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Quinta-feira, 1/11/2018
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O INVISÍVEL

Olhou-se no espelho e perguntou ao reflexo de seu rosto: este sou eu?

Era a pergunta que se dirigia todos os dias em que se confrontava com a própria imagem, à qual já deveria ter-se familiarizado. Mas era uma rotina imutável.

Inundou-o novamente aquela sensação de estranheza e desolação, enquanto um gato mestiço de angorá o contemplava fixamente com seu olhar hipnótico. Fora pilhado em flagrante certa manhã na cozinha, bebendo furtivamente o resto de leite que ficara na xícara e, sem mais explicações, como é da índole dos gatos, passou a voltar sempre para tomar o leite que, a partir de então, era deixado de propósito na mesa ainda por ser tirada. E assim o bichano foi ficando, embora o dono da xícara soubesse que os felinos não gostam das pessoas, apenas das casas. Mas não havia nenhum mal nisso, ele faria jus à hospedagem caçando os ratos e baratas que já dividiam a velha casa com o dono.

Não tinha coragem de desfazer-se dela, metade talvez por sentimentalismo e metade certamente por comodismo; daria muito trabalho e aborrecimento mostrar as velhas entranhas da habitação a desconhecidos e ainda por cima ter de procurar outro teto para morar. Já passara do tempo para essas coisas. Além do mais, isso lhe soava como uma profanação.

O que ele não sabia é que estava em curso um longo e silencioso processo de desconstrução.

Ignorava a idade do gato, pois gatos não têm certidão de nascimento, ou se teria nome, os gatos não são batizados e por isso mesmo só têm apelido, aí passou a chamá-lo de Senhor X, outras vezes de bichano ou de um sinônimo qualquer, felino, vira-lata, o que lhe viesse à boca.

Sabia, porém, que o gato era eterno, como de resto todos os irracionais, até que lhes chegasse a percepção instintiva da proximidade física do fim. Os gatos não têm metafísica, concluiu pensando num dos célebres poemas de Fernando Pessoa. Talvez essa fosse a secreta razão de sua inveja, um sentimento algo torpe que às vezes o fazia tratar mal o felino, correndo com ele do sofá, recriminando-lhe a indolência, chamando-o de parasita. Irritava-o ainda mais o distanciamento olímpico do felino, que o fixava impassível, na hora das zangas e admoestações, com aquelas pupilas pontuadas com duas vírgulas. Então explodia de cólera: ponha-se daqui pra fora, bicho sem-vergonha! E o gato saltava a janela com uma elegância heráldica que lhe aumentava a inveja.

Uma noite sonhou que era um cão maltratado por um homem truculento, e acordou em meio a um grito de pavor. Depois disso, passou a tratar o gato somente de Senhor X e deixou de brigar com ele. Do ponto de vista do gato, entretanto, nada parecia ter mudado, pois continuou do mesmo jeito distante e nem sequer se dava ao trabalho de roçar nas suas pernas, muito embora já pudesse, agora, refestelar sua sonolenta preguiça no sofá, sem interrupções indesejadas. E sem as fugas elásticas pela janela, o que, em contrapartida, proporcionou ao dono da casa uma trégua com a própria inveja.

Sempre fora um homem de ação, bem-posto na vida, respeitado pelos colegas, amigo de seus amigos. Vivia só e só continuava. Antes, não havia tempo para deter-se no assunto, o fluxo do dia a dia transcorria como desejava: trabalho, diversões, amores. Desfilava com belas damas nos restaurantes de luxo, antes de levá-las para o motel. O sexo pelo sexo. Nada dos aborrecimentos diurnos e diuturnos de que queixavam alguns de seus colegas, às voltas com o inesgotável desgaste gerado pela convivência sob o mesmo teto. Era bem outra a sua visão da vida.

Quando soou a hora da aposentadoria, correu mundo, Nova Iorque, Paris, Londres, Roma, Veneza, Florença... Ao retornar da longa viagem pelo exterior, deparou-se com sua caixa de correspondência abarrotada de envelopes: faturas já pagas pelo débito automático, convites para lançamentos, propagandas comerciais e...um aviso fúnebre. Morrera um ex-colega de profissão que nunca lhe fora próximo, mas a notícia atingiu-o como um soco no estômago. Por coincidência, tinha a mesma idade do falecido, como verificou pelas datas que encimavam o texto.

Ao achegar-se à janela em busca de ar, viu que o jardim da casa estava em petição de miséria, era preciso chamar urgentemente o jardineiro. Estava quase recolocando o fone no gancho quando a voz rouca e cansada de uma senhora nem bem atendeu ao chamado, ele foi logo disparando: quero falar com o seu Joaquim; ele está? A voz lhe disse que o jardineiro passara mal, a boca meio torta, um vizinho o levara para o hospital. Ele está na enfermaria e lá, o senhor sabe, só é permitida visita aos domingos, por isso é difícil saber como meu marido está passando agora. Que bela merda, ele exclamou. O que foi que o senhor falou? Nada, minha senhora, não falei nada! E bateu o telefone, mal-humorado.

Banho tomado, decidiu jantar fora para sacudir do corpo a poeira de estrelas, como costumava referir-se ao pós-viagem aérea. Stardust, pensou, aquela belíssima canção norte-americana do tempo em que a música popular ainda era uma arte.

Jantou só. Não havia sequer uma pessoa conhecida no restaurante, a não ser o Ambrósio, o garçom que habitualmente o atendia. O que vai ser hoje, doutor, o vinho seco de sempre, antes da escolha do cardápio? Teve ímpetos de responder rispidamente ao garçom. Se você sabe, por que pergunta? Mas calou-se. Seu retorno ao solo pátrio não fora dos melhores. Afinal, o Ambrósio o servia há mais ou menos vinte anos, e aquela pergunta fazia parte do cerimonial de vassalagem que todo súdito tem de prestar ao senhorio.

Com o passar dos meses, as horas se tornaram cada vez mais lentas e os dias e noites mais longos. Sua correspondência minguara, o telefone pouco tocava. É verdade que tentara, quase a contragosto, contatar uns antigos colegas mais próximos, mas a tentativa de aproximação fora um encontro com fantasmas arrastando velhas recordações às quais estavam acorrentados.

Passou a frequentar as salas de espetáculo, teatro, música, cinema, mas o efeito reanimador desejado saiu-lhe às avessas. Não havia peças teatrais ou recitais aceitáveis, e os filmes, então, só violências de todo o gênero, numa sucessão alucinatória de cenas atropelando-se umas nas outras, artificialmente magnificadas pelos chamados efeitos especiais, que ele preferiu batizar de defeitos especiais. Era essa a arte pós-moderna? Lembrou-se do velho Bruxo do Cosme Velho ao parafraseá-lo para si mesmo: mudara o mundo ou mudei eu?

O jardineiro sumira sem deixar rastro. Ligou-lhe diversas vezes, mas a linha fora cortada. O jardim enquanto isso ia assumindo os ares de floresta urbana e ele desistiu de contratar alguém para podar os excessos daquela flora selvagem ao notar que o Senhor X dela fizera seu campo de caça. Por outro lado, não havia como negar a existência de certa beleza no modo como aquela botânica incivilizada rebentava em flores e perfumes, atraindo espécies de pássaros nunca antes vistos por lá. Era a estética do caos.

O mundo lá fora crescera demais, a cidade inchara movimentada pela força das novas gerações. Tragados por esse turbilhão, foram desaparecendo os vestígios de seu tempo. Foi aí, sem mais nem meio mais, que certa manhã sentiu-se atingido por uma centelha de clarividência: sua geração perdera a identidade, em franco processo de extinção.

Raros eram os contemporâneos que avistava em público, nas suas escassas idas ao centro da cidade e, quando isso acontecia, a visão não era das mãos alentadoras, uns arrastando-se com apoio na bengala, outros encurvados como se carregassem uma invisível saca de cimento no lombo e ainda os que eram levados por parentes ou cuidadores, segurando-os pelo braço. Uma catástrofe.

Ninguém mais o conhecia no bairro ou na cidade. Tornara-se invisível. Não cabia mais no novo cenário e sentia-se na pele de um ator num palco giratório, onde tivesse entrado, representando um papel destoante da trama que os outros representavam. A sua fala mostrava-se totalmente descontextualizada, como num script shakespeariano encenado num picadeiro de circo mambembe.

Procurou então refugiar-se na leitura dos livros que acumulara durante toda a sua vida, mas estes já não o atraíam. Calaram-se os “mestres mudos”, filosofou com amarga ironia.

Passava as horas em meio ao deserto de si mesmo. Sua invisibilidade atingira o limite máximo – sua biografia apagara-se. Nada mais restara dele mesmo, não plantara uma árvore, não escrevera um livro, não deixara descendência.

Em seu exílio, confinou-se dentro de sua morada em estado ruinoso,, permitindo-se quando muito algumas caminhadas em círculos pelo jardim selvagem. Foi exatamente num desses périplos que se deparou com uma gata amamentando os filhotes que pela cor da pelagem deviam ser fruto das aventuras do Senhor X, que a distância parecia observar a cena com aquele olhar enigmático de sempre.

Serão meus afilhados, Senhor X, a minha exótica descendência rabuda e quadrúpede, disse para o gato, que nem sequer parecia notar a sua presença, enquanto lambia indolentemente as patas dianteiras, cumprindo à risca o ritual higiênico dos gatos.

Ayrton Pereira da Silva



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Postado por Impressões Digitais
1/11/2018 às 16h51

 
Nessas Eleições o Meu Candidato... E Agora, Brasil


Desde o dia 28/10 o Brasil encontra-se na seguinte situação ideológica, existem os:

Pacifistas que torcem independentemente da escolha feita; Pessoas que mesmo sem seu candidato ter sido eleito, pensam no bem do país e torcem pra que a nação caminhe junta em união e alcance o principal motivo de tudo, que é o fim da crise, a resolução dos problemas e o bem-estar geral da população.

Radicais que desejam que quebrem a cara; Indivíduos que não votaram no candidato eleito e desejam um pandemônio só pra provarem seu ponto de vista. A frustração, mediante as divergências de ambos os candidatos, expostas como nunca se viu numa eleição brasileira, produziram essas pessoas que só o tempo inflará ou aplacará.

Radicais que acham que estão dentro de um filme distópico; Seres alienados que estão achando na transição do governo uma forma de exteriorizar tudo o que pensam e está errado. Do mesmo modo, como alguns acham que se tornarão salvadores do amanhã, livrando o mundo de toda a imoralidade e hipocrisia. Pra esses, resta a conscientização de que leis, grupos e organizações existem intactas e estarão atentas pra enxergar e punir quem se intitula um passo acima, devido ao novo governo.

Receosos que estão aguardando os acontecimentos; Pessoas que votaram ou não no candidato eleito, seja por motivos de esperança no novo, recado ou protesto. Esse grupo, mais prudente e cauteloso, aguardará a ocorrência dos fatos pra fazer julgamentos, não tem ideologia formada e só pensa na melhora da sociedade e de seu meio social.

Mas pra todos eles, fica a pergunta se realmente sabem pelo que estão lutando? Aos mais radicais pergunto ainda, pra que lutar tanto se o princípio básico que é a união e a resolução dos problemas foi substituído pela imposição de egos e desejos subentendidos.

Todos habitam uma mesma nação grandiosa que se formou de diferentes povos, ganhando o apelido de “vira-lata”. Mas do “vira-lata” originou-se uma cultura única e forte baseada na pluralidade, e sinto muito se isso não agrada a todo mundo, porém é fato que tanto uns quanto outros estão aqui e não há separação nem saída que possa ignorar o fato que uns precisam de outros pra inúmeros e variados fatos que acontecem nessa cronologia louca chamada vida. Ignorar, como em qualquer outra ocorrência, só fará piorar a situação.

Lembrando que, não há plano perfeito, nem salvação completa se não haver satisfação própria e esforço. Então depositar todas as fichas num governo nunca será a solução de todos os problemas. Afinal, o governo não está com você em todos os momentos, em cada segundo da sua vida, nas pequenas e grandes decisões que seu olhar capta e julga diariamente.

Independentemente do que falem, apontem ou elogiem, tenham em mente que quem deve vencer e sair melhor de tudo isso é o povo brasileiro. Não o governo e os governantes que foram tão defendidos e votados até como heróis com a função clara, mas muitas vezes esquecida, de que estão lá pra servir, representar e obviamente melhorar a qualidade de vida do brasileiro. A tão sofrida e breve existência da qual nada levamos, a não ser as experiências obtidas.

Sendo assim, que venham pra todos nós dias de luta, dias de glória!



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Postado por Blog de Camila Oliveira Santos
31/10/2018 às 15h53

 
Sem fronteiras

Num
espelho
d'água
de
fundo
infinito
inexiste
limites
entre
sonho
e
realidade

Num
respingo
d'água
advindo
da
corredeira
arde
o
fluxo
de
íntegra
correnteza

qual
semente
a
brotar
como
um
camafeu
do
meio
do
peito

Na
pérola
no
fundo
do
mar
lateja
a
calcinose
dos
sete
mares

Não

portanto
como
não
semear
pérolas
aos
porcos

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Postado por Metáforas do Zé
31/10/2018 às 08h31

 
Largo da Memória

A
bandeira
drapeja
e

teus
cabelos
permanecem
penteados

Olhos
acesos
perseguem
ventos
benfazejos

Na
sarjeta
um
vira-lata
abana
o
rabo

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Postado por Metáforas do Zé
30/10/2018 às 10h35

 
Teias

Aflição
é
e/ou
gera
pensamento

Reflexo
de
si
mesmo

Assim
como
a
embreagem
de
auto-
móvel

O
caminho
mais
curto
entre
dois
pontos,
ou
de
uma
marcha
à
outra

Surfar
na
própria
onda

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Postado por Metáforas do Zé
30/10/2018 às 10h09

 
Viagens aos confins do comunismo, de Dalrymple

No decorrer da década de 1980, o psiquiatra inglês Theodore Dalrymple (Anthony Daniels) visitou cinco países submetidos ao regime comunista: Albânia, Coreia do Norte, Romênia, Vietnã e Cuba e registrou sua experiência em cada um, agora disponível em língua portuguesa no volume Viagens aos confins do comunismo. Para cada país foi dedicado um capítulo exclusivo, descrevendo-se a estadia; as características gerais da paisagem; o comportamento e condições dos habitantes. Apesar de se tratar de cinco países diferentes localizados em regiões geográficas distintas, o que se sobressai é a homogeneidade a que estão condicionados. Em todos eles, relata-se a presença do Estado em cada instância, seja pública ou privada, na vida de seus habitantes.

Trata-se de uma imposição paradoxal: explícita, mas manifestada de forma silenciosa, a começar pela diferença de tratamento entre o turista e o nativo. Ao ingressar na Coreia do Norte, por exemplo, Dalrymple relatou que o grupo turístico do qual fazia parte era composto de partidários do regime comunista, a maior parte formada por artistas e intelectuais que se sentiam, de alguma forma, rejeitados em seus países de origem. Desse modo, a escolta policial era recebida como forma de lisonja: entendiam que a atenção recebida era uma forma de reconhecimento de seus talentos:

“Essa forma de lisonja era perfeitamente adequada à psicologia de ao menos alguns deles, convencidos que estavam de que o país de onde tinham vindo injustamente não reconhecia nem recompensava seus óbvios talentos” (p. 60).

Nesse sentido, o turista deveria sempre se manter ocupado; sempre havia um itinerário a ser cumprido de forma incansável: percorrer praças, pequenos vilarejos, restaurantes e até museus de qualidade duvidosa, a exemplo do Museu do Ateísmo, na Albânia. Entretanto, o roteiro era sempre pré-traçado para impedir o turista de andar sozinho e mantê-lo ocupado, supostamente deslumbrado com o aparente desenvolvimento material do país.

“(...) para que ele não veja as condições gerais do país, nem faça contato com ninguém do seu povo. O turista precisa ficar desgastado, exausto, de modo que não tenha energia física, nem mental, para investigar por conta própria; afinal, ele deve ser acompanhado a todos os lugares e tratado com a mais lisonjeira polidez” (p. 43).

Não raro, Dalrymple relata que se deparou com prateleiras cheias de frutas de aparência deslumbrante, mas feitas de plástico.

De maneira geral, o que se depreende das páginas de Viagens aos confins do comunismo é um mascaramento da realidade e um remodelamento do indivíduo, de modo que ele se anule diante da imperiosa presença do Estado e, mais do que isso, do seu líder. Em sua passagem pelo Vietnã, Dalrymple relata que o secretário geral do partido, Van Linh, numa palestra intitulada “Os Trabalhadores da Arte e da Cultura Devem Contribuir para o Trabalho de Renovação do Partido”, fez a seguinte declaração:

“(...) como amante da literatura e das artes, concordo plenamente com a ideia de que os combatentes do front da arte e da cultura não precisam apenas de facas afiadas para remover o mal (...). Vocês são engenheiros da alma. Vocês devem contribuir para criar o novo tipo de homem” (p. 167)

A declaração reflete bem o caráter revolucionário, preocupado em transformar o mundo, em criar o novo tipo de homem através do suave instrumental formado por facas afiadas. No final das contas, o objetivo do artista deve ser a submissão do indivíduo ao partido, como qualquer outra instância nas vidas controladas pelo Estado democrático dos países comunistas.

A arquitetura, por exemplo, nesses países adquire dimensões megalomaníacas e traços kitsch, a exemplo do palácio do Parlamento, na Romênia, ou o Hotel Ryugyong, até hoje inacabado, na Coreia do Norte. São prédios que ostentam uma luxuosa casca para silenciosamente humilhar, apequenar e abolir a individualidade frente a grandeza do Estado.

“(...) achei a cidade profundamente perturbadora, e até sinistra. Ninguém permanece imune ao efeito do tamanho; porém, na arquitetura, o tamanho é muitas vezes uma qualidade que diz mais sobre a loucura ou a megalomania do que sobre uma realização verdadeira” (p. 61, sobre a cidade Pyongyang, capital da Coreia do Norte).

Em síntese, as páginas de Viagens aos confins do comunismo apresentam um cenário muito diferente daquele pintado pelos utopistas, cuja igualdade suprema traria desenvolvimento material para todos.

“(...) as carências de bens materiais, e até de bens essenciais, não eram um problema para os governantes, mas uma grande vantagem para eles. Essas carências (que se sabia serem permanentes, não temporárias) mantinham as pessoas pensando exclusivamente em pão com linguiça, e direcionavam suas energias para obtê-los, de modo que não houvesse tempo ou disposição para a subversão, como também elas – as carências – significavam que as pessoas podiam facilmente ser levadas a virar informantes, e a espionar e a trair umas às outras de forma muito barata, por benefícios materiais triviais, que dispensavam a necessidade de fazer fila” (pp. 124-5)

O propósito do livro não é criticar o comunismo, mas de relatar um experimento de vivência. As descrições que o compõem são a consequência de um projeto malogrado; nos países de democracia comunista compartilha-se igualmente sua principal produção: não a riqueza, mas a miséria: a miséria material, essencial e humana.

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Postado por Ricardo Gessner
28/10/2018 às 17h21

 
O TEMPO REVISITADO

Lucianita é chama que crepita

e mais que chama é luz que ilumina

(no brilho de seus cabelos

o próprio sol se espelha

e o seu fulgor imita).

Para se amar Lucianita

— um belo nome de sonoridade hispânica —

é sobretudo e antes de tudo

mais que necessário compreendê-la

pois muito além de sua rara beleza

que extravasa os limites da aparência

Lucianita é ponte e fonte de ciência.

Amor para se amar em latitude e longitude

tantas e tão vastas

que para amá-la

uma só vida única

— não basta.

Ayrton Pereira da Silva

(escrito em outubro de 1977)



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Postado por Impressões Digitais
27/10/2018 às 19h59

 
A Guerra Fria entre o Cinema e o streaming

Estamos na era on demand. O streaming está cada vez mais presente no nosso dia a dia. Hoje vemos pessoas assistindo filmes e séries enquanto estão a caminho do trabalho, escola, passeio. O avanço da tecnologia proporciona essa facilidade e cada vez mais surgem plataformas que oferecem o streaming, variando seus produtos e preços, tornando o serviço cada vez mais atrativo e acessível. Uma pesquisa feita pela Alexandria Big Data, para a Exame em abril, mostra que das 1596 pessoas entrevistadas, 64,7% das deixaram de ir aos cinemas para assistir filmes em casa. Algumas delas destacam a “liberdade de escolha”, já que as plataformas possuem um catálogo considerável, enquanto outras alegam que sua escolha é devido ao valor que se paga para ir ao cinema.

O tema ganhou destaque em grandes festivais de cinema. No dia 8 de setembro Roma, dirigido por Alfonso Cuarón e produzido pela Netflix, recebeu o Leão de Ouro, a maior honraria do Festival de Veneza. No dia seguinte o Festival foi criticado por membros do cenário cinematográfico italiano. A Associação Nacional de Autores Cinematográficos (Anac), a Federação Italiana de Cinema de Ensaio (FICE) e a Associação Católica de Cinema (Acec) protestaram contra a escolha alegando que a premiação de um filme que estivesse disponível para exibição online ao mesmo tempo em que chegasse aos cinemas italianos, seria prejudicial ao mercado. O longa On My skin, dirigido por Alessio Cremonini, que fala sobre os últimos dias de vida de Stefano Cucchi, também foi exibido durante o Festival, na seção “Horizons”, e chegou a plataforma no dia 12 de setembro, enquanto entrou em cartaz em poucos cinemas da Itália, o que reforça os protestos.

Mas o diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, defende a exibição e premiação de filmes independente de seus formatos de exibição. Na coletiva de imprensa em que apresentou o Festival, Barbera disse que não via razão para excluir um filme como o de Cuarón da competição só porque é produzido pela Netflix. Depois das críticas feitas pelas associações cinematográficas, Barbera reforçou sua ideia dizendo: "Todas essas controvérsias sobre as transformações que o cinema está passando são apenas o resultado da nostalgia, mas é importante olhar para frente".

O mesmo assunto foi discutido em Cannes, festival realizado de 8 a 19 de maio. Os filmes produzidos pela Netflix foram proibidos de participar da competição do Festival. Com isso, a empresa recusou-se a participar fora da competição, dando início a uma “Guerra Fria” entre a plataforma e os festivais. Diferente da Itália, na França existe uma lei que exige um intervalo de três anos entre o lançamento no cinema e a exibição em plataformas streaming, o que impediria a Netflix de reproduzir seu material assim que saísse do evento. Essa e outras decisões – relativas a selfies e uso das redes sociais – causaram alarde e fez com que muitos especialistas questionaram se o Festival de Cannes não está atrasado no tempo.

Está claro que o streaming está mudando o mercado fílmico. Embora não afete as produções, seu impacto nos cinemas é evidente. Talvez Barbera tenha razão em dizer que o cinema é mais uma questão nostálgica. Embora a experiência que temos ao ver um filme na Tela Grande não pode ser comparada a ver um filme na TV ou no celular. Mas é tudo uma questão de adaptação, como foi com o VHS, DVD e agora o streaming, até uma nova tecnologia tomar seu lugar. Podemos fazer uma comparação com o mercado musical e literário, onde produtos online tomaram conta das vendas, porém ainda existem aqueles saudosistas que preferem possuir o produto físico e, em relação ao cinema, não será muito diferente.

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Postado por A Lanterna Mágica
27/10/2018 às 17h20

 
Casa de couro II

Juntando imaginárias folhas, cobria eu
o telhado da casa, protegendo-a do verão
e do inverno, que num só dia desciam ao chão
do deserto. Minha mãe cuidava da comida.
Costurava nossas roupas. De noite, estava
de volta o pai, recitando orações à hora do jantar.
Pão nosso de cada dia. Sol nosso dos trabalhos diários.
Viagem nossa de todos os dias.

Casa da memória. Mala da espera.

Era, sempre, colheita a terra. E, o rio,
meu túnel dos navios e bandeiras.


(Do livro Travessias)

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Postado por Blog da Mirian
27/10/2018 às 09h52

 
Paes Loureiro, patrono da Feira literária do Pará


Imagem: divulgação


João de Jesus Paes Loureiro é o patrono da Feira Literária do Pará deste ano, que começa no sábado, 20 de outubro. É uma homenagem muito merecida para um dos maiores expoentes da literatura da Amazônia e do país.

Influenciado pela leitura em casa, na cidade de Abaetetuba, cedo o escritor se encantaria com o gênero literário pelo qual seria mais reconhecido, a poesia. Encantado com as palavras e com os livros, ele manteria uma relação inseparável entre o ato de ler e escrever que o seguiria durante toda sua maturidade.

Maturidade que começaria a se revelar em sua escrita na década de 1960 com “Tarefa”, seu primeiro livro, fortemente influenciado pelas condições históricas daquele período. Mas a história nunca deixaria de ser uma temática recorrente que marcaria sua extensa produção.

É a história a figurar em sua Trilogia Amazônica em conjunto com o imaginário regional. Nessa obra, está representado não apenas o mito como modo edificante da cultura da região, mas ele está em permanente conflito com a modernização que se anunciava e se fez presente no campo e na cidade.

“Altar em chamas” (1983) é a representação urbana desse entrecruzamento ameaçador que recoloca a aurática Belém do Pará de seus tempos imemoriais, míticos, diante de um presente que não a reconhece, pelo seu abandono e esquecimento.

A incursão mais “metafísica” de Loureiro com “Pentacantos” (1984) e com “O ser aberto” (1990), é composta pelos elementos que fundamentam essa poesia. O ser e o não ser, a aparência que se torna essência, o reencantamento do mundo desencantado.

Eis o fundamento de sua poética que se reflete de modo inseparável em seu trabalho teatral, como em “Ilha da ira” (1976) e teórico, como em “Cultura amazônica: uma poética do imaginário” (1991).

A metáfora recorrente do Ser, mimetizado em seus conceitos de mundamazôniavivência e nas encantarias, são as sínteses conceituais de seu proceder. Desde a infância esse sentimento poético se instauraria, indelevelmente, como uma representação que dialoga com a realidade, não sendo nem “apenas” realidade, nem “totalmente” poesia, mas que a conjuga na mimetização poética como formas de significação de uma, como ele mesmo diz, forma de compressão do mundo pelas palavras, mas também de abertura para o mundo pela leitura.

Suas lembranças, em “Memórias de um leitor amoroso” (1999), já indiciavam prematuramente essa escritura. Sua visão de um objeto tão “simples” como uma folha, ganhara o elemento do “espanto” sublime da realidade e da palavra, que se revelam para a poesia, revelando sempre mais do que eles são.

Escreve o poeta: “Rabiscando a esmo letras, sílabas, com surpresa, eu percebi que na palavra folha, cortando-se o ‘f’, ela se convertia em ‘olha’. Percebi que as palavras escondem palavras, como os frutos escondem os sabores e as sementes. Descascá-las é como saborear novas camadas de significados. Pensei: as folhas são olhos das árvores”.

Nesse pequeno fragmento, que relembra seu encontro na infância com o poético, já se prenunciava o modo pelo qual sua escrita sempre vislumbraria nas coisas, das mais comuns às mais insondáveis, esse jogo de “sfumato”, no qual real e imaginário não possuem distinções rígidas, não são versos inseparáveis.

Esse gradiente de cores culturais e temáticas, de interpretações e leituras, que não define plenamente os aspectos imaginativos e a realidade, mas que os pensa de modo poético-crítico, é a força de sua escrita, de sua interpretação.

É essa concepção poética que atravessará também seu trabalho teórico, buscando identificar nas manifestações culturais a “dominante” que os fundamenta. O imaginário é a dominante, mas também é, fundamentalmente, seu motivo, seu tema.

Por isso, a lenda e a cidade são também deslenda, mito caído, decrepitude e ruínas, redenção e crítica. É nas profundezas dos rios, da cidade, dos céus, do amor, da perda, da dança da bailarina, do ser, que se pode perscrutar seus significados.


Foto: Relivaldo Pinho

Há 15 anos, quando escrevi meu primeiro livro, “Mito e modernidade na Trilogia Amazônica, de João de Jesus Paes Loureiro”, que venceria o Prêmio de melhor Dissertação do Núcleo de altos Estudos amazônicos (NAEA), Paes Loureiro já era um poeta reconhecido e já havia publicado sua tese, seu principal trabalho teórico. Mas ainda carecia de um livro que o analisasse. Fiquei e fico lisonjeado em poder tê-lo feito.

Hoje, essa honra é ainda maior. Especialmente por ver que sua obra é, cada vez mais, merecidamente, reconhecida em vários âmbitos e pelo poeta ainda continuar em plena atividade teórica e literária, sempre com o rigor que cabe aos altivos escritores.


Texto publicado em O liberal, 19 de outubro de 2018 e em Relivaldo Pinho

Relivaldo Pinho é professor e pesquisador.

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Postado por Relivaldo Pinho
24/10/2018 às 02h25

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