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Segunda-feira,
15/10/2018
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Chama
Encher-se De Amores
É Encher-se De Descobertas...
Equilibrar-se É Oscilar Ante O Estático Equilíbrio De Um Ponto Nunca Alcançado
E Quando Assim Se Dá É O
Nirvânico Olhar
O Estreito E Amplo Espasmo De Um Relâmpago...
Oscilar Em Si Mesmo Assim Como A Chama É O Macro Oscilar Da História Do Pensamento
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Postado por Metáforas do Zé
15/10/2018 às 10h38
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Ossos perduram
Embora teu olhar tenha embaçado no amarelado de algum album fotográfico
teu sorriso atravessa fronteiras do tempo e espaço mantendo-se intacto
assim como as efervescentes ondas do mar
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Postado por Metáforas do Zé
14/10/2018 às 21h41
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A santidade do pecado em Padre António Vieira
Padre Antônio Vieira (1608 – 1697) nasceu em Lisboa, mas veio ao Brasil com sete anos de idade. Logo ingressou no seminário e, ainda em tenra idade, foi reconhecido pelo seu talento e capacidade de oratória. Sua obra é dividida em três partes: textos proféticos (escritos em latim, sendo a maioria ainda não traduzida ao português); cartas e sermões. Ler os Sermões de Vieira é uma experiência gratificante, principalmente quando livre dos rigores dos vestibulares. E, apesar de originalmente serem textos com finalidade oratória, isso não anula sua força literária. Aliás, muitos dos textos hoje abrangidos pela literatura eram, em suas origens, declamados ou cantados, a exemplo da Ilíada e da Odisseia, de Homero.
Os Sermões são dirigidos a um público variado e abordam temas variados. Dentre os seus mais conhecidos está o “Sermão da Sexagésima”, proferido em 1655. Seu ponto de partida é a indagação sobre o motivo da palavra de Deus, apesar de tantas vezes exposta e divulgada, não produz os efeitos esperados. Seria problema em relação à palavra de Deus? Seria o problema com os ouvintes, que não lhe dão a devida atenção? Ou seria falha dos oradores? Ora, a primeira opção não pode ser, afinal, a palavra de Deus é a Verdade, é absoluta. Também não pode ser a segunda opção, já que se a palavra de Deus não frutifica, pode produzir algum efeito, por mínimo que seja. Resta, então, aos oradores assumirem a responsabilidade. O Sermão aborda, portanto, uma crítica aos próprios oradores missionários, que pregam a palavra de Deus, mas não agem em sua conformidade.
Nos preâmbulos de sua fala, Vieira faz a seguinte afirmação: “Que cousa é a conversão de uma alma senão encontrar um homem dentro em si, e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessário luz, e é necessário espelho” (p. 140). Considero esta passagem de uma elegância rara, tanto em sua forma expositiva – as metáforas aplicadas de modo certeiro –, quanto em sua mensagem. Em resumo, o que ela diz é: para que a palavra de Deus floresça, são necessários três elementos: olhos (isto é, consciência), luz (sabedoria) e espelho (modelos e padrões). Noutras palavras, cada item representa, respectivamente, um bom ouvinte, a palavra de Deus e um bom pregador.
Mas o que se sobressai são as entrelinhas, principalmente no que está sugerido pela palavra “conversão”. Segundo Vieira, não se trata de uma submissão cega e irrefletida a uma doutrina ou conjunto de preceitos; trata-se, sim, de encontrar Deus dentro de si mesmo.
Santo Agostinho, em suas Confissões, relata que se converteu quando deixou de buscar a Deus no mundo para encontra-lo dentro de si: “Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti”.
Nesses termos, “converter” significa combinar os três elementos num ato de introspecção: voltar-se para si mesmo e (re)conhecer-se limitado, perfectível, pecador. É reconhecer que a natureza humana, antes de mais nada, é falha. Ninguém é perfeito, pasmem; e nunca seremos.
Ao contrário do que se pensa, há mais santidade no pecado do que na pureza. Não significa, de modo algum, que santo é um virtuose na prática da luxúria, da avareza ou da ira; o santo, na verdade, é aquele que compreende a natureza do pecado e, sabendo-se fraco, assume a possibilidade de sucumbir, apesar de seus esforços.
Independentemente de fé ou religião, ler Antônio Vieira é gratificante. Além de ser uma experiência intelectualmente interessante, seus textos são brechas para observar as profundezas da alma humana. Um bom autor é aquele que capta a natureza humana, seja em sua bestialidade ou em sua santidade, e nos coloca defronte. Literatura é isso, um meio de conversão. Não necessariamente religiosa ou doutrinária, mas uma oportunidade para convergir para dentro de si, vasculhar a besta que nos habita e encará-la nos olhos.
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Postado por Ricardo Gessner
14/10/2018 às 11h42
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Casa de couro III
No alçapão, encontramos a mala de viagem.
Sob o forro, descobrimos moedas e cartas.
Imaginamos, então, fortuna e selos. E, diálogos,
com desconhecidos de todas as terras. Brincando
de esconder, o irmão menor deixava de fora os pés.
Seguindo improvisada embarcação,
todos chegávamos à foz das águas.
Naquele cais, ancorei minha alma.
Navio de couro. Navio marrom.
Naquele cais, ancorou minha arca prometida.
Naquele cais, senti febre de terra à vista.
(Do livro Travessias
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Postado por Blog da Mirian
14/10/2018 às 09h40
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Nó de Ventos
Desfia a palavra do verbo
Assim como a aranha fia sua teia de suas entranhas
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Postado por Metáforas do Zé
12/10/2018 às 12h22
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Letra & Música
Traduzir a música com palavras
Traduzir a palavra com música
A sorte de um mote
O bote certo
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Postado por Metáforas do Zé
12/10/2018 às 12h10
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Sujeito Oculto
Já não me creio
Logo, insisto!...
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Postado por Metáforas do Zé
12/10/2018 às 11h46
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Autoral
Dedicar-se integralmente ao tempo assim como ele se dedica a ti
Só mesmo esquecendo-se dele
A uma taxa de 0% ao instante
Câmbio flutuante em céu de brigadeiro...
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Postado por Metáforas do Zé
10/10/2018 às 13h09
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Via Láctea (Olavo Bilac)
Úbero silêncio nas tetas do universo
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Postado por Metáforas do Zé
9/10/2018 às 12h14
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A moral da dúvida em Mirandola e Nietzsche
A dúvida é uma categoria contínua, cuja persistência se faz através da renovação, seja no modo de perguntar, seja sobre aquilo que se indaga; dessa forma, não é a mesma questão que necessariamente permanece, mas, antes, é a capacidade de questionar. A perenidade da dúvida é abordada nas mais diferentes obras, como foi exemplificado no poema “nunca sei ao certo”, de Paulo Leminski (Clique aqui para ler "A moral da dúvida em Paulo Leminski"); entretanto, para além do campo artístico e intelectual, há uma figura emblemática que representa essa situação: a de um indeciso entre um anjinho e um diabinho. Essa representação é arquiconhecida, utilizada desde desenhos infantis até manuais de psicologia para ilustrar a hesitação do ser humano diante de alguma conjuntura.
A representação parte do pressuposto de que existem duas forças antagônicas, que agem e orientam o universo: o bem e o mal. Esse antagonismo está na base de doutrinas religiosas, como o Maniqueísmo, e sistemas filosóficos, sendo difícil precisar sua origem.
É comum relacionar o diabinho ao ímpeto humano, isto é, a intenção de realizar uma vontade, mesmo sabendo que ela pode trazer malefícios a si mesmo ou aos outros. Em contraposição, o anjinho seria a “voz da consciência”, que tenta impedir a ação. Entre os dois, alguém indeciso entre a vontade e a consciência. Com isso, representa-se um conflito entre a razão e a emoção.
Gosto de pensar sobre essa figura, sendo que o item mais interessante é o do meio, o ser humano. De imediato, parece estar representado como uma marionete dessas duas forças, cuja decisão ou ação se realizará conforme a vitória do diabinho ou do anjinho. No entanto, discordo de que a discussão seja tão simplória. Há mais elementos do que a luta entre vontade e consciência, razão e emoção, ou em estabelecer o ser humano como joguete.
O pensador renascentista Pico della Mirandola (1463 – 1494) não é um nome de destaque nos manuais de filosofia, apesar da sua genialidade. Um provável motivo para isso é que seu pensamento não se restringe ao filosófico, mas propõe conciliar filosofia, religião, misticismo e esoterismo; portanto, é um pensamento eclético e sincretista. Mirandola estudou Cabala e o neo-platonismo em sua vertente esotérica, além de elaborar um projeto de unificar todas as religiões. Se nos dias atuais uma proposta assim causaria indignação, sob o argumento de anular a diversidade cultural, em sua época, isto é, no século XV, também foi motivo de polêmica devido a autoridade da Igreja Católica.
Durante seus 31 anos de vida e, segundo a lenda, os 22 idiomas aprendidos até os 18 anos, Mirandola legou várias obras de interesse, como: Do ente e uno; Conclusões filosóficas e cabalísticas, e uma que neste momento me interessa, Discurso sobre a dignidade do homem. Esta obra, de 1486, é conhecida por ser uma espécie de manifesto do espírito humanista, pois estabelece o princípio da centralidade do ser humano no universo; e, mais do que isso, do ser humano como a criatura mais afortunada entre todos os seres.
Isso se deve à compreensão da ordem universal, proposta por Mirandola: o universo é composto por elementos e seres criados por Deus (ao qual o humanista também se refere como Artífice – herança de seus estudos sobre religiões primitivas; não se trata de um Deus restrito a uma única visão religiosa). Essa organização é regida por uma hierarquia que se estende dos seres mais celestiais, como os arcanjos, anjos e entidades superiores; perpassando os seres irracionais e findando nos seres demoníacos. Nessa escala, o ser humano ocupa o lugar central, o que além de lhe atribuir uma natureza específica (não é celestial nem demoníaco, mas humano), também lhe faz o mais afortunado dos seres, pois tem a liberdade de escolha em relação ao seu destino. Tanto os seres celestiais quanto os demoníacos estão “condenados” à mesma condição: nunca deixarão de ser o que são, enquanto que ao ser humano lhe é dada a condição de escolha: pode ascender ou descer nessa escala, conforme sua opção. A isso se chama livre-arbítrio. Portanto, o ser humano é a criatura mais afortunada, pois lhe foi concedido o poder de escolha.
Vejo essa condição nas representações descritas acima, de alguém com um anjinho de um lado e um diabinho de outro. Tanto o celestial quanto o diabólico estão condenados a serem assim, eternamente. Por isso tentam exercer suas influências sobre o ser humano, pois se ressentem daquela liberdade e possuem uma compreensão incompleta do universo, já que conhecem apenas suas próprias condições.
Por outro lado, se Mirandola se enquadra num conjunto de pensadores que enfatizam o livre-arbítrio como categoria constituinte do humano, há linhas de pensamento que defendem outras perspectivas. Correntes que adotam a predestinação, por exemplo, argumentam que o destino de cada humano é predeterminado, não importa o seu comportamento ao longo da vida, nem sua conduta, nem sua moralidade. Não significa a inexistência do livre-arbítrio; ao contrário, ele continua fazendo parte da vida, entretanto não é considerado como item fundamental. O humano tem liberdade de escolha, mas suas decisões não definirão seu destino. Deve-se ter humildade e resignação para aceitar seu destino.
Alguns séculos depois, o filósofo Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) engajou-se numa crítica aos costumes fundamentados nas ideias de bem e mal, cuja religião cristã seria a maior representante. Sob certos aspectos, Nietzsche não deixa de ser um humanista, pois focaliza seu pensamento no ser humano e reflete sobre uma moral “humana, demasiadamente humana”, endereçada para “além do bem e do mal”. Ou seja, tece uma filosofia centrada nas condições próprias do ser humano, justificadas pelas suas próprias condições, sem qualquer apelo de ordem transcendente ou metafísica. Com isso, uma das críticas de Nietzsche incide na doutrina do livre-arbítrio. Em O Andarilho e sua sombra, por exemplo, no aforismo 10, o filósofo diz que livre-arbítrio nada mais é do que “não sentir novos grilhões”, isto é, não sentir mais o peso das dependências as quais se submete; trata-se de uma aparência de liberdade.
Já no aforismo anterior, número 09, afirma-se que as decisões humanas têm aparência de liberdade, mas, no fundo, são tomadas em função daquilo que nos prende mais: “(...) é como se o bicho-da-seda buscasse a liberdade do seu arbítrio justamente no tecer. De onde vem isso? Vem claramente do fato de que cada qual se considera mais livre onde sua sensação de vida é maior, ou seja, ora na paixão, ora no dever, ora no conhecimento, ora no capricho” (p. 168). Ou seja, as decisões são tomadas segundo o que nos faz sentirmos mais fortes, criando uma falsa impressão de autonomia quando, na verdade, foram feitas segundo nossas inclinações biológicas ou morais.
No modo como está apresentada, a filosofia de Nietzsche é uma forma de predestinação secularizada, pois ao invés de o destino humano ter sido predeterminado por uma entidade superior, transcendente, o homem age segundo sua constituição biológica (genética) e/ou conforme suas inclinações volitivas.
Se o ser humano tem ou não livre-arbítrio, qual é o limite disso? Se nossas decisões são tomadas graças a nossa liberdade ou estão presas a algum aspecto de nossa existência, conhecer a resposta definitiva, por ora, é impossível. Nesse aspecto, mais interessante do que defender pontos de vista inconciliáveis, é olhar para a própria questão e perceber que é ela que nos constitui como seres humanos. Podemos vislumbrar que tanto em Mirandola quanto em Nietzsche, o ser humano é o foco de reflexão. Diante disso, se somos livres ou não em nossas escolhas, antes disso acredito que podemos ser livres para buscarmos nossas próprias respostas diante das incertezas e, nesse movimento, constituir minha própria humanidade. Como afirmou Nietzsche em outra obra, Opiniões e sentenças diversas, aforismo 43: “Os conscienciosos – É mais cômodo seguir a consciência do que a inteligência: pois ela tem em si, a cada malogro, uma desculpa e um conforto – por isso há tantos conscienciosos e tão poucos inteligentes” (p. 33).
To be continued...
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Postado por Ricardo Gessner
7/10/2018 às 11h10
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Julio Daio Borges
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