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Segunda-feira,
2/4/2018
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A inexatidão de certas coisas exatas
Desconheço o nome do poeta que discorreu sobre a inexatidão das coisas da vida. Sei, entretanto, ser arte de latino. Somente um poeta latino é capaz de exaltar a inexatidão de certas coisas exatas. Mas afinal, por qual motivo estou divagando sobre isso, aqui sentado na mesa de um bar, esperando a espuma do chope baixar? Tenho o costume de falar comigo mesmo, geralmente coisas sem sentido, inexatas; sempre na primeira pessoa, algo assim: “está vendo só, coisa mais estranha aquela planta tímida que só o vento fecunda...” Um rapaz do braço preto e outro branco passa perto de mim. Reparo melhor, o braço preto na verdade é tatuagem. Por longo tempo me questionei: como pode alguém tatuar um braço inteiro? Morreriam todos os piratas diante daquilo. Mas aconteceu da minha filha tatuar quase o braço inteiro. E olhando de perto, o resultado é até bonito, calando o meu assombro de antes. Enfim o chope acaba. Preciso caminhar, juntar ideias. Inexato coração, inexata ideias. A moça do piercing no nariz, passeando à minha frente, me chama mais a atenção do que o manequim semidesnudo, vestindo bermuda azul, sem camisa e de boné dourado. Ela olha para mim, depois para o manequim. Inexata comparação. Não gosto de piercing no nariz, mas aceito, sem muito reclamar, aquele da bolinha brilhosa no canto dos olhos. Devo mesmo estar ficando velho, admirar piercing, definitivamente não é coisa da minha turma dos cinqüenta anos. O silêncio me abraça novamente e tento esmagá-lo ao caminhar. Às vezes o silêncio grita: inexato silêncio. Tento calar os meus passos e fico um bom tempo contemplando as vitrines de uma loja de turismo. Um quadro exposto na parede, nada mais que um risco de terra, rodeado por um mar profundamente azul, empresta aos meus olhos a luz suficiente para me desarmar de vez. Contemplo, emudeço sonho. A atendente percebe meu deslumbre e sai até a calçada, armada de um catálogo e trazendo aberto um riso de dentes segurados por arames. Outra coisa para estranhar um homem de cinqüenta: como será que o namorado consegue beijá-la? Ou a namorada, enfim... Ela sorri um riso metálico e puxa conversa; “ilha de Capri” diz, apontando para o quadro e a imagem reflete no aparelho em sua boca. Ela completa: “O pacote está baratinho.” Devolvo o sorriso, tento explicar que conheço desde muito tempo a Ilha de Capri, o Mar Tirreno e as diversas ilhas ao redor, mas reluto revelar a verdade inexata dos lugares que habitam a minha mente, porque diversas vezes transformo a vida real em sonhos (sou quase sonhos por completo), só para poder visitar lugares, mantidas as vistas embriagadas pelas belezas do planeta que aprendi nos livros. No final da conversa, ela se convence que sou um eterno viajante, sem desconfiar a verdade concreta, tão exata: nunca coloquei meus pés em outro país. Volto a caminhar, mas o silêncio está distante, golpeado pelo som gostoso dos anos oitenta escapando de uma das lojas, me fazendo revirar a cabeça numa dança de olhos fechados. Fico confuso, nunca soube distinguir Kim Carnes de Bonnie Tayler. Faço confusão também entre Carly Simon e Carole King. De repente, a música some por instantes; do outro lado da calçada, uma moça dos cabelos alourados sorri em minha direção e logo depois faz um aceno de miss. Fico sem jeito, será que foi para mim? Ah, seu eu fosse aquele jovem cabeludo olhando para o celular; colocaria no canto da boca um piercing, preencheria meu braço de tatuagens e devolveria sem medo o aceno. Bette Davis Yes! É a voz da Kim Carnes, concluo e armo no rosto um sorriso. Sinto uma vontade irresistível de tomar outro chope, sentimento tão exato quanto as asas da minha emoção, essa palavra linda a rimar com coração latino; pulsando no ritmo do vento, uma brisa gostosa, outra caneca de chope e a certeza a escapar da luz opaca dos meus olhos; o sorriso não era para mim: gente jovem quase nunca sorri para os mais velhos...
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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
2/4/2018 às 12h21
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Queijo e Goiabada
Quem nasceu primeiro, a dança ou a música?
E, a cor ou a textura?
Como diria o Jabor,
em ambos os casos, a celebração
de amor e sexo.
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Postado por Metáforas do Zé
29/3/2018 às 08h20
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"Elas estão descontroladas..."
As bússolas também sentem
Vivem descabeladas
Enquanto os relógios,
frios e calculistas
permanecem impassíveis
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Postado por Metáforas do Zé
29/3/2018 às 07h32
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Alma & Palavra
Procuro expandir-me como a água que acolhe a tinta evitando que seja tingida de corpo inteiro
e ao mesmo tempo, como a tinta que ansiosamente se expande n'água procurando
colorí-la de cabo a rabo...
Corolário de um amor perfeito
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Postado por Metáforas do Zé
27/3/2018 às 09h43
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Desarrazoado
A própria razão é a simples constatação de que toda razão não lhe pertence
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Postado por Metáforas do Zé
26/3/2018 às 13h16
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Se fosse o Temer, concedia indulto ao Lula.
Com o indulto ele não ia preso, não virava mártir, mas ficava inelegível porque foi condenado e iam parar os recursos. A popularidade do Temer caía abaixo de zero mas ele mesmo sabe que já está quase negativa. Melhor para o país: suspendia o desgaste do Supremo e liberava a imprensa para falar de outras besteiras. Basta dessa conversa fiada toda. Antipetistas e antitucanos vão me xingar por escrever isso mas #prontofalei.
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Postado por O Blog do Pait
25/3/2018 às 18h51
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Da fugacidade do amor
Ora direis da morte do amor?
Por certo não conheceis tal sentimento
porque o amor quando pousa se enraíza
e aquele que o acolhe logo o reconhece
nas batidas da porta
no silvo do vento
no preparo do café.
O amor deixa rastro certo
pra ser seguido aonde quer que vá.
Ora direis da fuga do amor?
Por certo não conheceis tal sentimento.
Por certo quereis do encontro
mais que o instante pode te dar.
Carpe diem.
À hora do amor,
no corpo renasce a própria vida.
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Postado por Blog da Mirian
24/3/2018 às 09h17
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Auto absorvente
O desejo é silêncio
Intacto, é a areia que absorve ondas efervescentes na praia
As palavras são frias
e o silêncio é quente
O sol que arde em silêncio qual semente plantada no peito
Draga que tudo dilacera
O silêncio pulsa e repulsa
O silêncio acenta e sustenta
O silêncio é o veludo da noite
Tenro, nos envolve
O silêncio em silêncio nos resolve
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Postado por Metáforas do Zé
24/3/2018 às 08h44
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Numa garrafa de H2O...
- Ó, que gênio!
O
oxi- gênio
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Postado por Metáforas do Zé
22/3/2018 às 13h08
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Papo de sexagenário... só se pensa naquilo.
Meu pai em seu leito de morte me disse o seguinte: - A vida? são os momentos, José! portanto, filho, trate de aproveitá-los...
Os momentos são como gotas d’água, perfeitos quanto justos; justos, tensos, quanto perfeitos, sob pena de se desperdiçá-los ao ruírem e se desaguarem. O momento é a gota que salva, enquanto se tenta salvá-la...
A gota d’água, o momento: é o espelho do mundo em 360 graus refletido ao redor do próprio corpo, qual a bola de cristal da vidente... A gota d’água é a máscara do universo... O momento é o lapso do qual, depende todo o universo...
Gota a gota é o ritmo do relógio, e uma música em contratempo, ou a destempo... A vida e o tempo, excruciante tortura chinesa...
A gota da memória na ponta da língua prestes a quedar-se abismo abaixo. Estalo iluminador a lembrar que também se morre.
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Postado por Metáforas do Zé
20/3/2018 às 12h00
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Julio Daio Borges
Editor
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