisfério Norte em 737, narrow body, mas a passagem estava em conta usando milhas. Sentei do lado errado e nem consegui ver o canal. A escala foi muito curta - só deu tempo para comprar um Panamá, termo que até a semana passada se referia apenas ao chapéu, e correr para o 2o embarque. Gostaria de um dia retornar com mais vagar, e conhecer o ponto onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram mais próximos e menos gelados."
Sendo isso tudo que tinha a declarar, aproveito o ensejo para renovar meus mais elevados empréstimos em penhora e consignação.
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Postado por O Blog do Pait
5/4/2016 às 10h55
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Quem recebe as comunicações que envio?
Os doze trabalhos de hércules, o pesquisador
Hércules é um dos habitantes da cidade Universitária de Atenas. Ele é metade mortal e metade-aspirante à PH-Deus . Vive rodeado por PH-Deuses e imerso em problemas, de pesquisa. Ele é orientado por Zeus, o Deus dos Deuses, mas quem o orienta mesmo é Quíron, seu co-orientador, uma vez que Zeus vive em seus congressos no olimpo e (para sorte de Hércules) nunca aparece. Quíron é um centauro, mas para Hércules ele é um centauro. Junto com Jazão, Narciso, Aquiles e Orfeu, Hércules vive inúmeras aventuras em direção ao título de PH-Deus. Há quem diga que só Hércules tem condições de chegar à PH-Deus, isso, é claro, se ele sobreviver aos seus 12 trabalhos como doutorando.
Acompanhe a tira cômica do herói toda semana!
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Postado por Blog de Alex Caldas
3/4/2016 às 12h34
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De volta ao porão
Sem sobressalto, exígua luz entrevê
na poltrona o couro de antiga sela
cavalgando dilemas do desgaste
das horas.
Esgotada a vida nessa relva
de algodão e lassas molas,
não sei aonde me levará o dia
ao rastro do cavaleiro.
Que rumo seguir meu cavalo sem corpo?
Que rumo tomar entre cupins
e a indiferença do esquecimento?
Enquanto imagino rotas de seda,
a malha do tecido morre uma vez mais.
Cão sem dono ante a preguiça da vida,
meu cavalo corre atrás da cauda
para fugir da “ameaça de eternidade”.
Para fugir do tempo neutro.
Para fugir desse tempo,
não sei que direção seguir.
Salva-me do engano
a desrazão do incerto.
(Do livro 50 poemas escolhidos pelo autor)
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Postado por Blog da Mirian
3/4/2016 às 11h08
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Germina - Revista de Literatura e Arte
 View from a Paris window. Fonte:www.allposters.com.br
Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe. Oscar Wilde
Ao longo dos últimos dez anos, foram tantos - inclusive amigos íntimos - os que me disseram que escrever não dará certo, que não deveria me desviar dos caminhos convencionais porque, na opinião deles, não faz sentido alguém se dedicar a algo que não dá dinheiro quando deveria se preocupar em concluir uma faculdade, deixando para escrever nas horas vagas, quando estivesse exausto, que acabou acontecendo o contrário do que tencionavam: recrudesceu em mim a vontade de provar que se uma pessoa realmente acredita no que faz, se há nela uma autêntica paixão, ela se torna capaz de curvar a realidade em torno de si a ponto de tornar real o que antes não passava de uma fantasia pessoal. Muitos ainda não acreditam que seja possível que isso possa acontecer com elas ou alguém próximo, e quando começa a acontecer, obstinam-se em não ver. Ouço, também, destas mesmas pessoas a afirmação de que a realidade arruina com nossas fantasias, nossos sonhos. Ouço isso com tanta frequência que parece-me que, infelizmente para elas próprias, transformaram-na numa lei. Para mim, tudo se resume a um questão pessoal e de difícil resposta, não a uma lei geral, e estou decidido a encontrar, a elaborar, a minha resposta.
Estar na edição de março da conceituada Germina - Revista de Literatura e Arte é um inequivoco incentivo à elaboração dessa resposta. É muito gratificante ver um texto publicado, lido, sentir que estou avançando e sendo reconhecido. Ainda há pessoas que insistem para que eu tome como minha a convicção que assumiram como uma lei geral para suas vidas, talvez para melhor se justificarem a si mesmas pelo caminho que trilham; entretanto, há também aquelas que me incentivam a continuar. Ao longo dos anos, muitas vezes escrevi agradecendo-lhes. Nesta ocasião, em decorrência do que aconteceu em março, gostaria de citar e mostrar minha gratidão a duas delas: a primeira é o Léo, daqui de Petrópolis, com quem poucas vezes conversei, mas sempre me suscitou a impressão de compreender o que move alguém como eu. É bom reconhecer essa compreensão no olhar, senti-la na maneira pela qual nos tratam quando ainda estamos no início e tudo ainda é tão incerto e o mundo, em alguns momentos, parece conspirar contra nós. A outra pessoa, com a qual apenas troquei poucas mensagens por e-mail, e fez diferença, é a editora Silvana Guimarães. Os dois, cada um ao seu jeito, me ajudaram a curvar a realidade em torno de mim, a fazer com que eu começasse a ser reconhecido como escritor. Em março, pela primeira vez, senti, em minha terra, algo que somente havia experimentado em Paris, na Shakespeare and Company, e na Alemanha. Tomo a liberdade de agradecer à Silvana, não apenas por mim, mas por todos aqueles que, como eu, sentem necessidade de divulgar o próprio trabalho e encontram acolhida na Germina. Isso é extremamente importante para quem se envolve com a arte, sobretudo, num país como o nosso. Abaixo o link para os textos que escrevi e fazem parte da edição de março da Germina:
Três Textos
Para terminar, umas palavras de Ernest Becker que se assemelham ao modo como vejo a minha escrita, o meu trabalho.
'A chave para o tipo criativo está em que ele fica separado do conjunto comum de significados compartilhados. Existe algo, em sua experiência de vida, que o faz entender o mundo como um problema. Em consequência, tem que entendê-lo pessoalmente. Isso é verdadeiro para todas as pessoas criativas, em maior ou menor grau, mas é especialmente óbvio no artista. A existência se torna um problema que precisa de uma resposta ideal. Mas quando você já não aceita a solução coletiva para o problema da existência, você terá que criar a sua solução. A obra de arte é, então, a resposta ideal do indivíduo criativo para o problema da existência tal como ele o entende - não apenas a existência do mundo exterior, mas especialmente a sua própria existência: quem é ele como pessoa dolorosamente separada, sem coisa alguma partilhada em que se apoiar. Ele tem que responder ao ônus de sua extrema individualização, de seu isolamento tão doloroso. Quer saber como conseguir a imortalidade como resultado de seus dotes sem igual. Seu trabalho criativo é, ao mesmo tempo, a expressão de seu heroísmo e a justificação desse heroísmo. É a sua "religião particular" - como disse Rank. A originalidade desse trabalho lhe dá a imortalidade pessoal; (...) As pessoas precisam de um "além", mas estendem os braços, primeiro, para o que estiver mais perto. Isso lhes dá satisfação de que precisam, mas ao mesmo tempo as limita e escraviza. É assim que se pode entender todo o problema da vida humana. Para o artista, sua obra é o seu "além", e não o de outras pessoas."
Trecho extraído do livro A Negação da Morte, de Ernest Becker
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Postado por O Equilibrista
2/4/2016 às 09h57
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Como num filme
Sempre que ele chega, me atira na cama, não dá uma palavra, enfia com raiva, veste a roupa e vai embora. Tem vez que nem espera chegar no quarto e ainda no corredor me agarra. Um dia até rasgou minha roupa.
Mulher sou eu, de rabo quente, põe ele maluco, coisa que a outra não faz, fresca que é. Aposto que abre a porta do carro pra ela, puxa cadeira no restaurante e uma porção de coisa. Já pegou o meu jeito, vou aceitando sem reclamar, o peito cada dia mais apertado. Alguns homens chegam, homens que muita mulher queria ter, em cima de mim, não adianta, é só ele. Queria ser outra. Igual uma, li numa revista feminina. Vai pra cama cada dia com um. Nada de amor, de dengo. A boba aqui é só ele bater o olho. Carinho e agrado nunca. Me dá muito pouco.
Desde o início me encantoou de tal jeito, que cada dia mais fico sem saber o que fazer da vida.
Vai ver os dois estão agora na cama por obrigação, enfastiados. Ela pode até gemer debaixo dele, se é que geme de verdade.
Sempre fui uma morena bonita. Quando os homens falavam que eu parecia com a Sônia Braga, mais balançava a bunda.
Se soubesse que a coisa ia ficar desse jeito, no primeiro dia tinha voltado da porta com a mala. Enquanto a mulher me mostrava o serviço, ele corria o olho no meu corpo.
Não passou uma semana, numa noite foi entrando, tapando minha boca, me agarrando. Sentei na cama e decidi que no outro dia eu ia embora tão logo ela chegasse do plantão.
Cedo eu estava na pia da cozinha. Veio por trás, me pegou e falou qualquer coisa no meu ouvido. A água arrepiou meu braço mais ainda.
Quando ia pra lavanderia, eu não gostava de ver a roupa dos dois saindo grudadas da máquina. As dela, atirava num canto. As dele, na hora de passar, ficava alisando os peitos das camisas e as calças.
Foi assim durante muito tempo. Nem uma delicadeza nem nada. Chegava e pulava em cima como se eu fosse uma égua. Se não vinha, rolava na cama, ardendo de vontade e de raiva, o ouvido no quarto deles, uma cega no cinema.
Num fim de semana, um tempão sem me procurar, me desesperei. Antes de dormir, peguei uma camisa dele no cesto de roupa suja e enrolei no travesseiro.
Uma noite não aguentei e esmurrei a porta. Abriram assustados. Prendi a respiração. Pedi um comprimido e fui deitar. Resolvi que cedo ia embora.
Chorando, disse que ele mal falava comigo, que eu queria ter uma vida como todo mundo, um lar. Prometeu que ia encontrar um jeito, que eu tinha que ter mais paciência, que as coisas não podiam mudar de uma hora pra outra.
No dia seguinte ele veio e demorou. Depois cruzou comigo de cabeça baixa muitas vezes.
Dei um basta apontando pra mim em frente do espelho. Quando me viu fazendo a mala, a voz entalou:
— Se você for embora eu não sei o que vai ser de mim.
— Você tem ela.
— Não tenho, você nunca vai entender.
Sentou na cama, abaixou a cabeça escondendo o rosto nas mãos.
De lá pra cá nada mudou. No mais chega, me trata como um pano de chão. Quando não vem, fico passando o filme dos dois na cabeça e peço a Deus pra ficar velha depressa que eu não aguento mais esta fogueira ardendo dentro de mim.
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Postado por Blog de Anchieta Rocha
1/4/2016 às 22h32
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Beto Guedes faz show único nesta sexta-feira em SP

O cantor, compositor e multi-instrumentista Beto Guedes se apresentará em São Paulo, no Teatro J. Safra, nesta sexta-feira, dia 1 de Abril. O Artista natural de Montes Claros, Minas Gerais, fará um única apresentação, após dois anos em que esteve ausente dos palcos da cidade.
Para esta aparição Beto Guedes conta com um time de grandes músicos e parceiros, formado por Claudio Faria nos teclados e que toca com o Beto há mais de uma década; Ian Guedes na guitarra e os integrantes da banda de rock progressivo Sagrado Coração da Terra Adriano Campagnani e Esdra "Neném" Ferreira, baterista por muito tempo de Milton Nascimento e um dos maiores bateras do país.
No repertório estarão vários sucessos de toda a carreira do cantor e nem poderia deixar de ser assim para alguém que marcou diversas gerações com canções como: “Amor de Índio”, "Sol de Primavera", "O Sal da Terra", Feira Moderna" , “Contos da Lua Vaga” e "Vevecos Panelas e Canelas”.

Quem pensa que a carreira do cantor se resume a esses sucessos engana-se. A sua carreira tem um traço marcante, a vida em comunidade, não apenas em suas composições, mas tendo participado como músico em vários discos de artistas como Milton Nascimento, Chico Buarque, Nelson Ângelo, Simone e Lô Borges.
O mítico elepê Clube da Esquina - para ficarmos com apenas um exemplo - teve participação de Guedes tocando 16 das 21 músicas, tocando de guitarra a carrilhão e, segundo já comentou Milton, fazendo o coro na gravação histórica de "Nada Será Como Antes".
Mauro Henrique Santos.
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Postado por Sobre as Artes, por Mauro Henrique
1/4/2016 às 18h46
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O comércio

Vendo medo
Compro esperança
Vendo insatisfação
Compro coerência
Vendo ódio
Compro tolerância
Vendo vingança
Compro compaixão
Vendo intelectualidade
Compro inocência
Vendo conhecidos
Compro amigos
Vendo religião
Compro liberdade de credo
Vendo fuzis
Compro aperto de mão
Vendo discursos
Compro poemas
Vendo guerra
Compro diálogo
Vendo certeza
Compro talvez
Vendo sanidade
Compro loucura
Vendo rancor
Compro sorriso
Vendo opinião formada
Compro dúvidas
Vendo bocas
Compro ouvidos
Vendo prisão
Compro liberdade
Vendo jornais
Compro livros
Vendo escritório
Compro cadeira de praia
Vendo tv
Compro rádio
Vendo sapato
Compro chinelo
Vendo shopping
Compro litoral
Vendo agenda
Compro bilhetes
Vendo ensaio
Compro improviso
Vendo Paulo Coelho
Compro Patativa do Assaré
Vendo sabedoria
Compro curiosidade
Vendo igreja
Compro fé
Vendo barulho
Compro silêncio
Vendo caneta
Compro lápis
Vendo liso
Compro cacheado
Vendo singular
Compro plural
Vendo vogal
Compro consoante
Vendo ditadura
Compro democracia
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Blog de Marco Garcia
1/4/2016 às 10h51
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