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Sexta-feira,
27/3/2015
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Onde os escuros são mais sábios
"Não perguntar o que um homem possui, mas o que lhe falta. Isso é sombra. Não indagar de seus sentimentos, mas saber o que ele não teve a ocasião de sentir. Sombra. Não importar com o que ele viveu, mas prestar atenção à vida que não chegou até ele, que se interrompeu de encontro a circunstâncias invisíveis, imprevisíveis. A vida é um ofício de luz e de trevas. Enquadrá-lo em sua constelação particular, saber se nasceu muito cedo para receber a luz da sua estrela ou se chegou ao mundo quando de há muito se extinguiu o astro que deveria iluminá-lo. 'No light, butratherdarknessvisible'." Paulo Mendes Campos in Sombra. Primeiras Leituras, p. 104-105.
Compartilhamos essa angústia frutuosa pela ternura. Uma vontade de tocar a todos com a ancestral tristeza, infante. Sensação embriagada, esses silêncios corrompidos por palavras. A vontade de estar frente à morte, e ignorá-la, em austeridade.
Deitamos as noites, enganando-as, porque as inspirações chegam atrasadas, em ocasiões especiais. E também esta ridícula fascinação pelos trôpegos e miseráveis protagonistas da realidade. Medo de estarmos errados, sendo céticos.
E, de repente, nesse alvorecer de fevereiro, ainda envolta por cartesianas lembranças, despertar os vulcões hibernados da melancolia, para sentir com precisão, para doer em completude, para cravar assinatura no firmamento que me é testemunha.
Eu, aprendiz de solidão.
Acreditar nos domingos, curadores de ressaca. Libertar a mudez insuspeita dos crepúsculos em goles de eternidade. Suplicar para que a dor volte, entusiasmada de mistérios.
Lírica.
Um amor mútuo por Clarice, daqueles que ferem as entrelinhas e perdem a doçura. Amor que sangra as gengivas, encharcadas de poesia e sofrimento. Vampiros que somos, pelas tardes vermelhas que não voltam nunca mais.
À procura de pólvoras incandescentes, esvaziamo-nos, exangues. A vírgula meticulosamente empregada. O verso mais bonito no final. O título que ainda está gestando. E, claro, o esmorecimento da criação.
Queria que viesses, desprovido de raízes. Copo na mão, cigarro na outra. Amaria ouvir onde vive o amor de amanhã, salvo em teus versos.
Aclamado em vida ou perpetuado pela história?
Como te pensavas, meu querido?
Seria a vida uma insuportável contrarregra, se soubesses agora?
É sempre poesia o que dizes de ti mesmo? Se sim, apenas para amenizar a tortuosa sina?
Ah, estrela desencontrada em sincronia! Talvez por isso tenhas as coincidências como tema.
Não me importa.
Hoje pude revisitar-me em infâncias, sabendo que são estas as viagens impossíveis de planejar. Encerrando-me no instante de nós dois, Paulo Mendes Campos. A pedra me doou o seu suplício.
E as rimas, que insistem em escrever.
Para quê?
Nunca deixei que a melodia atravessasse os meus segredos.
Tu me deste a sombra — inerente aos braços dos moinhos — para sonhar. E quem sou eu para sonhar a imensidão, tão doída, tão doida?
Bêbado de tanto ofuscar-te, respondes a mim:
- Lá, intrínseco à posteridade.
Quando o amor não acaba e os escuros são mais sábios.
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Postado por Consultório Poético
27/3/2015 às 04h45
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QUANDO O VENTO DE OUTONO COMEÇAR A BATER...
Lá fora ameaça cair outro temporal, desses que duram poucos minutos, mas encharcam as ruas da cidade. Ouço os trovões e me aquieto, já dá para ouvir as primeiras gotas socando o telhado. Não gosto de chuva. "São as águas de março fechando o verão", penso, sentindo alívio. Não gosto do verão, muito calor e chuva, gosto menos ainda do inverno, que o frio me inquieta e corta meus lábios, que prosseguem feridos quando chega a primavera e por isso nem percebo o perfume, nem as cores das flores da estação. Não gosto de não gostar, mas sentimento é coisa que não consigo esconder e acabo me transformando num rabugento. Então vou contar que gosto do outono do mesmo tanto que gosto de escrever, como se uma coisa fosse ligada à outra. O ato de escrever requer isolamento, sentir dor, saudades e uma boa dose de tristeza, tudo que combina com o outono, que vigora no silêncio, apenas cortado pelas rajadas do vento. Ah, o vento, esse velho e bom companheiro. Mas não é só o vento que me une ao outono. Talvez seja culpa de uma jaqueta jeans que comprei quando completei vinte anos e adorava usar; quente para o verão e fina para o inverno, que ofuscava as cores da primavera, mas combinava perfeitamente com o frescor de outono. Ou talvez seja porque as folhas secas das árvores da rua caem mostrando algo incognoscível, que me remete ao fim, ao mesmo tempo em que me traz a certeza que tudo se renova e uma vontade de voar junto do vento de outono me invade, sentimento que recuso com medo de não conseguir encontrar terra firme ao voltar. E quando foi que me declarei ao outono? A pergunta partiu de uma querida professora, dona Zilda, no colégio Oswaldo Cruz, nos anos oitenta: "qual estação do ano você mais gosta? Escrevam!", ordenou nas palavras que escapavam de seus lábios repletos de batom, armada pelos olhos grandes que enfeitavam seu rosto rosado, enquanto ajeitava a peruca ruiva presa na cabeça por um lenço de cetim que combinava com o longo vestido. Como é bom recordar de pessoas tão marcantes! Ainda hoje posso perceber a imagem da inesquecível mestra caminhando pela sala, recolhendo as primeiras folhas, balançando a cabeça negativamente diante das respostas óbvias: a maioria respondeu primavera - por causa das flores, disseram - enquanto eu, um tanto acanhado, tentava rabiscar minha resposta, a letra tosca que revelava minha predileção, fui o único que respondeu outono. A mestra quis saber o motivo da minha escolha, que respondi colocando culpa no vento de outono, esse mesmo vento que há pouco percorreu cada centímetro da minha sala, trazendo o cheiro de antes, me estremunhando de volta à realidade, tanto tempo se passou e tudo ainda parece tão real, como se o vento desmentisse o poeta: outono não é o fim, é o recomeço. As águas da chuva desabam e o vento insiste tocar em meu ombro. Metade de mim quer voar junto dele. A outra metade, embora relutante, também.
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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
26/3/2015 às 15h02
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História /·26 de março de 1827
Morte de Ludwig van Beethoven
Reconhecido como um dos melhores compositores e intérpretes do seu tempo, mais de 20.000 pessoas compareceram ao seu funeral em Viena Em 26 de março de 1827 morreu em Viena um dos maiores gênios musicais da história . Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn em 1770 e desde a sua infância começou a mostrar sinais de seu grande talento musical. Com apenas doze anos fez parte da orquestra da corte do eleitor de Colônia e de 1792 tornou-se aluno de Haydn, em Viena. Determinado a encontrar novas formas de expressão musical, rompeu com as convenções do Classicismo, no interesse da esmagadora expressividade que o levaram a se tornar pai do romantismo musical. Apesar de sua crescente surdez nunca abandonou seu trabalho como compositor. Seu trabalho é cheio de inovação e dificuldade técnica de ser bom exemplo disto a sua famosa Nona Sinfonia, que pela primeira vez um coro, ele se juntou ao conjunto orquestral da voz humana por outro instrumento.
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Postado por Blog de Cláudia Aparecida Franco de Oliveira
26/3/2015 às 06h55
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Instruções para matar um fantasma
Instruções para dar corda no relógio
Julio Cortázar
"Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo. Segure o relógio com uma mão, pegue com dois dedos o pino da corda, puxe-o suavemente. Agora se abre outro prazo, as árvores soltam suas folhas, os barcos correm regata, o tempo como um leque vai se enchendo de si mesmo e dele brotam o ar, as brisas da terra, a sombra de uma mulher, o perfume do pão.
Que mais quer, que mais quer? Amarre-o depressa a seu pulso, deixe-o bater em liberdade, imite-o anelante. O medo enferruja as âncoras, cada coisa que pôde ser alcançada e foi esquecida começa a corroer as veias do relógio, gangrenando o frio sangue de seus pequenos rubis. E lá no fundo está a morte se não corremos, e chegamos antes e compreendemos que já não tem importância."
Instruções para matar um fantasma
O primeiro e imprescindível questionamento, quando se quer assassinar um fantasma, é certificar-se de que se deseja a nulidade verdadeira. A perda de alguns espectros pode deixá-lo vulnerável à eterna melancolia.
Imagine, se possível, as noites insones destituídas de sua presença. Reveja a si mesmo em solidão absoluta, mais inaudível que profundezas oceânicas, em escuridão de lua cheia. Fantasmas são, via de regra, ótimas companhias oníricas, devoradores de madrugadas.
Como os silêncios são penitências da maturidade, escolha-se adulto ao tomar uma decisão tão rigorosa como essa. Fuja dos charlatães que prometam o exorcismo. Nenhum corpo humano é capaz de apagar uma estrada.
Siga, passo a passo, os rituais de luto, que flutuam entre a negação e o sublime. Hospede-se em suntuosas criações, asilos para a cicatrização e desespero. Tolere a abstinência ontológica, compreendendo que, às vezes, ele psicografará por seus dedos — umas belas palavras — como gostos escondidos de infância.
Embora os relatos até hoje tenham sido promissores, pessoas ainda me confessam, à surdina: "passada a febre e a ira, é provável que você perceba: o fantasma sempre esteve ali, gestando no seu passado, acontecendo no seu agora e hibernando no infinito".
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Postado por Consultório Poético
26/3/2015 às 03h00
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Sugestões de pequenas deliciosas refeições
Base: arroz ou batatas douradas em pouca manteiga e ervas Proteinas: omelete com ervas (como salsinha), queijo picadinho, presunto picadinho +tomatinhos — ou qq outra coisa picadinha. Pouco oleo ou manteiga basta para untar a frigideira.
Comer com arroz e salpicar cebolinha picada, q além de gostosa, é super saudavel para várias coisas ao corpo.
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Postado por Blog de suzana lucia andres caram
25/3/2015 às 23h15
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História /· 25 de março de 1957
Assinatura do Tratado de Roma
através dos Tratados de Roma a Comunidade Económica Europeia (CEE) ea Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM) foram estabelecidos
Neste dia de 1957 viu a luz da CEE, com base na actual União Europeia. Depois de um ano de negociações, a França, a Itália, a República Federal da Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo assinaram os Tratados de Roma. Foi uma série de acordos pelos quais foi iniciado c onstrução de uma nova Europa, que por meio da integração econômica levaria a união política. Os Tratados estabeleceu várias etapas para o processo de integração, de modo que a primeira união aduaneira iria seguir o estabelecimento de um mercado comum, após o que seria estabelecida a união económica e monetária ea união eventualmente político. Em 01 de janeiro de 1958 Tratados entrou em vigor e, desde então, o processo de construção da União Europeia cresceu para abranger 28 países hoje.
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Postado por Blog de Cláudia Aparecida Franco de Oliveira
25/3/2015 às 19h54
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Teste: Sem medo do Inutil
Disse Oscar Wilde, ">a única coisa necessária é o superfluo"
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Postado por Blog de suzana lucia andres caram
25/3/2015 às 18h22
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Teste de blogue
Escrever: "carta sem destinatário" .
Nunca se sabe como vai ser lido. Como será a recepção. Ato corajoso.
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Postado por Blog de suzana lucia andres caram
25/3/2015 às 13h08
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Ansiedades de amanhecer
"É no ínfimo que vejo a exuberância." Manoel de Barros
A véspera da viagem sonhada; o café da manhã da criança, em primeiro dia de aula; à espera de um sábado cinzento, com a agenda repleta de nadas; uma bendita noite, digna de revelar um antigo segredo; a obviedade de um amor, por anos enclausurado em cólera; para despertar os orvalhos; dias de verão, sem nuvens para apaziguar o colorir das peles; consumar o trabalho idealizado; o almoço viciado em ópios; quando a vida é traduzida em outras línguas; será que será eterno?
Quando me foi emprestado o olhar para que a arte se manifestasse em minha íris; dia de faxina para a festa; dia de faxina depois da festa, à procura de sussurros ou embriaguezes primeiras; em busca de um olhar que sorria com a mesma intensidade de quem respira; acender uma vela em oração.
Lagartixa em comunhão com a varanda; aspirar os pensamentos da miragem; sentir-me encharcada por milagres, ainda imaculados; café com cigarro; entregar uma flor de bicicleta; ler o cartão de quem destina uma flor; pela dissonância que torna alguém artista; uma melodia subscrita na carne.
Negação do amanhecer; pela lua que se vai em sincronia com um beijo; o sol primogênito da concretude de um sonho; pela morte de um corpo já sem passado, já sem futuro; rompimento da bolsa; sublimação da dor que há séculos habitava o músculo, fatigado de excessos.
Pela imagem poética ilusória; pelo presságio que dê nome à jornada; por amigos que clamam compartilhar suas quimeras; rompimento dos ovos, em coração de árvore.
Não anoitecer a solidão; transcrever, apenas, minha renúncia à existência mesquinha; carregar o fardo dos vagalumes.
Com ansiedade de amanhecer, recebo, em ternura, a missão de desobsediar epifanias.
Ps: dedico este texto à minha irmã, Renata. Que ela tenha muitas ansiedades de amanhecer na nova vida!
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Postado por Consultório Poético
25/3/2015 à 00h37
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O código Gondry
Só que eu só notei isso no final.
Estava lá, assistindo ao episódio "Memory of a memory" de Hora da Aventura, de boa, até que, ao final do episódio, notei uma coisa que abriu minha mente para perceber tantas referências contidas no episódio e...
A última cena do episódio é:
Que me fez imediatamente pensar no vídeo de "The Denial Twist ", dos White Stripes, dirigido pelo Michel Gondry:
E depois, compreendi que o episódio fazia referência a Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança! Certo? Lembra dele? Mas não vou explicar o motivo aqui para não te dar um spoiler.
E então, percebi outra possível referência ao Michel Gondry, o vídeo de "The Hardest Button to Button", também dos Stripes:
O sofá vai andando e se esticando...
Esticando...
Tipo isso aqui:
Que lindo dia para se assistir a um desenho animado.
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Postado por Blog de Arislane Straioto
24/3/2015 às 22h56
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